Depois de Sexta- Fugindo dos Problemas
"Feche os olhos, você não pode se esconder"
Uma semana depois daquele dia, eu ainda não tinha coragem de voltar para a escola. Ainda bem que faltavam apenas um mês para eu terminar o ano. A minha mãe insistiu para que eu retornasse, mas eu negava todas as vezes. Era muito medrosa para encarar toda a minha turma e o Brian depois daquela traição. Todos deviam estar falando sobre isso, eu poderia ser apontada pelos corredores do colégio.
Consegui adiar o máximo que pude e não voltei para a escola o resto do ano, para minha sorte eu tinha poucas faltas, por isso mesmo sem ir um mês inteiro. Eu me formei no final do ano, sem nem participar da formatura.
Eu segui a minha vida, sem olhar para trás. Porém, o que o Brian fez comigo eu nunca iria esquecer, não importa quanto tempo passe, sempre vou lembrar da sua traição.
No ano seguinte, entrei para a Faculdade de direito em são Paulo e os quatro anos que passei lá mudaram a minha vida, ou melhor eu mudei. Estudei bastante e tirava sempre boas notas, apesar de ir em todas as festas que tinha na faculdade, namorava sempre que podia e nunca perdi meu coração para mais ninguém. Os garotos que fiquei eram lindos, educados e gentis, mas a química entre nós nunca rolou e eu sempre ficava com receio de me entregar novamente, mesmo depois de tanto tempo.
No último ano da Faculdade, passei no exame da OAB e num concurso público. Logo depois que terminei a Faculdade voltei para a minha cidade natal com um cargo de promotora de justiça. Eu tinha apenas 22 anos, mas já tinha conquistado muitas coisas, além do excelente emprego, eu havia melhorado meu corpo, através de muitas horas na academia. Fiz luzes no meu cabelo e repiquei as pontas, o resultado foi maravilhoso e eu passei a receber elogios por onde passava. No entanto não importava quanto tempo eu fugisse da minha realidade, em algum momento eu precisaria, voltar para ela e quando isso acontecia. Eu só pensava em uma pessoa e como será que ele estava?
Apesar do tempo eu ainda tinha sentimentos pelo Brian e mesmo querendo negar o tempo todo, se eu prestasse bem atenção poderia perceber o quanto ele marcou a minha vida.
Voltei para minha cidade natal depois da Faculdade e a encontrei do mesmo jeito, cidade pequena as mesmas pessoas. Enfim depois de dois dias trancada em casa, pois começaria a trabalhar daqui a duas semanas. Resolvi procurar algo para fazer, talvez algumas horas numa academia ajudasse a me manter em forma e ainda tirar esse sentimento de nostalgia na qual eu me encontrava. Eu já estava acostumada com o ritmo da capital e essa lentidão para acontecer algo novo estava me matando.
Rodei a cidade toda e parei na melhor academia que eu pude encontrar, e vale ressaltar que por ser uma cidade pequena até que era bem equipada. Tinha todos os aparelhos que eu usava na minha outra academia, crossfit e ainda aulas de vários tipos de lutas.
Entrei e fiz a matricula, mas começaria apenas no dia seguinte. Portanto aproveitei para andar pela cidade e visitar os lugares que eu mais gostava, parei na biblioteca e descobri que uma das garotas que estudou comigo estava trabalhando lá, conversamos um pouco e ela me convidou para sair à noite. Devido à minha escassez de convites, resolvi aceitar mesmo não tendo ideia do lugar que me levaria.
No horário combinado me despedi dos meus pais, que já não implicavam com os lugares que eu frequentava, afinal eu já era adulta e formada, podia tomar as minhas próprias decisões e fiz questão de lembra-los disso, assim que decidi morar com eles novamente.
Sai de casa e entrei no carro que me aguardava parado na frente de casa, cumprimentei a Bia e a sua amiga Renata e seguimos para a tal balada.
— Nossa Amanda! Você está tão diferente, se você não tivesse conversado comigo eu não te reconheceria — comentou a Bia sem olhar para mim, enquanto dirigia seu carro para o nosso destino.
— Você está querendo dizer que eu era feia na escola? —perguntei me fazendo de ofendida.
— Claro que não, você sempre foi bonita e espero que você saiba disso. Não foi isso que quis dizer, hoje você está além de bonita, mais confiante e segura da sua beleza. Além disso, faça o favor de me contar o que você fez para ter esse corpo perfeito? —perguntou brincando.
— Um pouco de disciplina para evitar o chocolate e ainda muitas horas de academia — falei a verdade.
— Eu nunca gostei de academia, mas se para ter um corpo igual ao seu? Eu teria que ir todos os dias malhar, talvez eu estaria disposta a começar — murmurou um pouco contrariada.
— O que acha de amanhã? Eu acabei de fazer matricula numa academia hoje e começarei amanhã — convidei querendo uma companhia para a academia.
—Tudo bem, vou pensar no seu caso, me mande o endereço e quem sabe. Nunca é tarde demais para começar.
— Eu também vou com vocês — gritou a outra garota no banco de trás do carro.
— Estou feliz de ter duas companhia para amanhã, meninas —disse sorrindo.
— Pronto, chegamos — anunciou a Bia estacionando e carro numa vaga perto da boate.
Descemos e eu arrumei o meu vestido no lugar, pois ele havia subido um pouco enquanto eu me movimentava para sair do carro. Eu não gostava de vestir roupas curtas, mas esse vestido ficou perfeito em mim, desde o dia que eu o experimentei na loja. Depois disso toda vez que eu queria curtir sem pensar nas consequências o usava, era como uma máscara, pois com ele eu me sentia livre, linda e sexy pra caramba.
Ele era preto e colado ao meu corpo, cobria apenas a minha bunda, se eu me abaixasse para pegar algo estaria nua. No entanto a parte de cima era mais conservadora, o vestido tinha apenas uma manga de um lado e um decote discreto, como eu havia falado antes, era sexy, sem ser vulgar.
Sabe aquela linha tênue entre os dois, pois bem ele estava exatamente no meio dela, e os sapatos de salto alto vermelho eram o toque final para completar o meu "look arrasador", como a Bia havia chamando mais cedo quando eu apareci na sua frente. As minhas companheiras de balada, também estavam lindas. A Bia usava um vestido tomara que caia nude e sapatos de saltos da mesma cor. A combinação ficou maravilhosa com sua pele mais morena e seus longos cabelos pretos. Enquanto a Renata usava uma calça jeans skinny e um cropped de crochê branco. Resumindo estávamos lindas e com certeza iriamos arrasar essa noite.
Entramos na boate depois que a Bia conversou com um dos seguranças, o lugar estava lotado e ninguém mais conseguiu entrar. Caminhamos devagar esbarrando nas pessoas no caminho, a música estava tão alta que precisei quase falar no ouvido do barman para fazer o meu pedido, saímos do bar e sentamos numa mesa que acabará de ser desocupada e assim que terminamos nossas bebidas, seguimos juntas para a pista de dança.
Porém, a Renata acabou encontrando um amigo e voltou com ele para a mesa, enquanto eu e a Bia seguimos até a pista onde tocava uma música eletrônica bem agitada. Dançamos juntas, pulamos sem parar e quando a Bia me deixou sozinha para pegar outra bebida, alguém passou a mão ao redor da minha cintura e me puxou para ao seu lado. Esbarrei imediatamente numa parede de músculos e olhei para ver quem estava me segurando daquele jeito.
Eu parei e fiquei admirando aquele pedaço de mal caminho na minha frente, seus olhos azuis acinzentados me chamaram atenção primeiro, mas o conjunto todo não podia passar despercebido de jeito nenhum. Seus cabelos eram loiros cortados rente à cabeça, estilo militar e seu rosto era quadrado e másculo, além de um corpo perfeito, malhado na medida certa para ser a tentação de qualquer mulher.
— Você quer dançar comigo? — sussurrou no meu ouvido com a voz mais sexy que eu já ouvi.
— Eu não danço com estranhos — respondi, ficando nas pontas dos pés para alcançar o seu ouvido.
— Não sou estranho, o meu nome é Lucas e sou o dono da boate — disse ainda segurando a minha cintura.
— Eu sou a Amanda, prazer em te conhecer — cumprimente estendendo a minha mão para que ele a segurasse.
— Pronto, agora não somos mais estranhos e podemos dançar. O que acha? — perguntou arqueando as sobrancelhas.
— Apenas uma dança — concordei sorrindo.
Ele sorri de volta e me puxa para mais perto, a música Aftertaste do Shawn Mendes, começou a tocar e eu imediatamente me lembrei de outra pessoa, as letras pareciam conversar comigo contando exatamente como eu me sentia há um longo tempo atrás, ignorei as minhas lembranças inúteis e curti o momento ao lado do Lucas. Na verdade, ele estava curtindo bem mais do que eu, já que esqueceu que estávamos apenas dançando e não tentando transar na pista de dança.
Resolvi frear um pouco sua mão boba e sua boca que insistia em ficar colada no meu pescoço. Mas ele era tão perfeito que não tive forças para ficar afastada tanto tempo assim e a música ainda tocava, portanto eu não tive saída a não ser curtir o momento.
— O que acha de sairmos daqui? — perguntou num tom de malicia que mostrava exatamente o que ele gostaria de fazer comigo.
— Eu acho uma boa ideia — respondi sorrindo e entendendo perfeitamente a sua intenção por trás desse convite.
— Tudo bem, mas antes de ir eu preciso te apresentar para os meus amigos — disse apontando para uma mesa cheia de rapazes, sentados bebendo suas cervejas.
— Sem problemas, bonitão — disse balançando minha cabeça indicando que não tinha importância uma parada antes de ir.
Saímos da pista de dança em direção à mesa dos seus amigos, passei as mãos no meu cabelo, arrumando um pouco e quando cheguei perto da mesa, quase cai dura no chão. Minhas mãos tremiam e minhas pernas ficaram bambas ao ver na minha frente a última pessoa do mundo na qual eu desejava me encontrar novamente.
— Amanda esses são meus amigos: Pedro, Guilherme, Ricardo e por último mais não menos importante meu melhor amigo Brian — falou o Lucas apontando para os homens sentados na mesa. Porém, quando ele mostrou o Brian e olhamos um para o outro, apesar do tempo e a distância nós reconhecemos imediatamente. Ficamos nos encarando sem saber o que dizer, ele não se parecia em nada com o garoto que eu namorei anos atrás, seu corpo e músculos tinham dobrado de tamanho, seu cabelo estava maior e seu rosto deixou de ser de um adolescente para se tornar um homem, ficamos parados ainda se encarando até que tomei a iniciativa e me apresentei.
— Olá, eu sou a Amanda e é um prazer conhecer vocês. Porém, esqueci que tenho um compromisso amanhã bem cedo e preciso sair agora — disse sem olhar para o Brian nenhuma vez.
— Você não pode ir embora desse jeito — reclamou o Lucas surpreso.
— Podemos conversar, outra hora. Agora eu preciso ir — disse tirando a mão dele da minha cintura e saindo dali antes que o Lucas viesse atrás de mim, ou pior ainda o Brian resolvesse falar alguma coisa em vez de me comer com os olhos.
Mais um capítulo e ai o que vocês estão achando? Vamos lá não fiquem acanhados e comentem. Esse é um conto bem polêmico.
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