Cap. 03 - Momento de Fraqueza
Max se sentia desconfortável em estar ali, por mais que gostasse da companhia de Von Baldebourd e também do seu filho, que sempre conseguia tirar um sorriso de seu rosto, sabia que sua hospedagem não era bem vista pela senhora Isabel, cujo no mesmo instante de sua chegada exigiu explicações do marido sob sua estadia ali- em particular, claro.
Não que ela fosse uma pessoa ruim, ao contrário, sempre foi uma mulher superprotetora, principalmente em relação ao filho que desde pequeno teve complicações quanto à saúde. Por isso ela não viu com bons olhos a relação de amizade que surgia entre seu pequeno Roger e o garoto do apocalipse.
Por mais descontente que estivesse, tratou Max da melhor forma possível, pra ela.
— O almoço está na mesa- resmungou.
— O cheiro está ótimo, querida! - exclamou Baldebourd tentando quebrar o gelo.
Enquanto Baldebourd tentava mudar o estado de espírito da sua mulher, Roger chamava Max pra ajudá-lo a colocar Tróia debaixo da mesa da cozinha, sem ninguém ver.
— Max, o faz ficar parado- disse Roger tentando encaixar o cachorro embaixo da mesa - temos que o esconder bem para que não nos vejam dando comida a Tróia.
Max descrente do que estava vendo, e duvidando um pouco da sanidade de seu mais novo amigo, que tentava esconder dos pais um cachorro, que mais parecia um cavalo, debaixo da mesa, indagou:
— Você sabe que é impossível esconde-lo ai, não é? - avaliou Max - Porque não tenta deixa-lo do lado de fora, na direção da janela, e apenas movemos a mesa até a parte que dê acesso a ela?
Roger fitou os olhos de Max com perplexidade, como se suas palavras fossem uma luz no fim do túnel.
— Como não pensei nisso!- exclamou Roger Tree - Max, você é um gênio. Nada mais que o esperado do garoto do apocalipse.
Como toda criança Max se divertia fazendo coisas por debaixo do pano para os adultos não verem, mas o fato de ter sido chamado como o garoto do apocalipse, o magoou. Percebeu naquele instante que todas as Almas viventes daquele local, o consideravam uma ameaça.
— D... Desculpe Max- gaguejou Roger, arrependido, ao ver seu amigo cabisbaixo- não foi minha intenção magoa-lo.
— Tudo bem, vamos mudar logo a mesa de lugar- mudou de assunto, com medo de onde essa conversa poderia parar.
Por mais que Max tentasse se mostrar forte por fora, sem qualquer sequela do que houve com ele, no fundo estava chocado, confuso. Sua base estava abalada. O treinamento militar que tivera em Terra-Mar hoje servia de alguma coisa, mas não mudava o fato de que algo terrível aconteceu, e de que precisará lidar com isso, da melhor maneira possível.
— Max... Max - chamou Von Baldebourd- tudo bem? Esteve distante desde quando começamos a comer.
Max espreguiçou os olhos como se tivesse acabado de acordar de um sonho. A primeira coisa que viu foi Roger jogando comida pela janela, para dar de comer à Tróia.
— Estou bem - afirmou Max ainda cabisbaixo- se me der licença, preciso respirar um pouco.
Von Baldebourd não o seguiu, achou melhor deixa-lo a sós um momento, afinal, homens precisam de um momento só seu.
O clima estava pesado e sombrio, ninguém deu um piu desde a saída de Ícaro Max, até que Dona Isabel quebrou o silêncio dizendo:
— Querido acho melhor você ir vê-lo, agora tudo que ele precisa é de alguém com quem possa dividir este fardo.
— Não... Não acho que posso ajudá-lo. Tudo que poderia fazer, já fiz. Agora ele precisa entender que o mundo dele mudou... Ele mudou.
Tróia que estava atrás da janela, sendo alimentado por Roger, visualizou Max sentado abaixo de uma árvore, chorando e enxugando as lágrimas com seu braço.
Como se entendesse o que estava havendo, se aproximou e sentou ao lado de Max, cujo mesmo sorriu e acariciou suavemente os pelos macios do cachorro, fazendo-o esquecer, mesmo que por um instante, o momento triste pelo qual está passando. E por lá ficou toda tarde.
Mais um dia se passou, e os garotos acordaram com a Dona Isabel dançando, cantarolando e dizendo:
— Meu bebê cresceu! O tempo passou tão rápido que nem acredito que está fazendo doze aninhos hoje - disse Dona Isabel enquanto acariciava e beijava o cabelo de seu filho.
— Para mãe! Está me fazendo passar vergonha - resmungou Roger, ainda sonolento.
— Não tenha vergonha filhinho, mamãe te ama.
A cada segundo que passava, Roger sentia mais vontade de si enterrar num buraco, e ficar por lá.
— Vamos, levante! Papai comprou um delicioso bolo de chocolate para comemorarmos seu aniversário - cantou Dona Isabel, enquanto dançava de um lado a outro.
E assim os garotos se levantaram e foram juntamente com Von Baldebourd e Dona Isabel confraternizar, desejar sorte e bênçãos, a Roger.
— Hoje é um dia bastante importante meu garoto! O dia em que toda criança se torna um adulto! - bradou Von Baldebourd em clima festivo.
Os olhos de Roger brilharam em chamas, todos os pelos de seu corpo se ouriçaram, como se já soubesse o que aquilo significava. Porém, ao contrário dele, Max boiava, seus olhos estavam caídos e sua boca boquiaberta, como quem pergunta: O que diabos está acontecendo?
— Alguém poderia me explicar porque alguém de doze anos se tornaria um adulto?- indagou Max meio deslocado.
Antes que Von Baldebourd pudesse explicar qualquer coisa, Roger exclamou:
— Como não sabe sobre isso Max?!- guinchou Roger, indignado- É simplesmente um dos dias mais importantes na vida de uma criança.
Max começou a se entusiasmar, seus olhos já não estavam tão caídos e seu coração já começava a bater mais forte.
— É com essa idade que somos liberados pra participar da Peregrinação- disse em tom de triunfo.
— Uau! - exclamou Max, ainda sem entender muito- E pra que é isso?!
Os brilhos nos olhos de Roger se abafaram.
— Ainda não sei- bufou Roger.
— Ninguém sabe como funciona a Peregrinação até o momento em que for fazê-la - respondeu Von Baldebourd no lugar de Roger- E aqueles que já fizeram são proibidos de contar o que se passa por lá.
Depois de se deliciarem do gostoso bolo de Roger, Von Baldebourd se pôs de pé, pedindo pressa aos garotos. O grande dia se aproximava.
— Pois bem! Chega de perguntas, vistam suas roupas e vamos sair pra comprarmos os materiais necessários para a Peregrinação!
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