Após a festa de inauguração, a SCAP tem uma semana muito atarefada, com treinamentos intensos com Japão e Índia. Com o primeiro, eles treinam artes marciais e mágicas orientais. Com a Índia a concentração, a meditação profunda a ponto de conseguir levitar. Alguns tem mais facilidade e outros dificuldades. Mas apesar de muito cansativos, os treinamentos passam a ser os momentos preferidos dos scapistas. 

Na Sexta Dimensão, o Imperador desmarca todos os seus compromissos e pede a seus guardas que não o sigam, quer e vai sair sozinho. Ele se afasta até a região mais deserta e cheia de cavernas e tempestades de areia. Se aproxima lentamente de uma entrada que está no chão arenoso. Ele entra e desce uma escada bem longa. Quanto mais ele desce a escuridão parece que ia tomar conta de tudo, mas não, logo chamas de luz neón começam a iluminar o ambiente. Estados Unidos respira com certa apreensão. Ele sabe que está prestes a cometer um ato proibido, inclusive para quem tem o cargo dele. 

Scarllet ainda não foi embora e apesar de não poder assistir aos treinamentos da SCAP ela acompanha com interesse a dança que agora eles estão praticando na sala de música. Raquel pergunta dançando: - Quando você vai embora?

- Tenho que estar em casa amanhã de noite. Mas confesso vai ser difícil deixar vocês e toda essa coisa incrível! - Sofia não é muito querida quando diz: - Bom, como não é brasileira, nem podemos te convidar a ingressar na Companhia. Seu país teria que fundar uma por lá. 

- Isso seria tão maravilhoso! Acham possível? - os scapistas mudam o ritmo da dança e seguem a coreografia de Camila que é muito boa nisso. Ficam em silêncio sem responder Scarllet, porque não sabem se aquilo pode acontecer e nem querem outra companhia no mundo. 

Na Sexta, Estados Unidos espera com ansiedade por algum ser em uma sala redonda onde tudo é feito de areia e pedra arenosa. Ele suspira impaciente. De repente o ser chega. 

- Como vai meu senhor Imperador? - ele se curva para Estados Unidos.

- Até que enfim Mianmar! 

- Deixei tudo pronto meu senhor. Gostaria de ver?

- Só ver agora. Preciso montar um esquema para enviar para o corpo territorial de Brasil. 

- Certo. Me siga por favor. 

O país que é baixo como um anão e vestido com uma pele que o deixa misterioso, longa capa que arrasta pelo chão e um capuz que esconde muito do rosto dele. Ele manca um pouco e abre duas portas maciças , vai andando com Estados Unidos atrás. Chegam à outra sala redonda. Essa é muito maior e tem a aparência de um calabouço. No centro dela está um abismo de fogo, as chamas de vez em quando saem como jatos fazendo um barulho chiado. Logo acima do fogo flutuam objetos de cor âmbar, maiores do que fuzis, pontiagudos, na ponta brilha algo que parece diamante. Os objetos giram lentamente no ar e Estados Unidos está  muito admirado. 

- Então. São eles?

- Sim, meu senhor. Como o senhor pediu, aqui tenho 2. Mas por favor, pela Mãe Terra, nenhum ser pode ter conhecimento de que eu os fabrico. 

- Eu tenho esse conhecimento. Mas fique tranquilo, como está me ajudando, esse segredo está seguro comigo. Vou ajeitar a situação tanto para passá-los pelo Portal como quem vai cuidar disso na Terceira Dimensão.

- O mais difícil será distrair o Senhor do Portal para levar algo proibido para lá. 

- Eu tenho tudo em mente Mianmar. Fico muito grato. Aviso você quando for chegada a hora. 

Na sede da SCAP, todos estão reunidos pois o Líder veio para conversar e dar mais instruções. Ele dá um alerta de que em breve eles devem ser solicitados para missões. Brasil diz que está muito satisfeito com os treinamentos daquela semana. Ele os libera para comer. Eles se dividem para preparar comidas bem gostosas. De repente, Regina percebe que ficara sozinha com seu país. Ela sorri.  Regina pega um suco de cacau e enche um copo. Olha divertida para ele: 

- Você pode...? Não sei, comer, beber, enfim....

- Posso sim querida cidadã. Apenas devo evitar animais mortos, pois são seres que habitam em mim e isso pode me dar um choque. De resto. Ajo como e posso fazer tudo que um humano pode.

 Regina toma o suco sorrindo: -  Tudo?

O ser se aproxima e a envolve com sua extrema sensualidade: -  Tudinho.

Regina fica muito envergonhada, mas ele segura de leve a cintura dela e continua falando: -  Porque tenho um dos povos mais ardentes do mundo? O amor em mim brota com sabor de trópicos, de mar, de Sol, das águas caudalosas de meus rios, minhas cataratas, da Floresta Pulmão do Mundo e dos grandes campos do meu interior, das noites badaladas de minhas grandes metrópoles, das paixões nas caatingas, dos índios nus em suas tabas, dos animais selvagens perpetuando vida no meu imenso Pantanal. Olhe só, quantas manifestações de amor, como eu poderia ser um país que não ama?

Regina está um pouco sem jeito, mas arfante com a narração dele tão perto dela, sentindo a respiração dele como uma suave brisa no rosto dela: -  Eu não perguntei isso Brasil. Quando disse. "Tudo" quis dizer....- ela ri- se você dormia também, por exemplo.

Brasil ri: - Não precisa ter vergonha de assumir cidadã. É bem normal sentir o que está sentindo.

Regina se afasta: - Normal para você.  Nesse momento ele encosta a testa na testa da moça, e agora ela o sente mais, uma mistura de sentimentos maluca, aquele corpo verde e amarelo a faz aconchegar-se nele, e a faz encostar a cabeça no peito , ele faz com que o cd ligue sozinho e Gal Costa cantando Chuva de Prata ,inunda a sala. Ele faz um movimento suave e ela acompanha magnetizada, mas só quer aproveitar aquela presença enigmática, impossível e que ela não sabe quanto tempo vai durar e entrega-se aquele sonho dançando com ele. No mesmo momento na Sexta Dimensão, Irã que sempre está atento a tudo que diz respeito ao seu amado Brasil estava o espiando. O rosto de Irã fica muito vermelho e a respiração ofegante: - O que esse maluco pensa que está fazendo? Claro que eu não posso impedir que ele tenha contatos com os scapistas dele, mas não exagera né Brasil!! - o ciúme de Irã fica descontrolado e ele prefere se desligar de Brasil naquele momento.

Longe dali, em meio ao Oceano Atlântico, um grande navio norte americano recebe visitas. Sem ninguém saber, nem mesmo a moça que o vira, Estados Unidos conseguiu contatos com humanos voltados a atividades ilícitas.   E ali, em seu território, Estados Unidos aparece em toda sua imponência, com sua pele azul e vermelha, cheia de estrelas. Um homem de meia idade, chamado Carl, se aproxima. Abaixa-se respeitoso e admirado.

- Sir. Precisa dizer logo qual seu plano, pois acho que se faz necessário que meu Governo saiba o que está acontecendo.

- Cuidado com as palavras humano. Meu Governo você quer dizer. Eles saberão de tudo, claro, no momento certo. 

- Sir. Não vou discutir de forma nenhuma. Perdoe-me pela falta de expressão. Qual o próximo passo?

- O Príncipe da América Latina está entre vocês, na sede da Companhia SCAP. Eles são perigosos e terão que agir com muita cautela. 

- Quem é o príncipe da América Latina? Mas, não é o sir a América?

- O Brasil é o príncipe da América Latina. - ele responde impaciente. 

 - Ele está aqui como o senhor está?

- Exato caro cidadão. Ele relutou para a humanização. Mas agora ele é a Chave do Portal e fundou a Super Companhia. Nunca permitirei que ele tenha isso e eu não!!

- Então, agora podemos colocar em prática o seu plano maior?

- Logicamente. E vamos começar a agir imediatamente. Nesta madrugada eu trarei para o navio 2 das armas. 

Naquela madrugada, Mianmar entrega para Estados Unidos as armas proibidas. O Imperador está em seu palácio na companhia de Arábia Saudita, uma país do principado do Oriente Médio. Ela toma sua forma de serpente e   esgueira-se ate o Portal. Lá a país joga um poderoso e milenar feitiço que adormece o Senhor do Portal. Irã sente a energia no exato momento. Corre até Oriente Médio: 

- Algo está muito errado, pai! O monstro, Israel, onde ele está? 

Oriente Médio vê que o monstro está adormecido. Irã se agita ao extremo: 

- O que está acontecendo, então? - ele anda de um lado para o outro aflito. 

Enquanto a serpente está jogando o feitiço, Estados e Unidos e Mianmar chegam com as 2 armas. Estados Unidos as segura com dificuldade. Vai direto ao Portal e atravessa gritando de dor. Irã sente tudo: 

- Pai! O problema está no Portal! 

- Corra, Irã. Vá, meu filho! 

Irã toma sua forma de escorpião e  corre como nunca na vida. Ao chegar no Portal nota que o Senhor do Portal está entorpecido. Arábia Saudita se esconde dele entre as pedras, apavorada. Irã vê Mianmar e o pequeno ser tenta fugir. É inútil, as garras do escorpião o agarram. Irã retorna ao seu formato normal e joga Mianmar nas pedras, fica por cima dele ofegando de ódio: - O que está fazendo aqui? Porque o Senhor do Portal está assim?

- Me poupe príncipe. Eu não sei. Estava passando. Vi as luzes do Portal e percebi que ele estava assim, vim para ajudar!!

- Mentiroso!! - Irã enforca o país e o sacode com violência: - Que tipo de coisa pode desacordar o Senhor do Portal!? Conte o que sabe. Agora. Ou te mato!

O ser chora e grita. O feitiço já não funciona mais e o Senhor do Portal desperta. Ele vê a cena. Joga raios de ódio por todos os lados, alguns atingem Mianmar. O Senhor fala: - Príncipe do Oriente Médio. Não sei como isso aconteceu. Mas sei que algo que não poderia, passou pelo Portal. 

- O que posso fazer para ajudar? 

- Ainda não sei. Vi Estados Unidos aqui. Ele ultrapassou o Portal. Isso já está ficando frequente, mas ele sabe que precisa da permissão da Chave para ultrapassar. Só que pelo cargo que tem, é desobediente e ousado! Solte essa pobre criatura! Seja lá o que for que passou esse Portal foi culpa do Imperador. 

Irão, muito desconfiado, solta Mianmar que corre desesperado para o mais longe possível dali. Arábia Saudita , ainda em forma de serpente, se esconde cada vez mais, abre um buraco na areia para escorregar dali sem ser vista, ela sabe que Irã poderia prendê-la para sempre se descobrisse uma traição como aquela. Irã pergunta se o Senhor do Portal está bem. Ele diz que sim, mas que vai conversar sobre a situação com as continentes na manhã seguinte. Irã se prontifica a estar junto. Ele passa as mãos no cabelo e  sussurra para si mesmo : - O que você fez, Estados Unidos?

Na madrugada da Sexta Dimensão, Brasil resolve ficar na Mansão SCAP. Mas fica longe de Regina. Ele medita na sua luz verde e amarela e só consegue pensar em Irã. Faz algum tempo que não o vê e pensa na noite em que esteve com ele. Suspira profundamente. O que sentira com a humana em seus braços foi muito diferente. E tem medo dela sentir algo por ele e sofrer.  Sabe que não deveria ter dado abertura à ela, contando e mostrando a sensualidade dele. Ele chama Irã. O príncipe do Oriente Médio recebe o chamado mental. Já está na cama dele. Não sabe se deve ou não avisar Brasil e a SCAP sobre o que houve no Portal. Decide não falar ainda. Precisa descobrir mais coisas. Se conecta a Brasil: - Está tudo bem com você? 

- Sim. Minha SCAP está treinando muito. Nem acredito que é real! 

- Você vai meditar perto de sua humana? 

- Ela não é minha. É uma scapista. Eiii - Brasil sorri -- É verdade isso? Você está com ciúmes? 

- Ciúmes de uma célula? Ora, Brasil. Por favor! 

- Está sim. 

- Bom. Você dançou com ela e disse algumas palavras comprometedoras. 

- Estava só contando quem sou eu. Eu disse a verdade, não é? Sobre como eu sou! 

- Disse. Ahh Brasil, queria você aqui. Agora. Queria te tocar, seu corpo inteiro. Beijar cada pedaço seu. Chupar seus mamilos. 

- Pare. Por favor. - Brasil fica ofegante. 

- Porque me chamou, então? 

- Tenho medo de você, Irã. 

- Hummm, isso me deixa ainda mais excitado. 

Os dois países sentem suas energias circulando. Brasil pressente: - Você parece preocupado. O que foi? 

- Nada, Brasil. Cuide de sua SCAP. Preciso descansar. Amanhã tenho dia atarefado.  

- Está bem. Boa meditação, príncipe. 

- Estou sempre do seu lado. Nunca esqueça disso. Te protegendo. 

Ele se desconectam. 

Na madrugada, no navio perto da Flórida, Carl e Susan, uma mulher também de meia idade, que também vê Estados Unidos, esperam por ele. O país chega no seu redemoinho azul e vermelho. Solta no chão do navio as duas armas que na Terceira ficam maiores e muito pesadas. Os humanos olham para aquilo com medo e admiração. Carl vai encostar mas Estados Unidos fala com força: - Esse diamante pode decepar sua mão humano. É afiado demais para suas carnes. Finalmente. Temos aqui dois Enfraquecedores. Vocês vão inserir no corpo territorial de Brasil. Preparados?