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Capítulo 3


A fumaça cinza, cheirando a nicotina, começava a dissipar e logo outra tragada preenchia os seus pulmões em busca de um momento de satisfação. Os seus lábios finos, e já sem nenhum traço dos brilhos labiais, comprimiam aquele papel fino e recebiam o queimar do seu conteúdo, enquanto que seus pés a levavam para o lado oposto a aquele beco escuro que ficavam as latas de lixo.

À medida que se afastava indo de encontro à rua principal, na qual ficavam as mesas externas do café, pôde escutar burburinhos e uma movimentação não característica para aquele horário próximo ao meio dia.

Manoela ficou estagnada entre os dois lugares com o seu olhar fixo em um ponto, apenas mudou de percepção quando o cigarro entre seus dedos a queimou sutilmente, porém, não menos ardido.

No mesmo tempo em que se livrou daquele objeto que lhe trazia alívio, levou o dedo queimado de encontro a sua saliva e perdeu a finalização daquele conflito entre os dois homens – um mais velho e o outro bem mais jovem – na frente do seu local de trabalho. Apenas pôde ver o corpo do mais velho estendido ao chão e o mais jovem, seguido de seus colegas, se afastando em direção as construções antigas da Universidade no final daquela rua comercial.

Como se fosse uma heroína de filmes de super-heróis, passou a frente das outras pessoas que estavam tão surpresas quanto ela e alcançou o homem que tentava levantar com certa dificuldade.

Estava zonzo e com a visão embaçada. Sem saber se deveria se preocupar com o sangue que escorria de seu supercílio esquerdo ou se travava uma busca pelos seus óculos que voou para longe quando o punho do rapaz entrou em contato com seu rosto.

— Espere! Eu te ajudo! — Manoela já estava agachada ao seu lado no chão, lhe dando apoio e segurando em seus braços. — Não se mexa muito rápido, estás zonzo pelo golpe e isso pode te causar um desmaio.

— Preciso dos meus óculos.

— Iremos encontrá-los. Primeiro você precisa se sentar. Alguém pode ao menos nos ajudar?!

Manoela levantou a sua voz em um tom autoritário para a platéia que havia se formado e que não faziam outra coisa a não ser registar aquele momento constrangedor em seus celulares. Uma das alunas ali presentes tomou essa atitude, e junto de Manoela, conseguiram colocar o homem ainda atordoado sentado em uma das cadeiras.

— O que está acontecendo aqui? — o chefe de Manoela finalmente criou coragem e saiu para ver o circo que ser armou do lado de fora do seu estabelecimento.

— Sr. McAdams, por favor, pegue a maleta de primeiros socorros, o professor Weber está sangrando. — Manoela falava com o patrão, mas com os olhos atentos no ferimento do homem ali diante de seus olhos, segurando com delicadeza em seu rosto fazendo com que sua cabeça ficasse um pouco inclinada para trás.

O homem ainda ficou uns instantes observando a sua funcionária antes de voltar para dentro do seu café que já retornara com as suas atividades normais. A platéia do lado de fora já havia diminuído, apenas alguns remanescentes mais curiosos permaneciam parados observando o que a mulher fazia.

— Olhe para mim... — Manoela falava agora direto com o ferido — Como está a sua cabeça?

— Preciso dos meus óculos, sem eles não enxergo quase nada... — o professor Weber, ou melhor, Stephen, tentava levar a mão até o seu ferimento sendo impedido por Manoela.

— Por favor, professor, não faça isso. Suas mãos estão sujas. Deixa que eu cuido disso... — Manoela voltou-se para a garota que lhe ajudou — Poderia localizar os seus óculos? Ele é de armação retangular e preta.

A menina, sentindo segurança, largou o outro braço de Stephen e foi em busca do objeto que o permitiria voltar as ver as coisas mais nítidas. A busca não levou muito tempo. Os óculos caíram a poucos passos de onde o professor ficou estendido no chão, apenas não estava visível por ter sido ocultado pela mesa e cadeiras. Agora de posses de sua segurança – Stephen Weber só sentia seguro quando conseguia enxergar tudo a sua volta, tinha problemas sérios com confiança, apenas acreditava no que suas vistas tinham controle, – conseguia analisar o que estava acontecendo.

— Sente-se melhor? — Manoela permanecia agachada a sua frente quase entre suas pernas. — Como está a sua cabeça? Zonza? Sente náusea?

— Vamos com uma pergunta por vez. – Stephen franziu a testa e olhava a garota em sua frente ainda com desconfiança.

— Sim, me desculpe. — Manoela esboçou um sorriso tímido.

— Minha cabeça já não está mais girando, e agora consigo te ver...

— Então, vamos manter ela um pouco inclinada, não muito até que meu chefe apareça com a maleta de primeiros socorros. — Manoela, nesse momento, voltou o seu olhar para o interior da cafeteria a espera da maleta de primeiros socorros que ela julgava estar demorando além do necessário.

— Está muito feio?

— Está sangrando ainda, só saberei se precisará de pontos quando conseguir limpar a área.

— Não seria melhor chamarmos uma ambulância? — a menina questionou.

— Não devemos descartar essa hipótese... — nesse momento o chefe de Manoela voltava com a maleta em suas mãos — Até que enfim, Sr. McAdams! Dê-me aqui!

— Você sabe o que está fazendo? — o homem velho de barriga proeminente e quase sem cabelos, encarrou a sua funcionária entregando a maleta.

— Lógico que tenho! Que pergunta mais idiota!

Manoela respondeu aquele questionamento ignorando o fato de que nenhuma daquelas pessoas sabia sobre o seu passado e quão qualificada estava em prestar socorro aquele homem. O ferimento que ele levara era leve e corriqueiro para uma pessoa que, como ela, pôde estar presente em acidentes fatais entre outros fatores que deixam as pessoas entre a vida e a morte. A sua atitude ali não era por conta daquele machucado que em poucos dias estaria cicatrizado, e sim pela admiração que nutria por aquele homem.

Sempre desejou estar perto dele em uma conversa, e não somente naquele momento de troca dos pedidos de cafés que faziam durante três anos. Manoela tinha consciência de que ele nunca a notara. Porém, ela sabia apenas de observá-lo vários dos seus gostos. O Professor Weber gostava do seu café puro. Raramente comia alguma coisa, apenas nas quartas-feiras, no final da tarde sentava com o seu notebook em uma das mesas do lado interno, próximas as estantes de livros.

A cafeteria Books&Coffee possuía algumas estantes com livros que os clientes doavam ou se deleitavam. Era baseado em trocas. Deixe um livro e leve outro. Ela ficava admirada como aquilo funcionava e ninguém tirava vantagem daquela proposta que julgava muito legal. Ela mesma já havia contribuído e se deliciado com alguns títulos ali presentes.

Algo que poucas sabiam sobre ela, era a sua paixão pela literatura. Gostava de qualquer assunto, desde trilhes psicológicos até aqueles romances clichês vendido em bancas de jornal. Mas fascínio mesmo ela tinha pelos autores clássicos ingleses. O que explicava o encantamento pelo professor ali na sua frente.

— Professor, vou precisar remover os seus óculos para poder limpar a área, vai arder.

Manoela informou assim que terminou de umedecer um pedaço de algodão no soro fisiológico. Óculos removidos, e seguros na mão de seu dono, começou a limpeza de forma suave, observando a careta que o professor fez assim que sentiu a área machucada sendo tocada. Depois de alguns algodões sujos com aquele sangue vermelho vivo descartado, e alguns repuxarem dos lábios do homem, Manoela terminou o processo de limpeza e já continha o sangramento pressionando o local.

— Segure aqui um instante professor, vou preparar o curativo. Pode ficar calmo que o corte foi superficial, dentro de poucos dias estará livre e terá de novo o seu belo rosto sem nenhuma marca.

O último comentário saiu espontâneo de seus lábios, tanto que ela não percebeu o olhar que Stephen lhe deu a respeito do que lhe foi sugerido. Ele sabia que era um homem atraente, mas não era hábito escutar falarem sobre a sua aparência de uma forma tão espontânea como a moça tinha feito. E a partir daquele momento, passou a encará-la de outra forma.

Fez o que ela havia solicitado. Segurou o algodão contra o seu ferimento e a observava atentamente, porém, a sua atenção não estava no que ela fazia com o material dentro daquela maleta e sim nela. Seu olhar a media. No primeiro momento, achou que se tratava de uma garota com a mesma idade de suas alunas, até pensou na possibilidade de ser uma. Agora a observando com mais interesse, percebia que era uma mulher beirando os trinta anos, mas que mantinha um ar jovem.

Talvez pela roupa que usava, e pela falta de maquiagem a qual estava acostumado em ver nas mulheres daquela idade. Pelo menos as do seu convívio viviam assim, e nenhuma delas usava tênis. Sempre impecáveis e elegantes em suas vestes. Não saberia dizer, apenas sentia que tinha gostado do jeito quase que moleque da moça.

Era uma mulher pequena. Miúda seria a palavra mais apropria para definir Manoela. Não passava de um metro de sessenta de altura e tão pouco dos cinquenta quilos, de fato, Manoela pesava até menos. Muitas vezes tinha dificuldade em achar roupas apropriadas para a sua idade por conta do seu tamanho. Ele já era praticamente o seu oposto. Um homem de um metro e oitenta e cinco de altura, com peso bem distribuído. O professor praticava alguns esportes. O favorito dele era squash e também o responsável em lhe manter em forma.

Mas o que chamou a atenção naquela inspeção sobre a sua cuidadora foi o seu rosto quase angelical. Os traços dela eram deveras delicados. Parecia uma boneca com aqueles olhos mais arredondados, nariz e boca pequenos, em um rosto oval contornado por algumas mechas crespas que desprenderam do seu rabo de cavalo.

Ela veio com todo cuidado, removendo a sua mão e assim ele pode sentir o contato macio de sua pele. Estava quente, apesar do vento gelado que o outono trazia. Manteve o seu olhar concentrado, agora nas expressões em seu rosto. Havia muita concentração. E também muita rapidez em seus movimentos o que lhe espantava, pois quase não sentia nada.

— Pronto, professor. Sugiro que coloque gelo o máximo que puder para evitar que fique roxo.

E então, pela primeira vez, ele viu o seu sorriso. Algo estranho passou pelo seu corpo naquele momento. Como um arrepio ou mesmo um tranco. Apenas poderia dizer que a sensação era boa.

— Muito obrigado pela sua atenção.

— Não precisa agradecer, professor.

— Stephen. Esse é o meu nome.

— Eu sei. Também sei que gosta de café puro, strudel e sossego. E o meu item favorito: Anne Brontë.

Stephen, nesse momento, abriu um pouco mais seus olhos pequenos em relação aos delas, pressionando com o seu dedo indicador o centro dos seus óculos, como se aquele gesto fizesse compreender tudo que havia escutado. Manoela percebeu que ele ficou confuso ou até mesmo constrangido com aquele comentário.

— Desculpa por isso. Acabou sendo inevitável para mim. Já lhe sirvo café há um bom tempo e minha mãe já me advertia desde muito jovem para parar de observar as pessoas. Confesso que tentei, o que se revelou sendo inútil.

— Qual o seu nome?

— Ah! Sim. Que falta de educação a minha. Chamo-me Manoela.

— É de onde?

— Arriscaria algum palpite, professor?

Manoela ficou satisfeita pela curiosidade do homem por quem admirava. Nunca havia passado pela sua mente que ele poderia demonstrar interesse por sua pessoa. Acreditou que após ter lhe feito um curativo digno de um cirurgião plástico, pois foi o que exatamente fez no corte de Stephen, ele levantaria e iria embora. E dessa forma, arrastou a cadeira em que estava sentada para mais perto dele.

— Sua dicção é boa, mas consigo notar um sotaque interessante. Olhando para você confesso que ainda estou confuso com a sua origem.

— Não é para menos. Venho de um país em que várias etnias se misturam. Vou lhe dar uma dica. É quente como o inferno!

Passou alguns países na mente de Stephen Weber. O tom de pele dela e seus traços não eram de uma Indiana, apesar de ter pensado nessa hipótese. Algum país africano talvez. Jogava mais para essa possibilidade. Mesmo assim, não sentia que fosse de lá.

— Sou mesmo uma incógnita? Estou adorando ver o seu esforço.

— Acredite, está sendo prazeroso tentar te descobrir.

— Uau! Por conta disso vou lhe dar mais uma dica. Temos uma das maiores festas populares do mundo. Cheio de carros alegóricos, muita música, danças, fantasias...

— Estou diante de uma brasileira. — Stephen Weber sorriu com satisfação.

— Bingo!

— O que a trouxe nesse canto esquecido da Terra?

— Esquecido, professor? Não vamos exagerar!

Ambos sorriram ao mesmo tempo e logo teriam de abandonar aquele estado de espírito. A porta da cafeteria foi aberta, e de lá saiu a passos pesados o senhor McAdams, demonstrando irritação para com a sua funcionária que há muito deveria ter voltado a ocupar o seu lugar atrás daquele balcão.

— Se a mocinha já terminou de ajudar o homem, está mais do que na hora de voltar ao seu trabalho.

— Estou indo, Sr. McAdams.

— Ande logo!

O velho gordo voltou para dentro do seu estabelecimento nada satisfeito com a demora e muito menos com a resposta recebida. Que raios aquela garota tinha de ter ajudado e se demorar tanto assim? Será que ela não sabia que o tempo de descanso já havia acabado há sete minutos? Esse povo estrangeiro nunca sabe o que é pontualidade? Era o que o inglês mal humorado pensava, e não havia quem mudasse isso em sua cabeça teimosa.

— Preciso voltar. Infelizmente.

— Obrigado, Manoela.

— De nada, professor.

Manoela se levantou, pegando a caixa de primeiros socorros e dirigindo-se para a entrada do café. Pouco antes de sua mão tocar na maçaneta, ela se voltou para Stephen que também se levantava ainda que vagarosamente.

— Sairia comigo, professor? Assim, para terminar essa conversa?

— Claro. — respondeu de forma mecânica, um pouco surpreso com aquela proposta.

— Muito bem! Eu passo em sua casa às oito para te buscar.

Weber abriu a boca para dizer alguma coisa, porém, desistiu. Era algo inútil. A mulher já havia entrado no estabelecimento. Pensou em entrar e dizer que não era necessário que lhe buscasse ou mesmo para entender como ela poderia saber onde morava. Mas o que acabou fazendo foi ir embora. Retornou para a universidade, direto para a sala do reitor. E assim, registrou a queixa sobre o aluno que havia lhe surrado – palavra usada por ele de forma muito exagerada – e que providências fossem tomadas, depois seguiu para a sua sala.

A sua concentração sobre as suas atividades estava perdida. Podia pensar que era por conta da dor sentida em sua cabeça. No começo sim, depois do comprimido que ganhou de outra professora, não mais. O que tirou a sua atenção para as suas obrigações tinha nome e corpo, e estava lá atrás de um balcão servindo café.

Manoela lhe perseguiu o resto daquele dia. Um pouco antes de ir para casa, passou na cafeteria que em nada lembrava o incidente ocorrido no começo da tarde. Ela não estava mais lá. Ficou com vergonha de perguntar, e dessa forma, seguiu para a sua morada desde que decidiu aceitar esse emprego. Tinha um compromisso e precisava estar apresentável. Era assim que Stephen Weber foi criado a se comportar. Agora, só lhe restava esperar.

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