Capítulo 6
A pele macia de suas mãos sentiu a aspereza daquele couro velho da jaqueta que a garota usava. Stephen nunca soube o que é ter um dia árduo de trabalho, o máximo de esforço que aqueles dedos já fizeram foi passar pouco mais de dez horas ininterruptas pressionando as teclas de sua velha máquina de escrever herdada de sua avó, uma grande escritora que, infelizmente, para ser levada a sério precisava assinar as suas obras com um pseudônimo masculino.
Stephen se ressentia de não ter herdado a sua genialidade e isso ficou mais que provado com o seu fracasso como escritor. Mudanças de planos foram necessárias, e agora, tentava se realizar falando das genialidades dos seus autores favoritos para aqueles jovens sem interesse.
Pressionou a cintura de Manoela com mais força, chegando com o seu corpo para mais próximo ao dela, na garupa daquela lambreta velha.
Diferenças gritantes desde a hora em que saíram daquele bairro residencial e rumaram para próximo ao cais. Mas Stephen já não queria deixar de sentir o calor que o corpo dela emanava contra o seu.
O medo que antes o dominou sobre aquele veículo de duas rodas, agora havia se transformado em impulsividade. Controlava-se para que as suas mãos não infringissem alguma regra que aquela garota podia estabelecer. Porém, outra parte do seu corpo já havia desistido de manter sobre domínio e o cheiro que ela exalava deixava essa missão ainda mais impossível.
O caminho que ela pegava já lhe era mais conhecido. As vielas ficavam mais estreitas, as construções quase coladas umas nas outras, e aqueles paralelepípedos escorregadios, passando rápido embaixo de seus pés. Estavam quase chegando ao centro.
Stephen particularmente gostava daquele lugar. Invadia dentro dele uma sensação nostálgica. O que era estranho, pois esse sentimento vinha das descrições dos livros que leu durante toda a sua vida.
Muitas vezes, sentado em casa de chás ou cafés em lugares como aquele, ficava imaginando os ambientes e as pessoas vestidas com as roupas de épocas. Stephen queria ter vivido em outro tempo. Acreditava que estava preso na época errada. Sua ex-esposa tinha certeza que sim.
Manoela estacionou, e assim que removeu o capacete, os lábios dele vieram ao seu encontro. Beijaram com ardor ali no meio da rua, sem se preocuparem em serem vistos. A noite escura e o ambiente mal iluminado ajudavam a se camuflarem entre as sombras. Com as costas contra a porta de entrada para o casarão, Manoela tentava enfiar a chave, não desviando por um segundo daquele toque molhado.
Ainda não querendo se largarem, seguiram escadas acima. Quatro lances que levariam o casal sedento até o sótão onde ficava o apartamento de Manoela.
— Por favor, não faça barulho. — Manoela sentenciou assim que passaram diante da porta da Sra. Smith. — Minha senhoria reside aqui, e sabe como são os velhos... Sono leve.
Stephen não respondeu, apenas segurou em sua cintura e a empurrou escada acima, tendo nessa ação a visão mais gostosa daquela noite: o rebolar de Manoela. Se havia alguma parte do corpo daquele homem adormecida, já não estaria mais.
Quando chegaram diante da porta de entrada, ficou a observando com mais desejo. Os cabelos crespos desciam por seu pescoço como ondas da escuridão. A roupa justa deixava aquele corpo ainda mais atraente. Ele desejava carregá-la em seu colo e transar com ela ali mesmo, suspensa no ar.
Não foi isso que aconteceu assim que entraram. Manoela teve tempo de fechar a porta e colocar os capacetes e a sua bolsa transversal sobre a mesa. Stephen estava a poucos passos dela, encarando tudo a sua volta. Era um único cômodo, nada mais.
— Vai ficar aí parado?
Stephen sorriu de uma forma que seus dentes ficaram à mostra. Manoela já havia reparado, durante a conversa, que não eram alinhados. Diferente dos dela, que foram moldados pelos anos em um aparelho ortodôntico. Manoela tinha dentes perfeitos. Stephen nem tanto. E isso o deixava ainda mais interessante junto com alguns vincos mais profundos em seu rosto, onde ela tocava nesse momento, os riscos que preenchiam as duas maças de seu rosto na vertical.
A primeira vez que o viu, quando entrou furtivamente em sua sala de aula, pela distância, acreditou que eram apenas covinhas. Porém, quando o viu de perto o servindo um café na cafeteria, pensou que eram cicatrizes. Agora, sabia que não era nenhuma coisa nem outra, eram apenas marcas de nascença que vinham acentuando conforme a idade avançava.
O professor segurou suas mãos as beijando logo em seguida, para depois partir novamente para aqueles lábios já livres de qualquer resquício de batom. Manoela o abraçou, permitindo assim se afundar em seu peito e sentir as suas batidas descompassadas. Stephen a levantou segurando por suas nádegas – tão desejadas – a repousando sobre a mesa de madeira.
Agora estavam com a mesma altura, ou quase, Manoela não precisava ficar nas pontas dos pés para deixar ser provada. Stephen abriu espaço entre aqueles cabelos volumosos para a sua boca explorar o seu pescoço cheiroso. Manoela tinha um cheiro delicado de baunilha. Alternou entre cheirá-la e beijá-la repetida vezes. A pele dela, nesse processo, respondia com arrepios e eriçar de seus pelos.
Nesse meio tempo, Manoela livrou-se do casaco. Desejava livrar-se de mais. Os dentes tortos dele raspavam por seu queixo, lhe dando leve mordidas. E sem que ela percebesse, o seu corpo se acomodava deitado sobre o tampo de madeira escura de sua mesa – que cuidava passando óleo de peroba de tempo em tempo.
Stephen desceu com a sua mão pela lateral daquele corpo miúdo, a fazendo rir assim que tocou em suas costelas. Manoela era sensível nesse lugar. Ele levantou o seu olhar sobre as lentes de seus óculos, umedecendo os lábios para depois encaixá-los em sua saboneteira. Quando sentiu esse toque sutil, foi inevitável para ela arquear o seu corpo, e dessa forma, constatou que Stephen estava tão excitado quanto ela.
Com um suspiro fino saindo dos lábios da moça, as mãos do homem continuaram o seu trajeto de encontro ao fecho daquela calça jeans preta. Livrou-se do empecilho e as abaixou até a altura do tornozelo. Manoela estava como amarrada, porém, não se importou, apenas queria que ele fizesse aquilo que tanto ansiava.
Stephen tornou a subir com as suas mãos de encontro aos seios miúdos e incrivelmente duros. Mesmo saindo com garotas mais jovens que Manoela, não sentiu tanta firmeza em um seio que não fosse artificial como acontecia naquele instante.
Puxou a blusa sem removê-la. Apenas o necessário para ver o que estava escondido. E dessa forma, apareceu um bico pequeno empinado, quase do tamanho do botão da manga de suas camisas, em um tom um pouco mais escuro que o dourado daquela pele livre de manchas.
Encaixou com cuidado os seus lábios, como se nesse ato pudesse desmanchar o que a natureza com toda a sabedoria construiu para lhe levar ao delírio. Ponto para a mãe natureza, pois era justamente assim que Stephen se sentia ao sugar com cuidado os seios de Manoela.
Dando uma lambida rápida, decidiu que era o momento de inspecionar outra parte daquele corpo tão desejável. Ainda se perguntava confuso, como nunca havia reparado naquela mulher antes daquele dia? Devia ser o homem mais idiota da Terra.
Não removeu a calcinha que ela usava, apenas a afastou, e assim, a sua língua tomou conta do lugar que antes estava em contato com o algodão. Manoela arfou, jogando o seu corpo mais para trás, e seus cabelos caíram para fora do domínio da mesa.
Em algum momento lá no começo da noite, no pub, achou que Stephen fosse daqueles homens que ignoram a importância de um sexo oral bem aplicado. Agora se sentia satisfeita por estar enganada. O professor estava de joelhos entre as suas pernas quase a fazendo gozar. Então, ele se afastou. Olhou-a nos olhos. E Manoela conseguiu escutar a calça dele escorregando pelo seu corpo. Stephen novamente desejava que outra parte de seu corpo conhecesse o dela.
— Você tem proteção? Normalmente eu trago... — em um lampejo de prudência, Stephen se lembrou do óbvio: as camisinhas.
— ...Mas não achou que terminaria essa noite transando. — Manoela sorriu, já apoiada nos cotovelos assim que percebeu a demora do seu parceiro em penetrá-la.
— De fato, não. — Stephen a ajudou a ficar sentada de novo na mesa.
— Tenho sim, está no meu criado-mudo.
Manoela removeu os tênis e as calças com uma agilidade que sempre intrigaria Stephen. Ansiedade, desejo e vontade fazem milagres. Desceu da mesa indo em direção a sua cama. Stephen observava as suas pernas lisas, livre de pelos, e o desenho que suas nádegas faziam na calcinha. Umedeceu os lábios e também se livrou de tudo que poderia o impedir de terminar aquela noite com chave de ouro.
Quando Manoela voltou a atenção novamente para ele, já com o envelope da camisinha em seus dedos, Stephen estava a um passo seu, completamente nu.
Ela não teve tempo de contemplar. Stephen a envolveu em seus braços, tornando a lhe beijar com mais determinação, e assim, caíram encaixados sobre a cama.
Agora era a vez de Manoela lhe tocar. Havia esperado muito tempo para fazer isso. Ficou satisfeita com o tamanho. Estava longe do maior que já teve, mas figurava no seu tamanho ideal. Várias possibilidades passavam em sua mente. Segurando o pau de Stephen entre as suas mãos, teve a certeza de que seria correspondida em qualquer posição que desejasse tomar.
Havia chegado o momento. Stephen colocou o preservativo e a invadiu, segundos depois de se livrar de sua calcinha molhada. Ela era tão apertada, tão maravilhosamente apertada que o professor ofegou alto próximo aos seus ouvidos, desejando nunca mais ter que sair dali.
Começaram com ela por baixo de seu corpo, para terminarem com ela por cima, em uma cavalgada rápida, suados e sem ar. Nus de qualquer vergonha, libertos pela volúpia correspondida. Corpos marcados por bocas ávidas em trocas justas e prazerosas.
Agora exaustos, dividiam um cigarro observando as vigas de madeira no teto, nus lado a lado naquela cama de casal já existente ali muito antes de Manoela alugar aquele quarto. Não trocaram mais nenhuma palavra, apenas deixaram que o sono fizesse o resto. E dormiram profundamente, encaixados um no outro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro