P.
as vezes, me sinto prestes a transbordar felicidade
as vezes afundo na solidão
sinto as vozes da minha cabeça me prenderem a uma âncora e me atirarem ao mar
sem boia. sem aviso. sem voz. sem socorro. fadada a afundar
nesse momento, meu sorriso se desfaz e meus lábios se retorcem
sinto o peito apertar a medida que meus pensamentos negativos se replicam
um caminho ganha contorno em meu rosto
será que sempre serei isso? tapa buraco. cimento de construções alheias incapaz de dar liga.
prédio insustentável
incógnita infinita
eu poderia dizer que estou cansada disso, mas não tenho voz para isso. a cedi aqueles que gritavam com tons alheios
me cedi e despedacei em função dos outros
reconheço o quão prejudicial isso foi a mim, entretanto, ainda sinto o peso das minhas escolhas
cada dia mais, a pressão da água, a força da âncora, o grito mudo
esse perpétuo ser eu
talvez, se naquele dia eu tivesse me calado, as coisas não fossem assim
talvez se eu tivesse te implorado um perdão sem fundamentos me sentisse mais capaz e menos inválida
teria me destruído, mas é possível arruinar algo que foi demolido com tamanha violência?
talvez eu devesse ter me calado, e nunca ter dito o que senti. talvez devesse ter praticado mais o autoflagelo, talvez, eu devesse ter autorizado o meu assassinato. afinal, por causa das suas ações apenas mudou de figura... foi suicídio.
por que você tinha de fazer isso comigo? por que tem de me seguir aonde quer que eu vá?
odeio seu fantasma. me odeio por te permitir reluzir de maneira embaçada
você levou toda a vida que tinha em mim, suas palavras não deixaram cicatrizes, mas me torturam todos os dias e noites.
queria nunca ter te conhecido. queria nunca ter falado com você. queria nunca ter pedido desculpas... mas no fundo, sinto que foi tudo culpa minha e que devia ter pedido desculpas.
por que você tinha de fazer isso comigo?
por que?
por que? eu te amava. te venerava. e você fez com que eu me odiasse
revivo todos aqueles momentos diariamente, xuxu. acreditei em você, nas suas palavras. hoje sou incapaz em confiar, em falar e sentir
queria nunca ter te conhecido
queria nunca ter te visto
queria nunca ter me rendido a você
2 anos já. me odeio, te odeio.
por que?
pergunta sem resposta. consequência sem causa. terra arrasada. campo queimado. alma vaga e corpo inanimado.
17/09/2020
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