Limpa
O rádio ecoa mais uma vez, e por fim, aquela música faz sentido.
O portão vermelho-bege se congela no tempo, assim como as nossas memórias.
O adeus gélido da cozinha azulejado se torna apenas um adeus.
A ignorância se perde entre novas memórias e sensações.
A pressão afoga os sentimentos, e, a urgência faz com que certas coisas sejam esquecidas. Você.
O tecido azul e branco se torna apenas uma memória. Assim como a nossa distância.
O mundo parece se expandir nessas poucas ruas que nos separam.
O amor destinado a você se esvaziou. E sobrou apenas o recipiente, preenchido de memórias amargas.
As refeições se tornam apenas atos de pequenas celebrações. Solenidades.
A sensação de abandono é cíclica, mas senti-la para sempre é uma escolha. E desse fardo, eu me desarmo.
As estrelas que te observaram por uma noite, já me viram chorar e hoje são abastecidas pelas luzem que irradiam.
As luzes daquele dia se tornaram apenas elementos de fotos que eu não possuo mais.
Os assuntos de antigamente se tornaram alheios e vexatórios ao meu eu.
O seu eu se tornou dissociado ao meu. Não há nada que possamos ou que tenhamos o desejo de fazer.
Os lábios se curvam. As fotos se tornam meros flashs. A chuva fica encarregada das mágoas. E nós, de sobreviver.
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