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10 - Confissão

Mai e Maki estavam sentadas enquanto a estilista separava e mostrava os últimos ajustes feitos nos Kimonos das noivas. O casamento seria no dia seguinte. Mai, de certa forma estava empolgada, ela tinha tido relacionamentos como Aoi Todo, mas o cretino havia a trocado por uma idol. Casar-se com Kazumi seria a chance de recomeçar.

-Olha Maki, essa estampa. Vai ficar lindo em você.

-Como pode estar tão feliz? Isso tudo é uma farsa!

-Maki, não tem como fugir disso.

-É mesmo? Eu preferia a morte...

-Então morra de uma vez Maki. Amanhã já é o casamento.

-Eu não posso. Não ainda. Tenho algo que mantém viva.

-Tá falando daquele seu namoradinho covarde?

Maki segurou Mai pelo braço e apertou com força.

-Nunca mais o chame de covarde!

-Maki aceite seu destino.

-Aceite o seu Mai, e seu marido gay.

-Desde que ele cumpra o acordo não estou nem aí. Fica até mais fácil.

-Você é mesmo uma cretina, como pode viver assim?

-A dificuldade só deixa nós mulheres mais fortes. Um dia você vai entender.

Maki soltou Mai e saiu pisando duro. Odiava o cinismo de Mai e a forma como ela simplesmente simplificava tudo. Ela era obediente e dedicada à família. E mesmo que ela soubesse que Maki tinha razão. Ela não tinha coragem de dizer não.

O dia do casamento dos irmãos chegou. Ichiro se arrumava pensando na decepção que teria. Enquanto isso, Kazumi se arrumava com o coração doendo. Em algumas horas estaria casado com uma mulher que não amava, enquanto sonhava todos os dias com o sobrinho dela.

E ele estaria em seu casamento.
Kazumi ensaiou tantas vezes o que dizer a Megumi. E nunca teve coragem. E agora seria tarde demais para isso.
Ele ouviu as batidas na porta.

-Entra.

-Sou eu Kazu.

-Haru? Você já chegou.

-É eu acelerei o Satoru. Ele normalmente se atrasa muito.

Kazumi riu, mas não disfarçava a tristeza..

-Kazu...

-Eu tô tentando Haru. Sério. Tô tentando mesmo. - Kazumi começou a chorar.

-Kazu, eu não quero que você também passe por isso. Eu estou cansada disso. No fim, só a Misaki teve escolha...

-E todos nós estamos pagando por isso.

-Não a culpe Kazu. A Misaki estava tão perdida quanto nós e independente se estivesse aqui. A gente teria o mesmo destino.

-Haru, eu amo o Megumi. E dói só de pensar nisso.

-Ah, Kazu! - Ela abraçou o irmão enquanto ele chorava.

-Desculpa!

Uma voz familiar entrou sem jeito pela porta. Vestido de terno de maneira elegante.

-Megumi? - Kazumi se assustou.

-Eu interrompi vocês me perdoem.

-Não! Eu já estava de saída.

-Haru, vem cá.

-Converse com seu amigo Kazu. Vai ser legal. Logo você vai se casar e talvez não tenham tempo.

-Haru!

A jovem se afastou deixando os dois a sós. Ela queria que Kazumi conseguisse se confessar. Dizer os reais sentimentos que tinha por Megumi.

-Tá tudo bem Kazumi?

-Eu tô... meio nervoso por assim dizer.

-O dia do casamento é bem tenso né? E você ainda é tão novo.

-Pois é.

-Mas, a Mai é legal. As vezes.

-É só uma obrigação. Nossas famílias.

-Vantagens de ser um bastardo.

-É.

-Mas, eu vim aqui ver como você estava. O casamento vai ser agora mesmo... eu vou indo.

Megumi se afastou em direção à porta. Kazumi pensou em um milhão de coisas para dizer a ele. Havia ensaiado tantas vezes! Mas, naquele momento as palavras fugiram de sua mente e a única coisa que conseguiu dizer foi.

-Fica. - Ele disse segurando o braço de Megumi.

-O que foi?

-Eu preciso te dizer uma coisa que talvez eu nunca mais tenha oportunidade de dizer.

-Está me assustando.

-Megumi Fushiguro, eu amo você.

-Beleza cara. Eu também te amo. Eu acho. Você está todo estranho. Deve ser o casamento.

-Não. - Kazumi se aproximou de Megumj e lhe deu um beijo rápido no lábios. - Eu te amo. De verdade.

Megumi ficou parado sem entender nada. Quase em choque com a situação. Kazumi ficou esperando uma resposta. Como se o que ele dissesse o impedisse de ir adiante.

-Isso... É uma brincadeira? - Megumi disse se afastando.

-Não. Jamais brincaria com algo assim.

-Qual é Kazumi? De onde você tirou isso?

-Megumi, eu tô falando sério. Eu te amo como homem!

-Não! Espera! Eu...

-Megumi, eu sou gay ok? Eu estou tentando lutar contra isso desde que me lembro. Mas, não consigo mais fingir com você...

-Olha Kazumi, você vai casar agora mesmo. Com a minha tia. Você não devia ter feito isso agora.

-Mas...

-Eu preciso ir.

-Megumi.

-Eu tenho muita coisa para pensar... parabéns pelo casamento.

Megumi saiu levando às mãos as têmporas. Tanta informação o deixou desnorteado. Kazumi sabia que isso poderia acontecer. Mas, quando aconteceu ele ficou desolado. E agora não tinha mais nada para fazer a não ser se casar.

Ele saiu cabisbaixo e se encontrou com Ichiro na sala de espera. Aguardando as noivas. Kazumi estava com os olhos inchados e vermelhos, mas Ichiro não quis perguntar. Mai chegou vestida com um Kimono branco com detalhes roxos e segurou a mão do futuro marido, que deu um sorrisinho seco.

Ichiro ficou olhando para a porta na esperança de Maki chegar. A jovem veio com os ombros caídos e um olhar de fúria, vestindo um kimono branco com detalhes verdes. Ichiro estendeu a mão e ela lhe retribuiu com um desprezo notável e seguiram os quatro para fora. Um casamento duplo iria mesmo acontecer.

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