Cap. 10 - Três em um
O pelotão das almas vasculhava o local. Até agora foram encontrados cinco mortos, dentre eles três mulheres e dois homens. Nunca em toda história da Peregrinação, produzida pela Sociedade das Almas, houve tanta morte. Para não dizer que nunca houve... Há cinco anos um candidato em potencial chamado Gill Greimor se alistou na Peregrinação – depois de ter subido aos céus, pelo fato de ter sido morto por seu irmão em Terra-Mar. Gill Greimor se mostrou um homem muito inteligente além de forte, não havia um prova que não conseguisse fazer, não havia um candidato que conseguisse o ultrapassar nas pontuações da Grande Prova, e isso fez com que brotasse um sentimento de inveja no coração do jovem Cedrico Ridico Whinterskin. Ao contrário de Gil Greimor, Cedrico nunca habitou em Terra-Mar, sendo fruto de um relacionamento de almas limpas e justificadas, enquanto Gill... Gill Greimor é uma alma redimida, impura, cheia de pecados vis. Pelo menos era assim que ele pensava, fazendo com que a equipe de investigação da Sociedade das Almas, concluísse que o assassinato de Greimor, O candidato entre milhões – como era informalmente chamado – fosse culpa da "Alma Pura", Cedrico Ridico Whinterskin. Ele negou quaisquer acusações. Seu final ninguém sabe, a Sociedade das Almas se calou quanto a isso, dizendo que se tratava de assunto pertinente à Segurança Espiritual, por isso não poderia informar nada acerca do acontecido. Logo, só posso lhes contar rumores. Algumas pessoas dizem que Cedrico se suicidou, outros dizem que o mesmo foi preso e torturado para passar informações, outros menos otimistas, dizem que o mesmo fugiu. Mas dentre tantas falácias, uma pergunta não se cala nos corações inteligentes... Porque um caso de inveja seria tratado como algo extremamente conspiratório? Porque negar informações a população das almas alegando Segurança Espiritual? Apenas para esconder a verdade? Até hoje não se sabe.
Bem... Enquanto o pelotão ajudava os feridos e transportavam os mortos, Lily se deparava com a face da besta. Não se era possível ver o rosto do bom menino que Max era, ao invés disso, seus traços eram de puro ódio, rancor, raiva. Lilly ficara assustada, apesar de nunca... Nem se quer por um segundo ter perdido a compostura.
- Isso garoto! – gritou a juíza – revele quem você é! Demônio.
Max ouvia todas as provocações, mas não tinha nenhum domínio do seu corpo. Ao entrar naquele estado ele deu espaço para que outro ser habitasse em sua consciência. Cada vez mais sentia seu espírito sendo puxado para fora de seu corpo, tudo estava ficando mais escuro, até que um clarão apareceu. Max estava em uma fossa. Tochas presas em pilares iluminavam o local. Seus pés pisavam num raso rio de sangue, suas mãos palpavam caveiras imprensadas em pilares, seus olhos percorriam os quatros cantos da sala onde estava. Um enorme trono se ascendia a sua frente, rodeada de fósseis. Alguém assentava o mórbido trono, não era possível ver seu rosto, pois estava num profundo ermo, mas um ser que estava ao seu lado prontamente se pôs a andar, chegando a um lugar iluminado, pelas tochas. Era Peppi.
- Onde eu estou?! – indagou Max assustado.
- Em sua alma – respondeu Peppi com um riso excêntrico.
- Impossível... Impossível – resmungava Max, enquanto corria com força em direção ao pequeno diabinho, projetando um soco em seu rosto, mas antes que pudesse chegar próximo a ele, seu corpo contorceu. Max gritou de dor. Peppi ria enlouquecido.
- Pare com isso! – resmungou o ser no trono – Max é nosso convidado, temos que trata-lo bem.
As mãos desse misterioso ser se encontraram com a luz, e Max pôde ver ele o chamando com um simples balançar dos dedos. Max relutou, o medo dessa vez foi mais forte do que o do primeiro encontro com o infame diabinho. As mãos do misterioso ser se fecharam, e uma força estranha puxou Max em sua direção. O ser se levantou do trono e seu rosto saiu da escuridão. Era um monstro. Vestia uma capa preta que cobria todo seu corpo deixando apenas suas mãos à mostra, exibindo suas grandes e afiadas unhas. Max gostaria que continuasse assim, no entanto o ser fez questão de puxar a capa e dizer:
- Oi meu filho – disse o ser quase cantando – me chamo Mandragor, o Deus de tudo que está abaixo.
Seu rosto fino era sem expressão; seu olhar era frio e profundo; imagens percorriam toda sua face e dois enormes chifres foram revelados em sua testa.
- Não tenha medo meu filho – disse Mandragor – você é sangue do meu sangue, não te farei nenhum mal, afinal, sou o único que esteve contigo desde que tudo foi de mal a pior. Agora mesmo estou salvando você e aquela garota, daquela juíza esquizofrênica – pode –se ver um leve sorriso em seu rosto. Suas falas penetravam a alma, cada palavra que o mesmo proferia, tinha um poder de persuasão descomunal. Max o olhava vidrado, como se estivesse hipnotizado. No final daquela sala, onde tudo era um breu, um enorme olho apareceu e com ele veio um barulho descomunal.
-MAX!!! – Não sabia dizer se era um rugido, ou se a besta havia tentado proferir seu nome.
Max forçou o olhar o máximo e percebeu que uma enorme besta estava presa, num lugar que... muitos diriam ser... seu coração.
Do lado de fora de sua mente, uma intensa batalha acontecia. Os ataques de Max eram grossos e sem muitas técnicas, apesar de forte. Lilly sabia que um ataque certeiro da besta iria desmoroná-la, então desviava cautelosamente e só atacava em períodos em que realmente fosse impossível o contra-ataque, mas Max era muito rápido. Poucas foram às vezes que a juíza conseguiu desferir um ataque. Lucia via tudo com seus olhos temerosos, havia saído de onde estava e se dirigido a um arvore não tão distante, para que nenhuma daquelas rajadas de poderes viesse a acerta-la.
Golpes e mais golpes se travavam, Max sempre no ataque e Lilly sempre na defensiva. O garoto lutava como um animal, simplesmente usando todas as partes do corpo, fazendo com que a juíza se perdesse quanto à estratégia de batalha, pois a mesma nunca vira um estilo de luta tão bizarro e essa foi a sua vantagem. Num momento de descuido, Max transferiu um poderoso tapa no rosto da juíza, fazendo a mesma voar longe. Bateu numa árvore e gemeu.
- Monstro – arquejava Lilly – a Cortealma não pode se queixar dizendo que não sabia! Está explicito... Este é o seu destino... Este é quem você é! Discípulo daquele que trará a nossa morte... a nossa destruição! Quem é das trevas... nunca... nunca verá a LUZ! Viva a Ordem Pura, aquela que tirará da terra os impuros! – gritou à juíza, enquanto tirava de sua roupa um enorme orbe, ameaçando joga-lo ao ar, mas antes que pudesse fazê-lo a mão de alguém a interrompeu, era o homem do teatro, Diones.
- Diones! Você por aqui? – indagou Lily com agradável surpresa - Está curioso para ver nosso primeiro passo para glória?
Os olhos da juíza já não transpareciam o olhar de uma pessoa sã. Diones assistindo a cena, a olhou com desgosto, arrancou o orbe de sua mão e se limitou a dizer:
- Burra – disse. Lily o olhou assustada, sem entender o que tudo aquilo queria dizer.
- Diones... Você está do nosso lado, não está? – indagava a juíza com olhos arregalados.
- Não estou do lado de ninguém, apenas quero ver onde tudo isso vai dar...
- Doido! – gritou Lily – vai deixar nosso mundo se acabar por conta dessa sua obsessão besta?! Você fez um juramento! Laccio Tiilbec saberá disso – berrava cada vez mais alto.
- Não se você morrer aqui – um sorriso sanguinário e psicopata transpareceu no belo rosto do artista, Diones. Sua mão ficou a mais reta possível, levantou seu braço ao ar e desceu como uma lamina, decepando a cabeça de uma pessoa que uma vez foi sua amiga, Lily, a juíza.
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