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Desconfiar

Izzy Ballard-Hunt

Abro o armário e tento passar o olho rápido para ver se tem biscoitos de chocolate, o meu acabou e sempre tem na casa dos meus pais. Afasto alguns pacotes e minha mãe parece não ligar enquanto está vendo o vídeo de uma receita de frango para o jantar.

-O frango não é muito grande?- pergunto.

-Vem visita.- explica.

-Isso quer dizer que eu vou precisar vir?- fecho um armário e abro outro.

-Sim, seu pai queria muito que você viesse.- ela começa a cortar o frango.

-Por que ele quer tanto que eu venha?- pergunto achando a caixa com biscoito amanteigado.

-Porque ele quer que você conheça uma pessoa.- informa.- Izzy, esses são para a sobremesa.

-Nem um?- faço bico.

-Ok, só um.- ela sorri e eu pego.- Você vai ficar?

-Não só vou ficar, como vou ajudar.- fico ao lado dela.- O que eu faço?

-Legal.- ela coloca o frango na minha frente.- Corte como ele está ensinando, eu vou ver o arroz e colocar as verduras picadas nele.

-Ok.- presto atenção no vídeo.

-Sarah, preciso de ajuda.- Dakota entra com Amy e nos vê cozinhando.- Vão participar de um programa para mãe e filha?

-Não, vou ajudar com o jantar de hoje.- mostro o frango e Dakota faz careta.

-Do que você precisa, querida?- minha mãe pergunta.

-O leite não quer sair.- ela coloca a cadeirinha em cima da bancada e Amy parece irritada.- Ela está com fome e eu não consigo fazer sair.

-Você tem tomado aqueles iogurtes que eu falei?- ela pergunta.

-Sim.- assente e cruza os braços.- Acho que deu, não quer mais fazer leite.

-Não, querida, está sentindo eles doloridos?- pergunta.

-Sim...

-Então ainda tem leite.- ela a acalma.- Iz, lava as mãos e massageia o peito dela.

-Claro.- murmuro indo até a pia.

-Tudo bem por você?- Dakota pergunta enquanto desabotoa a camisa.

-Sim, fiz isso com Summer.- a acalmo.- E se é para a minha sobrinha, então tudo bem.

-Amy e eu agradecemos.- ela limpa a garganta e me aproximo.

-Quer saber qual é a do jantar?- pergunto enquanto massageio.

-Qual?- Dakota pergunta.

-Meu pai quer apresentar alguém para mim.- digo e ela arregala os olhos.

-Andrew querendo apresentar você para alguém?- parece estranhar.- O cara tem que ser perfeito.

-Para ele.- mexo a cabeça.

-Nem eu sei quem é.- minha mãe explica.- Parece que Andrew gosta muito dele, até Chris ficou com um pouco de ciúme.

-Por isso que ele estava falando e falando que sempre fazia tudo por Andrew.- Dakota ri.- Quase não consegui dormir, acho que quando fui já era umas cinco...

-É por isso que o leite não quer sair.- minha mãe percebe e parece contente.

-Deve ser.- Dakota faz careta.

-Continuo?- pergunto.

-Sim, só está dolorido.- ela morde o lábio.- Então, vai sair com esse cara que seu pai aprovou?

-Claro que não.- rio.- Eu vou fazer da vida dele um inferno até ele perceber que eu sou louca e que vou cortar o pau dele enquanto dorme.

-Isabella!- minha mãe quase grita.

-Pega a Amy.- Dakota fala rápido.- Pega ela.

Pego Amy e dou para Dakota, ela ajeita a filha nos braços e solta um ruído de alívio quando a filha começa a mamar. Sarah pisca para mim e vou até a pia lavar as mãos de novo para começar a cortar o frango.

-Então...- Dakota respira fundo.- Vamos fazer da vida dele um inferno?

-Dakota.- minha mãe parece ficar triste.- Seu pai realmente ficou feliz, ele acha que pode gostar do cara.

-Cuidado, mãe, ele pode estar te traindo com o cara.- falo rindo e Dakota sorri.

-Você não vai comer a sobremesa.- minha mãe me belisca.- Eu fiz seu preferido.

-Desculpa.- a abraço e ela ri.- Vou tentar, ok?

-Tentar de verdade?- ela sabe quando eu tento dar a volta no que eu digo.

-Vou tentar de verdade.- prometo.

-Obrigada, querida.- ela beija minha testa e olha para Dakota e Amy.- Minhas meninas.- aperta meu ombro.- Adoro ter vocês aqui. Deviam vir mais.

-Vamos vir.- Dakota fala e me encara.- Não é?

-Sim, vamos começar a vir mais.- assinto.

-Ok.- ela parece limpar as lágrimas.- Dakota, assim que você parar de amamentar, vai me ajudar a fazer a sobremesa e Izzy vai continuar com o frango.

-Legal.- faço careta e as duas riem.

Esqueci o quão legal era ficar com elas, acho que realmente preciso ficar mais com minha família. Começo a pensar que me desviei do caminho e agora estou voltando de novo, e não paro de pensar que tudo isso é por causa de Ian. Porque é por causa de Ian, mas primeiro eu preciso matar uma última pessoa.

Izzy Ballard-Hunt

Termino de arrumar a mesa e ouço minha mãe falando com Amy enquanto decora a sobremesa. Dakota vai arrumando os talheres e me afasto para ver se a mesa está mesmo arrumada para pegar a taça de vinho e dou um gole.

A porta abre e primeiro entra Chris rindo enquanto tira a jaqueta, então meu pai também entra rindo e isso já me deixa meio desconfiada. Descubro que quem está contando a piada que faz ele rir é Ian e fico completamente parada.

A taça de vinho quase desliza da minha mão quando meu pai da tapinhas nas costas de Ian como se fosse seu filho. Ian olha para mim e seu sorriso vai diminuindo como se lesse minha mente.

-Cerveja?- meu pai pergunta indo até a cozinha.

-Sim.- assente.

-Como está indo o novo trabalho?- Dakota pergunta para Ian quando Chris a abraça e beija seus lábios.

-Tudo bem.- Ian responde.

-A gente correu atrás de um cara que não tinha dado todo o dinheiro que conseguiu.- Chris explica e Dakota o encara com raiva.- Nada perigoso.

-Não foi, o cara não correu nem um quarteirão.- Ian a acalma.

-Vocês vão ficar trabalhando juntos?- pergunto.

-Sim, Chris tem mais tempo para a filha.- Ian explica.

-Querida, você e Ian se falavam muito?- meu pai dá a cerveja para Ian e vem até mim.

-Não, eu nem sabia o nome dele.- falo séria e Ian engole em seco.

-Do que você o chamava?- Dakota sorri lembrando.- Jake comentou comigo...

-O idiota do meu segurança.- falo encarando Ian.

-Eu acho melhor ir.- Ian começa a se virar.

-Não, eu fiz muita comida.- minha mãe fala.- Você fica.

-Ok.- ele bebe um gole da cerveja.

-Por que você não mostra a casa para ele?- meu pai aperta meu ombro.

-Ele conhece a casa.- coloco a taça na mesa de jantar.

-Iz.- minha mãe sorri e lembro que prometi.

-Ok.- começo a ir até o quintal e Ian me segue.

Meus pais pediram para colocarem um tipo de túnel com flores coloridas dentro, começo a levar ele até ali e sei que não vai ter ninguém espiando. Me viro esperando ele entrar e Ian parece tentar encontrar um jeito de explicar o que aconteceu.

-Ele me convidou para jantar...

-Meu pai está tentando me colocar para cima de você.- falo rindo.- Impressionante.

-Isso é ruim?- pergunta.

-É irritante!- mexo as mãos.- Isso quer dizer que ele aprova você.

-É até bom por que estamos transando...

-Não, Ian, não é bom!- o encaro.- Isso quer dizer que...- respiro fundo.

-Izzy, isso é bom.- ele segura meus braços e isso me acalma.- Por que está tentando criar problema?

-Por que....- o abraço, é a única coisa que quero fazer.- Estou com medo, Ian.

-É normal.- acaricia meus cabelos, parece aliviado.- É normal, eu também estou.

-Não é normal.- começo a chorar.- Estou com medo de acontecer com você o mesmo que aconteceu com Kira.- me afasto e seguro seu rosto.- Porque eu estou gostando tanto de você que tenho medo de perder...

Ian sorri lentamente e eu franzo as sobrancelhas, então ele segura meu rosto e me beija como se fosse nossa última vez. Passo meus braços por seus ombros e retribuo o beijo enquanto as mãos deles deslizam pelo meu corpo me tocando.

-Você tem que responder algo.- sussurro.

-Não vai me perder.- segura minha nuca com força.- Não vou para lugar nenhum, Isabella. Sou seu.

-Meu?- sorrio lentamente.- Você é meu?

-Sim.- assente sem nem hesitar.

-Desde quando?- passo meus lábios por sua bochecha.

-Desde que eu vi você pela primeira vez.- ele fala e sorrio o acusando de mentir.- Ok, desde que você atirou na garganta daquele homem.

-Você consegue me excitar como ninguém.- coloco ele contra a parede de plantas.

-Iz.- ele me afasta rindo.

-Ah, é, pais.- me afasto e passo a língua pelos lábios.- O que a gente faz?

-O que você quer fazer?- pergunta.

-Bem, Summer, Matteo e Jake já sabem.- afasto os cabelos.- Os dois primeiros vão fofocar em alguns dias.

-Então, vamos contar?- ele parece nervoso.

-Que tal no sábado?- franzo as sobrancelhas.- Eu levo você e vai estar explícito.

-Ok.- ele me observa e então beija meus lábios.- Quer um tempo para voltar a ficar séria enquanto eu falo que você me ameaçou?

-Sim, por favor.

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