Bônus. Será?
O despertador toca, estico o braço até ele,viro na cama e percebo que pela milésima vez está vazio. Isso mesmo já faz alguns dias que Mathew acorda mais cedo e se tranca na sala privada dele. Como todos os dias venho tendo paciência, procuro me distrair e no final do dia nos encontramos para o jantar.
Hoje tenho consulta na minha médica. Fizemos nove anos de casados. Eu deveria curtir meu marido,mas não consigo. Me sinto incompleta, é como se de alguma forma não estou cumprindo com o meu papel de esposa.
- Sim? - Atendo o telefone.
- Descobri que ele estará fora essa tarde,no Gardens House. As quatro horas.
- Obrigado. - Desligo o telefone.
Mathew que me perdoe. Não faço o papel de ciumenta, mas preciso saber onde meu casamento está firmado.
Pego minhas coisas e vou até a sala privada dele.
- Posso entrar? - Bato na porta.
- Claro. Sim, é.. Entra. - Mathew abre a porta para mim. - Quer alguma coisa?
- Vim te dar bom dia e dizer que hoje tenho o dia todo fora. - Junto minhas mãos.
Pela primeira vez na vida fico nervosa, me concentro em olhar para o acento da cadeira.
- Queria saber se pode me acompanhar hoje a tarde? - Minha voz sai tremida.
- Adoraria. Muito... Mas tenho que sair para algum lugar.
- Tudo bem..
- Não..
- Tudo bem mesmo.
Me Afasto da porta e ando apressada pelo corredor. Anthony passa por mim e para.
- Tudo bem Su?
- Tudo. Ótimo...
Viro as costas para ele e corro escada à baixo.
- Su? - Anthony desce atrás de mim. - tem certeza?
- Sim!? Eu. Eu estou atrasada. Até mais querido.
********
- Mathew. - Anthony passa pela porta.
- Viu a Susan? - Pergunto mesmo sabendo a resposta.
- Sabe que sim. E sabe também que ela já está desconfiada de tudo.
- Mas como eu vou dizer para ela?
- Dizendo. Chame ela para conversar hoje. Sabe que no jantar teremos que ficar um de frente para o outro, e nosso pai dizia que a pior refeição é aquela comida junto da mentira.
- Droga. É mesmo.
********
- Pode se sentar. Vista a roupa. Conversaremos la fora.
Obedeço, me visto e caminho lentamente até a sala da médica.
- Susan, os exames saíram até o fim do dia. Não posso dizer nada até ter todos eles em mãos. Já fizemos todo o tratamento. É uma mulher jovem, podemos adotar outros métodos.
- Obrigada doutora. Mas quero que seja minha, ou meu. Não tenho nada contra.
- Ótimo. Sei como se sente Susan. -Ela respira fundo. - Você vai conseguir, só não posso deixar que você crie esperança no caso de... Você sabe.
Tem dias que nada na nossa vida dá certo, nem mesmo no casamento mais feliz. E quando esse dia chega desejamos dormir e nunca mais acordar.
- Me leve até o Gardens House. Preciso estar lá antes das quatro.
- Fica na outra cidade Majestade. Mas se quer ir, chegaremos as quatro.
- Ótimo. Serei rápida no que farei. - Me ajeito no banco.
A medida que o carro ganha movimento meu coração se debate no meu peito. Agora será tudo ou nada.
******
Algumas horas depois o carro para.
No outro lado da rua se encontra o restaurante mais belo de toda a região. É um jardim no meio da cidade, com paredes de vidro. Seria muito bom, se eu fosse a mulher sentada na frente dele.
Uma loira alta, com cara de boneca de porcelana, sorrindo tanto que chega a me dar nojo. Eu sei pelo jeito que ela joga os cabelos para o lado e enclina levemente a cabeça. Está jogando charme para ele. Até aí tudo bem, ele está tomando café, sério. Penso em voltar, dou um passo para trás, ele deposita a xícara de chá na mesa e sorri.
Sorri. Meu Deus, ele sorri para ela. Me apoio no carro.
- Majestade? - O motorista abre a porta. - Está se sentindo bem?
- Vou ficar. - Respiro fundo.
Reúno todo o meu orgulho e atravesso a rua, passo pela porta e dispenso com a mão o empregado do lugar.
- Senhora? - Ele pega no meu braço.
- Susan. Princesa de Willisburgo.
- Desculpa. - Ele me solta. - Não te reconheci.
Rosno para ele e continuo andando. Passo pelas fileiras e paro na frente da mulher, atrás do meu marido.
- Acho que já fiz o pedido. - Ela acena com a mão. - O príncipe não gosta de ser incomodado.
- Ótimo. Então ele não vai se importar se a esposa se sentar com vocês pata tomar uma xícara de chá. - Sorrio para ela.
Mathew praticamente pula da cadeira e fica em pé meio sem jeito. Ele arregala os olhos e abre a boca.
- Desculpa querido, acho que seu chá com leite está ficando frio. Deixe- me ajudar.
Pego a xícara, cheiro e olhando para ele tomo todo o liquido.
- E você deve aprender que jogar o cabelo de lado é uma tecnica muito antiga de sedução.
Viro as costas e volta a andar.
- Não me espere para o jantar querido.
********
- Susan? - Vou atrás dela.
Mas a birrenta anda mais rápido, entra no carro e some pela cidade.
Enquanto espero pelo meu tento ligar para ela.
- Desligado. - Tento de novo. - Susan, me atende.
Meu carro chega depois muitas tentativas, jogo o celular dentro do carro e saio em disparada.
*********
- Livy! - Entro gritando.
Minha empregada desce as escadas correndo.
- Arrume minhas malas. Sem data para voltar. E mande pelo Will, não diga que horas passei por aqui.
Ela corre para os dormitórios.
Volto para fora e entro no carro. Com tanta raiva que nem penso direito.
*******
-Onde ela está? - Entro no nosso quarto. - Livy sei muito bem que só entra aqui quando é solicitada.
- Desculpa senhor. Tenho ordens para...
- Esqueça as ordens dela e me diga onde minha esposa está!
- Mas não posso. Entenda que....
- Ela fugiu. Livy por Deus se não me disser mando você para a torre! - Trinco os dentes.
- Se eu disser que ela foi para um lugar não muito longe e que ela quer descansar.
Já sei. Deus como fui burro. É mais que óbvio que ela iria para lá. Mas devo chegar em duas ou três horas. E a essa época do ano deve fazer muito frio.
- Melhor correr. Ela saiu a pouco.
Sem olhar para trás saio correndo.
*******
Duas horas depois entro na casa onde selamos nosso amor. Lá em baixo as ondas quebram no rochedo. Tenho a impressão que meu coração ae quebra junto.
A casa está vazia. Gostamos da nossa gente aqui, então trazemos nosso pessoal. Agora porém estou só. Encosto na janela e observo o mar.
- Willian eu disse que poderia ir. - Dispenso com a mão.
Ele não se move e quando dá um passo na minha direção. Opa, reconheço esse andar. Não só isso, o cheiro também, a forma de projetar a cabeça para a minha direção, o tamanho...
- Mathew? - Viro para ele. - Como?
- Dirigi feito louco só para te dizer que não era o que você estava pensando..
- Então era o que? Você faz noção de quanto tempo anda acordando e me deixando por aí? Não sei onde anda ou o que faz da vida. Não sabia nem que estava se encontrando com alguém.
- Como soube que eu iria estar la? Susan você mandou alguém atrás de mim? - Ele trinca os dentes.
- Mandei. E daí? Estava ficando louca Mathew. Louca! - Grito. - Fizemos mês passado nove anos de casamento. - Sento no parapeito da janela.
- Su. Ela não era minha amante. - Ele se ajoelha na minha frente.
- Então era o quê? Eu vi ela sorrindo. E você retribuiu. - Aponto o dedo na cara dele.
- Lembra - se da minha filha Emily? Então. A louca da mãe dela estava mudando constantemente, de forma que nos vimos a última vez no natal, no ano que nos casamos.
- Eu sei, você...
- Estava procurando por ela, eu contratei a loira para descobrir onde estavam e trazer ela volta.
Enquanto ele me explica sobre leis, meu celular toca, olho para a tela e vejo uma mensagem da minha médica.
Não foi alarme falso. Parabéns mamãe... Duas semanas .
- Eu nunca me encontrei com ela. Essa foi a primeira vez, na hora que sorri foi porque mostrei uma foto sua. E ela me disse que sou muito sortudo.
- Porque não me contou? - Cubro o rosto com a mão.
- Porque estava com medo de você ficar sentida com a presença dela. Emily virá para casa no natal. Não queria que você....
- Estou grávida. - Sei que estou falando coisas sem sentido agora.
Mathew levanta assustado. Arregala os olhos .
- O quê disse? Susan sabe o que disse?
Num lampejo de conciência fico em pé também. Recebi uma mensagem e agora sei o que disse. Estava tão irritada que li a frase e repeti sem pensar.
Eu. Estou. Grávida. Eu... Não acredito...
- Nove anos Susan. Foram nove anos temendo nunca te dar um filho e agora me presenteia com essa notícia. - Ele me abraça.- Meu amor não chora.
- Tive tanto medo. Meu amor, sabe que o que vem de você me trás felicidade. Se tivesse me falado teria tempo de arrumar tudo. Mas tive medo...
- Você é unica Su. Te amo e não tenho olhos para outra mulher. Se tenho você porque quero outras? Agora então... Te amo, amo e amo.
- Me desculpe. - Me afundo nos braços dele. - Vamos esquecer tudo isso e voltar para casa.
- Esquecer sim, - Ele me pega no colo. - Na verdade nem me lembro o motivo que me trouxe aqui, só me lembro de ter recebido uma notícia tão verdadeiramente grande que meu coração está inchado. Agora voltar ainda não.
Ele caminha para a direção oposta do quarto.
- Daqui para frente serei como quando nos casamos, só vai para onde eu for, e se sair irei junto.
Ele me pousa na cama delicadamente.
- O que está pensando hein? - Tento levantar e sair da cama.
- As pazes. Ou depende do que você chama isso...
Embora eu ainda tenha algum recentimento, na verdade nada é tão maior do que iniciar uma família com ele. Agora serei a princesa dele. Só dele...
Sim, aqui chegamos ao fim.
De verdade ❤️
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