Cap. 02 - A Explicação
— Sei que tem muitas perguntas meu jovem, e tentarei sanar todas elas, porém quero que entenda o seguinte: você não está mais vivo - disse Von Baldebourd enquanto andava com o garoto.
Max não pareceu chocado com a afirmação.
— Já imaginava, vi um demônio e depois um anjo. Não é algo que acontece diariamente no mundo real- disse num tom brincalhão, mas preocupado, olhando para um homem pintado no quadro que o olhava na medida em que andava.
Von Baldebourd sorriu de maneira tristonha.
— Incrível... Incrível manter esse humor depois de tudo que aconteceu. Tão jovem e tão maduro, um garoto digno de ser filho de um Rei – disse Von Baldebourd - Ah, e, diga- se de passagem, não somos anjos, somos almas.
— Almas? Você parece bem real pra mim
Von Baldebourd gargalhou.
— Diferentemente do que vocês acham, não somos fantasmas. Esses estão presos em Terra-Mar, devido algum feitiço, não podendo passar pelo julgamento. Já as pessoas que foram julgadas são divididas em duas: as pessoas ruins que passam pelo julgamento e caem no abismo, para o eterno sofrimento. E as pessoas boas que são julgadas e sobem a escada em direção ao paraíso. Mas nós, as almas, também conhecidos como profetas, pelo fato de termos nos tornado mártires em nosso mundo, foi nos dado um cargo de confiança no céu e assim nasceu a Sociedade da Alma, responsável por manter a paz em Terra-Mar e dentre outras coisas que saberá em breve.
— Então eu sou um fantasma?- indagou Max assustado com a possibilidade.
— Certas perguntas não podem ser respondidas por outra pessoa a não ser você mesmo, garoto - advertiu Von Baldebourd- nunca em toda história da Sociedade da Alma ou até mesmo Terra-Mar isto aconteceu, me desculpe.
Max se manteve em silêncio.
— Alguma pergunta a mais Max?- perguntou Baldebourd enquanto alinhava seu manto.
— Meus pais, como eles estão?! – um leve tom de desespero pôde ser ouvido.
Von Baldebourd respirou fundo, como quem procura forças para falar a verdade, ou para escondê-la.
— Chegamos garoto! Espere aqui- disse Balderbourd ao chegar em frente a um portão enorme de madeira adornada em ouro, com duas estátuas em suas extremidades.
Na medida em que Von Baldebourd andava, Max olhava curioso, para todos os lados, jamais vira tamanha grandeza, mesmo sendo filho do mais forte Mago-Rei em Terra-Mar.
Mas dentre tantas coisas, se destacou a enorme escultura realista de um homem feita de pedra e argila, parcialmente pintada com fragmentos brilhantes, que o olhava por cima da porta - nesse momento sua nuca se arrepiou, seus olhos arregalaram, e pode jurar naquele momento que aquela estátua realmente possuía vida. Num momento de medo atravessou a porta na tentativa de se encontrar com Von Baldebourd.
Ouvindo os passos rápidos do garoto, vozes nervosas que se estendiam para dentro daquele salão, pararam de falar num súbito. Von Baldebourd numa rápida analise facial, afirmou:
— Parece assustado Max.
— A... A estátua parece ter vida - gaguejou Max.
— Obra do nosso artista, Diones. Suas obras são tão perfeitas que ganham vida, literalmente - disse num tom brincalhão - Deixe- me lhes apresentar, este é o garoto que falava há pouco. É um garoto bom, de bom coração.
— Já demos nossa condição - repreendeu um homem alto e magro, de voz grave. Antes de torna-lo cidadão leve-o contigo e o ensine sobre nossa cultura, nossas obrigações e deveres. Se tudo ocorrer de acordo com o planejado, traga-o para o alistamento dos Servidores Estatutários da Ordemalma. Se for da vontade de Deus que ele passe, assim será.
Von Baldebourd concordou com um leve balançar da cabeça e abraçou Max, colocando-o em torno de sua capa e cantou uma invocação:
— Koinó Simeío!
Em um estralar de dedos apareceram num cenário extramente bucólico, dentro de um arco com letras estranhas, cujas mesmas, Max, ainda não compreendia. Havia uma casa de madeira na beira de um penhasco e seguiram em direção a ela.
Na medida em que chegavam perto da casa, um cachorro avança em direção deles babando tudo que estava a caminho. Era um cachorro grande e escuro, quase parecia um cavalo.
— Eai garotão, como vai? - dizia Von Baldebourd, enquanto alisava o cangote do cachorro - este aqui é o Tróia, Max. Desde pequeno era muito grande pra sua idade.
Antes que Max pudesse responder qualquer coisa, alguém o interrompeu.
— Olha mãe, o pai chegou!
Quem disse isso foi um garoto de cabelo cacheado, todo vestido de verde- com certeza se estivesse numa mata se camuflaria muito bem.
— Roger, vem cá, quero lhe apresentar um novo amigo. Ele vai ficar um tempo conosco.
Roger veio correndo conhecer Max, mas meio descuidado acabou tropeçando numa raiz de uma árvore que estava acima de onde realmente deveria estar. Max se contorceu para não rir, forçou tanto que acreditou que uma ou duas costelas dele tinha se quebrado.
Roger se levantou meio sem graça e melado de lama.
— Oi sou o Roger Tree.
— Prazer Roger! Sou Max - disse estendendo a sua mão.
— Prazer! Não é todo dia que aparece uma visita aqui, ainda mais da minha idade - disse Roger com um sorriso que ia de ponta a ponta da orelha - vêm deixe eu ti mostrar minhas criaturas.
Von Baldebourd interveio.
— Nada disso mocinho, vá tomar um banho primeiro, você está todo sujo!
Roger meio chateado, mas obediente acatou a ordem do pai e todos seguiram em direção a humilde casinha de madeira.
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Oi, tudo bom? Caso tenha gostado deste capítulo, não se esqueça de curtir, comentar e compartilhar- isso me motiva demais - ahh e não se esqueça de adc. este livro em sua biblioteca. Desde já, obrigado.
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