Após o ataque surpresa da Vivian, Artanis ordenou que corvos mágicos fossem caçados pelo reino inteiro. Mesmo que o príncipe soubesse que alguns deles teriam que ser encontrados por ele próprio. Afinal, esses seres eram feitos de magia, simples mágica em forma de animais e por isso, podiam se esconder e mudar facilmente, não sendo tão fáceis de encontrar. Sua antiga professora era bem astuta e experiente.

Porém, ele tinha que contar com seus soldados no momento. Pois agora, estava cuidando de seu recente nomeado, marido. Luke dormia tranquilamente na cama deles, como se já não o estivesse fazendo há quase um dia inteiro. Nesse momento, Artanis pôde notar detalhes que sua irmãzinha havia lhe contado.

Um deles era a clavícula do jovem levemente a mostra. Com os punhos finos e dedos esguios. Ele parecia mesmo estar sumindo assim como Athanasia havia dito. Além de leves ferimentos na perna. De onde haviam vindo? O que acontecia com Luke?

Ele suspirou cansado, jogando a cabeça para trás levemente, balançando um pouco a cadeira acolchoada onde estava sentado.

— Como deixei ela entrar aqui? — Se perguntou.

Artanis era o alto mago real, deveria ter tido mais cuidado. Deveria ter imaginado que aquela mulher faria algo enquanto estava próximos de uma guerra eminente. Mas o menino o havia distraído.

Agora mesmo, em seu caderno de desenhos, havia um esboço de Luke sorrindo para ele com sua coroa de flores. O príncipe observou o esboço e fechou rapidamente o objeto quando alguém bateu na porta e logo entrou.

Era Aretha, ainda com seu vestido de festa. Ela possuía um semblante preocupado. Não era menos esperado, afinal a situação para a moça era complicada de inúmeras formas.

— Como ele está? — Ela perguntou se sentando na borda da cama e segurando a mão do irmão.

— Bem. Em breve irá acordar. Ele usou muita energia.

Aretha sorriu e acariciou o rosto do irmão levemente, removendo seus cabelos de perto dos olhos.

— Você ia me matar mesmo, não é? — Ela o fitou com os olhos verdes vibrantes. — Pensei que Luke estava brincando.

— Você sabe que sempre faço o que é preciso para que o equilíbrio seja mantido. — respondeu friamente o príncipe.

Aretha sorriu. Ela deveria imaginar.

Subitamente, se levantou e em segundos, uma adaga de lâmina azul estava no pescoço de Artanis que sorria.

— Seu irmão não terá o mesmo destino. Ele é diferente. A magia dele, mesmo que escondida e desconhecida para ele, ainda é mais estável que a sua e por isso, não é necessário a morte para que eu tenha controle.

Ouvir tal afirmação fez Aretha relaxar e abaixar a arma. A condessa sabia que Artanis não era mentiroso. Só ocultava as coisas muito bem. Assim como ela.

— Tenho medo do que vai acontecer com ele nessa guerra. — ela exclamou, voltando a se sentar em seu lugar anterior, apertando suas mãos juntas.

— Eu vou protegê-lo. Vou ensiná-lo. Ele seria um alvo de qualquer maneira. Você sabe. Vivian não tem escrúpulos. — Artanis entoou. — O que me faz pensar porque você continua aqui e não foi atrás dela? Não terei mais misericórdia, se você não fizer nada. Eu agirei contra ela. E você pode não gostar, Aretha.

— Quero explicar as coisas a Luke. Ele não pode ficar no escuro. Logo após essa conversa, eu irei. Eu sei que está com raiva, mas me dê um pouco de tempo. Se me impedir de conseguir isso, eu brigarei contra você.

Antes que Artanis pudesse responder, uma terceira voz foi ouvida.

— Me explicar o quê?

Ambos se viraram para ver o jovem se mover.

O novo príncipe se sentou ainda com a cabeça tonta e levemente tonto. Abrindo os olhos verdes, ele pôde ver seu marido e sua irmã conversando algo que envolvia seu nome.

Seu marido o olhou levemente, como se estivesse aliviado ao vê-lo bem. Porem, logo a expressão mudou para um semblante sério.

— Vou deixar vocês conversarem. — Bruscamente, o príncipe se levantou e deixou os irmãos sozinhos.

Ambos observaram ir e Aretha sorriu, abraçando Luke, quase o sufocando.

— Aretha... Estou sem ar...

Ela riu e o soltou.

— Fico feliz que esteja acordado. Como você está?

— Com uma leve dor de cabeça, mas, bem.

— Ótimo. Porque preciso falar algo para você. — logo seu sorriso se desfez.

Luke sabia que o assunto era sério.

Principalmente quando ela apertava as mãos juntas.

— Aquela mulher, Vivian. Eu a conheço tão bem quanto Artanis. Se lembra da pessoa especial que te falei? Vivian a tomou de mim. Por isso, eu tenho que ir atrás dela.

Luke ficou estupefato. Não podia acreditar. Ele conhecia mesmo a sua irmã? Como ela conhecia alguém como aquela mulher? — Onde a conheceu?

— Aretha segurou as mãos dele, agora. E seu olhar ficou distante, como se recordasse de uma lembrança.

— A conheci há algum tempo, há 9 anos, quando tinha 17. Nós ficamos amigas, mas não esperava que ela se tornasse o que virou. Vivian é muito talentosa, Luke. É muito astuta e estratégica. Você tem que ter cuidado! — Dizendo isso, ela apertou as mãos do irmão fortemente.

— Eu ainda espero que nossa amizade signifique algo. Por isso, tenho que tentar. Preciso trazer a pessoa que ela tomou de mim de volta. Só eu posso fazer isso, entende?

Luke sabia que sua irmã era determinada, mas realmente não conhecia tal face dela.

— E como você vai lutar contra ela? Você não...

— Eu tenho várias habilidades que você não conhece, irmãozinho. — Aretha o abraçou fortemente.

Devolvendo o abraço, Luke respondeu, com as lágrimas ameaçando aparecerem.

— O que vou fazer longe de você?

— Você vai ficar bem. Artanis é alguém provocador e metido, eu sei. — Ela riu ao citar o cunhado.

— Mas, ele vai te proteger. Você aprenderá muito com ele. Mas, não deixe ele te dominar totalmente, ok? Mesmo que eu ache que vocês vão combinar. Ele estava preocupado com você. Mesmo tentando disfarçar.

Luke assentiu, se lembrando da expressão preocupada do outro.

— Além disso, Lily vira trabalhar aqui. Você terá companhia. E claro, Athanasia já te ama. Não seja super exigente com ela, tudo bem?

Ele assentiu. Quando finalmente se soltaram, Aretha beijou a testa do seu irmãozinho.

— Eu te amo, Luke. Vou te escrever sempre que puder. Faça o mesmo, não se esqueça ok? Peça para Lily te lembrar, ela tem uma boa memória. Ou faça isso logo após receber a minha, certo?

— Sim, pode deixar. — - ele concordou já chorando.

— Eu te amo também, vou sentir sua falta. — Luke a abraçou novamente.

— Você vai ficar bem, tenha mais confiança. E se alimente direito. — O jovem não podia prometer a segunda questão, mas concordou.

Agora, ambos choravam. Ela beijou as mãos dele e se levantou sorrindo, mesmo em lágrimas.

— Você vai ser feliz, Luke. Papai e Mamãe não vão te incomodar aqui. Não deixe a imagem deles te dominarem. Viva e seja feliz.

E desse modo, ele a viu partir. Estava sozinho, não sabia o que fazer. Mas as palavras dela ecoaram em sua mente. Luke prometeu a si mesmo que viveria e que faria de tudo para ser feliz.