Capítulo 10
Paula POV
Nestas últimas duas semanas, os meus dias no trabalho estavam a ser tão facilitado, embora que a movimentação do hospital era o mesmo de sempre agitado e com papeladas para organizar. O Elisandro durante essas duas semanas tem estado mais distante de mim, as vezes nem para almoçarmos juntos no hospital ele me chama, mas eu não perguntei nada para ele, eu até acho melhor assim, porque não quero iludir ninguém, prefiro continuar solteira do que atrapalhar a vida de alguém com meus problemas.
Miriam e o Luís já estão namorando sério oficialmente, os dois são tão apaixonados um pelo outro e fazem de tudo para estarem sempre juntos, Miriam disse-me que o Luís anda meio afastado do Jarede durante essas últimas semanas, pós o motivo deste afastamento eu não sei, mas conhecendo o Jarede eu aposto que ele fez algo de ruim para o seu melhor amigo.
Hoje é sexta-feira, estou quase terminando o meu trabalho, eram quase 18h quando o telefone de emergências do hospital toca, e eu o atendi desesperadamente.
Ligação On
- Precisamos de uma ambulância urgente o meu filho está sangrando muito, ele foi atropelado, por favor me ajude! - Diz, alguém do outro lado da linha, pela voz parece ser uma uma mulher, a mesma estava chorando e parecia estar com os nervos a flor da pele.
- Calma senhora! Vai ficar tudo bem me diz onde a senhora está que a nossa equipe vai ao seu encontro. -Digo nervosa, tentando acalmar a senhora do outro lado da linha, eu já atendi várias ligações de emergências, mas nunca fiquei desse jeito, nervosa, com o corpo arrepiado e o meu coração batendo rapidamente.
- Centralidade do kilamba, no final do quarteirão G1, por favor vêm rápido ele não está se mexendo. - Diz a senhora novamente em desespero.
- Ok! Estamos chegando, não mexem em nada e nem o toquem. - Digo nervosa, e desligando o telefone.
Ligo para a seção de emergências do hospital peço uma ambulância para ir até ao endereço dado pela senhora.
Porquê que o meu corpo reagiu dessa forma? Eu nunca fiquei desse jeito habitualmente eu fico mais calma para tentar passar confiança nos familiares ou na pessoa que liga para pedir uma ambulância , mas dessa vez foi diferente eu estou nervosa até agora e com meu corpo arrepiado, minhas mãos suando e meu coração pulando, fico andando de um lado para o outro nervosa sem saber o porquê.
Já haviam se passado alguns minutos, e eu prestes a fazer um buraco no chão de madeira do hospital, de tanto andar de um lado para o outro, até que ouço uma senhora choranddo e em seguida o elevador se abre e os meus olhos não queriam acreditar no que estavam vendo.
- JAREDE! - Grito, ao ver Jarede inconsciente, por cima de uma maca ele estava com sua cabeça toda coberta de sangue junto de sua camisa rasgada.
Corro em direção a maca que os homens da ambulância conduziam para o corredor de emergências.
- O que aconteceu com ele? - Indago desesperada, o meu coração só pulava com mais intensidade depois de eu encostar até a maca e ver o verdadeiro estado de Jarede.
- Ele foi atropelado! Por favor moça salva o meu filho ele é a única pessoa que eu tenho nesse mundo. - Diz a senhora por trás de mim, ela estava acompanhada por um homem mais velho que pelas semelhanças ele deve ser o pai de Jarede.
Os responsáveis da área de urgência apareceram correndo, e os outros enfermeiros também.
- Para sala de emergências agora! - Diz o Doutor William, em um tom autoritário.
Doutor William é o responsável da área de urgências, todos conduziram rapidamente a maca de Jarede até a sala de emergência , prestes a chegar na sala.
- Paula, fica com os familiares dele aqui fora, tenta acalma-los. - Diz uma das enfermeiras lendo o meu crachá.
A maca entrou na sala de emergência, eu fiquei do lado de fora com os pais de Jarede, o meu coração estava desesperado em termos cardíacos, e os meus olhos lacrimejavam, atordoadamente olho para os pais de Jarede, ambos estavam abraçados chorando um no ombro do outro, fui até eles e os abracei e o choro tomou conta de mim.
- Ele vai ficar bem. - Digo tentando passar uma ótima confiança aos dois que creio que no momento eu é quem esteja precisando.
Eles me olharam e acenaram positivamente, os levei até a sala de espera, ambos sentaram-se.
- Foi minha culpa eu não deveria ter aparecido, deveria deixar vocês em paz. - falou o senhor com remorso e tristeza em seu semblante.
- Não diga isso, você não tem culpa, Jarede saiu de casa muito nervoso, apesar da situação nessa hora o que mais precisamos é estar unidos. - A mãe de Jarede diz ao homem.
Eles ainda se abraçam e eu fico lá sem fazer meu empenho direito, já que ainda estou em choque e muito triste por ter visto Jarede daquela forma, mesmo que tenhamos nossas diferenças eu me importo.
Me sento ao lado dos senhores para me apresentar já que até então não sei o nome deles.
- Sei que é um momento inoportuno, mas me chamo Paula, conheço Jarede estudamos no mesmo colégio e recentemente nos reencontramos, e no que depender de mim podem contar comigo para o que
precisarem. - Falei me agachando na frente deles e pegando em suas mãos para passar confiança.
- Obrigado filha, só a tua companhia já faz toda a diferença para nós e obrigado por cruzar o caminho do meu filho ele precisa de pessoas gentis assim como você! - Diz a mãe do Jarede, com o pai do Jarede acenando positivo e ambos apertando as minhas mãos delicadamente.
O tempo foi passando já eram quase vinte e duas horas e nenhuma notícia para nós era transmitida ou informada, tentei usar a minha influência no hospital para pelo menos saber o que está acontecendo com o Jarede, mas foi impossível, os pais de Jarede já estavam todos apreensivos e a cada minuto e segundo que se passava parecia uma eternidade, eu sentia que o meu coração a qualquer momento sairia pela boca de tanto pular aceleradamente.
Neste momento estou sentada em uma mesa de três lugares do refeitório com os pais de Jarede, consegui lhes convencer para pelo menos tomar uma xícara de café.
O semblante dos pais de Jarede estavam todos deprimentes e de certa forma só me afetava mais, sinto o meu telefone vibrar no bolso do uniforme, tiro o telefone e vejo várias mensagens da Miriam dizendo que está na minha casa com o Luís e dizendo que a minha mãe está preocupada comigo.
- Pode atender filha fica a
vontade! - Diz o senhor Marcos, pai do Jarede percebendo que eu estava meio inquieta em saber se respondo ou não a mensagem.
- Então vou responder a mensagem e já volto, licença! - Digo me levantando e indo até ao balcão do refeitório para responder.
Decido ligar para Mairiam para ser mais prático e mais rápido, disco o número dela e logo na primeira toque ela atende, explico tudo para ela e digo para ela avisar na minha mãe que eu vou ficar no hospital, a Miriam disse que ela e o Luís estão a caminho do hospital.
- Deve ser os seus pais, eles devem estar preocupados né? - Indaga dona Maria, enquanto eu me aproximava da mesa.
- Era a minha amiga, sim a minha mãe e elas estavam preocupadas comigo, mas já está tudo bem. - Digo forçando um sorriso e me sentando a mesa.
- Entendi... Deve ser bom ter uma amiga que se preocupa assim com a gente. - Diz Dona Maria com um semblante pensativo.
Aposto que ela deve estar a pensar na amizade de seu filho e do Luís que está meio que paralisada.
- Sim muito bom mesmo! - A única coisa que consigo dizer no momento.
- Se quiser pode ir para casa nós vamos ficar bem e qualquer coisa vamos te avisar ou hoje é seu dia de plantão? - Indaga Dona Maria.
- De verdade hoje não é meu plantão, mas também não quero ir para casa prefiro ficar por aqui mesmo. - Digo.
- Obrigada pela sua companhia menina você é muito especial. -Diz dona Maria, o Senhor Marcos estava todo pensativo que nem prestava a devida atenção na pequena conversação que eu e a Dona Maria estávamos tendo.
Terminamos de tomar nosso café e voltamos para a sala de informações, senhor Marcos e a senhora Maria se sentaram nos seus lugares enquanto eu fui até a minha bancada para tentar ter alguma informação do que está acontecendo.
Olho no computador, e fica impossível encontrar algo, até que recebo um registo a partir do meu computador sobre o uso da sala de cirurgia de emergência, o meu coração praticamente se desfez e um nó enorme se formou em minha garganta, verifico o horário de entrada e é o mesmo que o Jarede deu entrada no hospital.
Quando...
- Como foi que aconteceu isso com ele? - Indaga o Luís, logo que chega a sala de visitas indo em direção ao pais de Jarede. A Miriam veio em direção a minha bancada com uma feição de preocupada.
Os nossos olhares se encontraram e ela notou o estado que eu estava, segurou forte na minha mão e fomos em direção aos pais de Jarede, o Luís estava ajoelhado a frente de dona Maria, segurando delicadamente nas suas mãos, com os seus olhos marejados.
- Ele saiu de casa nervoso, nós estávamos conversando sobre a paternidade dele, com o seu pai presente, ele logo surtou e começou a gritar comigo e com o seu pai eu dei uns ralhetes nele e por fim ele acabou saindo de casa com os nervos a flor da pele. - Da um leve e longo suspiro, parecendo estar a vivênciar a cena novamente e continua.
- Enquanto eu conversava com o seu pai, ouvimos um barulho estrondoso na rua, que fez com que o meu coração acelerasse, descemos o prédio apressadamente para ver o que é que estava se passando, chegámos até estrada, onde o barulho provia, e encontramos ele lá jogado no chão todo desanimado, com sangue por todo lado e a população a volta
dele. - Diz dona Maria, em uma feição séria, nos seus olhos lacrimejando.
- Quem fez isso com ele.. Quem o atropelou? - Indaga o Luís em um tom calmo, mas nervoso.
- Eu não sei quando nós chegamos lá o responsável já não estava por lá, ele fugiu.
A sala ficou um silêncio extremo, o Luís ainda continuava ajoelhado aos pés de Dona Maria, segurando nas mãos dela delicadamente, ambos estavam com os olhos marejados, o senhor Marcos só olhava para o chão certeza que se sentia culpado já que havia dito isso antes, por motivos estes que eu não sei, a Miriam continuou segurando firmemente nas minhas mãos, nos sentamos em uma das cadeiras da sala de visitas.
Só então, eu percebi o quanto eu me preocupo com o Jarede, o quanto o meu coração aquece e acelera quando acontece algo com ele e quando estou perto dele, o quanto me dói ver ele sofrendo, as lágrimas começaram a rolar nos meus olhos sem permissão eu queria gritar para tirar todo esse nó que está dentro da minha garganta, mas não posso preciso estar firme para passar confiança nos pais de Jarede, Miriam enxugava as minhas lágrimas com os seus dedos delicadamente.
- Paula você não teve nenhuma notícia? - Indaga o Luís vindo em minha direção.
- Não! Mas antes mesmo de vocês chegarem eu recebi um registo do uso da sala de cirurgia de emergências, no mesmo horário que Jarede deu entrada no hospital, a sala foi aberta e está em funcionamento até agora. - Digo.
- Então pode ser que ele esteja nessa sala? - Indaga Luís com os olhos marejados novamente.
- Pode ser que sim como também pode ser que não!
- Amor não fica assim ele é forte e cheio de vida, vai sair dessa! - Diz Miriam, se levantando e segurando no rosto do Luís e lhe conduzindo para se sentar na cadeira ao seu lado.
Me levantei da cadeira e fui até ao lugar dos pais de Jarede.
- Os senhores podem ir descansar em casa, nós vamos ficar aqui e qualquer coisa eu aviso! - Sugiro.
- Obrigado por se preocupar, mas se eu for em casa não vou dormir direito então é melhor ficar por aqui
mesmo. - Diz dona Maria segurando nas minhas mãos, senhor Marcos como sempre calado com os olhos avermelhados, a sua feição de arrependimento e as suas mãos trêmulas.
Continuamos sentados a espera de notícias, o meu coração já não aguentava mais a cada segundo parecia minuto, minutos pareciam longas horas e horas pareciam vários dias, Luís deitou a sua cabeça no ombro de Miriam, senhor Marcos com a mesma feição de sempre, dona Maria sempre com os olhos marejados, olhando fixamente para o corredor que o seu filho foi levado e para a enorme porta da sala em que ele estava sendo atendido, eu me sentei por trás da minha bancada de serviço, com a cabeça apoiada na bancada e os meus olhos jorrando lágrimas, a minha boca soltando soluços baixos para não chamar atenção.
Dentro de mim, brotava apenas o sentimento de perda e de vazio total, impossível era ignorar a dor que eu sentia no meu coração, neste momento o ódio que eu afirmava de boca cheia que eu sentia pelo o Jarede, parece desaparecer, ficando apenas o ânsia de tê-lo comigo e de sentir os seus lábios cheios e rosados em união com o meu de uma forma feroz.
Mais um capítulo terminado! Desculpa por qualquer erro e se estiver não exitem em falar! Não se esqueçam do vosso voto e comentários. Fiquem com Deus!
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