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30

Teríamos um pouco mais de tempo para conversar se não tivéssemos que voltar para a clínica tão depressa. Aproveitei a carona da Paola, mas confesso que o caminho todo foi envolto por preocupações. Eu detesto esse tipo de suspense. Dizer que precisa falar com alguém sendo que vai levar um tempo até a conversa de fato acontecer. E pior, não dar nenhuma pista do que está acontecendo. Ela é minha mãe, deveria saber que eu não gosto disso. Fico imaginando mil e um tipos de problema. Será que o movimento caiu tanto a ponto de nos deixar uma dívida alta? Ou talvez já não tenhamos uma solução a não ser fechar as portas?

Aparecer lá e ver meu pai e o Daniel foi algo que eu tentei evitar hoje, mas por um pedido da minha mãe, não vou ter como escapar. Mas tudo bem. Há muitas coisas que eu terei mesmo que enfrentar e o quanto antes eu fizer isso, vai ser melhor.

A movimentação de pessoas na recepção continua a mesma do último dia em que estive aqui. Se eu fosse julgar apenas por isso, diria que a situação da clínica não piorou, porém, não houve melhora. A única coisa diferente são os olhares direcionados à mim. Imagino que embora o meu nome já não esteja sendo citado na TV e nos jornais, quem costuma se consultar com os médicos daqui, continua antenado sobre os últimos ocorridos e ligando todos eles à mim. Finjo que não é comigo e ignoro.

— Depois me conta o que está acontecendo — sussurra Paola em frente à porta fechada do escritório da clínica. Assinto com um gesto positivo e adentro à sala.

Mamãe me olha por cima dos óculos antes de retirá-los do rosto com o cenho franzido. Ela ergue as sobrancelhas e me encara perplexa.

— O que fez com o seu cabelo? — pergunta como se não tivesse dado falta de meio metro de cachos.

— Cortei e clareei as pontas... — falo o óbvio me sentando na cadeira em sua frente.

— Você está linda, filha — diz uma voz masculina. Meu pai entra na sala silenciosamente e me surpreende. Olho-o por cima do ombro e volto a dar atenção à minha mãe.

— E então, mãe — falo enfatizando que não quero falar com ele, contudo, ele se senta na poltrona ao lado da minha mãe. — O que está acontecendo? Vamos ter que fechar?!

— Não, não — responde ela de imediato, evidenciando que isso está fora de cogitação. — As coisas continuam do mesmo jeito.

— Então qual é o problema?! — questiono.

— O Daniel pediu o desligamento da clínica hoje de manhã — meu pai revela me deixando chocada tanto por ainda estar me dirigindo a palavra, como pela decisão do Daniel.

Mamãe lança um olhar para o meu pai. Um olhar que se assemelha a uma advertência por estar falando no lugar dela.

— O Daniel pediu demissão, Karen — ela fala como se a notícia ainda não tivesse sido anunciada.

— E... — digo fingindo não me importar.

— E alguém precisa conversar com ele para fazê-lo mudar de ideia — diz ela.

— A senhora não está esperando que eu seja essa pessoa, né?! — indago desconfiada.

— Ele não quis me ouvir... — ela argumenta.

— Então pode começar a fazer a papelada! — digo. — Mãe, ele não é o único ortopedista da cidade.

— Não é mesmo — meu pai fala se entrometendo mais uma vez. — Mas é uma pessoa de confiança e amigo da família. Faz um trabalho excelente e seria uma perda irrevogável para a clínica.

— Então converse com ele você! — exclamo.

— Calma, Karen — pede minha mãe.

— Que calma Karen... Tô cansada de calma Karen. — bufo.

— Não posso conversar com o Daniel porque ele me odeia tanto quanto você — meu pai se justifica.

— Ah, é?! — ironizo. — Achei que vocês formassem uma ótima dupla. A dupla da farsa todos contra Karen!

Mamãe respira profundamente tirando os óculos de leitura. Em seguida ela massageia as próprias têmporas.

— Filha... — meu pai tenta falar.

— NÃO ME CHAMA DE FILHA!!! — grito sem mudar minha expressão. — Eu me recuso a acreditar que sou sua filha. Eu vou ser mãe e não me imagino fingindo nem que o cachorrinho da minha filha morreu! Muito menos que... Você não contou pra mim e para Dona Ana que tínhamos um encontro marcado com o delegado e com o Douglas. Nunca vou te perdoar!

— Tudo bem — ele concorda. — Eu também não me perdoaria.

— Ótimo! — digo cruzando os braços e olhando para o lado, evitando olhar para ele.

— Agora você vai passar o resto da vida enrolando a sua filha dizendo que o pai dela vai voltar, mas isso nunca vai acontecer — diz ele friamente.

— Olivier! — mamãe adverte.

— É verdade! — ele insiste. — A verdade é que ele nunca deixaria a polícia, e agora que ele tem uma missão importante, não vai mais retroceder. Por isso era melhor ela pensar que ele estava morto!

— Escuta aqui — peço com o dedo indicador erguido.

— Karen, as pessoas vão acabar ouvindo... — minha mãe se opõe.

Inspiro profundamente e libero o ar devagar para controlar minha ira.

— O Douglas agiu muito errado com a escolha que ele fez, eu admito — falo em tom baixo. — Nossa filha ainda nem nasceu, mas ele já é melhor pai que você — meu pai sorri balançando a cabeça em negação. — A motivação que ele teve para escolher aceitar a proposta, foi a Bia e o país em que vivemos. Ele não mentiu a própria morte para ela, para mim ou para a Dona Ana. Quem fez isso foi você!

— Vamos voltar ao assunto da demissão do Daniel, por favor — minha mãe pede e nós dois a ignoramos.

— Não vou contestar o que você disse — fala meu pai calmamente. — Como você mesma falou, você vai ser mãe. Ainda não é. Um dia você vai cometer erros ao tomar decisões que vai achar melhor para a sua filha. Decisões que hoje dia você repudia.

— Pode ser... — concordo. — De qualquer forma você está sendo um ótimo exemplo para mim. Exemplo do que não quero ser.

— CHEGA! — minha mãe grita fazendo meu pai engolir minhas palavras com antipatia. — Olivier, você pode ir embora. Eu e a Karen vamos resolver isso sozinhas.

Sem dizer nada, meu pai se levanta e caminha em direção à porta. Sinto orgulho de mim por não ter derramado uma lágrima sequer, e por cada palavra que pronunciei, mesmo achando estranho me referir a ele por você em vez de senhor. A verdade é que eu perdi o respeito por ele desde o momento em que descobri do que ele é capaz. Daqui uns meses eu serei mãe, mas uma mãe que jamais irá mentir para evitar uma lesão. Vou alertar sobre o tombo, explicar o quanto pode ser doloroso se ela cair, mas se mesmo assim ela decidir seguir o caminho e se machucar, vou ajudá-la a cuidar da ferida.

A porta bate fazendo um barulho maior do que o de costume. Obviamente meu pai ficou furioso pelo fato da minha mãe ter aberto mão de sua opinião e de sua ajuda. Isso me faz lembrar que ela me chamou aqui para conversar com o Daniel.

— Eu não vou falar com ele, mãe.

— Karen, nós duas sabemos que ele fez essa escolha por causa do que você disse a ele ontem — ela fala.

— Não tem nada a ver...

— Que seja... Ele fez errado escondendo a verdade de você, mas pense bem — pede ela. — O primeiro errado da história foi o Douglas, quando não levou em consideração que você não gostaria que ele fosse para sei lá onde à trabalho, fingindo a morte para o mundo. O segundo errado, e pior, foi o seu pai. Ele fez você achar que o Douglas havia morrido de verdade. O Daniel está abaixo disso, Karen.

— Vai passar pano quente nele agora?! — questiono.

— Claro que não! Eu acabei de falar que ele errou. Mas imagina ele tentando contestar o seu pai, o próprio patrão, tendo a carreira ameaçada e ficando entre os próprios princípios...

— Continuo achando que os três ocupam juntos o primeiro lugar no pódio dos mentirosos do ano.

— O Douglas não veio atrás de você quando descobriu que você e a Dona Ana foram enganadas. Seu pai te indicou uma psicóloga e deixou você ir atrás de respostas que ele já tinha. Agora o Daniel, mesmo sendo obrigado a omitir, não saiu de perto de você.

— Ele esconder a verdade de mim é quase um crime! — falo.

— Que tipo de criminoso fica ao lado da sua própria vítima esperando ser pego?! — questiona ela.

— Chega de falar disso, mãe...

— Ele teve a preocupação de ir até o meu apartamento para ver se você estava bem naquela noite. E se não fosse por ele, você teria morrido achando que encontraria o Douglas no céu.

Tudo o que senti naquela noite me atinge como uma tsunami. Não suportava mais olhar da sacada do prédio e ver um grupo de repórteres aguardando uma saída minha. Não tolerava mais as notícias na TV e todas as especulações que faziam sobre meu envolvimento com o cartel. Não conseguia aguentar o vazio que o Douglas havia deixado em mim. E realmente, eu achava que o veria em um outro plano espiritual, quando ele estava o tempo todo nesse plano. O Daniel me impediu de atravessar a morte e descobrir a verdade da pior forma. Se é que existe um depois.

— Você venceu — falo por fim. — Eu vou falar com ele.

Minha mãe sorri aliviada e coloca os óculos novamente, olhando para a tela do computador.

— Ele vai atender mais seis pacientes — ela diz. — Depois estará livre e você poderá ir até a sala dele.

Sem um pingo de animação, saio do escritório da minha mãe e ando sem rumo pela clínica, mas longe da sala do Daniel. Fico refletindo sobre o real interesse dele quando foi até Ipanema e me tirou desacordada do apartamento dos meus pais. Culpa ou preocupação? Invariavelmente, o foco do assunto vai ser ele ficar na clínica e não levar o que eu disse em consideração. Minha mãe tem razão ao preferir mantê-lo conosco a procurar um médico para substituí-lo. Ele, nós já conhecemos e sabemos que, em termos profissionais, é inegavelmente um funcionário aplicado e muito competente. O meu problema é ter me decepcionado com ele de forma pessoal. Tenho me decepcionado tanto com as pessoas que gostaria de poder fechar as portas do meu mundo para que ninguém mais entre. Quero lidar apenas com quem eu já conheço e sei que é verdadeiro comigo.

O tempo passa mais depressa quando conto tudo à Paola entre uma tarefa e outra que ela está fazendo. Diferente da minha mãe, ela discorda que dentre os três, haja um menos pecador que o outro. Por ela, eles estariam condenados à prisão perpétua por tudo o que fizeram.

Do fim do corredor, noto que o último paciente da ortopedia está entrando na sala. Uma inquietação mental e física se iniciam. Me despeço da Paola e me sento na cadeira ao lado da porta, mas logo a impaciência volta e me levanto. Ando de um lado a outro impacientemente olhando o relógio de minuto a minuto. Quando meus pés começam a doer, paro e volto a me sentar. Subitamente a porta se abre e a senhora de uns cinquenta anos sai enfiando uma receita médica na bolsa. Ela fecha a porta em seguida me fazendo pensar se eu vou conseguir conversar com ele sem entrar em outras questões. Ele arrombou a porta do apartamento dos meus pais e eu não posso ficar aqui só olhando para essa maldita porta. Bato três vezes e espero resposta.

— ENTRA! — ele diz.

Giro a maçaneta e me jogo para dentro da sala antes que eu desista. Seus olhos pousam em mim por um par de segundos e ele desvia o olhar, mas volta a me encarar com um semblante estranho. Ele abre a boca para falar, mas eu sou mais rápida.

— Por que pediu demissão???

— Por que cortou o cabelo?! — pego fôlego para responder, mas me dou conta do que ele está fazendo.

— Eu perguntei primeiro — argumento enquanto percebo que ele está recolhendo seus pertences da mesa.

— Me responde, e eu te respondo — contra argumenta.

Balanço a cabeça em negação, mas se é assim que ele pretende chegar ao ponto em questão, acato. Talvez quebre a tensão.

— Sei lá... Achei que eu ficaria bem de cabelo curto — digo.

— Sim, você ficou muito bem de cabelo curto. Assim como eu vou ficar melhor longe daqui.

— Ei! — exclamo surpresa com sua grosseria. Daniel fecha os olhos e expira o ar devagar. Em seguida os abre e olha para mim.

— Desculpa — diz em tom baixo. — Eu não quis ser rude.

— Tudo bem — falo sem me importar e opto por chegar logo no assunto para sair daqui o quanto antes. — Olha, não precisa pedir demissão por causa do que eu falei ontem.

— Não é por causa de você, é só que... — ele para de falar fazendo movimentos negativos com a cabeça. — É por causa de tudo, Karen. Eu só aceitei trabalhar aqui porque estava preocupado com você. Seu pai pediu pra que eu prestasse atenção se havia algo de errado entre você e o Douglas...

— Meu pai não tem limites — digo com desgosto mais para mim do que para ele.

— Exatamente. E se eu tivesse percebido isso antes, não teria nem começado a trabalhar aqui. Perdi toda a admiração que tinha por ele e... — ele faz uma pausa e acaba desistindo de continuar falando.

— E... — insinuo que ele deve terminar de falar.

— E nossa convivência, nossa... amizade... nunca mais vai ser a mesma pelo fato de eu ter omitido a verdade de você.

— Daniel, eu prometi a mim mesma que não falaria disso...

— Não tem como não falar disso. Você disse que eu estive esse tempo todo te apoiando porque me sentia culpado. Eu me senti culpado...

— Confessou! — digo fingindo surpresa.

— Karen, lembra de uns meses atrás quando estávamos na sua antiga sala e você me contou que estava armando um flagrante pra pegar o Douglas com outra?! — pergunta ele me trazendo lembranças ruins sobre o Ygor, que na verdade era o Alejandro.

— O que isso tem a ver?? — questiono.

— Eu te disse que ficar com a pessoa que a gente ama não é o mais importante. Que o que importa é estarmos sempre rodeados de pessoas que nos amam. E prometi estar sempre ao seu lado sendo seu amigo e te dando apoio em tudo o que precisasse. Foi isso que eu fiz.

Suas palavras me calam momentaneamente. Daniel volta a arrumar suas coisas dentro de uma pasta e o silêncio paira no ambiente. Ou ele é bom em usar qualquer artifício em seu favor, ou realmente agiu de forma sincera. De qualquer forma, isso não anula o que ele fez. Fico em cima do muro quanto a veracidade tanto das suas palavras como de sua amizade, contudo, precisarei de muito tempo para entender. Portanto, é melhor voltarmos ao principal motivo de eu estar aqui.

— Okay. Mas isso é um problema comigo e você ainda pode trabalhar normalmente — contesto. — É bem capaz do meu pai aparecer aqui cada vez menos e... Cadê o cara que conseguia separar problemas pessoais e trabalho?! — Daniel para de arrumar as coisas e põe a pasta sobre a mesa. Logo depois me encara fixamente.

— Você sabe que isso não funciona quando se trata de você.

Um arrepio frio corta minha espinha quando o impacto de suas palavras me atinge, mesmo que eu não entenda cem por cento delas.

— Então está decidido?! — questiono.

— Estou — diz convicto e só então ele volta a recolher seus pertences.

Por algum motivo sinto que estou tentando segurar água com as palmas das mãos.

— Você tá chorando? — Daniel pergunta me fazendo notar que deixei uma ou duas lágrimas descerem pelo rosto.

— Não — nego inutilmente limpando o canto externo dos olhos como quem limpa uma maquiagem borrada.

— Tem a ver com ele, não tem?! — indaga mantendo nossa distância, o que é assustadoramente estranho para mim, já que ele sempre foi muito atencioso e carinhoso comigo.

— Consegui encontrá-lo através do Delegado Kepler, mas ele está louco, obsecado... Mesmo quando contei que a mãe dele está com câncer...

— Sua sogra está com câncer??? — assinto dolorosamente.

— E mesmo assim ele preferiu ir atrás do cartel — completo.

— Ele é um idiota! — exclama ele sem se preocupar com o que eu penso. Eu concordo. Daniel termina de colocar suas coisas em uma mochila e a coloca nas costas. E em seguida caminha em minha direção. Ou em direção à porta, já que estou ao lado dela. — Karen, é ele quem está perdendo. Não quis abrir mão dessa operação sendo que ele está abortando a maior missão da vida de um homem. Não está participando da gravidez do primeiro filho e ainda tem a coragem de deixar a mãe doente... Você não está perdendo muita coisa. Tenho certeza de que vai ter todo o apoio da sua mãe, da Paola, do irmão dela e da sua sogra.

— Pelo tempo que ela ainda viver — saliento com dor na alma.

— Eu sinto muito — diz ele. — Mesmo assim você ainda vai ter muitas pessoas com quem contar.

— Por que está falando como se nunca mais fôssemos nos ver?

— Desculpa. Têm à mim também, mas vou sumir da sua vida por um tempo. Acho que vai ser bom pra nós dois.

Ao contrário do que era de costume, Daniel não deixa um beijo na minha têmpora. Ele me abraça com leveza e ficamos imóveis nesse abraço por alguns instantes. Eu não sei como isso seria bom para nós dois. Ainda sinto raiva por ele ter escondido o que sabia, mas isso não é suficiente para aceitar essa despedida. Talvez porque essa seja a segunda vez no mesmo dia em que eu tento convencer uma pessoa que eu amo a ficar, mas ela prefere ir.

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Pessoal, eu sempre digo o quanto escrever é importante pra mim de diversas formas. Foi a maneira que encontrei de canalizar meus sentimentos e ocupar a mente com uma atividade que me trouxesse algo bom. Mas agora estou me concentrando na busca por coisas melhores na minha vida e, como consequência, não está sobrando tempo para escrever. Por isso, lamento informar, mas o livro vai ser publicado até o capítulo 32 (até onde consegui escrever), sendo o 31 publicado no dia 05/10 e o 32 no dia 07/10, e em seguida será colocado em pausa por tempo indeterminado. Espero ter a compreensão e apoio de todos. Amo vocês!
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Capítulo publicado em 27/09/2019

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