Eu não consigo não pensar

Não ficar triste

Não consigo impedir meus lábios de se curvarem

Há uma sequência  de não's que se difundem e fundamentam o meu eu

Odeio ficar triste. Estar triste, porque sei que não há porquê 

Mas a verdade é que estou cansada de me impedir sentir

Cansada de me relativizar e separar

Água e óleo. Eu e os outros.

Sempre foi assim, e não é que eu anseie por ser outro alguém, mas em sentir

Não entendo como as coisas se perdem

Se há movimento centrípeto, a minha órbita é a tristeza e o período e penetrado por negação

Meu planeta é transparente e zeloso, sirvo de escada para os outros, mas aquilo se tornou invisibilidade e este pedra no sapato

Almejo dormir e acordar com possibilidades, de fato, possíveis, uma vez que o objeto é possível, mas não tangente

Não.

21 de outubro de 2020.