O Chamado 1
O mestiço de japonês Amilton estaciona sua caminhonete em frente da casa de sua fazenda no interior do PR. Avisou os pais que receberia alguns amigos naquele fim de semana. Os caseiros e funcionários deixaram tudo muito ajeitado, limpo e arrumado, inclusive uma mesa caprichada com farto café da manhã. Ele faz sinal de gratidão a eles, sorrindo. Amilton tem 29 anos e vive em Florianópolis. Ele trabalha com engenharia da computação e é esotérico. Enquanto espera as pessoas, senta no tapete da sala e medita. Junto dele está um cachorro da raça Fox Terrier que pula nele: - Também to com saudade Estilingue! Mas agora fica quieto pra eu meditar um pouquinho!
Na mesma manhã, 3 pessoas já estão quase chegando na fazenda. Quem dirige é Samuel, ao lado dele está Regina e atrás, Raquel. Regina mexe e remexe as mãos: - Obrigado por terem vindo. Sua mulher não se incomodou?
- Um pouco. Mas bá, não podia deixar de vir!
Raquel reclama: - Olha guria, deixei uns trabalhos para entregar e isso na arquitetura atrapalha pacas, então espero que essa loucura seja alguma coisa.
- Eu também acho louco! Mas você viu nas cataratas...
- Vi. Mas daí acreditar que uma criatura falou com você e que é nosso país! Como assim é nosso país?
- Bá guria! Todos queremos entender isso né? - Samuel suspira e olha Regina de canto de olho. Mais meia hora e estão na casa. Chegam às 9 da manhã e Amilton os recebe com fortes abraços. Ele os conhece da mesma viagem para Foz do Iguaçú, mas não estava com eles quando as águas se moveram.
- Gente, vamos tomar aquele café?
- Eu aceito. Saímos de noite de POA.- Regina senta. Os outros três também.
- Então. - Amilton curioso - O que vai rolar aqui?
- Ele falou comigo no dia 07 desse mês. Dia da Independência.
- A entidade?
- Ele não é um espírito. Ele é o Brasil.
Raquel levanta os olhos impaciente: - Tu entendes isso Amilton?
- Como ele se comunica contigo amiga?
- Eu o sinto. As águas das cataratas me salvaram como você já sabe. Encosto em uma árvore e o sinto. Na brisa que bate no meu rosto, nas músicas dele, no sabor das frutas.
Samuel questiona: - Ele é tudo? Mas isso não é a concepção de um deus?
- Ele não é um deus. Ele é o Brasil. Assim. Ele me explicou que somos células dele. Vivemos no corpo dele.
- Incrível! - Amilton se admira - Mas, se vai chegar gente aqui como ele disse, melhor deixar essas explicações pra depois.
Os amigos conversam e tomam café.
Quando são 10 horas da manhã mais um carro estaciona na frente da casa. Nele está Sofia. Ela desce do carro desconfiada. Se aproxima da porta. Amilton a recebe.
- Oi. Você recebeu o chamado?
- Olha. Não sei do que chamar. Mas tinha que vir aqui. Tô meio assustada. Tenho pânico e não tô muito legal.
- Entra. Vem comer. Respira fundo! Senta! É ansiedade. Todos estamos ansiosos também.
O resto dos amigos se apresentam e Sofia diz o nome dela enquanto senta para relaxar.
Naquela manhã em outra fazenda , Caio ajeita a caminhonete dele para uma viagem. Sandra, a mãe, anda atrás: - Onde você vai meu filho?
- Para o interior do Paraná.
- Fazer o quê?
- Vou em uma reunião.
- Com quem? Caio, você está envolvido com algo ilícito? - O rapaz pega nos ombros da mãe: - Fique tranqüila dona Sandra! Parece que não conhece seu filho!
Nelson chega com a mochila que vai levar: - Tô pronto migo. O pai num gosto muito não, mas eu vo cocê.
- Ah que bom! - Sandra exulta : - Agora estou sossegada.
Caio é o filho dos donos da fazenda de gado que fica no interior de Goiás. Ele tem 23 anos. Foi criado brincando com Nelson que tem 24 anos e é o filho dos caseiros. Eles se tornaram grandes amigos. Os rapazes já estão na estrada.
- Ocê sabe donde tá ino?
- Sei. Nessa coisa super forte na minha cabeça, surgiu o ponto exato. Tá no GPS.
- Vo ti cunta Caio. Num intendo não. Mas sinto aqui ó! Nas tripa!
Algumas horas antes, às 6 da manhã do mesmo dia, no luxuoso apartamento de 1500 metros quadrados de Rita, na praia de Mucuripe em Fortaleza, ela está no celular providenciando a passagem de avião para chegar logo na cidade de Londrina, onde fica o aeroporto mais próximo do destino dela. Danilo, o pai dela, observa e espera para sair trabalhar.
- Rita, eu...não vou questionar, é adulta, sabe o que faz. Mas tem certeza que não corre risco de se meter em problemas? Seqüestro.
- Sei que não!Mas entendo sua preocupação.
-Vamos fazer assim. Te deixo no aeroporto. Vou alugar um helicóptero que vai te levar de Londrina até onde vai ser sua reunião. Dois seguranças estarão nele.
- Pronto!! -ela se aproxima do pai: - Se pudesse sentir o que sinto! A presença! A força!
Ele segura o rosto da filha: - Me sinto arrepiado quando fala. E se você confirmar nessa reunião a respeito de tudo isso, vou te ajudar no que for necessário!
- Te amo pai. - ela o abraça e vão para o aeroporto.
Na rodoviária de Londrina encosta um ônibus que veio de São Paulo. Desembarcam dele Nabil e Alicia. Eles são amigos há muitos anos. Ele nasceu no Líbano mas veio viver em São Paulo com 2 anos de idade. Agora tem 30 anos, é muçulmano e dono de um restaurante. Solteiro, esconde um sentimento pela amiga Alicia que tem 26 anos, é atriz e artista plástica, além de cliente assídua do restaurante. Alicia ama a noite, os eventos culturais e as festas e boates. Nabil vive estranhas experiências que só conversa com ela. Alicia fala: - Aqui estamos cara. Nem acredito!
- Vamos confiar em Allah que esse chamado é divino.
- É doideira, isso sim. Mas tomara que tenha uma festa depois dessa tal reunião. Pelo menos!!
Eles riem. Procuram uma locadora de carros. Alugam um e seguem para a fazenda. São os próximos a chegar na casa depois de Sofia. Na casa os que estão lá já começavam a duvidar de que mais alguém ia aparecer. Mas, Raquel está na porta: - Gente! Chegando um carro!
Todos recebem Nabil e Alicia. Amilton diz para ficarem à vontade e pergunta de onde vieram. Nabil responde: - De São Paulo. Vocês já receberam mais alguma orientação? Afinal, do que se trata isso? Vem mais gente?
- Muitas perguntas! - Sofia , a curitibana , ri - Ainda não fomos orientados. Parece que " todos" tem que chegar. Mas não fazemos idéia de quantos são " todos".
Amilton suspira: - Não os convido para conhecer a fazenda, porque estamos nesse clima de espera.
Alicia vai até a mesa: - Vou comer. Posso?
Samuel sorri: - Claro. Estamos comendo faz horas.
Brasil se humaniza no bosque próximo à fazenda. Aquela força que o invade está triplicada naquele dia. Seus futuros scapistas, os Escolhidos, estão atendendo o chamado. As criaturas da mata o rodeiam. Ele se concentra em Regina e fala: - Venham aqui. No bosque.
Regina leva um choque e o cachorro de Amilton começa a latir e correr pela sala. - Ele está nos chamando!
Ela sai da casa, incluindo o pequeno cão, todos a acompanham ansiosos. Ela pára perto das primeiras árvores do lindo bosque que fica ao lado da fazenda, do lado oposto ao das plantações de trigo e arroz. - Ele pediu que encostem nas árvores.
Muitos obedecem de imediato, outros meio desconfiados como Alicia e Raquel. Mas assim que encostam o corpo deles se arrepia e enxergam o corpo de Brasil, as veias correndo sangue dele pelas árvores e no solo e se sentem dentro desse organismo, parte dele, como as células deles correm pela corrente sanguínea de cada um. Então todos o vêem humanizado caminhando na direção deles. Ele se abaixa e acaricia Estilingue. Brasil fala e a voz dele soa como uma melodia aos ouvidos humanos: - Estou feliz demais de estar aqui com vocês! Vão me convidar para entrar?
Ainda em choque agora estão na casa e Brasil está comendo. Ele ri de repente: - Sei que é difícil! Mas por favor, quebrem o silêncio!
Quem faz isso é Sofia: - Quantos faltam?
- Vocês são 20 escolhidos. Alguns vem de muito longe!
- Quem é você? - Raquel indaga - De verdade?
- Vi que fazemos parte de você. - Amilton completa. O jovem país olha para eles e diz : - Eu sou o Brasil. O país de vocês. Vivo na Sexta Dimensão, onde vivem todos os países e continentes e nossa Sagrada Mãe Terra. Depois que todos chegarem vão ver, compreender e despertar para a grande missão que os aguarda.
Os olhos se enchem de lágrimas e de uma maneira automática eles se dão as mãos, sentindo a surpreendente energia que passa de um para o outro.
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