6 - Eu Evoquei Lúcifer
─ Qual é Cláudio, você não tem a mínima chance. Essas garotas gostam de caras assim como eu. ─ Felipe ajeitando a roupa e penteando os cabelos, enquanto se vê no seu espelho de bolso.
─ Eu não sei disso não cara, acho mais fácil uma delas ficar com o Joshua do que ficar com você. ─ Juninho dá um tapa de leve nas costas dele.
─ Está falando sério?! ─ fala todo alegre. ─ Poxa! Se qualquer uma delas quiser ficar comigo eu aceito sem pensar duas vezes! ─ pensa o pequeno Joshua, e logo se imagina ficando com as duas lindas garotas, todo sorridente.
Cláudio entra na tenda meio que disfarçadamente, pois ficou sem graça diante da brincadeira do colega.
─ O senhor está indo embora? ─ Cláudio pergunta para José Assis.
─ Recebi ordens para avisar a todos que por hoje encerramos. O ritual de energização fica para o próximo evento as 18 horas. ─ o locutor estava saindo as pressas.
─ Posso pedir para passar outra vez o documentário.
─ Tudo bem, vou passar para você. ─ eles vão caminhando até a tenda do auditório. ─ Quando acabar aperte este botão aqui do controle ok? Vou avisar a minha equipe para vir aqui depois guardar tudo, não precisa se preocupar com nada. ─ José Assis parece muito ansioso.
─ Ok, muito obrigado. ─ Cláudio senta e assiste.
Em quanto isso, do lado de fora...
─ Quer dizer que meu pai não está? ─ Amanda fazendo caras e bocas para Patrícia.
─ Exatamente, ele foi atrás do César. ─ com um ar de cinismo responde.
─ E esse César é o maior suspeito de ter roubado o livro? Hum! Ainda bem que se trata só de um iniciando qualquer. ─ Soraia, preocupada com o sumiço do livro das sombras.
─ Devemos torcer para o livro estar com ele, do contrário, não sabemos o que pode acontecer! ─ Alan.
─ Nem mesmo Dimitri acreditou que tivesse sido o César quem pegou o livro. ─ Josias, chegando por trás dos jovens.
─ É, devemos esperar aí veremos o que faremos. ─ Amanda entra na tenda sozinha, e caminha até a sala central lentamente, em quanto observa os objetos mágicos expostos pelas salas. ─ Hei! O que faz aqui sozinho? ─ ao ver um jovem sentado.
─ Eu, eu estou vendo um documentário sobre magia. ─ Cláudio meio sem graça, ao ver a linda jovem se aproximar, conforme ela anda balança o seu cabelo preto de um lado para o outro.
─ Posso assistir com você? A propósito, qual é o seu nome mesmo? ─ ela está com um olhar fixo para ele.
─ Claro que pode assistir comigo e meu nome é Cláudio, pertenço ao coven do mestre Josias. ─ ainda muito tímido, tanto que as bochechas estão rosadas.
─ Meu nome é Amanda, é um prazer. ─ eles apertam as mãos. ─ Você parece meio pálido. ─ brincando com o nervosismo dele.
─ Deve ser o sono. ─ ele diz, e os dois automaticamente abrem um belo sorriso.
Na beira da praia...
─ Poxa! Você quer dizer que o medalhão primeiro praticamente achou você e depois o defendeu em duas ocasiões nas quais você não teria a mínima chance? Tudo bem, só não entendo como o tal Mestre das Sombras conseguiu o medalhão.
─ Agora é a sua vez, conte-me um pouco da sua história e desse medalhão.
─ É uma história longa. Tudo começou quando eu tinha quatro anos, de repente comecei a mover objetos e a realizar pequenos prodígios. Uns chamavam de dom, mas a maioria de maldição! Minha mãe muito religiosa sofria com as brincadeiras que faziam a meu respeito, as pessoas às vezes pegavam pesado nas insinuações, diziam coisas como:
─ As coisas seriam melhores na sua vida se devolvesse ele ao seu mundo verdadeiro. Ele provavelmente não é filho do seu marido, deve ter sido gerado por um Íncubo. ─ uma mulher dizia na rua para minha mãe, ao ver alguns objetos se movendo envolta do carrinho.
─ Nunca vi nada parecido, neste mundo! ─ diz um terapeuta, após fazer algumas seções comigo.
─ Minha mãe e meu pai faziam de tudo para que coisas do tipo não chegassem a meus ouvidos, mas infelizmente chegavam e aquilo mexe com a cabeça de uma criança. Eu tive que sair do colégio e meus pais não aguentavam mais as minhas perguntas...
─ Mamãe, meus amigos diziam que eu sou um monstro, isso é verdade mamãe? ─ perguntava com cinco anos.
─ Minha mãe passou a tomar antidepressivos fortíssimos e meu pai só chegava bêbado em casa. Eu acredito que ele conseguia esquecer um pouco daquilo tudo que se passava, quando bebia até cair. Anos depois a minha mãe piorou muito, teve que ser internada em um manicômio. Isso foi o fim, eu já tinha dez anos e me culpava muito sobre tudo.
Eu já não sentia mais gosto pela vida e comecei a ler sobre magia negra, um dos livros que comprei, ensinava a fazer um contrato com Lúcifer, um contrato de sangue da mesma forma que era feito nas eras mais antigas. Eu já tinha um pouco de conhecimento sobre o poder gerado pelos eclipses, e cismei de esperar um grande destes ocorrer, e o mais próximo foi justo um eclipse total do sol. Neste dia, eu fui até o meu quarto e evoquei o ser supremo das forças do mal, estava chorando muito, pois acreditava não haver mais saída para mim. Consegui ser atendido pelo próprio senhor dos infernos, que veio a mim na forma de um menino de olhos vermelhos...
─ O que você quer de verdade? Espero que saiba, que poucos neste mundo tiveram a oportunidade que está tendo agora! ─ Lúcifer, aparecendo no canto da parede do quarto e ali ficou com os braços cruzados.
─ Eu quero que me leve para seu mundo.
─ É impressionante que tendo só dez anos de vida terrena, sabendo quem sou e mesmo assim não aparenta ter medo. Eu já fui evocado por homens de grande coragem e quando se depararam com minha pessoa, choraram como donzelas. Ah, ah, ah, ah.
Não sabe o que diz garoto, a dor que sente neste mundo não se compara a dor que sentirá aqui em meu mundo. ─ ele levanta o seu braço direito e sobre o ar, uma abertura se forma, que mais parece uma janela para o Inferno.
O pequeno Dimitri observa espantado as imagens de demônios de todos os tipos e humanos, vivendo juntos em um mundo que parece estar na era medieval terrena. Ele vê também muitas raças desconhecidas e muitas brigas pelas ruas, parecem bem temperamentais e explosivos os seres do Inferno.
─ É muito parecido com a Terra. Tirando os demônios, os monstros e as casas umas por sobre as outras! ─ o pequeno Dimitri está empolgado com o que vê.
O que foi mostrado ao menino, mais parecia uma favela, muito maior do que a gigantesca favela da Rocinha no Rio de Janeiro. Em algumas áreas, pode-se ver mais de cinquenta casas, umas por sobre as outras, com caminhos de madeira por fora em cada nível, permitindo assim a movimentação entre elas e as outras áreas.
─ Cadê aquele Inferno que todos falam?! O rio de fogo?
─ Primeiro garoto, você precisa saber que isto aqui é somente um pequeno pedaço da capital do Inferno, um pequeno pedaço da parte mais pobre, claro.
─ Isso está muito longe do Inferno que nos mostram aqui na Terra.
─ O Inferno não é como a maioria de vocês acredita, mas existe um rio de lava fervente no subsolo de meu palácio, este rio gerou todos os mitos em seu planeta. Eu o uso para punir os rebeldes e aprisionar as almas dos que eu compro da Terra. Os que nascem em meu mundo são tratados de maneira livre, como os humanos que vivem aqui em seu mundo. Se bem que neste planeta, todos vocês são prisioneiros! Vocês só não enxergam as correntes e as grades.
Algumas vezes eu permiti que magos poderosos da terra conhecessem o Inferno, pois eles tinham grande curiosidade, então para demonstrar o meu poder eu mostrava apenas a minha prisão eterna, onde só há sofrimento nas câmeras de torturas e no rio de fogo. Em pouco tempo eles escreviam o que viam, logo se espalhava a imagem de um mundo cruel e horrível onde as almas queimam para sempre no fogo eterno. ─ Lúcifer mostrando a sua prisão ao pequeno.
─ Podemos ir? A minha mochila já está pronta. ─ colocando-a nas costas.
─ Ah, ah, ah, ah! Você não bate bem da cabeça garoto? Primeiro você terá de morrer para poder entrar em meu mundo. ─ ele cruza os braços e fica sério.
─ Morrer não está em meus planos, se você não me levar com vida é por que não tem poder para isso! ─ desafiando-o.
─ Cale-se! ─ ficou furioso, descruzou os braços e fechou os punhos. ─ Ouviu isto? É a sua ovelha que me obriga a descumprir uma das suas leis universais. ─ diz, enquanto olha para cima. ─ Está bem seu moleque... ─ aparece um pergaminho em sua mão. ─ Assine aqui com o seu sangue. ─ Lúcifer sabe que se trata de um caso raríssimo e conhecendo as leis do criador, ele o faz assinar um contrato especial.
Quando o garoto ia segurar o pergaminho, ele pegou fogo instantaneamente.
─ O que foi isso? ─ ele solta o pergaminho em chamas, que cai e vira cinzas.
─ Já entendi, não quer que a alma dele seja minha, não é? ─ diz, novamente olhando para cima. ─ Garoto é melhor que viva um pouco mais em seu mundo, você tem muitos anos de vida pela frente, muito que aprender ainda e pode ter certeza, que daqui a uns trinta anos quando eu vier para te buscar, você vai implorar para que eu não o leve comigo, dizendo algo como:
─ Por favor, não me leve, tenho uma família para cuidar! ─ ele se transforma na imagem de um homem e fala em tom de deboche enquanto chora.
─ Você não entendeu nada? EU NÃO PERTENÇO A ESTE MUNDO! Eu nunca teria uma namorada, nunca teria um trabalho e nem uma família, sabe por quê? Por que ninguém me quer aqui, desde o meu nascimento minha família sofre por minha causa! ─ chorando muito enquanto olha para os seus punhos.
As imagens do sofrimento da sua mãe vieram em sua mente. As pessoas zombando dele e a dor que ela sentia, dor esta que acabou enlouquecendo-a de uma vez. Seu pai se entregou a bebida, se tornando um alcoólatra e no fim todos se afastaram, de familiares a amigos.
─ Se eu não tivesse nascido... ─ ele abaixa a cabeça e continua chorando.
─ Agora entendo que o teu mundo te rejeita. ─ se aproximando dele.
Não se preocupe pequenino, em meu mundo também há lugar para rejeitados como você. Afinal de contas o meu pai fez coisa semelhante comigo. ─ ele usa o seu poder e transporta as gotas de lágrimas que o garoto derramou e as coloca uma a uma em sua língua. ─ Eu julgo que se a ira de Deus tiver que cair, que caia sobre a tua cabeça, pois é você quem o abandona.
Eu gastarei muito poder para transportá-lo em carne e osso, sem lhe causar nenhum dano, e só vou conseguir isso devido à energia do eclipse que ocorre hoje.
─ Estou pronto. ─ o pequenino com a sua mochila.
─ Eu acho que vou aprisioná-lo e ter uma fonte de lágrimas! Ah, ah. ─ pensa, enquanto abre o portal. ─ Vamos logo, atravesse e entrará em meu mundo, direto para meu palácio. ─ Lúcifer desaparece.
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