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07

Não basta eu ter que lidar com a morte do meu noivo, tenho que me desconectar do mundo para me esquivar de repórteres. Assim o meu advogado me recomendou. Excluí minhas redes sociais e quando alguém próximo quer falar comigo, liga para o telefone residencial dos meus pais, ou vem até aqui para me ver. O tempo todo eu sinto que alguém pode vir atrás de mim para vingar a morte do Alejandro, e a ideia de ficar sozinha me deixa com muito medo. Por isso, mesmo que eu não esteja mais fazendo repouso, prefiro ficar aqui por enquanto.

Essa tragédia foi notícia no mundo todo e todos sabem quem eu sou. Não tive coragem de ao menos tentar voltar a trabalhar. Só de pensar, meu corpo estremece de medo. Mas temos sorte de ter o Daniel trabalhando na clínica. Ele é muito competente e raramente precisa que meu pai compareça lá para resolver algum problema.

Minha irmã tem se esforçado bastante para tornar meus dias mais toleráveis. Desde que criei coragem para ligar meu celular novamente, passo horas olhando minhas fotos com o Douglas. Ela faz de tudo para desviar minha atenção. Escolhe filmes ou séries da Netflix para assistirmos, faz pipoca, bolos e doces. Mas isso não me distrai da forma que eu preciso. Quem perde o noivo de forma trágica como eu perdi e dá a volta por cima assistindo séries?

De qualquer forma, ela é a melhor irmã que alguém poderia querer. Todos os dias ela tenta encontrar um jeito de me ajudar a dormir, seja com chá, mantra, oração, meditação... Nada adianta muito. Quando durmo, é muito breve e parece um apagão. Nas horas em que sigo em claro, olho para o lado e lembro que o Douglas não está aqui. Choro e deixo minha cabeça girar em torno da saudade e em torno daqueles relatórios. Eu quero encontrar um jeito de descobrir onde estão para terminar o que o Douglas começou. Por mim e por ele.

Depois que os raios do sol tornam a trazer um novo dia, volto a lembrar que não só a melhor irmã, mas também tenho os melhores amigos. Paola e Wesley vêm me ver sempre que podem. Além deles, a Dona Ana também vem quando não está em algum compromisso da igreja. Ela esteve aqui hoje pela manhã e conversamos muito sobre como as coisas vão ficar daqui para frente. É algo que eu tento evitar pensar, mas quando se está grávida, não dá para adiar planos. Apesar do fato de estar perto dela desencadear muitas emoções em mim, eu a quero sempre por perto, pois ela merece ver o bebê nascer e crescer, pois é a parte do Douglas que restou, um pedaço de amor, um pedaço de vida. Dona Ana disse que ainda está tricotando várias roupinhas e sapatinhos. Explicou que aprendeu essa arte quando o marido partiu e defende a ideia de que é uma forma de terapia, uma forma de não desmoronar, depois de sua fé, é claro.

Embora o Dr. Wagno tenha me instruído a me distanciar das redes sociais, eu fico muito curiosa e com medo de toda essa repercussão. Não sei o quanto isso está me afetando ou como minha imagem está diante dos últimos acontecimentos. Pensando nisso, pego meu celular a fim de conferir toda essa repercussão, já que a Kássia foi ao supermercado e estarei sozinha por no mínimo duas horas. Abro a página de busca.

Por onde começar?

Digito meu nome e teclo "enter".

"Médica que atendia no Rio de Janeiro teria sido a chave para encontrar el camaleon" — é logo o primeiro link que surge. Não entro, quero ler apenas por cima.

"Cardiologista carioca foi salva pelo noivo. Mais um policial morto no Rio" — esse segundo me abala, me atinge como um tiro no peito.

Uma forte onda de tristeza e saudade me derruba e eu desabo em lágrimas. Me esforço para não me entregar por completo, pois não quero que o bebê sinta a minha dor. Desço mais para ver o que vem a seguir.

"Polícia investiga o envolvimento de Karen Blanchard com Cartel Colombiano" — fico tentada a entrar e ver o tamanho da blasfêmia que estão fazendo com meu nome. Eu já dei o meu depoimento e não tem por quê estarem falando sobre isso. A mídia pode ser um tribunal. Estou prestes a tocar no link, mas a campainha toca.

Imediatamente sou tomada por medo. Ninguém ligou avisando que viria. Fecho a janela de pesquisa e aguardo a campainha tocar novamente. A última vez que atendi alguém sozinha, uma grande tragédia aconteceu. Para me apavorar mais um pouco, a campainha volta a tocar. Sei que a porta está trancada porque conferi inúmeras vezes desde que minha mãe saiu pela manhã para trabalhar. Ando a passos lentos e cautelosos até a sala sentindo medo. Me preocupo com o fato de que a culpada da morte do chefe de um cartel colombiano seja eu. Crio coragem para pelo menos olhar pelo olho mágico, é quando avisto a Paola e logo um imenso alívio me preenche.

Demoro um pouco, mas consigo destrancar a porta e abaixo a cabeça tentando disfarçar que estava chorando. Ela me abraça forte durante um tempo antes de falar.

— Me diga que não estava chorando — pede ela ao me soltar. Só então percebo a grande caixa que ela trouxe.

— Eu não estava chorando — digo apenas porque ela pediu, pois não há como disfarçar. — Estão falando muito de mim e do que aconteceu — falo enquanto ela entra arrastando a caixa, que agora reconheço. É o carrinho de bebê que ela comprou de presente.

— Andou vasculhando a internet? — inquire ela.

— Eu precisei — justifico. — O número de vezes que o telefone daqui toca, deixa claro que as pessoas estão sabendo de tudo.

— Karen, não dê ouvidos ao que os outros dizem... — diz ela à medida em que nos sentamos no sofá. — Ninguém está na sua pele e nem fazem ideia do quanto isso está te fazendo sofrer.

Ficamos em silêncio por um tempo enquanto eu penso sobre isso. Não é todo dia que se vê uma doutora em cardiologia namorando um chefe de cartel. As pessoas não querem saber se você sabia ou não do que ele fazia, querem apenas te julgar.

— Quando você vai fazer o exame e descobrir o sexo do bebê? — Paola pergunta. Não sei se é por curiosidade ou se está tentando não tocar nos assuntos mais delicados, mas tudo agora é delicado para mim.

— Não sei — respondo triste. — Eu planejei essa ultrassom com o Douglas ao meu lado... Agora estou com um pouco de dificuldade de encarar essa realidade sem ele. — assumo e tranco meu choro em mim.

— Eu entendo... — diz ela lamentando. — Talvez não seja o melhor momento para falar disso, mas eu e o Wes estávamos pensando se você não gostaria de fazer um chá revelação.

Fico avaliando a ideia. Já vi alguns vídeos no YouTube a respeito e acho muito emocionante. Pode ser mesmo que o evento me distraia e me poupe de sofrer ainda mais com a ausência do Douglas.

— Me parece ótimo — admito.

— Sério?! — ela pergunta animada.

— Sim, podem organizar como acharem melhor. Tenho certeza de que vou gostar — falo e logo ela começa a dar várias ideias de onde seria mais legal fazer o tal chá.

De verdade, me anima o fato de estarem animados, mas se eu pudesse, adiaria essa data para o mais longe possível. Saber o sexo do bebê, vai me fazer imaginar como o Douglas reagiria à descoberta e o quanto ele estaria feliz em saber se é menino ou menina.

À medida em que a Paola vai falando em plena empolgação com chá, recebo uma mensagem.

Pai: Estou subindo com o Daniel.
Eu: Tá bom.

Vai ser a primeira vez que o Daniel vai vir aqui. Não nos vemos desde o funeral, pois não saí mais desde que vim para cá.

Sabendo que estão chegando, me preparo para recebê-los. Quando abro a porta, eles já estão chegando. Primeiro meu pai entra, depois o Daniel me embala em seus braços, num gesto que diz claramente o que suas palavras diriam: "Eu estou aqui."

Fecho a porta e a tranco com os cinco trincos que pedi ao meu pai para instalar. Sinto o Daniel observando atentamente o que estou fazendo, mas não paro até trancar o último.

Meu pai cumprimenta a Paola enquanto nos dirigimos até o centro da sala. O Daniel faz um aceno com a cabeça. Não é necessário mais que isso, eles se viram o dia todo na clínica.

— Passou o dia todo aqui, Karen? — meu pai pergunta.

— Para onde eu iria com tantos repórteres bloqueando o portão do prédio?! — rebato com desânimo.

— À praia, filha — diz ele calmamente. — Você sempre gostou de ficar na areia admirando o mar.

— "Cardiologista envolvida com Cartel Colombiano toma sol e admira o mar de Ipanema" — ironizo e ele respira fundo.

— Isso vai passar, Karen — fala ele caminhando para o seu escritório, mas antes de fechar a porta, ele completa: — Você não deveria ficar bisbillhotando a internet.

Ficamos os quatro em um silêncio, mas não por muito tempo.

— Eu disse a mesma coisa — Paola diz.

— Eu sei, eu sei — digo reconhecendo minha falha.

— Karen, as pessoas são cruéis — fala Daniel. — Falam sem pensar porque não é com elas.

As pessoas são cruéis — repito em pensamento.

Elas não sabem quem eu sou, como cheguei onde estou ou se está sendo fácil. Apontam o dedo sem a menor dificuldade e proferem todo tipo de calúnia e maldizer. Não sabem o quanto isso dói, o quanto machuca. Eu estou rodeada de pessoas que me fazem bem, porém, o tempo todo, sinto falta de uma que jamais verei novamente. Essas pessoas não sabem o tamanho da falta que o Douglas me faz.

O telefone toca me tirando dos meus devaneios. Eu ignoro o toque, mas eles não.

— Não vai atender? — Daniel questiona.

— Não — respondo liberando um suspiro tenso. — Eu não atendo ligação nenhuma. Tenho medo de ser algum assunto indesejável.

— Quer que eu atenda? — ele pergunta gentilmente e eu assinto no mesmo instante.

Alô. Com quem deseja falar? Aqui é o Daniel Sanches. Sim, mas ela está indisposta no momento. — uma longa pausa é feita enquanto ele parece ouvir atentamente o que a pessoa diz do outro lado da linha. — Só um minuto — diz ele retirando o celular do bolso enquanto eu e a Paola nos entreolhamos. — Pode falar — avisa e começa a digitar freneticamente no aparelho. — Sim, eu darei o recado e pedirei que ela retorne. Eu que agradeço. Igualmente. — ele diz e desliga o telefone.

— Quem era?! — questiono curiosa.

— Era do Prócer Repórter — fala ele. — Querem marcar uma entrevista com você, Karen.

— Nossa! — Paola exclama.

— Já ligaram de várias emissoras durante a semana e pedi ao meu pai para rejeitar todas — falo indignada.

— Não acho bom você se expôr assim — ele diz com olhar perdido pelo cômodo.

— Mas o Prócer é o programa de notícias mais prestigioso da TV! — argumenta Paola.

Os dois começam a debater sobre a proposta enquanto eu tento me concentrar no que estão falando, mas meu coração me direciona em pensamento para o que o Douglas me aconselharia a fazer nessa situação.

Manda todo mundo se foder — ele diria.

Meu pai sai de seu escritório e nota a agitação. No momento, o Daniel e a Paola parecem começar um pequeno desentendimento por causa de suas opiniões diferentes.

— O que está rolando por aqui? — ele indaga aos dois, mas a Paola toma partido.

— O Prócer quer entrevistar a Karen. O PRÓCER. — ela repete dando ênfase a superioridade do programa em relação a todos os outros.

Meu pai troca olhares com o Daniel como quem espera ouvir sua opinião, mas ele não diz nada. Em seguida olha para mim.

— Você recusou, Karen? — ele indaga.

— Não, foi o Daniel que atendeu... — respondo não dando importância. Não como eles.

— Mas o que você acha? — ele insiste.

— Não acho nada, pai — digo tentando parecer imparcial, mas me dou conta de que se trata da minha vida. — Na verdade, eu estou é irritada com tanta gente querendo audiência em cima da minha dor. As pessoas pensam que eu estava envolvida com o cartel. — ele volta a olhar para o Daniel e levanta o dedo indicador.

— Esperem um minuto — diz ele caminhando novamente até seu escritório. — Eu já volto.

Uma pequena tensão cai sobre nós enquanto aguardamos seu retorno. Paola encara as mãos e o Daniel, o chão enquanto bate o pé repetidas vezes em um tic nervoso.

Meu pai volta respirando fundo e nem chega a se sentar.

— É o seguinte, o Dr. Wagno Camões disse que pode ser muito bom, pois a polícia já tem suas declarações e sabe que você não estava envolvida com nada. Só falta os curiosos se darem conta de que você não tinha envolvimento algum com aquele cartel, Karen.

— Não — falo discordando. — Essas pessoas sabem manipular os entrevistados e vão passar o inverso.

— Eu também acho — manifesta Daniel.

— Além do mais, estou sofrendo muito com a morte do Douglas e não estou afim de voltar a falar sobre o Alejandro.

— Mas que inferno, Karen!!! — meu pai esbraveja e eu estremeço sem chance de inibir minha reação.

— Olivier! — Daniel o adverte seriamente e a Paola levanta se preparando para ir embora, deixando claro seu constrangimento com a grosseria do meu pai. Minhas lágrimas atrapalham minha visão, mas permaneço atenta ao manifesto ridículo dele.

— Não há tempo, Karen! — ele retoma diminuindo o tom de voz, mas só um pouco. — Eu respeito o seu luto, mas precisamos parar essa onda de notícias falsas sobre você!

Me calo, pois tudo o que eu quero dizer nesse momento, vai fazer o meu pai ser ainda mais grosso comigo, e não quero que a Paola e o Daniel testemunhem essa cena.

O silêncio domina o cômodo ao mesmo tempo em que o Daniel também nota que é melhor irem embora. Antes, ele sussurra algo no ouvido do meu pai. Só eu noto, pois a Paola já está me abraçando e dizendo coisas em despedida que eu nem entendo por estar concentrada nos dois.

Agradeço aos dois pela visita e os acompanho até a porta, repetindo o ritual destranca e tranca. Volto-me ao meu pai secando as lágrimas.

— Não é só o meu luto que o senhor deve respeitar. E sim, minhas decisões também.

— Tudo bem — diz ele, aceitando meu ponto de vista. — Apenas ouça o que o Dr. Wagno vai falar com você amanhã a respeito disso. Sem compromisso.

Não respondo, apenas sigo para o quarto para descansar todo o estresse dos últimos minutos.

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