Capítulo 5
"Que eu te amo
Eu te amei o tempo todo
E eu sinto sua falta
Estive tão longe por muito tempo
Eu continuo sonhando que você estará comigo
E você nunca irá embora
Paro de respirar se eu não te ver mais"
Far way (Nickelbak)
Stella
— Oi, dona Luz.
Mantenho o celular preso a minha orelha, eu estou o segurando com meu ombro para ter as minhas mãos livres e conseguir abrir a porta.
— Oi, pequena Lua, por que você não atendeu?
Sorrio e entro em meu apartamento. Ao estacionar o carro na minha vaga na garagem do prédio e conferir meu celular, eu encontrei cinco chamadas perdidas da mamãe, dona Luz odeia quando não atendemos suas ligações.
— Eu estava dirigindo e meu celular estava no silencioso, porque eu estava no trabalho.
Frizo o estava para que não receba um sermão, sobre o celular estar no silencioso. Eu fecho a porta com um chute e volto a segurar o celular com minha mão, retiro meus tênis brancos, caminho para a sala e deito no sofá. Meu corpo relaxa ao sentir o conforto, suspiro feliz, lar doce lar, eu amo meu trabalho, mas amo voltar para casa.
— Como você está?
Talvez, eu devesse contar sobre Pablo.
— Eu estou bem e você, mãe?
Opto por me manter em silêncio, é uma escolha sem motivos, sigo meu coração e por enquanto não contarei sobre para mamãe.
— Eu estou bem e você está me escondendo algo.
Mordo meu lábio inferior, encaro o teto branco, respiro fundo.
— É complicado, mãe.
Eu sei que posso contar tudo para minha mãe, nós temos uma relação ótima, somos parceiras, mas eu estou bem, esperançosa, eu tenho receio de falar sobre Pablo e o medo voltar a me dominar.
— Eu sonhei com você, eu sei que algo está acontecendo e quando você estiver disposta a falar, eu estarei aqui para ouvir.
Sorrio agradecida, o amor que eu tenho pela minha família transborda em meu peito e aquece minha alma, lembrar desse amor faz com que eu tenha a sensação de estar flutuando.
— Obrigada pela compreensão, mãe.
Eu posso não estar vendo-a, mas eu posso jurar que ela está sorrindo.
— Sempre, pequena Lua.
Mamãe conta sobre seu dia, relata as implicações entre papai e ela, eu sorrio ao ouvi-la, nos despedimos com eu amo você e encerramos a ligação. Eu estou feliz com o pequeno momento que mamãe e eu tivemos, largo o celular no sofá ao meu lado, continuo olhando para o meu teto, lembranças da minha infância invadem minha mente, eu fui uma criança feliz, muitas recordações são com meus amigos, primos e Júlia correndo por parques, ou em nossa casa, ou no de sítio nossos avós, espalhados pelo meu corpo estão as marcas dessa minha infância bem vivida, muitas cicatrizes de muitas quedas e bagunça. Eu sento no sofá com os braços apoiados em minhas pernas e meu rosto entre minhas mãos, eu estou tão nostálgica. E de repente, eu não estou apenas relembrando da minha infância.
Vários momentos estão ecoando pela minha mente, inclusive os com Pablo. Suspiro e ao mesmo tempo gargalho, eu estou igual a uma boba apaixonada, todos meus pensamentos convergem para Pablo. As lembranças levam meus pensamentos para minha caixa, a caixa que eu não abro há um bom tempo, desde nosso último encontro há seis meses.
Com um pulo fico em pé e corro para meu quarto, eu preciso ver os pertences da caixa, paro em frente ao meu guarda-roupa, abro-o e atrás de algumas pilhas de roupa encontro a caixa média preta, eu a retiro com cuidado, é a primeira vez em que a toco e não sou invadida por sentimentos tristes. Eu estou bem, eu estou alegre.
Caminho com a caixa em minhas mãos para a cama e espalho o conteúdo sobre o colchão, doze encontro em dez anos e doze recordações. Uma máscara, uma lata de milho, sorrio, quem guarda uma lata de milho? Após nosso encontro no mercado, eu limpei a lata e a mantive entre meus pertences, louco, mas ao chegar em casa, eu queria, apenas eternizar aquele nosso breve encontro, eu guardei-a na mesma caixa em que estava a máscara que usei no Carnaval. Naquele dia, naquele momento, eu não sabia, mas estava criando a minha caixa de lembranças.
Com carinho, pego a folha seca plastificada, traço com a ponta do dedos seus contornos. Eu plastifiquei uma folha para mantê-la intacta com passar do tempo, a lembrança do nosso terceiro encontro aleatório, dois anos após nosso "término".
O outono se faz presente com as folhas secas espalhadas pelo chão, a temperatura pode não variar muito de uma estação para outra, mas as folhas e as flores são ótimos indicativos. O dia de hoje está ensolarado com um vento agradável, eu estou correndo ao redor do parque, na pista disponível para correr, caminhar e andar de bicicleta, meus passos seguem o ritmo que deixa meus fones de ouvido, eu estou me sentindo em um filme com trilha sonora e eu sou a protagonista. Chad Kroeger, o vocalista do Nickelback canta o trecho preferido de uma das minhas músicas preferidas.
"Que eu te amo
Eu te amei o tempo todo
E eu sinto sua falta
Estive tão longe por muito tempo
Eu continuo sonhando que você estará comigo
E você nunca irá embora
Paro de respirar se eu não te ver mais"
Como eu amo essa música, o ritmo pode ser de deixar você triste, acabado, destruído, mas comigo é ao contrário, meu coração acelera e uma energia eletrizante percorre meu corpo, respiro fundo e olho para o céu, não há nenhuma nuvem no céu, lindo e incrível. Desvio meu caminho, uma vontade louca de ir para a beira do lago domina meus sentimentos, dou de ombros e sigo em direção ao lago. O lago está no centro do parque, pessoas estão no gramado ao seu redor tomando Sol e apreciando o lindo dia, eu realmente admiro quem acorda cedo para aproveitar o dia e eu estou tentando ser esse tipo de pessoa. Correr às seis horas antes das minhas aulas não está sendo fácil, mas irei conseguir. Sento na margem do pequeno lago, o vento bagunça meus cabelos, eu não deveria demorar, mas opto por curtir o momento, chegar alguns minutos atrasada na faculdade não irá me prejudicar.
Escuto o barulho de folhas sendo pisoteadas, viro a cabeça para o lado e eu sou surpreendida por um cachorro, um grande cachorro bege, corre em minha direção.
— Bob, Bob.
O que deve ser seu dono chama por ele, mas não adianta o cão pula em mim, não há muito o que fazer e sou atingida pela bola de pelos, eu caio para trás e bato com as costas no chão, o grande cachorro está em cima de mim e lambe meu rosto, faz cócega e eu sorrio, fecho meus olhos para que não receba sua baba.
— Bob, meu Deus. — Eu reconheço essa voz, rezo internamente para estar errada, sinto alguém se aproximar. — Você está bem?
O cachorro saí de cima de mim, abro os meus olhos, procuro pelo cão e seu dono, eles estão perto dos meus pés, eu reconheço o cara, droga, ele não está olhando para mim, ele não percebeu quem sou eu. Bob correu para dono quando ele o chamou, mas solta-se e corre de volta para mim, porra dói suas pequenas patas esmagando minha barriga.
— Bob, seja um bom menino.
Vejo seus passos ao lado do meu corpo, ele está se aproximando, puxa seu cachorro para longe de mim. Olha para meu rosto e reconhecimento brilha em seus olhos, merda, eu estou em uma ótima posição, sorrio.
— Você tem um cachorro, zangado.
Eu percebo que ele está segurando seu sorriso, ele quer sorrir.
— Eu tenho um cachorro, feliz. — Meu coração para e então acelera rapidamente ao ouvir o meu antigo apelido deixar seus lábios. — Um cachorro mau criado.
Sorrimos, uma conexão entre nós é perceptível, nossos olhares se encontram e o mundo gira, desaparece, somos nós dois e o tempo em que ficamos separado torna-se insignificante. Ele oferece sua mão para me ajudar a levantar, eu aceito e coloco minha mão sobre a sua, há um reconhecimento em nosso toque, há uma energia.
Eu fico em pé, eu estou de frente para Pablo, o vento bagunça meu cabelo e sou atingida por seu cheiro, seu perfume doce e ao mesmo tempo forte, ele ergue sua mão e afasta alguns fios de cabelo do meu rosto.
— Podemos caminhar um pouco ao redor do lago, o que acha zangado? — Ele faz uma careta, Bob late. — Bob gostou da ideia.
Pablo balança a cabeça, mas sorri.
— Eu também gosto da ideia, feliz.
É uma caminhada, sem mencionarmos o passado, sem esperança de um futuro, uma caminhada como dois desconhecidos. Bob corre em nossa frente, nós seguimos um do lado do outro, Pablo conta como encontrou Bob na rua e simplesmente não conseguiu não o levar para casa, fala sobre os objetos que o seu novo cão destruiu, nós rimos. Uma volta pelo lago, e então paramos um de frente para o outro. Eu sorrio, ele sorri, Bob late.
— Bom, eu preciso ir. — Pablo assente, eu suspiro, eu odeio despedidas. — Tchau, Pablo.
Ele não responde, Bob apoia as suas patas dianteiras em minhas coxas, desvio o olhar para ele e toco sua cabeça carinhosamente com minha mão, ele gosta de mim.
— Tchau, amigão.
Viro-me para deixar os dois, Pablo segura meu pulso, olho para ele, aproxima-se e beija o canto da minha boca.
— Tchau, Stella.
Encaro a folha em minha mãos.
Antes de voltar para casa naquela manhã, eu peguei uma folha do chão, uma lembrança, ao chegar em casa eu emplastifiquei com papel adequado para que ela resistisse ao passar do tempo.
Eu deito em minha cama de barriga para cima ao lado da minhas lembranças, por mais que exista dor, saudade, há também um sentimento de paz, plenitude. Olho para o lado e meus olhos encontro a quarta lembrança, meus dedos deixam a folha e ela caí no colchão, busco o quarto item, um guardanapo de papel com um rosa desenhada, o item de dois anos e meio depois.
O fim do ano aproxima-se e com ele o fim do semestre, eu odeio fins de semestres e suas provas diabólicas, eu preciso relaxar, ou irei surtar. E com a intenção de esquecer o estresse, eu vou para um bar com pessoal da faculdade, após as aulas.
O bar é perto da faculdade, o boteco do seu João, um lugar simples, com mesas e cadeiras de plásticos decoradas com logos de cerveja, as mesas estão dispostas ao ar livre, apenas o lugar com a mesa de sinuca, os balcões com as bebidas, os banheiros, a pequena cozinha e o caixa é protegido com um teto, se o clima está para chuva, uma tenda com lona é improvisada.
Escolhemos uma mesa, sentamos nas cadeiras ao seu redor, não demora para sermos atendidos por seu João, um senhor de cabelos brancos gentil com uma barriga de cerveja avantajada, o bom de pequenos bar é o atendimento ser realizado pelo dono, pedimos cerveja.
Bebemos, rimos, relaxamos, cantamos as músicas bregas que estão tocando, alguns fumam e inclusive maconha, eu recuso, álcool é o suficiente para mim. Eu estou alta, bêbada e eu preciso ir ao banheiro. Abandono minha cadeira e caminha em direção ao banheiro, eu estou tonta, não consigo caminhar em linha reta, eu sorrio.
Eu estou tão feliz.
Não sei como consigo utilizar o banheiro, tudo gira, mas consigo e comemoro. Ao sair, tudo continua sem foco, eu estou de frente para o balcão de pedidos e o caixa, eu enxergo alguém no balcão, ele está de costas e se parece tanto com Pablo, minha mente bêbada sente saudade dele, eu gostaria de beijá-lo novamente. Eu caminho em sua direção, ele está com os braços apoiados no balcão de madeira, a distância entre nós diminuiu e eu sinto seu perfume, eu posso estar bêbada, mas é ele. Eu paro ao seu lado, ele está com uma caneta na mão e rabisca em um guardanapo, ele olha para mim e eu sorrio.
— Stella?
Seus olhos são tão verdes, tão bonitos.
— Oi, Pablo. — Sem motivo algum gargalho, ele olha-me sem entender, paro de rir. — Você tem olhos lindos, sabia?
Balança a cabeça, ele está chateado.
— Você está bêbada.
Olho para seus lábios, dou um passo para mais perto dele e encosto minha boca na sua, mantenho olhos abertos, nunca beijei ninguém de olhos abertos, eu o beijo, mas ele não me beija, afasto minha boca alguns milímetros.
— Você não quer me beijar.
Faço uma careta e um beicinho infantil com meus lábios. Ele fecha os olhos e suspira, algo parece está difícil para ele.
— Tudo que eu gostaria era beijar você. — Pablo afasta-se, ele não me quer. — Droga, você está sozinha?
Antes que possa responder, uma das meninas que está comigo aproxima-se.
— Não, eu posso cuidar dela, nada de se aproveitar da minha amiga bêbada, covarde.
Luíza puxa-me pelo braço para perto dela.
— Eu quero ser aproveitada por ele, Luíza.
Luíza revira os olhos, Pablo analisa minha amiga.
— Ela é de confiança, Stella?
Ele quer me proteger? Que bonitinho, eu poderia muito bem me apaixonar por ele, sorrio.
— Minha ex melhor amiga, ela está querendo me afastar de você e perdeu seu cargo.
Ele assente, aproxima-se e coloca um papel em minha mão.
— Cuide dela, por favor.
Pede para Luíza e sai do bar.
— Eu gosto dele, Luíza. — Confesso para minha amiga, olho para o papel em minha mão e há uma flor desenha nele. — Eu gosto muito dele.
Sorrio com a lembrança, olho para todas as coisas que eu guardei ao longo dos anos, meu coração acelera, lágrimas acumulam-se em meus olhos.
— Eu gosto muito dele.
Repito as palavras que eu disse há anos, as palavras que contém os mesmos significados e os mesmos sentimentos.
~❤~
Olá pessoas! Decidi respostar essa serie mesmo sem todos os livros estarem revisados. Então aqui vai alguns avisos:
1 - Essa série foi escrita há muito tempo então os primeiros livros estão mal escritos e com muitos erros.
2- Como estou reescrevendo a série e repostando conforme vou fazendo isso algumas coisinhas não irão bater, detalhes que pretendo mudar.
3-Siga-me no instagram, porque em breve tem novidades aqui no wattpad e eu irei lançar meu primeiro livro na Amazon em Julho, meu insta é @lanasilva.sm.
4 - link do grupo no whats (ou deixe seu número nos comentários).
Bjs e até mais ❤️
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