Brasil e Argentina aterrissam no meio da festa animada que acontece ao ar livre na noite fresca. Brasil é cercado por muitos outros países, pois é considerado um dos mais lindos seres da Sexta Dimensão e o mais festeiro. Ele estrala os dedos e uma canção típica de sua cultura começa a tocar. Todos dançam ou, pelo menos, tentam. Ele puxa Argentina para dançarem. Nesse momento, células humanas de várias partes de seu Corpo Territorial ficam muito animadas sem explicação e dos gaúchos até os nordestinos, do centro-oeste até o Norte, muitas festas ganham mais alegria, mais euforia, mais pares.
O país que espiona Brasil está novamente oculto entre a vegetação. O seu olhar é de admiração mas, também desprezo.
Longe da festa fica o Grande Palácio Imperial. Nele, reside o país que é nomeado Imperador do Planeta, a quem cai a responsabilidade de cuidar de todos os assuntos da Mãe Terra e liberar suas energias para ela.
O lugar é feito de material desconhecido para humanos, mas de beleza incontestável. Guardas do Império cercam todos os lados. Na Sala Central, onde o Imperador pode ver tudo que acontece na Mãe Gaia, há uma imensa tela de plasma. Os países usam o plasma para muitos fins, inclusive para recobrar energia perdida dentro do Lago de Plasma.
O Imperador nesse ano de 2009 é Estados Unidos. Ele já ocupa o cargo há muitos e muitos anos. Está observando a festa e ao mesmo tempo o Corpo Territorial de Brasil. Fala sozinho perdido em pensamentos:
- Por que tudo isso?
Imagens passam no Plasma. O Farol de Salvador; o desfile da Sapucaí e o Cristo Redentor; o Pantanal e sua exuberante fauna e flora. Em seguida, as Cataratas do Iguaçu, deslumbrantes praias belíssimas; o Rio Amazonas e a floresta gigante; os azulejos de São Luís. Estados Unidos continua : - É muito. Muito para um só. - Uma voz corta os pensamentos do Imperador.
- Se torturando de novo, Príncipe?
- Canadá! Surpreso em vê-lo. Você é tão ausente de tudo.
- Dispenso suas ironias.
- Precisávamos fazer um acordo para que isso tudo, pertencesse a todos nós.
- Então, agora o Everest tem de ser reivindicado por todos também? O seu Grand Canyon? Então... tudo deve ser de todos e deixaríamos de existir enquanto seres únicos e individuais!
- Você sabe do que estou falando, Canadá. De um irresponsável! Um imaturo cheio de arrogância e incompetência que pode fazer respirar o mundo em muito pouco tempo.
- Fantástico. Devemos ajudá-lo então, a ganhar experiência.
- Acho que não. É mais fácil que eu passe a coordenar tudo e ele perca seu status de país e passe a ser um de meus Estados.
- Com todo respeito, meu Príncipe, mas suas palavras não fazem sentido! Está falando do Príncipe da América Latina. Do centro vital da Mãe Terra. Soberano e independente. Nem com todos os poderes que possa ter, não conseguiria influenciar suas células governantes a fazer uma insanidade destas!
- Eu tenho planos para Brasil, que ele sequer sonha. Me ajuda?
- As Américas não vão gostar.
- Elas não têm nada com isso.
- Me deixe bem longe disso, certo Príncipe? O que me surpreende é que vocês eram tão próximos. Quase como irmãos e agora age com inveja dele!
O Imperador solta uma gargalhada:
- Inveja? Desse moleque que não vale nada? Ah, por favor!
- Tem certeza que ele não vale nada? Estava em reunião hoje, com o Sábio Meridiano
Estados Unidos anda de um lado para outro.
- Estavam chamando a atenção dele, é claro.
- O que você realmente quer, Estados Unidos? Por que me convocou aqui no Palácio?
- Preciso de uma reunião com Irã. Você vai solicitar para o Oriente Médio.
- Posso solicitar. Mas ele não tem como forçar o filho. Você sabe que ele é o Príncipe do Oriente Médio . Essa é outra obsessão sua que já cansou.
O Imperador se irrita e grita muito alto:
- Eu sei porque eu quero a reunião!! Eu exijo a reunião! Eu sou o Imperador!
Canadá o encara:
- Eu sinto muito. Mais uma vez, Irã não vai aceitar.
Canadá se retira. Estados Unidos deixa tremer sua capa – que faz parte de sua pele - de águia. O jovem país caminha e ela arrasta pelo chão. Ele passa as mãos nos cabelos em fúria e joga um raio de energia em um vaso que se desintegra.