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II 2.5 Liam

Apesar do céu pálido, uma brisa gelada balançava os pinheiros e Bia arrumou o casaco felpudo envolta dos braços. Provavelmente, aquela não era a melhor roupa para esse passeio matutino. Além do grande casaco de pelos, usava um leve vestido rosa claro, bordado com miniflores vermelhas. Suas botinhas esmagavam as plantas secas enquanto elas adentravam na mata, fazendo barulho. Ao seu lado, Serena caminhava tranquilamente, usando um vestido igualmente inapropriado para a tarefa: era azul claro, sua cor favorita, e sua saia de tule quase pregava nas raízes das árvores.

Caminharam em silêncio por mais de dez minutos, os olhares atentos. A cada sinal de uma planta conhecida, Bia parava, observava de perto, cheirava. Quando encontrava algo promissor, tirava um raminho e jogava em uma cesta que trazia ao lado do corpo. Não tinha tanto conhecimento quanto Leila e ainda era uma aprendiz, mas algumas ervas e plantas eram fáceis de encontrar e, sabendo a dosagem certa, poderiam ser úteis enquanto estivessem na fortaleza. Antes de partirem da Ilha, Leila a havia instruído a procurar por plantas típicas da região, que poderiam testar.

Com o tempo frio de Shailaja e a vegetação bem diferente da Ilha, as esperanças de encontrarem algo útil não eram grandes, mas, depois de uma hora andando na mata fechada, Bia avisou uma flor laranja, no formato de um girassol minúsculo, que crescia embaixo de um pinheiro. Essa ela conhecia bem, e, colhendo o máximo que coube na cesta, apressaram o passo de volta à fortaleza.

- Acho que temos o suficiente para fazer um unguento... Eu precisaria de um pouco de erva-doce azul, aquela que mandamos vir de Hiwot. Será que conseguiríamos um pouco aqui? – questionou Bia, quando já passavam pelas cocheiras.

- É perto o bastante... Se não me engano, ela cresce em regiões da orla, não é mesmo? – perguntou Serena.

- Isso mesmo! Quem sabe, em um próximo passeio, podemos buscar diretamente nesses ramos que crescem quase na areia...

As duas seguiram pelos corredores frios e entraram no salão Mavi. Largando a cesta em uma poltrona, Bia se precipitou rapidamente para a lareira e aproximou as mãos para se esquentar. Já estava perto da hora do almoço e o salão estava cheio de criados que preparavam a mesa. Acompanhada de Serena, aconchegou-se perto do calor e informou a uma criada que almoçariam no salão com os outros. Mal tomara café da manhã e seu estômago roncava de fome. Pediu, ainda, que ela trouxesse alguns pãezinhos enquanto aguardavam.

Serena riu baixinho de sua fome descontrolada. Depois indicou com o olhar o outro lado do salão, onde Christine jogava cartas com Rariff e Blake. Apesar da baixa temperatura, o vestido deixava seus braços à mostra e ela não parecia precisar de um casaco. Bia procurou pelo restante do salão, mas não viu Hannah e imaginou que fosse almoçar no quarto. Um trovão ecoou e ela percebeu que um temporal começara a cair do céu cinzento.

- Será que os dias aqui serão sempre assim? – perguntou, cabisbaixa.

- Ora, espero que a senhorita não desista de sua estadia, por causa do mau tempo.

Liam Roparzh a encarava com um olhar divertido. Suas roupas estavam encharcadas e a camisa branca colava em seu corpo. Seus cabelos longos e loiros estavam molhados e ele espalhou água pelo salão enquanto os secava com uma toalha. Bia sabia que ele falara com ela, mas não se lembrava o que dissera. Sentindo-se tola, sorriu educadamente.

- Roparzh! Tirou a manhã para um mergulho? – perguntou Blake, se aproximando.

- Estava com Winoc, quando a chuva caiu... Tivemos que interromper o treino mais cedo, mas acho que estou feliz de estar de volta ao Mavi – respondeu Liam, com uma piscadela para Bia, que sentiu as bochechas quentes. Maldição. Ela havia sido avisada sobre esse tipo, antes de sair da Ilha. Gaetana, inclusive, a chamara em particular para alertá-la sobre os perigos de homens como este. Namoradores, como definira. E Liam era um notório namorador. Se envolvia com as damas da corte de Rariff, depois enjoava de suas companhias e as deixava com os corações partidos. Antes de chegar à Shailaja, Bia achava que não corria perigo, mas agora que ele estava à sua frente... Liam era alto, seus cabelos loiros tinham uma cor que lembrava mel, mas seus olhos eram profundamente castanhos. Estava apoiado no bar, de modo displicente, enquanto continuava a passar a toalha pelos cabelos molhados. Ostentava um olhar divertido e um sorriso casual que davam a ele um ar travesso.

Instintivamente, encarou as mãos. Depois, pensou, assustada, que estava encarando há tempo demais. Apesar de Hannah ser mais jovem, Bryanna era tratada como a caçula entre as quatro da Ilha e elas eram muito protetoras entre si. No entanto, desde que chegara a Shailaja, compreendera que não era mais a menininha do grupo. Percebia, pela primeira vez, que chamava atenção. Não era assim em casa. Na Ilha, estavam sempre com Luc ou Damien. Além disso, todos os homens ali a viram crescer. Ela achava que não tinham percebido nenhuma diferença porque não havia uma. Mas agora pensava que, talvez, eles fossem incapazes de vê-la de outra forma. Pois, ali, em Shailaja, era diferente. Poderia ser notada.

Roparzh e Blake sentaram-se nas poltronas à sua frente e ela ergueu o olhar para Serena, buscando orientação. Encontrou seus enormes olhos azuis, estudando-a.

- O que acham de uma partida de cartas enquanto aguardamos o almoço? - propôs Blake, aguardando um sinal para distribuir as cartas.

Os lagos azuis de Serena se demoraram mais um instante nela, porém, para sua surpresa, ela se levantou.

- Agradeço o convite, mas, com esse vento, precisarei buscar um casaco. Porém, devo alertá-los sobre Bryanna. Parece inocente, mas pode ser muito trapaceira...

Com um sorriso no rosto, Serena se foi, deixando-a sozinha com os dois. Bia compreendeu imediatamente que ela estava lhe dando carta branca para agir como bem entendesse.

- Ora, eu jamais diria que a senhorita seria capaz de trapacear em qualquer coisa! - comentou Liam, empolgado, enquanto Blake distribuía as cartas.

- Por que diz isso, senhor?

- Apenas porque a senhorita parece muito inocente... - disse Liam, com um ar divertido. Ele realmente era ousado.

- Está enganado - rebateu Bia. O comentário de Serena era verdade. Sempre achara jogos de cartas extremamente tediosos. Porém, se fosse capaz de trapacear e enganar a todos... Aí sim, o jogo poderia entretê-la. Luc a compreendia totalmente e, como um irmão mais velho, havia ensinado todos os seus melhores truques. Graças a ele, Bia tinha uma mão leve, sabia blefar e como distrair seus oponentes. Determinada, decidiu que mostraria a Roparzh e Blake com quem estavam jogando.

***

Mais uma lição com Sra. Véronique Ainsley. Por mais que lembrasse da sua obrigação com o disfarce, não conseguia evitar o mal-estar. Sentia que estava criando uma inimiga para toda a vida. A tutora Ainsley era uma amante das artes. Com certeza, conhecia a cultura dos palacianos e a fama das mulheres da linhagem Maël. No entanto, Hannah a desapontava a cada novo encontro. Era razoável que uma jovem criada em uma fazenda não soubesse dançar ou cantar. Mas Véronique não parecia nem um pouco satisfeita. Pelo jeito, ela imaginara que Hannah estaria aberta às lições e que, com pouco esforço, poderia ajudá-la a despertar o talento que viria do berço. Mas a rani se recusava terminantemente a aprender ou mesmo a tentar. Tinha que ser assim, uma vez que era tudo mentira.

Hannah amava dançar e, desde que completara 15 anos, Eméline permitira que assumisse as lições das meninas pequenas na Ilha. Também era capaz de cantar, como todo palaciano. Porém, apesar de seus talentos artísticos, não se considerava uma boa atriz. E naquela encenação da vida real poderia se sair ainda pior do que nos palcos. Como fingir que não sabia dançar, uma vez que conhecia os passos perfeitamente? Como desafinar do início ao fim, quando cantava desde criança? Ela temia que, se tentasse, pudesse parecer falsa. Se deslizasse por um momento, poderia entoar uma nota perfeita e perder o rumo.

Por isso, permanecera sentada durante toda a primeira lição de dança, alegando que não tinha interesse em aprender a dançar. E agora, preparava-se para o segundo embate com a tutora, quando anunciasse que não cantaria. A lição acontecia em um amplo teatro, com cortinas de veludo azul escuro, poltronas de couro e um rico lustre de cristal.

Hannah já ouvira falar sobre esse lugar. Poucas pessoas sabiam o que realmente era ensinado na Ilha, mas era notória a fama de sua trupe de teatro. Todos os anos os melhores bailarinos, cantores e atores da Ilha saíam com a trupe para encenar peças e musicais famosos pelas regiões. Eram talentosos, extremamente bem-treinados e, por isso, um grande sucesso entre os reinos. Raoul usava a trupe como desculpa para enviar infiltrados em missões delicadas. Todos os anos a trupe apresentava uma peça em Shailaja, então Hannah já ouvira relatos sobre o grande teatro dentro da fortaleza. Realmente, era belíssimo. Conhecer Shailaja e esse lugar sempre fora um desejo latente, que ela escondia no fundo de sua mente. Apesar de talentosa, nunca participava de qualquer peça. Eram outras pupilas que representavam a trupe. Raoul jamais permitiria que pisasse em um palco fora da Ilha. E mesmo na Ilha, ele apenas deixava que o fizesse para que melhorasse seu desempenho. 

As mestras usavam a dança e o canto para ensinar seus hayas a canalizar a energia de forma correta. A disciplina e o controle corporal eram essenciais para evitar que a energia saísse do controle. Era tudo o que importava para Raoul. Apesar de ser conhecido pela qualidade da trupe, todos na Ilha sabiam que odiava arte e mal conseguia passar cinco minutos assistindo qualquer apresentação.

- Meninas, boa tarde. Vamos começar com alguns exercícios de respiração e aquecimento de voz. Formem um círculo aqui no meio - instruiu a Sra. Ainsley, alisando o vestido preto com as mãos finas.

Hannah observou enquanto as calouras subiam para o palco e se posicionavam. Permaneceu sentada confortavelmente em uma das poltronas do auditório. Verónique a olhou com o habitual desprezo e se dirigiu a ela, descendo os degraus para o local da plateia.

- Srta. Maël, está esperando algum convite especial para se juntar a nós?

- Não posso me juntar a vocês, Sra. Ainsley - começou Hannah, sentindo-se péssima.

- E posso saber por quê?

- Não sei cantar...

- Preciso explicar, novamente, o conceito de uma lição para a senhorita? Nenhuma dessas jovens sabe cantar. Isto se trata de uma lição na qual vão aprender. Agora, posicione-se com as outras.

- Por favor, Sra. Ainsley...

- Me dê um bom motivo para dispensá-la, Srta. Maël.

- Eu...

- E então? Não tenho o dia todo.

- Ahn... Sra. Ainsley, não posso me juntar as outras, porque tenho pavor de apresentações em público - improvisou Hannah.

- Como há de saber, Srta. Maël? Por acaso já se apresentou alguma vez? - perguntou Ainsley com deboche.

- Sim - respondeu Hannah: - Não me recordo muito bem... Era muito nova.

Para sua surpresa, seus olhos ficaram úmidos e ela encarou com firmeza a Sra. Ainsley, que agora estava pálida. Hannah sabia que apelara para uma memória distante, mas o truque funcionou.

- Srta. Maël... Vou dispensá-la por hoje, mas saiba que não vou desistir de sua formação - determinou a Sra. Ainsley, retomando a compostura: - Nenhuma de minhas pupilas deixa Shailaja sem ser uma dama perfeitamente adequada. Nós duas ainda temos um longo caminho pela frente.

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