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II 2.2 Sozinha

Apesar da noite mal dormida, Hannah despertou com o amanhecer. Acostumada a acordar cedo na Ilha, a essa hora teria iniciado sua cansativa rotina de treinos e reuniões. Ali, no entanto, não havia o que fazer tão cedo. Ela se espreguiçou na larga cama e lentamente observou a sua volta, aquecida pelos pesados cobertores de lã que encontrara nos armários no meio da noite. Os primeiros raios de Amandeep já surgiam, mas nuvens pálidas os encobriam e ela pensou que o dia seria cinzento – e frio.

Se preparou para abrir a velha mala que Leila preparara. No interior, encontrou três vestidos longos e simples que jamais vira antes. Os tecidos eram pesados e as costuras quase rústicas. As cores eram neutras: cinza claro, azul marinho e bege. Um vestido bege! Leila estava realmente comprometida com a missão de evitar qualquer atenção. Se houvesse um vestido que a deixasse transparente, ela o enviaria, com certeza. Melhor assim.

Decidida a entrar no personagem, Hannah escolheu o vestido bege. Vestiu até a cintura e se observou no espelho. Tirou da mala um fino cinto de couro e o envolveu um pouco acima do umbigo. Ele continha um pequeno compartimento de couro, com duas fitas na ponta. Ela passou as mangas do vestido pelos braços e, encontrando um botão interno, passou as fitas por ele para que o compartimento ficasse de pé. Isso não fazia parte do disfarce pensado por Leila. Caminhou pelo quarto e pegou a pequena adaga na mesinha ao lado da cama. Podia ser curta e delicada, mas sua lâmina era afiada. Ornamentada com ouro e com um cabo de madrepérola verde, era um dos objetos que estavam na caixa que sua mãe enviara para a Ilha pouco antes de morrer. Com um movimento rápido, deslizou a adaga pelo decote, encaixando-a perfeitamente no pequeno compartimento.

Não era o local mais confortável para portar uma arma letal, mas os guardas de Shailaja não poderiam saber que andava armada. Se percebessem, pensariam que atentaria contra a vida de Rariff e seu disfarce estaria exposto. No entanto, ela não andava desarmada. Nunca. Não precisava de armas para se defender, mas sabia que uma ação rápida com uma lâmina resolvia problemas de forma mais sutil. Era para isso que treinava tanto. Evitava ao máximo expor o que era capaz de fazer.

Deu uma última olhada no grande espelho de bordas prateadas. As habilidades de Leila eram realmente impressionantes. Definitivamente, era uma jovem palaciana. O tom dos cabelos, a cor da pele e a estatura estavam corretos. Porém, era impossível se reconhecer. Resolveu procurar algo para comer. A viagem fora tão conturbada que só agora ela se dava conta de que não comera nada desde que deixara a Ilha. Saiu do seu quarto e desceu as escadas despreocupada. Pensara que ninguém estaria acordado àquela hora, mas assim que bateu os olhos no salão viu que estava errada.

Assim como os quartos, o Salão Mavi também ostentava sua própria sacada. A varanda comprida acompanhava as pilastras e a vista dava para a praia de Shailaja e o costão de pedra. Ela observou enquanto o homem sentado em uma das cadeiras virava a folha de uma comprida carta. Estava de costas, mas ela identificou os cabelos pretos, a pele mais bronzeada pelos verões vividos em Palacianos, as costas largas.

Noa havia se tornado um homem diferente do que ela imaginara. Quando o vira pela última vez era um menino magrelo. Hoje, estava tão alto, tão sério. Ele lia a correspondência sozinho. Ela vasculhou o salão. Ninguém mais acordara. Rariff não parecia ter percebido sua presença, então ela poderia se virar devagarzinho e subir novamente... Mas não deu tempo de colocar esse plano em prática. Antes mesmo de começar a se mexer, uma moça entrou esbaforida pelo salão, prendendo os cabelos em um coque às pressas.

-          Senhora! Muito bom dia! Não imaginava que acordava tão cedo, mil perdões pelo atraso.

A jovem arfava, suas bochechas redondas assumindo um tom cada vez mais avermelhado, mas trazia um grande sorriso no rosto e olhava diretamente para ela.

-          Hã... Bom dia... – Agora Noa havia se virado e a encarava. Maldição. – Sou Hannah Maël - disse à jovem.

-          Ah! Mas é claro, senhorita! Eu sou Berta, sua criada pessoal - informou a jovem, parecendo muito satisfeita.

Uma criada só para ela? Para quê?

-          Minha criada? – repetiu Hannah.

-          Sim, senhorita! Estou aqui para servi-la e ajudá-la em absolutamente tudo que precisar.

Hannah olhou desconfiada para a jovem rechonchuda. Não devia ter mais de 20 anos, seus cabelos eram de um tom loiro acinzentado e estavam presos em um coque displicente, que deixava seus cachos escapulirem ao redor do rosto redondo e sardento. 

-          Como soube que eu estava acordada? – perguntou Hannah.

-          Ah! Temos sininhos amarrados às portas dos quartos, senhorita. Assim, sabemos quando se levantam pela manhã.

Pelos deuses, sininhos! Era bom saber. Ela arriscou um olhar para Noa. Ele continuava observando a situação sem interferir. Parecia sério, mas Hannah achou que havia notado interesse no seu olhar. Estaria se divertindo às custas da ignorância dela? Tentou se recompor e começou a descer a escada.

-          Bom, senhorita Berta, é um prazer conhecê-la. Peço que me desculpe, não estou acostumada a ter uma criada.

-          Ah!

Podia jurar que Noa arregalara os olhos. Realmente, para quê essa sinceridade toda? Vou consertar isso, pensou, se aproximando da criada.

-          Estou em busca de algo para comer.

-          É claro! O que gosta no café da manhã? - perguntou Berta, parecendo feliz em ajudar. – Trarei bolinhos, sucos, pães, frutas e fique à vontade para fazer qualquer pedido especial.

-          Não, parece ótimo... Gostaria de um café forte, por favor - acrescentou baixinho.

Enquanto Berta se retirava, ela observou o ambiente com atenção pela primeira vez. O chão de mármore escuro era coberto por tapetes felpudos, que formavam desenhos cinzas e azuis por onde andava. As paredes de pedra cortavam a brisa fria que entrava pelas portas abertas que davam para a sacada. As lareiras espalhadas pelo salão estavam apagadas. À direita da escada, havia uma mesa de jantar comprida, com ao menos vinte assentos, mas esta agora estava vazia. Em frente a cada lareira, sofás e poltronas de couro caramelo estavam dispostos de forma aleatória, entre mesas de madeira com candelabros de prata. No lado oposto à escada, no final do salão, um grande bar de madeira trabalhada ostentava mais copos de cristal do que podia contar, mas ela percebeu que não havia qualquer bebida nele. Em frente ao bar, no limiar que dividia o salão da sacada, estava a primeira mesinha circular, com duas cadeiras. Elas seguiam dispostas uma atrás da outra, acompanhando as curvas do salão, até a mais próxima da escada, onde Rariff estava sentado, sua atenção de volta à carta em suas mãos. 

Reprimiu a vontade de sentar-se o mais distante possível, na mesa ao lado do bar. Caminhou pelo salão com os olhos voltados para o chão, percebendo que o mármore não era negro, mas azul escuro, como a safira no dedo de Rariff. Quando estava a pelo menos duas mesas de dele, calculou que aquela era uma distância educada e sentou-se, puxando a cadeira de forma que pudesse olhar o mar. Pelo canto do olho, viu que Rariff seguia lendo a correspondência e praguejou mentalmente por não ter levado nada em que se concentrar. Só eles dois estavam no salão. Pensou que era quase possível sentir a tensão no ar. Mas podia ser impressão, não é? Noa provavelmente teria mais coisas em sua mente... Afinal, apesar do drama acerca da inimizade entre seus clãs, ela não era uma ameaça. Portanto, não era uma preocupação. Não era nada.

Hannah ainda listava na cabeça os motivos pelos quais ele não estaria incomodado com sua presença, quando percebeu Noa abaixar a sua carta lentamente... Num movimento abrupto, ele se levantou e caminhou em sua direção.

- Srta. Maël, como está se sentindo nesta manhã?

- Muito bem... – respondeu baixinho. Por que estava falando tão baixo?, pensou. Claro que era uma caipira e nunca debutara na sociedade, mas precisava parecer tão tímida? – Obrigada - completou com mais firmeza.

- Quero que saiba que coloquei meus melhores homens à procura desses criminosos.

Ele mirava diretamente seus olhos e ela lutava para manter o contato. Por algum motivo, se sentia intimidada. Seria pelo peso dos segredos que escondia?

- Obrigada - respondeu novamente.

Por fim, foi ele quem desviou o olhar. Seus olhos pousaram na cadeira à sua frente. Ele franziu a testa rapidamente, parecendo confuso, mas quando ela pensou que iria se sentar, disse apenas:

- Tenha um bom dia.

Hannah observou enquanto ele se afastava. Seu modo de andar era decidido e rapidamente subiu as escadas. Quando a criada apareceu com o café da manhã, tentou parecer alegre. Era uma sensação estranha. Mas sempre se sentia assim quando precisava interpretar um personagem. Principalmente, um personagem como aquele. Leila e Gaetana queriam que parecesse frágil, tímida, inofensiva, que não chamasse atenção. Esse era o principal objetivo por trás do disfarce. Não vou chamar atenção, pensou.

Elas sabiam muito bem que esse era o ano da Cerimônia. Haveria uma grande pressão para a formação de casais. Era fato notório que desposar Hannah Maël não seria uma boa estratégia para nenhum herdeiro. Afinal, qualquer um que se aproximasse dela poderia ser considerado um inimigo dos Rariff. E quem iria querer isso, não é mesmo? No entanto, Hannah sabia que não era bem assim. Não faltavam propostas. Já recebera e rejeitara pedidos de casamento. Porém, ali estava a nobreza que cercava os Rariff e a possibilidade de receber qualquer proposta era nula. Mas, mesmo assim, era melhor não arriscar.

- Não conseguiu dormir?

Era Bia, descendo as escadas. Ela olhou para os lados antes de responder.

- Não, tive uma insônia terrível e agora estou tentando me animar com café...

- Sabe que damas da nobreza não bebem café, não é mesmo? – O que ela sabia era que Bia dizia isso apenas para provocá-la.

- Ah, que pena, então não poderá tomar uma xícara... No entanto, como sou criada em uma fazenda e estou acostumada com o serviço pesado, não vejo por que não teria esse hábito...

- Você se acha muito espertinha, não é mesmo?

- Já estão brigando? A essa hora? – Agora era Christine, que também descia as escadas com um sorriso leve, mas logo fechou a cara. – Vocês estão brincando, né? Se Gaetana visse essa cena, teria um ataque.

Bia já estava sentada confortavelmente, comendo os bolinhos que Berta trouxera. Pelo jeito, a criada dela não era tão eficiente...

- Vocês duas! Temos um disfarce! – disse com urgência.

- Mas ela tem bolinhos... – começou Bia com um muxoxo.

- Afaste-se já desses bolinhos, Bryanna! Sente-se aqui! – Ela apontou para outra mesa e sentou-se.

Chris sempre levava tudo tão a sério... Talvez fosse a melhor atriz entre elas. Emburrada, Bia se afastou e, quando Serena acordou, também se sentou com elas. Era o correto, afinal nem as criadas poderiam perceber que já se conheciam. Enquanto terminava o café, Hannah leu a agenda que Berta levara para ela. Haveria uma reunião para explicar o funcionamento de Shailaja às calouras. Como disseram que viera direto de uma fazenda, sem qualquer instrução, ela seguiria o cronograma das mais jovens. Já Chris, Bia e Serena declararam sua formação na Ilha e acompanhariam as damas de sua idade. Apenas Hannah teria lições com garotas de 15 anos. Ela duvidava que isso fosse o comum. Sabia de outras damas que frequentaram Shailaja com atraso e não integraram as primeiras turmas. Mas não seria assim com ela. E ela não era uma dama. Era uma mensagem, pensou. Gaetana a alertara. Enzo Yezekael fora bem-sucedido em organizar sua ida para Shailaja e logo concordara com Ür de que trazê-la era a medida mais sábia para protegê-la e impedir que seu ventre caísse em mãos erradas. Mas Ür não perderia a oportunidade de humilhá-la e mostrar a todos qual era o verdadeiro lugar dos Maël.

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