Ian García

Limpo o balcão enquanto ainda não abro o bar e ouço o som das escadas, olho para o lado e vejo Izzy descendo e arrumando a saia vermelha solta. Ela sorri para mim e observo aqueles lábios vermelhos, os mesmos lábios com que ela me chupou.

-Esse batom tem cola?- pergunto.

-Quase isso.- coloca a bolsa e o casaco em cima do balcão.- Tenho algo para você.

-Tem algo para mim.- repito e ela assente tirando da bolsa.

-Vi que o seu está meio ruim.- ela coloca uma caixa com papel de presente preto na minha frente.

-Isabella.- apoio as mãos no bar.- Não vou abrir. Pode ficar.

-Abre logo.- ela cruza os braços.

-Primeiro, um relógio. Depois, una gravata...

-Primeiro, o relógio foi agradecimento.- ela levanta um dedo.- Segundo, a gravata era de Chris e ele não gostou e iria jogar fora.

-E qual é a desculpa essa vez?- encaro a caixa.

-Não aguento mais fazer sexo e seu iPod ficar dando problema.- explica entediada.- Se não quiser, não use. Só use quando eu vier.- mexe os ombros.

-Só quando você vier.- guardo a caixa e ela sorri.

-Já coloquei algumas músicas.- começa a vestir o casaco.

-Lembre de entrar no shopping com o táxi.- falo baixo.- E compre algo rápido para não pensar que você vai para o shopping e fica de tonta.

-Eu sei, Ian.- bufa arrumando os cabelos.

-Acho que vou até levar um cara para casa, para eles não estranharem eu estar sem alguém.- ela arruma o decote e puxo seu casaco.

Izzy ri antes de eu beijar ela e a coloco contra o balcão, suas mãos seguram meu rosto e minhas mãos vão direto até a saia dela, coloco a mão por baixo e Izzy solta um gemido baixo quando aperto sua bunda. Suas mãos pressionam meu peito e ela me afasta com um sorriso safado.

-Tchau, papi.- ela fala e sorrio.

-Não me chame assim...

-Você gosta.- ela aperta minha bunda e começa a se virar.

-Você acha que eu gosto.- observo ela pegar a bolsa.

-Você gosta.- repete.

A porta do bar abre e ela arregala os olhos quando vê Andrew distraído com o celular, a puxo para baixo e toco sua cabeça para forçar ela a abaixar. Izzy fica na minha frente e embaixo do balcão e começo a ficar tenso quando Andrew se aproxima.

-Não sabia que vinha aqui.- pego um copo e coloco gelo.

-Esqueceu que o carregamento de bebida é hoje?- ele pergunta sentando.

-Ah, verdade.- encho o copo de uísque.

-O que você tem, rapaz?- ele me observa.

-Nada.- balanço a cabeça e Andrew sorri.- O que?

-Isso.- toca o próprio pescoço e olho no espelho do bar.- Atrapalhei algo? A garota vai descer ou...

-Ela já foi.- informo e Izzy belisca minha coxa.- Não é nada demais.- outro beliscão e chuto sua perna.

-E a segurança do local?- olha envolta.

-Nada de brigas desde aquele último incidente.- explico e sinto Izzy se mexer ali embaixo.

-Bom. Sei pai?- pergunta.

-Mesa dos fundos.- aponto e Andrew vê meu pai dormindo.

-Já pensou na minha proposta?- pergunta e fico tenso por Izzy estar aqui embaixo.

-Eu não quero falar sobre isso...

-Não pode continuar vivendo assim, Ian.- mexe os ombros.- Assim que seu tempo terminar, quero promover você.

-Senhor...

-Faz um tempo que vejo que tem potencial para mais coisa.- explica.- Acho que pode acompanhar Chris no próximo carregamento que vamos trazer do México.

-Eu vou para Nova York quando tudo acabar.- falo e Andrew parece desapontado.

-De qualquer forma, vou guardar o lugar.- bebe o resto do uísque.- Se faltar alguma bebida, me avise.

-Pode deixar, senhor.- mexo a cabeça.

Andrew sai e Izzy levanta me observando com um olhar curioso, respiro fundo e ela cruza os braços quando pego o copo e começo a lavar. Não esperava que ela pegasse a garrafa de vodka e começasse a beber dela.

-Não.- pego da sua mão.

-Mesmo com essa oferta, quer ir embora?- pergunta.

-Achei que quisesse que eu fosse.- fecho a garrafa e coloco no lugar.

-Eu queria.- cruza os braços.- Mas você está sendo burro?

-Ah, e por que estou sendo burro?- deixo o copo para secar e a encaro.

-Sabe quanto você pode ganhar com esse novo trabalho? Pode melhorar o bar, comprar um apartamento e ainda sim roupas melhores, sapatos, carros...

-Eu vou para Nova York.- falo sério.

-Tudo bem.- pega a bolsa de novo.- Estúpido.

-O que falou?- pergunto enquanto ela caminha até a porta.

-Você é um cuzão.- ela fala e bate a porta do bar.

Bufo batendo a mão na mesa e me controlando para não quebrar todos aqueles copos de vidro. Queria seguir pelo caminho mais fácil, mas já tinha adiado Nova York por muito tempo e não podia mais fazer isso, precisava ir embora.

Principalmente agora com esse negócio da Izzy, se eu ficasse o que iria acontecer? Continuariamos transando, continuaria desenhando ela e me...não posso, não posso fazer isso.

Ela é filha de um mafioso, ela faz parte de uma máfia, puta merda, Izzy mataria qualquer um que a ferisse, o que faria se eu errasse um passo? Não posso arriscar, são muitas variáveis e eu não posso perder minha vida por causa de um erro idiota.

❁

Izzy Ballard-Hunt

-Não tenho o dia todo, Raul.- bato o salto no chão esperando ele colocar as compras no carro.

-Tem mais compras do que espaço.- explica.

-Então é só levar no carro forte ali.- aponto e ele bufa.

-O chefe falou que não podemos abrir o portamalas em público, da última vez um civil vou e denunciou. Os caras ficaram três meses na prisão.- explica.

-Que seja.- pego as duas que sobraram.- Coloco no banco de trás.

-Ok.- ele começa a ir para o carro.

Dou a volta e pego minhas chaves, ouço um carro correndo muito e olho por cima do ombro para ver uma BMW preta vindo na minha direção. Sorrio quando ele para na minha frente e uns cinco caras saem armados, eles param o trânsito inteiro e os meus guardas começam a sair dos carros também.

-Espera.- peço e Raul não ordena os tiros.- Acho que os rapazes vieram dizer algo.

-Vamos levar você conosco.- explica e rio.- Temos mais pessoas do que imagina.

De soslaio vejo uns caras nos telhados, encosto meu corpo no carro e coloco as mãos dentro do casaco. Eles me observam e sinto o vento vindo na minha direção, preciso de tempo o bastante para distrair eles agora que apertei o botão na minha jaqueta.

-Eu não posso sair com estranhos.- explico.

-Entra no carro.- abre a porta para mim.

-Pedindo assim eu até ia.- mexo a cabeça.- Mas sabe, meu pai disse para eu não falar com estranhos.

-Entra na porra do carro.- ele toca o gatilho.

-Eu entro.- assinto e ele parece surpreso.- Mas tenho algumas condições.

-Você percebe que isso não é uma negociação?- o cara fica furioso.

-Não quero algemas, acabei de pintar minhas unhas e isso vai arruinar tudo.- explico.- Segundo, estou com fome, então é melhor passar em algum restaurante. Terceiro...

-Cala a boca, vadia!- ele grita e me calo.- Entra na porra do carro!

-Chamou minha irmã do que?- Chris pergunta atrás dele e sorrio quando atira na sua cabeça.- Deixem um vivo!

Os tiros começam e as pessoas na rua correm, eles matam uns três e levam dois já que parecem bem mais amigáveis. Chris vem na minha direção e passa o olho pelo meu corpo para ver se não tem nenhum ferimento.

-Vieram rápido.- murmuro.

-Estava por perto.- abre a porta do meu carro.- Acompanho você até em casa.

-Vou para Vegas.- explico e ele fica surpreso.

-Jake me disse que ia ficar de babá hoje.- ele fala baixo.

-Eu já resolvi.- disse a ele para procurar por Ian já que estávamos juntos nessa.

-O que vai fazer em Vegas?- pergunta.

-Sabe...coisas normais.- mexo os ombros.- Drogas, sexo, diversão...

-Izzy.- segura meu braço.

-Relaxa. Matteo nunca deixaria.- falo rindo.- Vou passar alguns dias lá. Me bronzear. Apostar.

-Fugir.- ele fala e o encaro.- Do que está fugindo?

-Quer saber a verdade?- levanto as sobrancelhas e ele assente.- Eu quero um italiano.

-Tem vários do lado do Logan, não precisa ir até Vegas...

-Correção: lado da Sophia.- mexo a mão.- E é, até pode ser.

-Eles vão casar, não vai importar muito.- mexe os ombros.

-Está frustrado por que ele vai mudar o nome?- pergunto.

-Não.- mente e sorrio.- Sim.

-Ele tem sangue Ballard-Hunt.- o acalmo.- Não se preocupe.

-Se eu não ouvir dele que você passou a noite lá, eu vou atrás de você, Izzy.- ele fala quando fecho a porta do carro.

-Sim, senhor.- dou a partida e o observo.- Obrigada por me salvar do perigo.

-Você não estava em perigo.- ele aperta minha bochecha e sorrio.

Olho para cima e vejo os caras com as armas sendo controlados pelos nossos, acelero de uma vez e começo a ir para a parte de Logan. Talvez uma festinha do jeito italiano me faça ficar mais animada, vamos ver se estou certa.