Será que é pra mim?
toda vez que fico triste coloco lorde
me lembra a bruna, uma ex melhor amiga do colégio, ela me deu o álbum pure heroine num dia qualquer
aquilo foi muito significativo para mim, nunca consegui a desvincular da artista em questão
as músicas dela tem mais peso para mim do que eu imagino
toda vez que eu ouço sinto uma tonelada ser depositada em minhas costas
e agora, no fio da navalha sinto um peso que retorce meus lábios
um peso que imobiliza
um medo, um desejo
desejo de viver, medo de viver
medo de ter você, desejo de ter você
fico aqui, parada, encarando esse paradoxo
não me lembro a última vez em que não me senti assim, frente a uma bifurcação de sentimentos opostos
aprendi a ser oposto
e desaprendi a ser massa
comecei me esquivando dos espelhos
depois indo na contra mão do que dizem os padrões estéticos
me isolei na mentira de que está tudo bem
de que me aceito, o que de fato faço, mas apenas quando estou sozinha no meu espaço
depois calei-me nos assuntos cuja temática era objetos [...]
mas desatei diversos nós na imaginação do ser
foi então que me prendi em meu mundo
das minhas hipóteses, possibilidades e probabilidades
voando, alada, em um sentimento de insuficiência
queria conseguir sentir outra coisa, mas transpiro tristeza e aspiro tempo nulo
minha cabeça dói
meus pensamentos me atormentam e perseguem
ah, mas e se...
e se a bruna nunca tivesse deixado de ir almoçar comigo no 9° ano?
será que a vida que sonho de maneira silenciosa seria para mim?
ou será que a vida a minha maneira seria repleta de sorrisos e meandros positivos?
será que seria para mim aquele ônibus?
será que seria para mim todos os sonhos que fui coagida a rasgar para colocar o aventar da maternidade?
será que é pra mim isso? toda essa tristeza, nulidade e avesso do desejo?
não sei a resposta, e nem quero, prefiro me ater aos sonhos deliciosos que a minha mente fantasia
toda vez que abro os olhos encontro o asfalto com tamanha dor que juro não ser possível me recompor, mas é
por isso, me enjaulo cada vez mais em mim
me perco no meu falso eu
rio para o meu verdadeiro eu
choro para o meu reflexo no espelho
peço socorro a deus.
sobre arranha-céus, sonhos, falácias, desejos, possibilidades e pós-verdade
esta que acredito ser a minha vida e sonhos.
06 de novembro de 2020,
v.r.r.j.
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