Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

I 1.10 Juramento

Liam correu os olhos pelo salão principal de Shailaja. Localizou Noa e Joshua sem dificuldade, estavam na mesa de sempre, quase no final do ambiente, ao lado da mesa dos tutores. A maioria dos nobres já estava acomodada no salão, que era de pedra, como todos os cômodos da fortaleza escura. A iluminação vinha de tochas que ardiam em cada pilastra e entre as janelas, que eram finas, porém longuíssimas. Ao final de sua extensão, elas formavam um cume afiado como as torres de Shailaja. Os vidros duplos eram fortes, protegiam o salão dos ventos e proporcionavam a vista da praia, mas àquela hora da noite, nada se via através deles. Suas superfícies geladas estavam embaçadas pela mistura de frio e maresia e elas refletiam fracamente o fogo das tochas, dando a impressão de que o salão estava repleto de chamas.

Até aquele momento, Liam jamais havia percebido como o reflexo do fogo poderia ser facilmente confundido com uma mulher. Principalmente, se essa mulher fosse ruiva. Por diversas vezes, pensou que avistara quem procurava, mas logo via que estava enganado. Era apenas mais uma chama brincando com sua expectativa. Decepcionado, caminhou entre as pesadas mesas de madeira até o final do comprido salão e sentou-se ao lado esquerdo de Noa. As mesas do salão principal acomodavam sempre oito pessoas, três de cada lado e duas na cabeceira. Todas estavam dispostas horizontalmente, exceto a mesa na qual se encontrava. A cabeceira de Noa ficava voltada para o restante do salão, o que permitia que tivesse uma ampla visão de todos os nobres. Liam sempre se sentava à sua esquerda, enquanto Joshua tomava à sua direita. Dessa forma, ninguém mais se aproximava do kaal. Esse era o seu desejo. Arriscou um olhar de esguelha para Joshua, que bebia um gole de vinho. Ele levantou as sobrancelhas rapidamente, voltando seu olhar para o salão. Todos os anos era assim. Mal entrava em Shailaja e o humor de Noa afundava, como uma âncora jogada em alto-mar.

- Por onde andava, Roparzh? Achei que estivesse logo atrás de nós – perguntou Joshua casualmente.

- Winoc me deteve. Queria já combinar o treino da semana – respondeu Liam, enquanto, com uma mesura, uma criada servia mais vinho na taça já vazia de Rariff, que estava jogado displicentemente em sua cadeira, com o cotovelo apoiado e a mão esquerda sustentando o queixo. Dois dedos cobriam sua boca e seu olhar, direcionado ao fundo do salão, parecia assimilar alguma informação que Liam não compreendia. Assim como as mesas, as cadeiras eram feitas de madeira pesada e escura, acolchoadas pelo mais fino couro tegalaanês, contornado por dezenas de tachas de prata envelhecida. A cadeira de Noa, posicionada bem no centro do salão, era mais alta que as restantes, pois seu encosto continuava em direção ao teto, terminando em um cume afiado como as janelas de Shailaja.

Tão afiado quanto o olhar de Rariff, pensou Liam, erguendo a sua taça, enquanto avaliava se aquele era um momento ruim ou péssimo para tentar aliciar o herdeiro para o time de combate, do qual ele era o capitão. Todos os anos, Liam fazia essa tentativa, apesar de já saber a resposta de Noa. Enquanto ele era o capitão e Blake jogava ao seu lado em quase todas as modalidades, Rariff evitava qualquer contato com campeonatos em geral. Como Liam sabia do que o amigo era capaz, sempre tentava atraí-lo para as competições, mas Noa estava convencido de que, na sua presença, qualquer jogo justo era inviável. Como era desconfiado!, pensou Liam. O Kaal afirmava que todos tinham medo de machucá-lo e, por isso, não combatiam com garra, tornando tudo fácil demais. Era incapaz de aceitar que, simplesmente, era melhor que os outros. Havia participado dos torneios em seu primeiro ano em Shailaja. Toda vez que ganhava, se irritava, sentindo-se favorecido. Porém, eram poucos que conseguiam derrotá-lo, então ficava frequentemente irritado. Por fim, decidira que treinaria sempre sozinho, ao lado de seus guardas, o que Liam achava uma grande bobagem. Se ele fosse o Kaal, aproveitaria ao máximo. De que adianta ser o herdeiro assim? Pelos deuses! Se ele fosse o herdeiro, desafiaria a todos e faria questão de ganhar todas as vezes.

Lá vamos nós, pensou Liam, quando ouviu a voz forte de Baldric Bradford, um jovem alto e sorridente, que cruzava o salão cumprimentando a todos. Quando se aproximou, fez uma rápida mesura em direção a Rariff e sentou-se ao lado de Liam, seguido por Matéo Rukmini, que acomodou-se ao lado de Blake. Bradford e Rukmini eram talvez os únicos a quem era permitida a honra de dividir a mesa com Rariff sem um convite apropriado. A outra cabeceira da mesa não seria ocupada para que a visão do Kaal ficasse livre. Ninguém se sentava à frente de Rariff. O único que o faria, em ocasiões especiais, não estava no salão nesse momento e Liam começou a se perguntar onde estaria Enzo Yezekael.

- As pessoas estão ficando loucas com essa paranoia de segurança aqui. Conta para eles o que você ouviu, Rukmini – começou Bradford.

- Parece que vão mudar todos de alojamentos. Ouvi o Theirn reclamando, falou algo sobre como ele mora nesse aposento há 20 anos, o ar na ala Oeste é mais não sei o quê, um monte de frescura. Mas enfim, vão tirar ele de lá. Parece que são medidas de segurança.

- Sabe, a Srta. Ainsley comentou no navio que fizeram vários investimentos durante o verão - lembrou Liam.

- Eu ouvi também que alguns recém-chegados estão vindo por causa da segurança. Supostamente aqui seria o lugar mais seguro de Adij Alim - comentou Baldric.

- Escreveram até que Hannah Maël viria para cá - introduziu Matéo, lançando um olhar furtivo para Noa.

Noa assentiu pesadamente, dando mais um gole em seu vinho. Ele não esquecera. Desde que entrara no navio estava à procura dela. A cada nova jovem que via avaliava se podia ser ela. Apesar da procura incessante, ao mesmo tempo não queria encontrá-la. Também não queria ser pego desprevenido. Como estaria hoje? Deixou os olhos vagarem pelo salão mais uma vez, à procura. Eram poucos os rostos desconhecidos. Naquele momento, as três jovens que vira no navio entraram no salão e se acomodaram logo no início, à esquerda. Noa calculou que, entre os desconhecidos, apenas elas teriam a idade similar a Hannah Maël.

Como já haviam debatido exaustivamente, uma delas era, claramente, a gêmea de Sybilla, e, portanto, muito loira, alta e alva para ser uma palaciana. A segunda era tão ruiva quanto se podia ser, com longos cabelos presos em um caprichado penteado e grandes olhos verdes que saltavam numa pele salpicada por sardas. Ele sabia que Hannah Maël não era nem ruiva, nem tinha olhos verdes. Os palacianos eram conhecidos como os filhos de Anandi, pois tinham seus cabelos longos e castanhos como o pelo de Aamadu. Portanto, ela também não poderia ser a terceira jovem, cujos cabelos eram negros como a noite e curtos, balançando acima dos ombros, algo que ia contra os costumes palaciano. O tom de pele também era errado, era clara demais, além de muito alta. Era de conhecimento público que Hannah Maël era pequenina como a maioria das palacianas. Como Merab, pensou Noa por um momento.

- Estou faminto - comentou Joshua.

- Ainda tem essa apresentação toda... - reclamou Matéo.

Os tutores conversavam animados, mas Noa percebeu que o Sr. Yezekael não estava entre eles. Era estranho. Ele nunca perdia o jantar de boas-vindas. A Sra. Véronique Ainsley se levantou e pediu a atenção de todos em sua voz fina, que ficava ainda mais esganiçada quando tentava falar alto. Usava uma veste preta, que realçava sua magreza quase esquelética. Os cabelos, que um dia foram loiros, agora eram praticamente brancos e estavam presos em uma trança que rodeava um coque apertado no alto da cabeça.

- Senhores, um minuto de atenção. Sejam bem-vindos a Shailaja. O Sr. Yezekael teve um pequeno atraso. Por isso, vamos começar a apresentação dos recém-chegados. Antes disso, porém, uma observação. Os senhores com certeza ouviram sobre as mudanças. Passamos o verão reforçando a segurança no interior de nossas terras. Por isso, fizemos alterações nos seus aposentos... – Houve uma reclamação geral, que interrompeu a senhora Ainsley por alguns segundos, obrigando-a a atingir agudos ainda mais altos. – Senhores... Por favor, senhores... Os seus servos estão com a lista atualizada dos aposentos e quartos. Agora, por favor, vamos à apresentação dos calouros.

Como aquele era um local da nobreza, muitos já se conheciam. A apresentação era apenas uma formalidade. No entanto, esse ano seria diferente. Alguns rostos eram completamente novos. Quando seu nome fosse chamado, o novato deveria se levantar, a senhora Ainsley faria uma pequena apresentação e o calouro responderia com um juramento. Geralmente quem introduzia os nobres era o próprio Sr. Yezekael. Noa se remexeu desconfortavelmente na cadeira. Onde estaria?

- Mabel Narayama... - Uma menina se levantou. Tinha os cabelos loiros e encaracolados presos em um rabo de cavalo e grandes bochechas rosadas – Primeira filha do Duque de Narayama, de Palacianos.

- Eu... Eu prometo cumprir as regras de Shailaja e da Cerimônia - disse a menina, visivelmente constrangida. Depois, fez uma mesura em direção a Noa e sentou-se.

- Samuel Bradford, quinto filho do Lorde de Bradford, de Adij Rariff – Era mais um irmão de Baldric. O menino se levantou rapidamente, fez o juramento com firmeza, seguido de uma profunda mesura na direção de Noa. Com certeza praticou em casa, pensou.

Enquanto a apresentação dos calouros seguia, Noa olhava para os lados à procura de Hannah. Definitivamente, nenhuma das jovens naquele salão lembrava ela. Será que viria mesmo? Poderia ter sido apenas um boato... Seria bem estranho para ser verdade mesmo. Para que ela iria frequentar Shailaja? Não morava em uma fazenda? Às vezes queria arrumar um marido... Era isso que diziam. Afinal, não tinha mais terras, nem herança, mas era a última descendente de uma linhagem milenar. Sua família construíra um reino muito poderoso, próspero. Ao mesmo tempo, quem ousaria desposá-la? Aquilo poderia ser considerado uma afronta aos Rariff... Poderia ser considerado uma tentativa de retomar Palacianos...

Começara a apresentação dos mais velhos. Geralmente, era raro um novo morador com mais de 16 anos. Mas com a insegurança provocada pelos insistentes rumores de guerra, famílias de todas as regiões se sentiam mais confiantes mantendo seus herdeiros em um local protegido. E Shailaja era esse lugar.

- Délia Blake... – Agora uma mulher se levantara. Devia ter uns 20 anos. Noa conhecia Délia, era viúva de um primo de Joshua. Havia se casado ainda com 17 anos e, por isso, frequentara Shailaja por um breve período. O marido havia morrido há dois anos e, com as ameaças de guerra, a família achou que estaria mais segura ali. Ela fez a mesura na direção de Noa e acenou rapidamente para o primo.

- Christine Gwenaël, filha do Duque Gwenaël de Adij Rariff – anunciou a Sra. Ainsley. A moça de pele alva e cabelos muitos negros se levantou.

- Christine... - repetiu Joshua. – Você sabia que ela vinha, Roparzh?

- Ah, minha mãe comentou algo, sim – respondeu Liam, olhando para baixo. Noa vasculhou sua memória. Então, aquela era Christine Gwenaël, filha do Duque de Gwenaël, e prima de Liam.

- Mas... Ela não estuda naquela Ilha maluca? - perguntou Matéo.

- Minha mãe disse que aqui é mais seguro. Além do mais, ela é uma nobre, tinha que estar aqui desde sempre, enfim... Essa história é muito complicada – respondeu Liam, desconversando.

Um assunto sobre o qual Roparzh não deseja tagarelar, uma dádiva dos deuses, pensou Rariff. Nenhum Roparzh gostava de falar sobre os Gwenaël. Toda a nobreza conhecia a história da família. E não era bonita. Quando Christine decidira se isolar na Ilha, foi melhor para todos. Abafava o caso, ninguém ia ficar lembrando sempre do ocorrido. Pelo jeito, a trégua acabou.

- Serena Per... – A senhora Ainsley pigarregou. - Serena Per Hyanchinthe, filha do Raj Benjamin Hyanchinthe, de Hyanchinthe.

Em um impulso, Noa procurou Sybilla pelo salão. Muitos fizeram o mesmo. A encontrou a duas mesas de distância. Sua expressão era séria e ela encarava um ponto fixo, numa tentativa clara de ignorar os olhares de metade do salão. Quando não conseguiu mais, olhou para baixo. Estava sentada ao lado de Adaeze Afia, que colocou uma mão protetora em seu ombro.

A semelhança entre as duas era assustadora: os mesmos traços finos e doces, olhos azuis, cabelos cheios e loiros. As duas eram claras e altas. No entanto, a gêmea era bem mais magra e seus cabelos longuíssimos passavam da cintura. Primeiro Christine e agora Serena Per Hyanchinthe. O burburinho tomou conta do salão. Eles nem conseguiram ouvir o juramento. Noa pensava que esse ano já estava surpreendente até demais, quando a senhora Ainsley anunciou:

- E por último, Bryanna Caileigh Yahia, única filha do Raj de Judicaël, de Judicaël.

Todos se calaram. Era como se uma assombração tivesse entrado e se sentado para jantar. Noa observou estarrecido quando a jovem ruiva se levantou. Sentindo o peso do silêncio que tomara conta do salão, Bryanna se concentrou e disse apenas:

- Eu prometo cumprir as regras de Shailaja e da Cerimônia.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro