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Rumo

Izzy Ballard-Hunt

De novo não. Não posso acreditar que tudo está acontecendo de novo. Minha mão aperta a terra embaixo de mim e vejo Ian desacordado e sangrando, sinto o joelho contra minhas costas e o olhar daquele para em mim.

-Acho que isso é um sinal, Isabella, você não acha?- ele pergunta e fico calada.- Você parece tanto com sua mãe quanto eu com meu pai.

Continuo olhando para Ian e para o sangue que está saindo da sua boca, ele não parece que vai acordar tão cedo. Então respiro fundo e tento raciocinar, apenas tento ver o que eu posso usar para sair daqui e tirar Ian disso tudo.

-Você é calada.- ele se agacha na minha frente e toca minha bochecha.- Deveria estar com raiva de você. Sozinha matou todo mundo.

-Pare você ver o nível de competência da sua gente.- falo e as bochechas dele ficam vermelhas.- Assim como era o nível de competência do seu pai...

-Fale dele de novo e vou cortar sua garganta.- ele agarra meus cabelos e ergue meu rosto.- Não te ensinaram que você tem que ficar calada quando está em desvantagem?

-Quem disse que eu estou em desvantagem?- pergunto.

-Seu namorado está caído no chão e você está dominada.- ele aponta.

-Verdade.- assinto e ele sorri.

-Quando liberei o caminho para Ian, nunca pensei que fosse dar certo sem que ele soubesse...

-Liberou o caminho?- pergunto e tudo faz sentindo.- Ian era o cara.

-É.- assente.- Achamos que o problema com seu avô era que ele sabia demais. Então colocamos um que não sabia de nada e ainda sim podia virar para o nosso lado quando as coisas começassem.

-Mas ele não virou.- murmuro.

-Não, aparentemente as mulheres da sua família tem ouro entre as pernas.- ele fala e sinto um calafrio na minha coluna.- Falando nisso...- levanta e aperto minhas mãos na terra.- Segure as mãos dela.

-Não!- grito quando ele começa a puxar a calça.- Não!- afundo minhas unhas na terra como se fosse adiantar.- Porra, não!- sinto ele separar minhas pernas.

Minha respiração fica rápida e olho para a terra em minhas mãos, arregalo os olhos e jogo o mais próximo que posso na cara do homem que me segura. Ele grita, tapando o rosto, e consigo me virar, passo a perna pelo quadril daquele filho da puta e nos viro no chão para socar ele bem no meio do rosto.

Seu nariz começa a sangrar e me levanto ajeitando a calça, vejo os quatro homens se aproximando de mim e engulo em seco quando olho para Ian e ele começa a se mexer. Não tenho tempo para esperar ele me acordar para ajudar, então ajo sozinha e o mais rápido possível.

Desvio de um soco e seguro o braço do primeiro o jogando contra o segundo, os dois caem no chão e sou atingida no rosto pelo punho do terceiro. Uso minha cabeça para bater na dele e isso o faz cair no chão desnorteado, então seguro os cabelos dele e meu joelho vai direto contra sua cara.

Me viro para o segundo e desvio, por pouco, do seu pé, dou impulso na minha perna e chuto o peito dele antes de chutar seu rosto e ele cair de joelhos. Solto um ruído esforçado quando seguro a camisa dele e o jogo contra o quarto para enfrentar o primeiro sozinha.

Meu corpo colide contra o do primeiro e caímos no chão apenas para eu bater meu punho em seu rosto. Ele agarra meus cabelos e comprimo os lábios enquanto acerto meu cotovelo no meio de sei rosto e ele fica desacordado.

Sobra só um, então.

Me viro para ver o quarto e percebo que está muito perto para que eu me proteja, aceito que vou levar um soco e fico surpresa quando ele cai no chão atingido por outro soco. Olho para o lado e Ian mal fica em pé.

-De nada.- ele brinca e sorrio.

-Acabou o show.- ouço uma arma carregada e nos viramos para ver o filho de Manuel.- Posso ter perdido meu pessoal e meu plano, mas não sem fazer a família sofrer.

-Abaixa a arma.- mando.- Você sabe que não tem mais saída.

-Qual é o maior sofrimento do que você perder alguém que ama?- ele olha para mim e meu corpo congela.- Pela segunda vez?

-Não se atreva...

-Você vai viver sabendo que quem você ama, morre.- ele sorri.- E eu vou rir de você enquanto se afunda na mágoa e no ódio e causa para sua família uma maior tristeza.

-Não.- falo e ele toca o gatilho.- Dessa vez não.

-Isabella!- Ian grita quando me atiro na frente dele e recebo os tiros.

Sinto um pegar na minha barriga e o outro no meu peito, o terceiro atinge meu ombro e logo estou caindo para trás. Ian me segura e caímos no chão enquanto ele afasta as mechas do meu rosto e vejo suas lágrimas correrem rápidas pelas bochechas.

-Izzy.- ele sussurra chorando.- Você não podia. Não podia.

-Dessa vez eu fiz...- sinto o gosto de sangue na minha boca.- Eu fiz algo.

-Isabella.- ele soluça e eu sorrio.

-Tá tudo bem, Ian.- tusso e sangue escapa pela minha boca.- Tá tudo...tudo...

Ian García

Izzy fecha os olhos e apaga, arregalo meus olhos e aperto o rosto dela entre as mãos, meus soluços se tornam mais fortes e tento usar qualquer coisa para conter o sangramento em todos os lugares do corpo dela.

-Merda.- o filho de Manuel aperta o gatilho e não sai nada.

Me levanto e agarro sua blusa, ele grita quando bato seu corpo contra o capô de um carro. Uma, duas, três....perco a conta de quantas vezes bato aquele homem no capô, mas sei que isso acontece até eu ver o crânio dele aberto e não paro nem assim.

-Isso é por Kira.- sussurro quando ouço ele tentar respirar.- E isso é por Izzy.- abro o capô e o jogo embaixo para fechar bem em cima.

O corpo dele cai com a cabeça esmagada e me viro para voltar para Izzy, o peito dela mais se mexe enquanto respira baixo e a coloco no colo da forma mais cuidadosa possível. Preciso achar um hospital, qualquer hospital que seja.

-Vai ficar tudo bem, Iz.- abro a porta de trás de um dos carros.- Você vai ficar bem.- entro na frente e logo o carro já com a chave.

Enquanto acelero busco pelo carro qualquer coisa que possa me conectar com os Ballard-Hunt. Acho um celular que funciona por meio de códigos e jogo no chão sabendo que não funciona para nada.

Então vejo um sinal e um medidor de velocidade, torço para Jake estar nas câmeras quando acelero mais e faço o equipamento tirar uma foto minha. Olho para todos os lugares e desvio de todos os carros quando vejo que tem um hospital bem perto.

Tudo que está dentro de mim se transforma em alívio quando vejo que é um dos hospitais Ballard-Hunt. Aperto o volante e minhas mãos tremem enquanto alguns carros buzinam pelo meu acesso de velocidade e não posso nem ligar para isso agora.

-Aguenta, Izzy.- falo com a voz trêmula.- Só mais um pouco.

Estaciono na emergência e uns enfermeiros começam a dizer que eu não posso estacionar aqui. Ignoro eles e tiro Isabella do carro enquanto entro, várias pessoas olham para nós e sinto o sangue quente pingando nos meus pés descalços.

-Alguém ajuda ela!- grito e todos ficam parados.- Ela é uma Ballard-Hunt! Alguém ajuda ela, porra!

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