me perco em suas meias palavras
interpreto tudo errado, desde que remonto a ideia de amor

entretanto, há uma constante, o desinteresse
em todos os aspectos, e com todos. mas coloquei minhas fichas em você e acreditei que seria diferente

ledo engano
engano grosseiro
ridículo
esdrúxulo

por qual motivo alguém se interessaria por mim?
pelas minhas consequências sem causas
fardas sem alistamento
assunto que fazem meus olhos brilhar, faz com que os seus se fechem em desinteresse

mas eu me preocupo
crio porquês para falar com você

somos tão diferentes mas tão iguais
mas a disposição não está palpável

vá aproveitar seu sábado
eu vou preenchê-lo com preocupações e tarefas infantis

apenas gostaria que o meu desejo de ter o círculo fosse menor, para que eu não me sujeitasse a isso
me sujeitasse a ser menos
me sujeitasse a ser ouvidos a quem apenas possui boca
me sujeitasse a ser parceria pra quem é interesse
me sujeitasse a ser eu mesma, na forma mais pura, aqueles que são... como todos

que desejo é esse
que me consome
me corrói
como ácido sulfúrico, produzido pelo meu próprio organismo
tomo tal líquido com a crença que seja água
estou cega. desesperada por ter amparo.

alguém poderia me ajudar?
mas como ninguém possui ouvidos, vago sozinha, com todas as minhas questões entreabertas
sorrisos frouxos
olhares inchados
dúvidas que buscam gerar conforto
mas não as ouço. continuo na sarjeta do abandono

valentina. muitas histórias. muito para pouco.
é tanta valentina que não cabe no mundo de mais ninguém. transborda em formas de lágrimas e se perder tentando encontrar o outro para outrem.
14 de novembro de 2020.