Capítulo 7
- Calma Levi, eu posso explicar! - tentou acalmar o homem que estava vermelho de raiva.
Mesmo que relutante, Levi o soltou, mas a sua vontade era de socar a cara daquele homem que mentiu para ele por anos.
- Primeiro, vamos entrar! Vocês devem estar cansados e com fome, vamos conversar durante o jantar.
Ackerman bufou e apenas indicou o caminho para que Eren o seguisse.
Erwin sorriu sem graça para o menino que conhecia por fotos que seu amigo Grisha mostrava.
Os membros do esquadrão de Levi já estavam limpos e sentados à mesa, prontos para se servirem do jantar. O único que não estava presente, era Jean que decidiu jantar na enfermaria, juntamente com Marco.
Sem precisar de um novo convite, Erwin se pronunciou no meio do jantar.
- Eu sei que vocês estão se perguntando sobre o que vocês viram no vídeo. Hanji já me informou do que Grisha deixou gravado para Eren. - voltou-se para o garoto - O seu pai foi um grande amigo meu, eu sinto muito pela sua perda.
Eren apenas assentiu e continuou em silêncio, esperando as explicações.
- Eu não tinha certeza ainda se Grisha havia conseguido a cura. E eu demorei muito para achar a mensagem que ele me deixou e mais outro tanto tentando decodificar o conteúdo.
Todos estavam em silêncio, Levi ainda sentia raiva, mas aguardava o final da explicação.
- Grisha queria que eu protegesse o filho dele e que o levasse para procurar informações que ele tinha deixado em casa. Como eu não tinha ideia de onde Eren estava, eu achei melhor mandar recuperar o que quer que fosse na casa dele.
Vendo que não seria interrompido, decidiu adicionar.
- Eu quero que saiba Eren, que agora que você está conosco e que vamos te proteger. Você está seguro.
- Eu... Obrigado. - Não sabia ao certo o que falar.
O jantar seguiu em um silêncio constrangedor. Aos poucos as pessoas iam terminando e se retirando, logo apenas restou Armin e Eren.
O loiro tentava animá-lo, mas suas palavras não surtiam muito efeito na moral de Eren.
- Obrigado Armin, você é muito gentil, mas eu acho que prefiro ir dormir mesmo.
- Se é o que você prefere, tudo bem... Precisando, você sabe onde me encontrar.
Despediu-se então do amigo, buscando a enfermaria para ver como Marco estava.
Eren lavou o seu prato na pia, deixando o lugar organizado e seguiu para o seu quarto. Assim que chegou no bunker, Levi fez com ele um rápido tour pelo lugar. Aquele esconderijo era bem maior do que o outro em que estava, então não foi difícil para ele acabar se perdendo ali.
Buscou na memória se sentia algum lugar familiar do caminho até o seu quarto que Levi mostrou, porém, a cada passo que dava, parecia descobrir um lugar novo do bunker. Parou no corredor ao ouvir vozes exaltadas, andou lentamente até elas, reconhecendo Erwin e Levi que discutiam.
- Eu já disse que entendi os seus motivos, Erwin! - controlou o volume de voz
- Então porque você não quer dormir no meu quarto? - Insistiu.
- Eu já disse que eu e você não temos mais esse tipo de relacionamento, e faz tempo já! - tentava se fazer entender.
- Mas eu sinto tanta saudades, capitão. - gracejou tentando uma aproximação mais íntima
Ao ouvir isso, Eren se obrigou a sair dali, não podia continuar ouvindo a conversa alheia.
- Erwin, antes de tudo você era meu amigo. - relembrou depois de um suspiro e de se afastar delicadamente da tentativa do outro de tocar ele - Mas eu não vou voltar a dormir com você, não tenho esse tipo de sentimento ou interesse... - viu o olhar entristecido, que após alguns segundos voltou a ficar alegre.
- Mas ainda somos amigos então? - é claro que o outro preferiria esquentar sua cama com Levi, mas se dissesse que o amava, estaria mentindo.
- Você era o meu melhor amigo, mas isso que você escondeu de mim, eu não consigo engolir a sua falta de confiança em mim... - foi sincero.
- Eu entendo que esse segredo que eu tinha faz você desconfiar de mim agora, mas eu espero que isso mude.
- Veremos. - foi direto.
- Agora, eu queria saber. Você é próximo do Eren?
Levi estreitou o olhar.
- Bom, posso afirmar de que o Yeager parece confiar em mim, por quê?
- Hum... Eu gostaria que você o convencesse a se dispor ao laboratório, para que nós possamos estudar o sangue dele.
O semblante de Levi mudou na hora para furia, pegou o homem pelo colarinho o empurrando contra a parede. O comandante do bunker sentiu o ar se esvair de seus pulmões com o baque.
- Você está louco se pensa que eu vou permitir que você fique furando o meu recruta! Ou então fazendo qualquer tipo de teste idiota que vá ser invasivo nele.
- Mas Levi, sem os experimentos, não poderemos reproduzir o fator de cura do sangue dele e se a segunda bomba explodir? Devemos estar preparados para uma cura que possa ser distribuída.
- Você está se escutando? - pressionou mais - A gente nem sabe como eles planejam espalhar a segunda onda da praga, ou o quão letal ela será! Devemos nos concentrar em impedir que ela seja finalizada. Ou vocÊ acha que um moleque é mais importante que o resto de todos nós.
A veia cientista do comandante, fazia com que ele quisesse estudar o sangue de Eren, para que pudesse ter saída para as diversas possibilidades. Não iria desistir de seu estudo.
- Eu ouvi o seu ponto. Pode me soltar agora? E eu apenas não quero que ele sofra de forma gratuita. Ou você gosta de causar dor alheia.
Levi saiu de perto da presença daquele homem que um dia já dividiu a cama e a quem também ele já chamou de amigo.
Erwin ouviu os passos de Levi ecoarem mais baixos até que ele teve certeza de que ele estava longe e seguiu a procura de Eren.
Ele contava com a ajuda do capitão para conseguir persuadir o filho de Grisha a servir de cobaia para achar uma cura para a praga que estava por vir.
- Está perdido, Eren? - Sorriu para o garoto ao vê-lo com uma expressão meio perdida olhando para os lados, como se decidisse por onde seguir.
- Sim... - abaixou o olhar envergonhado - Eu não me lembro onde o meu quarto fica... - e realmente não sabia, conseguiu ouvir pouquíssimas coisas.
- Não se preocupe, eu o levo até lá! - ofereceu e recebeu um sorriso alegre do outro.
- Espero que você continue treinando e se esforçando aqui. Conversei um pouco com a Hanji depois do jantar e ela o elogiou muito!
- Fico feliz em saber, mas pode deixar que eu pretendo continuar o meu treinamento, quero poder ajudar o capitão Levi no que ele precisar.
- Ótimo... Você também poderia ser útil no laboratório sabe?
- Laboratório?
- Sim, quer dizer, no seu sangue corre a cura para salvar a humanidade. Podíamos realizar alguns testes em você, assim poderíamos desenvolver algo para que todos fossem imunes, o que acha?
- Eu posso mesmo ajudar? - indagou com esperança de ser realmente útil para os amigos.
- Mas é claro Eren! Você é um ser único - elogiou tentando agradar.
Movido pela vontade de ser útil e ajudar as pessoas que tanto o tinham ajudado, Eren aceitou a proposta do homem.
- Bom, se vai ajudar aos outros, eu aceito - não havia motivos para Eren recusar, afinal ele não conseguiu ouvir que Levi era completamente contra a ele ser uma cobaia de laboratório.
- Excelente! Olha! Chegamos ao seu quarto!
- Obrigado comandante, Erwin! Quando começamos os testes? - estava empolgado para ajudar.
- Bom, podemos começar amanhã de manhã! Antes do café! É bom fazer essas coisas em jejum. Amanhã às 5h da manhã eu venho te buscar para mostrar o laboratório sim?
- Claro, comandante. Boa noite! - Despediu-se.
- Boa noite! Até amanhã.
Erwin seguiu para o seu quarto com um sorriso esperançoso no rosto, com a certeza de que estava fazendo a escolha certa para a humanidade.
Eren entrou no seu quarto, com o coração aquecido de que poderia ser útil para ajudar as pessoas como Levi, Armin, Hanji, enfim, a todos que o receberam tão bem quando achava que não tinha mais ninguém no mundo.
Estava realmente... Feliz.
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