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05

— Agora, vamos passar para a próxima etapa. O que a senhora fazia em sua casa no dia do ocorrido?

Meu coração se aperta ao lembrar da última manhã em que acordei me sentindo completa.

— Eu estava aguardando uma pessoa que supostamente estava interessada no aluguel da minha casa. Recebi a ligação dessa pessoa, uma mulher, no sábado à noite.

— Qual é o nome dessa mulher? — questiona o delegado.

— Não tive tempo para perguntar, ela desligou antes que eu tivesse a chance — explico.

— A voz dela te pareceu familiar? — ele torna a indagar.

— Não, mas ela era muito simpática. Ou fingiu ser — respondo lembrando claramente da voz daquela mulher. O delegado assente e eu continuo. — Eu recusei a proposta de imediato, pois iria viajar no dia seguinte e precisava de tempo para me organizar...

— Para onde a senhora iria viajar e por quê? — ele me interrompe.

Não vou medir palavras para responder sua pergunta. O Douglas não mediria.

— Eu iria para São Paulo, para a casa da minha irmã aqui presente — digo apontando para ela. — Estávamos com medo de que o Alejandro viesse atrás de mim, como bem aconteceu.

Seus olhos vidram por poucos segundos, mas ele se recompõe antes que mais alguém note.

— Tudo bem, continue.

— A tal mulher insistiu dizendo que estava na reta final da gravidez e precisando muito de um lugar para morar. Eu estou grávida também e acabei me comovendo com a situação. No fim, acabamos marcando para às 14h do domingo. O Douglas estava ciente disso e... — paro por um instante para tomar fôlego à medida em que as palavras dele voltam nítidas em minha mente. — Ele disse que teria que sair pela manhã e pediu para que eu o esperasse, pois havia algumas coisas dele na minha casa e queria buscar comigo. — toco o centro da minha face com a palma da mão pensando em tudo que eu teria evitado se fizesse o que ele pediu.

— Sim... — diz o delegado na tentativa de que eu prossiga.

— Na manhã de domingo, depois que o Douglas já havia saído, a mesma mulher tornou a ligar alegando que o parto de seu bebê seria antecipado para aquela tarde e ela só teria o período da manhã para ver a casa. Eu não percebi que aquilo era muito suspeito e acabei remarcando com ela para às 11h, se não me engano. Parecia algo inofencivo e eu preferi não preocupar o Douglas com aquilo, pois ele já estava bastante apreensivo. — Por um instante, lembro de ter achado um exagero toda a preocupação dele. No final, ele estava certo em tudo e eu fui uma perfeita idiota. Respiro fundo e prossigo. — Me arrumei e fui para minha casa. Acabei chegando lá um pouco antes do combinado e aproveitei para abrir o portão do Théo.

— Quem é o Théo? — o delegado inquire.

— Era o meu rottweiler — falo enquanto minha mente é invadida por várias lembranças, como o dia em que o ganhei, nossos passeios no calçadão de Ipanema e os banhos em que ele me deixava encharcada. — Meu e da minha vizinha, na verdade. Havia um portão entre nossos muros por onde ele passava quando queria.

Era isso que eu queria evitar. Lembrar de cada detalhe me faz ver quantos erros eu cometi em menos de vinte e quatro horas. Aquele portão não deveria ter sido aberto em hipótese alguma.

— Okay, prossiga.

— Alguns minutos depois, comecei a sentir fome e resolvi pedir para entregarem meu almoço na minha casa, pois não havia muita coisa na despensa, já que eu estava morando com o Douglas há quase dois meses. Não demorou muito e a campainha tocou.

Meu coração entra em um ritmo acelerado de forma tão brusca, que eu chego a pensar que vou desmaiar. O ar começa a faltar e meus soluços chegam junto às lágrimas em meu rosto.

— Calma, Karen — diz Kássia em tom baixo. — Respire fundo. Você está indo bem.

Faço como ela pede, mas dentro de mim, eu me imagino saindo da sala e gritando o mais alto que eu consigo, mas eu não posso. Inspiro o ar e me obrigo a continuar contando tudo.

— Eu achei que fosse a tal moça que iria ver a casa, mas quando abri a porta, dei de cara com o Alejandro. Eu senti muito medo e resolvi fechar logo a porta. Não adiantou, ele colocou o pé na frente e a forçou até que eu me afastasse. Assim que conseguiu entrar, trancou a porta e a guardou em seu bolso. Pedi que fosse embora dizendo que estava esperando uma visita, mas ele ficou surpreso por eu não ter reclamado sobre ele ter me deixado pela segunda vez e permaneceu ali, dizendo que queria uma chance de se explicar. Eu achei que se o deixasse falar, talvez ele pudesse ir embora depois, então nos sentamos e ele começou a se defender. Conversamos muito e durante a conversa, o chamei pelo nome verdadeiro. Isso o incomodou. Ele até pediu para chamá-lo de Ygor. Fiquei a apreensiva e fiz como ele pediu. Depois que se acalmou, Alejandro falou que nas duas vezes em que ele me deixou, foi para escapar da polícia e que não queria que eu fosse prejudicada pelo que ele fazia. Naquele momento, eu senti esperança de que aquela pequena demonstração de preocupação, pudesse significar que ele não me faria nenhum mal e que fosse embora mais uma vez, já que a polícia estava prestes a prendê-lo. Ele estava planejando fugir sim, mas na verdade, ele queria me levar para a Colômbia com ele. Eu entrei em pânico na hora. Meu medo era ele conseguir me levar e ninguém ficar sabendo. Eu nunca mais veria o Douglas e a minha família. No meio do meu desespero, ele notou minha inquietação e começou a me perguntar coisas do tipo "você ainda me ama?". Cada segundo na presença dele me fazia temer mais e mais. Notei que ele estava diferente do homem com quem eu namorei. Achei que se eu falasse a verdade, ele poderia fazer alguma coisa contra mim. Então menti, disse que ainda o amava, mas tentei demonstrar que não poderia ir com ele usando meu trabalho como um motivo para ficar. Logo depois lembrei que estava usando um anel de noivado e tentei escondê-lo, porém o Alejandro percebeu e me obrigou a mostrar. Quando ele viu que se tratava de um anel de noivado, ficou muito nervoso, dizendo que eu não poderia ter feito isso com ele. Durante esses minutos em que eu tentava me justificar, ele ficou um pouco desconexo. Sua expressão se fechou e ele me perguntou se havia sido eu.

— Como assim?! — o delegado indaga em um tom diferente dos que usou antes. Parece uma pergunta de interesse próprio. É hora de falar da parcela de culpa que cai sobre ele.

— Acho que ele estava se referindo à testemunha mencionada na nota que o senhor divulgou à imprensa no último sábado. — à medida em que eu falo, os olhares que antes estavam direcionados à mim, agora estão voltados a ele. — A informação era que uma testemunha ligada a ele estava ajudando a polícia a descobrir seu paradeiro. Pareceu que ele estava falando disso, mas antes que eu pudesse questionar, o Théo entrou e avançou sobre ele com muita ferocidade. Eu tentei fazer com que ele soltasse o Alejandro, mas ele não soltava de jeito nenhum. De repente, o Alejandro atirou no Théo e o matou. — minhas lágrimas escorrem, mas eu tento ignorá-las para que esse depoimento chegue ao fim e eu nunca mais precise falar disso. — Eu fiquei em choque enquanto o Alejandro agia com frieza após matar meu cachorro. Ele foi até a cozinha e trancou a porta. Eu respirava medo, inspirava medo e transpirava medo. Nesse meio tempo, tentei usar meu celular para pedir socorro, mas acabei ligando para o número da suposta inquilina. O celular dele tocou e então me dei conta de que tudo não passava de uma armação. Ele mesmo admitiu dizendo que aquele seria o único jeito de ficar a sós comigo para conversarmos. Eu não me preocupava mais com isso. Ele estava armado e eu só pensava que a próxima a morrer poderia ser eu. Daí para frente, tudo foi acontecendo muito rápido. A campainha tocou de novo e o Alejandro assumiu uma postura muito violenta. Com poucos movimentos ele estava com a arma na minha cabeça. Ele ficou muito nervoso achando que eu tinha chamado a polícia. Expliquei que se tratava apenas da entrega do meu almoço e implorei pela minha vida.

Tudo o que eu senti volta a correr em minhas veias como se eu estivesse revivendo aquilo em tempo real. Minhas mãos ficam trêmulas e eu fico sem saber como continuar. Me vem um branco, uma sensação de paralisia, um medo absurdo de que alguém ligado a ele surja a qualquer momento para terminar o que ele queria fazer depois que se transformou no pior bandido do qual já ouvi falar.

— Karen! — Kássia me chama ao notar que estou sem condições de continuar. — Karen, olha para mim. — eu a encaro, mas meu pânico não me deixa responder.

— O senhor pode dar mais um tempo para a minha cliente? — Dr. Wagno indaga.

— Tudo bem — diz o delegado. — Podemos esperar que ela se acalme. Rita — ele chama por alguém que logo se prontifica —, traga um copo d'água para a Doutora.

Segundos depois, a tal Rita surge com o copo d'água. Confesso que o que eu quero agora, é que minha mãe possa vir aqui por cinco minutos, mas se isso acontecer, eu não conseguirei falar mais nada, vou apenas chorar e querer seu aconchego.

Pego o copo da mão da policial e bebo alguns goles. Respiro fundo e tento não perder o controle de novo.

— O Alejandro ordenou que eu recusasse a entrega e dissesse que era um engano, para que o entregador fosse embora. Eu fiz isso, mas enquanto eu dizia essas palavras, senti que aquela poderia ser minha única chance de pedir ajuda, então gritei para o entregador que o endereço estava errado e que o número da casa era "190", o código da polícia militar. Não imaginei que o Alejandro fosse entender por ser colombiano, mas ele entendeu e ficou muito mais agressivo. Disse que iria me matar se a polícia aparecesse lá. Me jogou no chão e chutou minha barriga com muita força. — toco meu ventre tentando não deixar o bebê sentir esse ato violento de novo, como eu estou sentindo agora. Minha irmã faz gestos negativos com a cabeça e põe a mão no rosto enquanto inspira profundamente. — Eu fiquei me contorcendo no chão e me esforçando para não gemer de dor. Nesse instante, o Alejandro se aproximou de mim e se abaixou. Eu estava esperando por outro golpe, então tentei me proteger colocando os braços na frente da minha barriga. Com esse gesto, esbarrei na mesa e derrubei um abajur. Ele parecia ter voltado a ser o Alejandro que chegou calmo e demonstrava estar chocado com a própria atitude. Me pediu perdão e disse que não queria me machucar, mas eu não acreditei. Peguei o abajur e o golpeei na cabeça com toda a força que eu consegui reunir em mim. Ele desmaiou e eu aproveitei para tentar fugir, só que ele havia trancado as duas portas e as chaves estavam com ele. Todos os meus pensamentos precisavam ser friamente calculados. Eu queria gritar por socorro, mas ele despertaria com a minha voz antes que alguém conseguisse chegar lá. Só o que consegui fazer, foi pegar meu celular e me trancar no banheiro. Lá eu liguei para o Douglas e contei o que estava acontecendo. Ele disse que chegaria o mais rápido possível e pediu para que eu não desligasse por nada, mas meu celular estava descarregando. Alguns minutos depois, eu ouvi uns barulhos e o avisei que o Alejandro havia despertado. Comecei a perder as esperanças de novo, mas o Douglas disse que tinha um revólver carregado no armário do banheiro, pediu para que eu o pegasse e atirasse quando tivesse chance. Enquanto eu abria o armário, o Alejandro arrombou a porta com muita brutalidade, batendo em minha têmpora. O baque me derrubou e eu caí sentada. Mais uma vez o Alejandro me pediu desculpas pelo que ele fez, mas voltou a manifestar seu lado violento ao ver o revólver no móvel, que com a pancada da porta, eu acabei esquecendo aberto. Ele percebeu o que eu iria fazer e ficou possesso de raiva. Me ergueu do chão pelos cabelos e com a dor, eu acabei gritando. Isso o irritou ainda mais e ele me jogou no chão novamente. Dessa vez eu caí com todo o meu peso sobre o joelho direito e bati a boca na quina da minha cama. Tudo virou dor. Meu corpo todo doía e minha visão foi escurecendo enquanto eu via a sombra da arma vindo na direção do meu rosto diversas vezes, até eu não lembrar mais onde estava.

Minhas últimas palavras ficam no ar à medida em que eu noto que desde que comecei a falar, essa foi a parte mais dolorosa fisicamente desse dia.

— Nós sentimos muito, Dra. Karen — expressa o delegado.

Agora eu me arrependo de ter escolhido a Kássia para me acompanhar, ela está chorando como se os golpes que eu levei naquele dia, a atingissem neste instante. Eu não choro, pois não é essa parte do dia que me faz sofrer, e sim, o que vem depois.

— Não lembro exatamente em que momento recobrei a consciência, mas sei que tentei trazer um pouco de sanidade à mente do Alejandro. Eu não tinha muitas esperanças de que fosse sair viva dessa situação, então resolvi abrir o jogo. Disse a ele que não o amava mais, que estava grávida e que queria ficar no Brasil para viver a minha vida aqui. Isso não o comoveu em nada e ele ainda disse que eu poderia fazer um aborto quando chegássemos em Medellín. Era absurdo demais, com frieza demais para alguém com quem eu convivi por mais de dois anos. Voltei a me agarrar à expectativa de que o Douglas chegasse antes do Alejandro fugir e me arrastar com ele. Tentei atrasar tudo o máximo que eu pude. Fingi procurar coisas importantes para levar para a Colômbia, mas ele não estava mais com paciência. Me pegou pelo braço com força e saiu me puxando para fugirmos de uma vez. Foi quando chegamos na sala que eu vi um homem, era o amigo do Douglas, e ele entrou logo depois. Mais uma vez eu estava sob a mira de uma arma. Na verdade, de duas, porque o Alejandro me colocou em sua frente, para se proteger usando meu corpo. Eu comecei a entrar em exaustão. Não havia tomado café da manhã como deveria, não almocei, e unindo isso à tudo o que estava acontecendo, meu corpo não estava mais respondendo bem. Meus sentidos estavam falhando e não consigo lembrar do que aconteceu com clareza. Só tenho flashes do Alejandro caído no chão. Do alívio que senti quando o Douglas me abraçou. Dele se lançando entre mim e o Alejandro quando um outro estouro ecoou pela casa. Eu... Eu tentei fazer alguma coisa, mas... Eu estava de mãos atadas. O Ronie me ajudou a pressionar a ferida para estancar o sangramento... O Douglas foi perdendo a consciência e... Os paramédicos chegaram e fizeram o que eu não podia fazer... Depois estávamos no hospital e... Meu Deus... Ele morreu...

Lágrimas e soluços não me deixam mais continuar a falar. O Dr. Wagno diz algo ao delegado que não consigo identificar. Kássia me abraça e tenta me acalmar, mas só consigo ouvir com clareza o meu próprio choro. Tudo virou dor de novo.

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