Episódio 5 - Uma Eliminação Surpresa
Eu sou praticamente a personificação da expressão uma pilha de nervos.
Poderia ser por uma coisa mais simples, como por exemplo, por uma gravação que foi errada ou até mesmo perdida. Poderia ser por um compromisso que eu esqueci e agora não tinha mais jeito e seria uma dor de cabeça pra resolver. Poderia ser até por um problema pessoal, que eu não me importaria.
A única coisa boa, era que não é somente eu que se encontra nesse estado de nervos deplorável.
Toda a equipe estava ansiosa. Hoje é a estreia do programa. Depois de meses de planejamento e gravação, finalmente o que produzimos irá ser televisionado.
Mesmo que as pesquisas feitas pela emissora tenham sido bem otimistas, o medo ainda é bem real. Claro que podemos contar com a popularidade da banda para chamar público, mas se não formos bem no começo, ninguém iria assistir um segundo episódio, mesmo adorando os personagens, se a história não for bem contada, não se sustenta.
Por isso só nos confiaríamos nos números do ibope.
Para não pensar muito na estreia de mais tarde, resolvo trabalhar com uma intensidade ainda maior. Quero me enterrar tanto em trabalho, que precisem em uma escavadeira para me encontrarem!
A minha manhã foi apenas de planejamentos. Filmaríamos a tarde um torneio de tênis, e como em todos os torneios que promovemos aqui, a vencedora ganharia um encontro com o Chuck. Tinha ajudado na preparação da quadra, onde seriam os melhores pontos de captação de som, e onde colocaríamos as câmeras.
Quando chegou a hora do almoço e fomos comer, não havia o clima de descontração que normalmente estava presente. A tensão dava pra ser sentida e até mesmo os pratos foram mais modestos. O estômago está embrulhado.
Como não consegui engolir mais do que metade do meu prato, resolvo encher o meu bolso com barrinhas de cereais, caso a fome resolva aparecer em algum momento da tarde... Estava preparada para uma longa tarde de gravações.
A quadra está coberta, nos salvando de um Sol bem intenso.
As meninas chegam sem demora com suas roupas esportivas coladas e saias curtas. nem tenho dúvida que o esporte da vez é o tênis justamente por ter uma roupa característica e também pelos movimentos de braços, pernas e principalmente seios.
Mesmo sendo um esporte profissional, ainda sim, a produção deu um jeito de deixar aquele torneio mais sexual do que deveria ser.
O sexy vende, e aquelas cenas são normais.
Para o azar das candidatas, me lembro bem que uma delas já tinha ganhado o campeonato estadual de tênis. Era a categoria júnior, mas não se ganha um campeonato e esquece de tudo do dia para a noite, seria uma surpresa se a Samantha não fosse a vencedora do torneio de hoje.
As meninas estavam lá com a gente no torneio e os meninos teriam a tarde livre. Nem sei o que eles iriam fazer, mas deixamos uma equipe de prontidão com eles, para não perderem nada.
Quem sabe eles fossem pra piscina... Ver os meninos sem camisa com certeza era bem melhor do que estar aqui e ficar coordenando esse bando de mulheres.
Não estava lá por que sei que seria difícil pra mim focar em outra coisa além de homens lindos e divertidos. E outra, longe dos olhos, longe do coração. Claro que estava falando do Chuck.
Resolvo então focar no sorteio da ordem dos jogos. Parece que um dos produtores pensou em algumas alterações nas regras do jogo, para que eles não se prolongassem demais.
As partidas da Samantha demoram muito pouco. Poucas rebatidas e ela já tinha o total controle do jogo. Ela estava destroçando as suas adversárias com uma agilidade que me deixou espantada. Coitadas, não tem a menor chance contra ela.
Não sei bem a regra para se vestir numa partida, mas acho que aquele decote pronunciado da Samantha não deveria ser confortável.
E nem precisava dela fazer isso! Ela já tinha tanto peito que até o decote mais discreto nela poderia parecer escandaloso! Mas aquela camisa tão branca e tão colada que dava pra ver todos os contornos do seu top. Se ela fosse um pouco mais descuidada, aposto que pelo menos um peito dela saltaria pra fora!
Estávamos nos aproximando do final e as duas que estavam em quadra eram a Samantha e a Jéssica. Mesmo não sendo nem de longe tão boa quanto a Samantha, Jéssica ainda estava se esforçando e fazendo com que tivesse pelo menos uma ilusão de disputa.
O rosto das duas está ficando vermelho pelo esforço físico, e dava pra ver a pele das duas brilhando suavemente por causa do suor. Mas não foi surpresa o resultado final.
Assim que o jogo termina, em vez de cumprimentar a Samantha pela vitória, Jéssica acaba desabando no chão, segurando a barriga e a boca. Penso que ela está chorando, mas ao analisar mais de perto vejo que a situação é um bem diferente.
Parece que ela vai vomitar a qualquer momento, e eu peço pra que encontrem algo em que ela possa vomitar, caso realmente seja necessário. Mal colocam um pequeno balde em suas mãos e ela já está fazendo uso dele. Ninguém diz nada enquanto esperamos que ela erga a cabeça.
Quando o faz, Jéssica parece meio esverdeada, e não está com uma das melhores caras. Estendo a mão para ajudar a levantá-la, e então pergunto.
— Você está bem? — pergunta estúpida eu sei, mas foi o que saiu.
— E-eu não deveria ter me esforçado tanto assim... Não sou muito acostumada a fazer tanto esforço ao ar livre... E eu não almocei muito...
— Pode ter sido isso mesmo. Mas vou chamar um médico para dar uma conferida em você, tudo bem?
— Não precisa! Já estou me sentindo bem melhor agora...
— Olha Jéssica, a saúde das pessoas com quem trabalhamos é importante, então melhor deixar um médico te examinar pra não corrermos nenhum risco.
— Tudo bem então... — ela diz com uma voz baixa. Marcelo aparece do nosso lado e oferece uma garrafa de água para Jéssica.
— Aqui. Achei que talvez você quisesse tomar algo pra diminuir o gosto na sua boca. Tome devagar no entanto, não queremos piorar a situação — ele diz e parece procurar algo ao nosso redor. — Melhor você se sentar um pouco também... Vamos lá?
Jéssica confirma com a cabeça e mesmo trêmula, acompanha o nosso produtor para se sentar num local mais confortável. Eu fico com a missão de explicar o acontecido para as meninas que ainda estavam lá, e tentar controlar os seus ânimos o suficiente para que pudéssemos concluir as gravações desse torneio.
Resolvemos então ter alguns minutos de descanso, onde as meninas se hidrataram, retocaram a maquiagem e fizeram um pequeno lanche. Melhor evitar problemas futuros.
Estamos prontos para dar continuidade as gravações, quando me informam que a banda estava vindo para o nosso set. Não iria atrapalhar em nada aqui, e era mais uma oportunidade de gravar com todos juntos, quer dizer, menos a Jéssica que ainda estava sentada e se abanando, acho que ela não quer interagir com ninguém nesse momento.
— KitKat! — Taz me cumprimenta assim que me vê.
Ele que vem na dianteira de todo mundo, com passos rápidos, sem se importar em esperar pelo restante. Taz vinha rodando uma baqueta entre os dedos.
— Taz! Estavam ensaiando? — arrisco a perguntar, já que não vi nenhum outro motivo pra ele ter essa baqueta em mãos.
— Sim! Mas por hoje já deu! O Bart começou a ficar de corpo mole! — Taz diz alto, mas meio que cobre a boca com as mãos.
— Corpo mole é o soco que eu vou dar nas suas fuças seu baterista mentiroso! — Bart diz, chegando ao nosso alcance, dando um pontapé no amigo que deu diversos passos pra frente gargalhando alto. — Ele que nos infernizou pra ver o que a produção estava fazendo com as meninas agora de tarde...
— Eu nunca infernizei ninguém! Mas parece que está rolando uma disputa aqui, e onde tem disputa, tem que ter torcida! — Taz diz animado, voltando a ficar do meu lado. — Vou lá arrumar alguém pra torcer! — antes dele se afastar, dá um beijo no topo da minha cabeça. — Nos falamos depois KitKat!
Como dizer pra minha fã interna não dar um grito enlouquecido depois disso?
Fácil, bastou minha fã olhar pra frente e ver aquele baixista se aproximando com um sorriso.
— Se ele não fosse tão bom tocando bateria a gente já tinha se livrado dele... — Bart diz num resmungo e fica observando o Taz chegar perto das meninas e começar a conversar com elas.
— Não te imagino fazendo isso — Fred diz, e me dando um sorriso de cumprimento, devolvo na mesma moeda.
— Bem que ele poderia ser menos meu amigo e você poderia ser menos sabichão. Sua sorte é que você também é meu amigo e muito bom músico... — Bart passa o braço pelo ombro do Fred e puxa a cabeça dele pra debaixo do seu braço.
— E a sua sorte é que eu sou um poço de paciência — Fred dá dois soquinhos na barriga do Bart, que o solta e eles caminham lado a lado, indo na direção das meninas.
— A gente se diverte com tão pouco... — Chuck diz parando ao meu lado e eu aproveito o momento apenas pra sentir a brisa que vem dele.
— Assim são as melhores pessoas...
— Nem sabia que estava com tanta saudade de ensaiar... Essa manhã de folga veio muito a calhar. Produzimos coisas bem legais.
— Fico feliz em saber disso...
— E você, não tem manhãs livres? — ele pergunta e de imediato eu me lembro da nossa estreia mais tarde. Fico logo nervosa.
— Até agora não. Mas está tudo bem — mesmo as coisas estando bem, ainda sim estava com nervos à flor da pele.
— Bem, pelo jeito como agora você está querendo deixar a ponta do seu polegar em carne viva vou supor que você não está falando toda a verdade, mas vou acreditar que você tem um motivo pra isso...
Meus olhos arregalam um pouco. Nem tinha percebido que eu estava mordendo meu dedo. Minha mãe sempre diz que faço isso quando estou querendo esconder algo. Claro que não tinha como ele saber disso, mas me toca dele prestar atenção.
— Ah Chuck... — não vejo por que não compartilhar isso com ele. — É que hoje é a nossa estreia. E eu estou bem nervosa em como vamos nos sair... Sabe, os índices e tudo mais...
— Oh! Entendo... Tinha me esquecido disso, mas bem que percebi que a grande maioria da equipe parecia meio aérea e ansiosa com alguma coisa. Agora ficou claro o que é...
— Parece que vai chegar o próximo ano, mas não vai chegar as oito da noite... — Chuck ri um pouco do meu exagero.
— E será que eu posso fazer alguma coisa? Sei lá, pra ajudar nessa sua tensão, ou quem sabe te fazer pensar em alguma outra coisa...?
— Obrigada pela oferta, mas sei que esse assunto vai ficar no fundo da minha mente o dia inteiro. Nem adianta muito tentar não pensar nele. A minha ansiedade só vai passar ou piorar de vez quando dermos uma olhada nos números mais tarde.
— Então você prefere enfiar a cabeça no trabalho?
— Não é bem que eu prefira, mas é o que eu tenho que fazer.
— Hm... Então a ideia foi sua desse torneio aqui?
— Não! Eu apenas estou coordenando as coisas por aqui. Melhor isso do que enlouquecer quando a hora não passa...
— Você pode tentar relaxar de outras maneiras... Já como você gosta da banda, você bem que poderia ter ido assistir o nosso ensaio, sei que não é uma coisa muito alucinante, mas sempre estamos tentando músicas novas e ter pessoas de fora escutando nos ajuda muito!
Assistir um ensaio deles? CLARO!
— Eu nem sabia que vocês estavam ensaiando, pensei que vocês fossem ficar na piscina ou algo mais descontraído... Mas da próxima vez, vou tentar ir sim!
— Combinado! Ah, agora que eu lembrei... Quando estava perdido, eu me lembro de encontrar um balanço bem aqui pertinho dessa quadra... Ou pelo menos eu acho que era essa quadra... Só tem essa por aqui, certo?
— Sim, essa é a única de tênis.
— Ah, então é aqui mesmo... Logo ali, detrás daquelas duas árvores, tem uma pequena clareira com uma árvore com galhos grossos e um daqueles balanços, tipo aqueles que a gente costuma ver em filmes americanos... — ele aponta para duas árvores que estavam próximas a quadra.
— Sério?
— Sim! Eu também fiquei surpreso em encontrar... Mas estava com a cabeça já tão exausta, que nem testei ele. Você quer ir ver?
— Adoraria — respondo sincera, mas então percebo a situação.
A partida iria começar em breve. Samantha já estava à postos, e do outro lado da quadra, a Raquel. Não tem a menor condição de mim e o Chuck sairmos. Ele tem que participar da gravação.
— Gostaria, mas melhor você ir se juntar com os meninos. Vai começar a final das meninas e vão sentir a sua falta nas gravações...
— Ah, é mesmo... Fica para uma próxima então...
— Claro Chuck — sorrio e ele se afasta.
A partida começa e eu aproveito que estão todos entretidos com as filmagens que resolvo ir dar uma olhada nesse balanço. E ele tem razão. Duas cordas grossas descem de um galho alto e amarram uma tábua grossa. Parecia não ser antigo, e fiquei morrendo de vontade de chegar mais perto e dar umas boas balançadas.
Mas antes que eu me aproxime demais, eu escuto um grito bem alto e feminino "Ganhei".
Volto então para o set, para ver que a Samantha estava pulando alto e balançando demais os "atributos" dela. Raquel se enxugava com uma toalhinha e estava sendo consolada pelo Taz e Fred. Bart estava comemorando junto com a Samantha.
Chuck parecia meio aéreo, mas seu olhar cai em cima de mim sem muita dificuldade. E ao ver de onde eu estava saindo, ele abre um enorme sorriso.
Olá pessoas maravilhosas!
Gente, eu AMO essas interações que a Catarina tem com a banda, principalmente com o Chuck. Vocês estão vendo alguma coisa nas entrelinhas, ou apenas eu que estou viajando demais com os nossos personagens?
Mas por hoje é só, nos vemos no próximo capítulo!
PS. Não se esqueçam de deixar o apoio de vocês aqui! É tanto carinho nessa história que eu fico cheia de palpitações! AMO saber o que estão achando dela! Obrigada a todos pelo apoio!
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