Capítulo 7
"Porque você é um céu, porque você é um céu cheio de estrelas
Porque você ilumina o caminho"
A Sky full of the star (Coldplay)
Dias Atuais
Luís
Sigo Vânia, entramos em sua casa, a porta de entrada fica na sala, há dois sofás, uma estante, uma televisão, algumas fotos pelas paredes e um tapete, o cômodo é pequeno, mas aconchegante.
— Sente-se. — Eu sento em um dos sofá, Vânia segue em pé. — Você gostaria de algo para beber?
Sorrio, um sorriso cordial e amistoso.
— Não, obrigado.
Assente e senta no sofá ao lado do que eu estou, inclino meu corpo de modo a estar praticamente de frente para Vânia.
— Então, você irá ficar com a menina?
Seu olhar é esperançoso, enfim entendo sua alegria e alívio ao se deparar comigo e Belle, eu fico mal por Gabrielle, Vânia não quer ficar com ela, a mãe não quis ficar com ela, como ela lida com as rejeições? Como uma pequena garotinha consegue ser forte?
Encaro Vânia, não posso prometer ficar com Gabrielle, afinal, eu posso não ser seu pai, meu coração dói com a possibilidade, eu quero ser seu pai, eu quero levar Gabrielle para casa, eu quero que Gabrielle faça parte da nossa família.
— Provavelmente, existe uma possibilidade de eu ser o pai de Gabrielle.
Sorri, Vânia não parece ser uma má pessoa, mas algo nela soa falso, forçado, feliz demais.
— Eu conheci sua irmã e soube sobre você. — Seu sorriso se desfaz, morde por breve segundos sua bochecha. — E liguei para Diana para conversar sobre você.
Olho para ela curioso.
— E como foi essa conversa?
Eu não consigo imaginar o que Diana diria sobre mim, não nos encontramos há muito tempo, ela não sabe nada sobre mim.
— Diana garantiu que você é o pai de Gabrielle. — Tem suas mãos unidas e mexe seus dedos sem parar. — E prometeu ajudar você com os documentos necessários para assumir a paternidade, ou qualquer coisa necessário para você assumir a menina.
Uma pergunta ecoa em minha mente.
— E se eu não ficar com Gabrielle?
Olho em seus olhos, o sorriso surge em seus lábios novamente, mas dessa vez é um sorriso de desculpa, Vânia dá de ombros.
— Eu não posso ficar com ela, eu avisei Diana, ela não se importa com a filha, eu precisarei entregar Gabrielle para o estado.
Eu quero perguntar como ela pode cogitar abandonar uma criança, mas não tenho esse direito, não tenho o direito de questionar os seus porquês, ela não tem obrigação alguma com Gabrielle.
— Você sabe, se em algum momento Diana conviveu com Gabrielle?
Dessa vez, seu sorriso é cruel.
— Diana jamais quis a filha, ela queria fazer um aborto, mas Lupita descobriu a gravidez e impediu, ela pagou Diana para ter o bebê.
Metade de mim está com raiva de Diana, outra metade está dizendo que ela não tem obrigação de querer ser mãe. Eu só gostaria de ter descoberto sobre minha filha, eu não a rejeiraria.
— Eu irei ficar com Gabrielle.
Eu odeio como soa que eu estou falando de um objeto, Vânia olha para mim com um olhar cheio de expectativas.
— Se ela for sua filha?
Há um certo receio em sua voz, passo as mãos pelos fios do meu cabelo. Eu não posso fazer promessas, eu devo conversar com Belle, eu estou prestes a abrir a boca e dizer sim quando eu lembro das suas palavras, a voz de Belle ecoa em minha mente.
"— Você está conhecendo sua filha, não é? Seu coração está reconhecendo sua filha, não é?"
Talvez, eu possa fazer promessas.
"— Como você sabe, sereia?"
Recordar suas palavras é libertador, é um alívio, Belle deixou claro seus sentimentos, não preciso ter medo, não preciso ter receio.
"— Porque, eu senti o mesmo, bad boy."
Eu posso fazer promessas, porque nós sentimos o mesmo, porque Gabrielle é nossa filha.
— Ela é minha filha.
Eu posso não ter certeza se temos o mesmo sangue, mas tenho certeza que ela é minha filha. Vânia sorri, ela está satisfeita, aliviada.
— Você sabe quando irá levá-la embora?
E ansiosa, eu posso entender não querer ficar com uma criança, mas sua pressa em mandá-la para longe não me deixa confortável, será que ela teria coragem de ser rude com
Gabrielle? Será que a pequena está sofrendo? A simples ideia causa em mim uma certa raiva, um certo aperto em meu coração.
— Eu preciso descobrir como devo proceder, eu irei ligar para meu advogado, além do mais pode ser muita informação para Gabrielle, eu quero que tudo aconteça da melhor forma possível e menos dolorosa.
Eu gostaria de levar Gabrielle conosco hoje, mas não quero machucar a garotinha, não sei como lidaria com uma mudança repentina em sua rotina.
— Tudo bem.
Sorri, mas não é um sorriso feliz, é um sorriso falso, ela apenas está sendo cordial. Eu não quero que Gabrielle continue com Vânia, afinal está claro que ela não está feliz com a presença da garotinha. E se for pior manter Gabrielle com Vânia? Droga, o que eu devo fazer?
— Irei ligar para meu advogado.
Eu fico em pé, Vânia faz o mesmo.
— Fique a vontade, eu vou preparar um lanche.
Assinto, Vânia afasta-se e segue para o corredor que há no fim da sala à direita. Eu suspiro, retiro meu celular do meu bolso, posso ligar para o advogado que cuidou da herança da minha mãe, ele deve estar na cidade, ou posso ligar para o advogado da oficina, ou posso ligar para meu amigo. Não preciso pensar muito para saber para quem devo ligar, meu dedo desce pela minha agenda e clico em seu nome. Trago o celular para minha orelha e espero que ele atenda, há quatro sons de chamada e então a ligação é aceita.
— Oi, Luís.
Caminho pela sala, paro em frente a janela que fica na parede lateral, encaro um jardim de rosas.
— Oi, Daniel, eu preciso de um favor.
Alguns minutos conversando com Daniel e eu sei como devo proceder. Encerro a ligação, abaixo o celular e faço uma rápida pesquisa para encontrar um laboratório que realize o exame de DNA, entro no site de um dos laboratórios encontrados, há um passo a passo para ser seguido, o primeiro passo deve ser agendar uma data e horário para a coleta do material, salvo o número do local, ao ler as recomendações percebo que talvez, precise conversar com Diana.
Ligo para o laboratório, marco a coleta para daqui há dois dias, eu preciso conversar com Diana, mas será um problema para Luís do futuro. Não espero por Vânia, afasto-me da janela e caminho em direção a porta de saída.
Escuto gargalhadas, reconheço a risada de Belle, a outra é desconhecida, mas ao ouví-la meu coração acelera, abro a porta e saio para a varanda, deparo-me com uma cena linda, esqueço de todos meus problemas, Gabrielle corre pelo jardim com os braços para cima e grita animada, Belle observa a pequena, há um sorriso em seus lábios, uma expressão leve e divertida em seu rosto, desço meu olhar pelo seu corpo e encontro uma bola em frente aos seus pés, elas estão jogando futebol, Belle é tão péssima, subo meu olhar e meus olhos encontram os seus.
Eu amo Belle, nós estamos juntos há sete anos, somos casados há cinco, eu nunca me arrependi de escolher compartilhar minha vida com ela, ao contrário, eu estou orgulhoso das minhas escolhas. Seus olhos estão brilhando, é um brilho de felicidade, ela sorri, eu faço o mesmo.
— Eu posso jogar com vocês?
Desvio o olhar de Belle e procuro por Gabrielle, ela olha para mim, eu a encaro com expectativas, sorri e assente. Eu caminho em direção as garotas, nós três estamos sorrindo, Belle chuta a bola para mim, ela é péssima de mira e preciso correr atrás da bola. O objeto redondo está comigo, preciso me aproximar da goleira improvisada com sapatos e eu tento, mas sou impedido por uma criatura de menos de um metro e meio, Gabrielle é boa, eu consigo imaginar nós três jogando bola no quintal da nossa casa.
Belle imita Gabrielle, tenta roubar a bola dos meus pés, mas ela é muito ruim e acaba no chão. As duas repetem a ação algumas vezes, na última queda de Belle, eu fico preocupada, paro para ajudá-la e Gabrielle aproveita para marcar um Gol, Belle sorri e fica em pé, eu fui enganado. Gabrielle corre para os braços de Belle, as duas giram pelo quital, eu estou sorrindo, eu estou feliz. Ao fim do abraço entre elas, eu olho para as duas e elas olham para mim.
— Eu estou cansado, sou um idoso e irei sentar ali nas escadas.
Aponto para elas, Belle faz uma careta e vira-se para Gabrielle.
— Eu estou exausta, eu preciso de um tempo, irei sentar um pouco com Luís, tudo bem?
Gabrielle sorri e assente.
— Tudo bem.
Belle aproxima-se de mim, nós estamos sorrindo, um de frente para o outro, viro-me e ficamos lado a lado, ofereço minha mão, coloca a sua sobre a minha e de mãos dadas caminhamos para a escada. Sentamos no degrau, eu estou olhando para Gabrielle que deixa a bola de lado e pega alguns bambôles e arcos para brincar, eles estavam espalhados pelo chão.
— Como foi a conversa com Vânia?
Viro-me para Belle, ela está olhando para Gabrielle.
— Ela está com pressa em mandar Gabrielle para longe e eu afirmei que iremos ficar com ela.
Belle desvia o olhar da garotinha e seu olhar encontra o meu, não há repreensão em seus olhos, ou em sua expressão facial, há apenas curiosidade e expectativas.
— Nós iremos ficar com ela?
Belle está sorrindo, seus olhos estão brilhando, ela está feliz. Eu sorrio, dou de ombros e narra minha conversa com Vânia, minha ligação para Daniel, a ligação para clínica e o agendamento da coleta de materiais. Finalizo minha narrativa, nossas mãos continuam unidas, Belle segue sorrindo.
— Nossa filha?
De todas minhas frases ditas, essa é a que chamou sua atenção. De todas partes que eu narrei, a que chamou sua atenção foi a parte em que contei como cheguei a conclusão que talvez, Gabrielle seja minha filha, nossa filha.
— Talvez, o que você acha?
Eu tento não demostrar o quanto eu quero ouvir um é uma ótima ideia, eu não quero influenciar a sua resposta, é uma decisão que pode mudar a nossa vida, é uma decisão grande, é algo para chegarmos em uma conclusão juntos.
— Encontrar Gabrielle foi como encontrar a peça do nosso quebra-cabeça que estava faltando. — Belle está sorrindo, há lágrimas em seus olhos, ela está emocionada. — Ela é minha filha, Luís, eu sinto, eu senti ao olhar em seus olhos.
Uma lágrima desce por seu rosto, eu diminuo a distância entre nossos rostos, apoia sua testa em meu queixo.
— Ela é nossa filha, Belle.
Nós sabemos que não importa seu sangue, seu DNA, nós somos seus pais.
— Você acha que estamos sendo precipitados? Você acha que estamos depositando nossas esperanças em Gabrielle? Estamos a escolhendo, por que não podemos ter filhos biológicos?
Eu entendo suas dúvidas, não são só dúvidas, são medos. E se o amor por Gabrielle for apenas repentino? E se de repente assim como surgiu o amor pela garotinha desaparecer? E se estivermos projetando nosso desejo em Gabrielle?
— Eu não sei, Belle, eu não posso responder suas perguntas, porque são as mesmas perguntas que estão em minha mente.
Beijo sua testa, eu não tenho respostas para nossas dúvidas, mas o amor por Gabrielle está aqui, é um amor real. O amor por Gabrielle é a minha certeza.
— As dúvidas estão me torturando, bad boy, mas não posso mais imaginar minha vida sem essa garotinha, imaginar deixá-la é doloroso, é como não conseguir respirar.
Eu tento imaginar minha vida sem Gabrielle, é impossível.
— Eu tenho dúvidas, sereia, mas meu amor por Gabrielle é uma certeza.
Belle suspira.
— Talvez, nossas dúvidas sejam normais, apenas dúvidas de pais de primeira viagem.
Sua frase sai entre risos e choros, meu coração bate mais rápido ao compreender suas palavras e a sua mistura de choro e risadas, meus olhos nublam e lágrimas descem pelo meu rosto.
— Nós seremos pais, sereia.
Afasto meu rosto do seu para olhar em seus olhos. Nós dois estamos chorando, há tanta emoção em seus olhos e um sorriso em seus lábios. Meu coração está batendo acelerado e transbordando, transbordando de felicidade e amor. Apoio minha testa na sua, não falamos nada, somente ficamos em silêncio. Belle afasta sua testa da minha e vira seu rosto, eu faço mesmo, Belle apoia sua cabeça em meu ombro, observamos Gabrielle dançando com os arcos em seu quadril.
— Tudo ficará bem, não é?
Gabrielle olha para nós, acena e sorri.
— Tudo ficará bem, sereia.
Continuamos observando Gabrielle, minhas lágrimas cessam e somente, o sorriso permanece em meu rosto. Não sei por quanto tempo ficamos em silêncio, Gabrielle larga os bambolês e corre pelo quintal, ela está em seu próprio mundo.
— Você acha que o nome de Diana está na certidão de Gabrielle?
Belle encerra o nosso silêncio.
— Não sei, eu estou torcendo para que sim, porque agilizará o processo.
Segundo Daniel, se Diana for a mãe e responsável por Gabrielle, ou seja, se seu nome estiver na certidão, só precisamos ir ao cartório em que Gabeielle foi registrada e pedir reconhecimento de paternidade, no mesmo dia meu nome pode estar em sua certidão de nascimento.
— Você irá entrar em contato com ela?
A ideia não é das melhores e sendo honesto comigo mesmo é um pouco aterrorizante.
— Infelizmente, mas não temos outra opção, tentarei conseguir o número do seu celular com Vânia.
Eu não tenho medo de encontrar Diana, não tenho medo do que vou sentir. Eu tenho medo de encontrar com o meu passado.
— Eu vou com você, eu estarei ao seu lado.
Belle não precisa de palavras para entender o que eu estou sentindo, ela sequer precisa olhar em meus olhos.
— Obrigado, sereia.
A porta é aberta, escuto passos, mas não olho para trás, sigo observando Gabrielle, Belle faz o mesmo.
— Licença. — E então, viramos o rosto para olhar para Vânia. — Vocês almoçam conosco?
Há um sorriso em seu rosto, aparentemente sincero, eu não me importo de almoçar com elas, afinal é um tempo a mais que podemos ter com Gabrielle, olho para Belle para saber o que ela acha da ideia, dá de ombros.
— Por mim, podemos ficar, é um tempo que podemos usar para conhecer um pouco mais de Gabrielle, e você bad boy?
Suas últimas palavras são a forma de pergunta o que eu acho da ideia, Belle e eu não tomamos decisões que envolvam nós dois sozinhos, sempre conversamos, sempre chegamos a um consenso.
— Eu pensei o mesmo, nós podemos ficar.
Eu sorrio, Belle vira-se para Vânia.
— Nós adoraríamos almoçar com vocês.
Belle está sorrindo, desvio o olhar de Belle e viro-me para Vânia, ela continua sorrindo.
— Irei organizar a mesa e chamo vocês.
Belle fica em pé.
— Eu ajudo você Vânia.
As duas sorriem e entram para o inferior da casa, eu viro-me para Gabielle, ela está saltitando em minha direção e sorrindo, eu amo seu sorriso. Eu acompanho cada movimento seu, eu estou sorrindo, ela senta ao meu lado, olha para mim curiosa.
— Posso fazer algumas perguntas?
Não está mais sorrindo, seu tom é adulto, mas ao mesmo tempo infantil, eu serei interrogado por uma criança, eu estou me segurando para não rir.
— Claro, afinal somos amigos.
— Não decidi ainda...— Inclina sua cabeça para o lado. — Como devo chamar você?
Volta a deixar sua cabeça ereta, olha para mim, seus olhos são tão expressivos, Gabrielle é adorável e não me canso de olhar para ela.
— Luís, tio Luís, o que você achar mais apropriado.
Sorri, assente.
— Então, tio Luís, eu ainda não decidi se podemos ser amigos.
Meu coração bate mais forte ao ouvir tio Luís, eu preciso respirar fundo para controlar minhas emoções e conseguir falar.
— Claro e quais são as perguntas, Gabrielle?
Sorri, o vento bagunça seu cabelo, ergue sua mão e afasta alguns fios do seu rosto.
— Pode me chamar de Gabi.
Eu sorrio.
— Ok, Gabi.
Seus olhos brilham, ela está feliz, porque usei seu apelido ao me referir à ela.
— Você e Belle são casados? — Assinto, sua pergunta é engraçada, sua curiosidade é interessante. — Há quantos anos?
Gabrielle sequer pisca ao fazer suas perguntas.
— Sete anos ao total, mas somos casados há cinco.
Faz um biquinho engraçado, parece estar pensando em qual será sua próxima pergunta.
— E como se conheceram?
Ela é uma boa entrevistadora, será que posso falar sobre um bar para uma criança? Os meus muitos sobrinhos de consideração não me prepararam para essa situação. Podero por alguns segundos, então encontro a melhor resposta.
— Minha prima é sua melhor amiga, nos conhecemos em um almoço em sua casa.
Não é exatamente como aconteceu, mas é melhor que mencionar um bar.
— E por que vocês não tem filhos?
Eu fico surpreso com sua pergunta é mais uma vez preciso pensar em uma resposta.
— Porque o momento certo para ter um filho não aconteceu.
É o mais sincero que posso ser, sorrio, mas dessa vez, um sorriso triste. Gabrielle, aproxima-se de mim, seu rosto bate em meu peito, ergue a cabeça para olhar para mim.
— Eu acho que é o momento certo, Belle quer ser mãe. — Sussurra como se fosse um segredo. — E você deveria fazer algo a respeito.
Eu estou surpreso, ao mesmo tempo que quero rir e entender como chegou a essa conclusão.
— Como você sabe que Belle quer ser mãe?
Olha para mim como se fosse óbvio.
— Nós tivemos uma conversa de mulheres. — Muda seu olhar para repressão. — É melhor falarmos baixo para Belle não escutar.
Mordo meu lábio inferior para não sorrir.
— E por que você está me dizendo que Belle quer ter um bebê?
Mais uma vez recebe um olhar irritado, ela realmente acredita que é óbvio.
— Porque ela precisa de você para fazer um bebê.
E uma garotinha de sete anos ano consegue me deixar totalmente chocado, abro e fecho a boca algumas vezes até conseguir formular uma frase.
— Você sabe como um bebê é feito?
Eu olho em seus olhos, ela olha para mim como se eu fosse um bobo, sorri.
— Claro tio Luís, o príncipe põe uma semente na barriga da princesa. — Eu, talvez, esteja prendendo a respiração. — Ele põe a semente na comida da princesa sem que ela perceba, e então ela terá um bebê.
Respiro aliviado, Gabi olha para os lados averiguando se estamos sozinhos quando confirma que sim, vira-se para mim e sussurra.
— Você precisa por a semente na comida da tia Belle, ela quer muito um bebê.
Eu quero muito rir, mas apenas assinto, escuto o som da porta sendo aberta, Gabrielle também e afasta-se de mim, olhamos para trás e encontramos Belle.
— Sinto muito interromper, mas o almoço está pronto.
Gabrielle fica em pé e sobe para varanda, para ao lado de Belle e entrelaça uma de suas mãos com a de Belle, a outra estende para mim, olho para Belle e ela está sorrindo, sorrio, eu fico em pé, viro-me para as garotas e coloco minha mão sobre a de Gabrielle. Entramos na casa, os três de mãos dadas, Gabrielle entre Belle e eu.
Vamos para uma pequena sala de jantar, fica ao lado da sala de estar, há um espelho em uma das paredes e uma mesa quadrada de vidro ocupando o meio do ambiente, há seis cadeiras ao seu arredor, Vânia está sentada em uma delas. Sobre a mesa está pratos, garfos, facas, copos, panelas com comidas e uma jarra com o que eu julgo ser suco. Belle e eu sentamos de frente para Vânia e Gabrielle ao seu lado.
É um almoço silencioso, trocamos poucas palavras, não é um silêncio agradável, é um clima tenso e pesado. Estamos na sobremesa quando Vânia olha para Belle e eu, a expressão em seu rosto não é das mais amistosas, ela aparenta estar nervosa, Belle entrelaça nossas mãos e a aperta, ela percebeu a mudança de comportamento de Vânia.
— Eu tenho uma amiga, Matilde, ela tem uma pensão no centro da cidade, pensei em passar alguns dias com ela, caso vocês não tenham onde ficar poderiam ficar na pensão da Matilde, assim estariam perto de Gabrielle.
Surpreendo-me com a sua sugestão, é uma ótima ideia. Viro-me para Belle, ela assente, encaro Vânia novamente.
— Se tiver quarto disponível, nós ficaremos na pensão da sua amiga. — Sorri e eu sorrio de volta. — Obrigado, Vânia.
Talvez, nunca consiga agradecer Vânia o suficiente, por esse seu gesto.
— De nada, é o que Lupita gostaria que eu fizesse.
Seu olhar torna-se triste ao mencionar a irmã, olha para baixo, fita a mesa.
— Vânia. — Recompõe-se e ergue o olhar, olha em meus olhos. — Você por acaso tem o número de telefone de Diana?
Eu detesto ter que pedir o contato de Diana, odeio a ideia de falar com parte do meu passado.
— Claro. — Fica em pé. — Irei buscar o meu celular.
Vânia sai da sala, eu percebo que Gabrielle está me encarando, olho para ela.
— Você conhece Diana, tio Luís? — É perceptível a mágoa em seu olhar, eu apenas faço que sim com um gesto com a cabeça. — Ela é minha mãe.
A expressão em seu rosto é triste, em sua voz é possível perceber sua dor e sua mágoa. E meu coração quebra ao vê-la sofrendo.
— Que tal, você ir brincar um pouco lá fora, Gabrielle?
Vânia sugeri ao entrar na sala novamente, Gabi deixa a cadeira e corre para o Jardim. Recebo de Vânia um papel com o número de Diana.
— Irei retirar as louças da mesa, limpar a cozinha, organizar as minhas coisas e as de Gabrielle, e então podemos ir para a cidade.
Belle desvencilha sua mão da minha, fica em pé.
— Eu ajudo você, Vânia. — Beija o topo da minha cabeça, aproxima sua boca da minha orelha. — Talvez, seja um bom momento para ligar para Diana.
Belle está certa, eu fico em pé, deixo a sala de jantar e caminho para sala de estar. Olho para o papel em minhas mãos, respiro fundo, empurro meus medos para longe, busco meu celular em meu bolso e dígito seu número. Levo o celular para minha orelha e espero Diana atender.
É uma ligação estranha, eu não sinto nada ao falar com ela, o seu tom de voz é repleto de ironia e sarcasmo, eu vou ao direto ao assunto e ao falar que é sobre a guarda de Gabrielle, seu tom de voz torna-se civilizado, marcamos de nos encontrar na praça de alimentação do shopping.
Após, Vânia estar com tudo pronto, vamos para a cidade em nosso carro. E seguindo as direções dadas por Vânia chegamos em um casa grande de madeira, é aconchegante, a amiga de Vânia espera por nós na recepção. Matilde é uma senhora simpática, fazemos um pequeno tour pela pensão, cozinha, sala, jardim e por último, mostra nossos quartos, o quarto de Vânia e Gabrielle é em frente ao nosso. Matilde deseja uma boa estadia e se retira, ocupamos os quartos, eu sou o último a entrar, fecho a porta e ao me virar encontro Belle no centro do quarto, joga sua mochila sobre a cama, eu faço o mesmo com a minha, aproximo-me dela, Belle sorri, um sorriso sem barreiras, sem poréns, sem mas.
— Você está feliz, sereia.
Dá de ombros, paro de frente para ela, coloco minhas mãos em seu quadril.
— É porque meu mundo não está desmoronando, bad boy, ele está se reconstruindo.
Olho para ela sem entender, sorri, espalma as mãos em meu peito.
— Algumas vezes, o mundo ao seu arredor parece estar desmoronando, mas na verdade ele apenas está se reconstruindo.
Eu entendo exatamente ao que Belle está se referindo, apoio minha testa na sua.
— E algumas coisas precisam ruir para dar lugar as outras.
Complemento seu pensamento, ela sorri, olha para minha boca, o ar muda, o tempo para, meu coração acelera, abaixo minha cabeça e meus lábios encontraram os seus.
~❤~
Olá pessoas! Decidi respostar essa serie mesmo sem todos os livros estarem revisados. Então aqui vai alguns avisos:
1 - Essa série foi escrita há muito tempo então os primeiros livros estão mal escritos e com muitos erros.
2- Como estou reescrevendo a série e repostando conforme vou fazendo isso algumas coisinhas não irão bater, detalhes que pretendo mudar.
3-Siga-me no instagram, porque em breve tem novidades aqui no wattpad e eu irei lançar meu primeiro livro na Amazon em Julho, meu insta é @lanasilva.sm.
4 - link do grupo no whats (ou deixe seu número nos comentários).
Bjs e até mais ❤️
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