Capítulo 51: Anormal
AVISO AOS NAVEGANTES: A partir deste capítulo, temos uma passagem de tempo. Os androides apareceram, assim como o jovem do futuro, que se revela sendo Trunks. Um vilão mais poderoso surgiu, ele era Cell, que absorveu os androides Nº17 e Nº18, tornando-se ainda mais forte. Ele organizou um torneio, no qual Goku sacrificou sua vida, mas Gohan o vence.
Este capítulo se passa logo após o torneio.
*
Olhos negros distantes e vazios. Seu rosto era impassível, mas aqueles olhos eram incapazes de esconder que algo estava errado. Sim, algo estava errado nele. E já fazia dias que percebia isso. Procurava descobrir o que realmente acontecera. O duro era transpor mais aquela nova barreira que acabava de surgir entre os dois. Quando conseguia superar uma barreira, sempre surgia outra.
Isso era bem frustrante.
― Mamãe – Trunks, o jovem que viera do futuro, dava as caras no quarto de Bulma. – Posso falar com você?
― Ah, sim. Espera um pouco, vou colocar seu "outro eu" lá no berço.
Até alguns dias atrás essa frase jamais faria sentido. Bulma nem sonhava que o tal jovem vindo do futuro seria seu próprio filho – mesmo que três anos atrás ela tivesse a sensação de que ele era muito familiar. Quando Piccolo lhe dissera que o jovem do futuro era o pequeno Trunks com alguns anos a mais na bagagem, ficou surpresa. Quem diria que seu bebê de quase um ano se tornaria um jovem charmoso e forte...
A cientista foi ao quarto do pequeno Trunks e o depositou no berço sob o olhar de sua versão adulta.
― Eu não sabia que tinha tão pouco cabelo nessa idade. – o jovem comentou com certo humor.
― Assim como eu não imaginava como ele seria tão charmoso quando crescesse. – Bulma acrescentou enquanto Trunks corava. – Eu já estava começando a pensar que você ficaria tão ranzinza como seu pai.
A Trunks restou apenas rir meio sem jeito.
Mãe e filho saíram do quarto, dirigindo-se à sala onde deram de cara com alguém sentado no sofá. Não seria estranho se fosse qualquer outra pessoa "zapeando" a TV com a expressão de tédio. Mas não era qualquer pessoa que estava ali. Era Vegeta. E o simples fato de o saiyajin estar sentado no sofá e zapeando a TV, apenas se prestando a apertar os botões do controle remoto com ar de enfado... Por si só, tal cena se constituía na maior bizarrice já vista. Isso sem contar que, desde a luta contra Cell, Vegeta não treinara sequer por um dia. Para completar, também já fazia dias que não usava seu típico uniforme azul. Pelo contrário, vestia-se à paisana.
A verdade é que ele estava estranho desde que voltara horas depois do fim da luta contra Cell. Desde então sugira uma nova barreira entre ele e Bulma. Ela deixou o filho ali e parou na frente de Vegeta, que "esticou" o pescoço para continuar vendo TV.
― Que eu saiba, o seu pai não é vidraceiro. – disse. – Sai da minha frente.
― Não saio enquanto "Vossa Alteza" não me responder algumas perguntas! – Bulma retrucou e desligou o aparelho.
― Quem mandou você desligar? – o saiyajin protestou.
― Fiz por conta própria.
Com o controle remoto, ele religou a TV. Bulma desligou. Ele tornou a ligar e ela voltou a desligar. Ficaram nesse "liga-desliga" por um bom tempo, sob o olhar atônito e a expressão visivelmente constrangida de Trunks. Por fim, Bulma puxou o fio da tomada para acabar com aquilo. Revoltado, Vegeta se levantou e protestou aos berros:
― QUEM VOCÊ PENSA QUE É, PRA FAZER PIRRAÇA COMIGO?!
Bulma assumiu um ar superior:
― É evidente, não? Sou a dona da casa e, se eu quero que desligue a TV, é pra desligar a TV, entendeu?
― Não, eu não entendi. – o saiyajin ironizou. – E você deveria parar de encher o meu saco!
― Ah, tá... Como se eu fosse desistir de descobrir por que você está agindo como um anormal!
― Você sempre disse que sou um anormal. – ele observou.
― Mas, desta vez, você chegou ao cúmulo do absurdo!
― E por que cheguei ao cúmulo? – Vegeta se fez de desentendido, o que deixou Bulma ainda mais irritada.
― ORA ESSA... PORQUE VOCÊ PAROU DE AGIR COMO UM SAIYAJIN!!
O sarcasmo logo desapareceu do rosto do príncipe saiyajin. Seu olhar voltou ao estado anterior, voltando àquela expressão vazia. Jogou o controle remoto no sofá e saiu bufando. Havia, sim, algo muito errado nele e Bulma descobriria, custasse o que custasse. Quanto mais tentava entender aquele homem, mais complicado ele se tornava. Ela suspirou. Além de anormal, Vegeta se tornara um fujão.
A campainha tocou e Trunks foi atender. Era Yamcha:
― Olá, Trunks. – cumprimentou. – Que conta de novo?
― Ah, olá, Yamcha. Nenhuma novidade... Por enquanto.
― A Bulma está?
― Está, sim. Quer entrar?
― Valeu.
O ex-ladrão adentrou a mansão e logo encontrou a cientista. Notou nela alguma preocupação e logo de cara perguntou:
― Tá preocupada com o quê, Bulma?
― Ah, não é nada, Yamcha.
― Tem certeza?
― Absoluta! – ela sorriu, tentando disfarçar.
Yamcha, Bulma e Trunks logo começaram a conversar sobre outros assuntos. Foi o bastante para que Bulma esquecesse sua preocupação acerca de Vegeta. E, por falar no saiyajin, ele logo apareceu, fazendo com que o silêncio tomasse conta do ambiente.
Yamcha tentou quebrar o silêncio que pairava:
― Ah... Oi, Vegeta... E aí, como anda o treino?
― Não estou treinando.
― Descansando?
― Desisti de lutar.
― Ah, você desistiu de... – quando caiu a ficha, Yamcha quase caiu da cadeira. – PERAÊ! VOCÊ DESISTIU DE LUTAR? EU TÔ OUVINDO DEMAIS?!
Vegeta nada respondeu. Simplesmente achava patética a reação do terráqueo.
― O que tem de mais nisso? – perguntou.
O olho esquerdo de Yamcha começou a tremer.
― "O que tem de mais"...? Você ainda pergunta "o que tem de mais"? Você é um saiyajin... E saiyajins não desistem de lutar, isso tá no sangue, não é...? Não tá entendendo a gravidade da situação?
― Como vocês, terráqueos, dizem, "estamos no mesmo barco", não? Uma hora perdemos o ânimo de lutar. – o saiyajin respondeu aborrecido. – E este é o meu caso. Não tenho razões pra continuar lutando.
Vegeta deixou o local, onde Yamcha permaneceu completamente pasmado e paralisado.
― Eu... Ouvi direito...? Vegeta desistiu de lutar? Logo ele...?!
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