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Se eu morrer, Momo me mata

Olá, como vocês estão? Voltei com a segunda temporada de Plano J (dessa vez reescrita), e estou bastante ansiosa para saber o que vocês vão achar. Sei que muita gente leu da primeira vez e está esperando os capítulos inéditos, mas eu sugiro reelerem tudo, porque eu mudei umas coisinhas que pode deixá-los confusos lá na frente. É isso, beijos, se cuidem e boa leitura!

OBS: As atualizações serão as terças, dois capítulos.

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— Park Rosé.
Alguns meses antes.
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Encarei a tela do notebook por longos minutos, mal podia acreditar que consegui entrar na tão falada Deep Web. Passeei com os olhos por todo o cômodo, da cama de solteiro ao guarda roupa, como se estivesse sendo vigiada por hackers. Porém, não podia pensar nisso agora, pois se enrolasse demais perderia o tantinho de coragem que adquiri há poucas horas atrás.

Quando tive a brilhante ideia de alugar um assassino para matar a Rosé.

Isso mesmo que você leu, não existem duas Rosés, muito menos erro de correção. Eu aluguei um cara para matar a mim mesma.

Eu não quero mais viver, é essa a verdade. Depois dos "Felizes para Sempre" as coisas foram ladeira abaixo. Jennie e Lisa me deixaram de lado, ocupadas demais transando como coelhos para se importar com qualquer outra coisa, e meu relacionamento com Jisoo não ia tão bem. Para piorar, agora a pouco ela me ligou e anunciou que sua ex-namorada entrou de mala e cuia na sua vida, mais especificamente, para ser a sua nova colega de quarto.

O que eu poderia dizer além de: "Está tudo bem, Jisoo", "É claro que eu não ligo, ela faz parte do seu passado, nada mais que isso". Quando na verdade eu estava sendo corroída de ciúmes?

As diversas garrafinhas de Corote que comprei no mercadinho da esquina terminaram de me destruir. Agora, os únicos pensamentos que passavam pela minha cabeça eram: se eu não puder ter Jisoo como namorada e a minha missão na terra foi cumprida com êxito — vulgo juntar Jennie e Lisa — o que mais eu poderia fazer a não ser esperar a morte?

E não transformem isso em uma espiral depressiva, por favor. Eu não estou depressiva, não segundo o BuzzFeed e Sehun, que não entende nada de psiquê, mas me garantiu que eu só estava bêbada, não depressiva.

Porém, agora era tarde demais para voltar atrás.

Tomei um longo gole da garrafinha rosa, limpando o resquício dos lábios com o dorso da mão, e me foquei na tela brilhante do notebook. Como a boa filhinha de papai que eu era, não queria sujar as mãos. Então, segui todos os passos para entrar na Deep Web e contratar o assassino.

O primeiro anúncio apareceu quando digitei o termo na barra de busca.

M.M.M.
Matadora de aluguel.
Mineira, 23 anos, excelente em mortes acidentais.

Tratar por Zapzap.


Fitei o meu reflexo bagunçado no espelho. Morte acidental era o que eu queria, nada muito sangrento, algo que merecesse uma nota pequena em um jornal amador e, logo acima, a foto do dia de alguma gostosa semi-nua.

Com uma coragem repentina, tratei de passar os bitcoins para a conta da assassina, marcando hora e lugar para o acordo. Me levantei, joguei as garrafinhas vazias de Corote no lixo e coloquei o meu melhor look de "estou indo cavar minha própria cova" fashion week: jaqueta de couro, — pois o suéter de pelinhos poderia dar uma impressão piranha mimada demais —, e uma bota cano baixo, além do cabelo solto de prancha.

O encontro seria na entrada de um parque florestal, no centro da cidade. Eu tinha trinta minutos para estar lá, mas as festividades de julho me fizeram demorar uma hora para finalmente chegar no local combinado, às dez horas da noite. Quando parei em frente à entrada desértica daquele parque, a sobriedade começou a aparecer, fazendo-me repensar no que fiz nas últimas horas. Eu realmente entrei na Deep Web e contratei um assassino de aluguel? Por ciúmes de Jisoo, Jennie e Lisa? Eu paguei um assassino pela minha morte? Eu estava completamente sozinha esperando um desconhecido que iria me matar?

Cruzei os braços pelo frio. O desconhecido era uma mulher, obrigada feminismo. Ela deveria ter dois metros de altura, uma tatuagem no pescoço, cicatriz na boca e um tapa olho. Será que a morte seria rápida? Morrer doía? Será que Jennie e Lisa chorariam a minha morte? Jisoo choraria? Será que eu levei o drama muito a sério? Será que...

Gritei como uma cabrita ao sentir um aperto nos ombros. Até esqueci que não tinha medo da morte e pensei em correr, deixar esse lance de morrer para depois, mas era tarde demais.

A garota com um capuz cobrindo o rosto parou na minha frente.

— Você pediu um assassino de aluguel? — perguntou ela.

Eu reconheci aquela voz.

Claro que eu reconhecia.

Momo abaixou o capuz e me fitou com os olhos enormes, brilhando no escuro.

Gritei de novo.

Ao recuperar a voz, enterrada em algum lugar junto a minha embriaguez, consegui perguntar:

— Como é possível? Você é a M.M.M?

Momo sorriu maniacamente.

— Não é óbvio? Momo, Matadora Mineira, dã.

Engoli o seco. Não, não, não, não... isso aqui não podia ser verdade. Agarrei o braço dela, arrastando-a para debaixo de uma árvore. A gente ia ser roubada, pior, mortas. Esqueça o que eu disse, eu definitivamente não queria morrer.

— Você pirou!? Como assim, assassina? Você não era uma fada, porra?

Ela me olhou ofendida, se desvencilhando do aperto.

— Primeiro, seu bafo tá igualzinho ao mendigo ali atrás que me pediu um real. Segundo, as pessoas que dizem que fadas não podem ser assassinas, não sabem nada sobre como o mundo das fadas funciona.

— Ninguém diz isso, Momo! — retruquei incrédula.

Momo estava toda de preto, o que era bastante estranho. Ela nunca usava preto, então estava levando a história de fada assassina a sério.

— Eu encontrei o seu anúncio da Deep Web — lembrei. —  Você realmente...

Queria perguntar: "realmente matou alguém?", mas Momo rebateu:

— Você estava procurando um assassino de aluguel na Deep Web, Roseanne?

Abri e fechei a boca, sem saber como começar a explicar.

— É que eu... — pigarreei, olhando para os lados. A constatação de que estávamos sozinhas no centro de uma capital imunda e perigosa, com ratos passando no meio fio e um poste mal iluminado acima das nossas cabeças, me trouxe de volta a realidade. Eu estava cem por cento sóbria agora. —  Precisamos sair daqui.

Momo suspirou, bagunçando os cabelos pretos.

— Conheço um lugar.

✐ ✎ ✐. . .

Se eu dissesse a Jennie e Lisa que estava em um bar no centro da cidade, de madrugada, comendo pastel frito na companhia de Momo, elas nunca acreditariam.

Sentei em uma das mesas amarelas da Skol, com uma bandeja de pastel de carne moída. Dois velhinhos bêbados estavam dançando forró na calçada, à nossa frente. A música saía de um trambolho imenso com adesivos da Beyoncé que tocava os sucessos dos anos 2000 se você enfiasse uma moeda de um real. Enquanto isso, a atendente limpava o balcão com um pano sujo, mas estava tão aérea que nem percebeu que o pano mais sujava do que limpava.

Pelo menos o pastel era bom, gorduroso, mais bom, quase me esqueci que queria morrer meia hora atrás.

— Estava esperando alguém diferente, quando contratei um assassino de aluguel — confessei.

Momo limpou a gordura de pastel de procedência duvidosa dos lábios.

— Tipo o quê?

— Tipo alguém mais parecido com um matador de aluguel, com tatuagens e... — Movi o dedo pelo rosto. — Cicatrizes.

Na verdade, eu deveria agradecer por ser ela. Não saberia o que fazer se tivesse aparecido alguém disposto a me matar.

Momo passou as mãos pelos cabelos, jogando-os para o lado.

— Eu tenho uma cicatriz, quer ver? É um risquinho leve, dá pra ver melhor na luz.

Me inclinei sobre a mesa, franzindo o cenho.

— Aqui quase não tem luz.

— Aqui ó... — Ela apontou para o pescoço. — Vem mais pra cá.

Estava com o nariz enterrado no seu pescoço, sentindo o leve cheiro de sabonete de coco, gordura velha e maconha. Me afastei.

— Isso me parece uma pinta, Momo.

Ela me encarou um pouco ofendida.

— Chame do que quiser. Eu chamo de cicatriz.

Em seguida, acendeu um cigarro de maconha com uma paz que dava inveja. Eu dividia o quarto com Momo há mais de um ano, mas não sabia quase nada sobre ela, a não ser que era uma fada, que vendia maconha e que tinha uma relação estranha com Sana. Todos esses itens destoavam completamente do seu hobby aos fins de semana.

— Você é mesmo uma assassina de aluguel? — perguntei.

— Estava no anuncio, né? — Momo respondeu no mesmo tom. — Então eu sou.

— Mas... — suspirei, desistindo de entender. — Então você tem que me matar agora?

Ela deu de ombros, soprando a fumaça para o lado.

— O que você achar melhor — retrucou.

Tirei o celular do bolso. Ninguém queria saber de mim. Liguei mais de dez vezes para Jennie e Lisa há quatro horas atrás, para contar sobre a nova colega de quarto de Jisoo, mas elas não atenderam. Provavelmente foram a uma festa junina sem me chamar. Agora, completamente sóbria, eu não queria mais morrer, mas se Momo estava disposta a me matar e eu não tinha nada além disso para fazer em uma sexta-feira à noite, aceitei a proposta.

— Okay, você pode tentar.

✐ ✎ ✐. . .

Tapei os ouvidos quando mais uma onda de palmas se iniciou.

— Quando eu disse que podia tentar, não era isso que eu estava falando, Momo!

Ela balançou a saia de babados feitos de papel crepom, tudo no ritmo da música sertaneja.

— Festa junina não é torturante o suficiente pra você!?

Meus braços penderam ao lado do corpo, desistentes.

— Eu pensei que seria uma morte rápida! — retruquei.

Ao meu redor, a praça enfeitada de bandeirinhas, barraquinhas de milho e com a maior quantidade de pessoas usando xadrez por metro quadrado, estava lotada.

Eu preferia estar morta.

— O que você disse? — Momo gritou no meu ouvido, por causa da música alta.

— Disse que preferia estar morta! — repeti o pensamento em voz alta.

— Você morre na história do lado, não nessa daqui! — ela respondeu de volta, gritando.

A cintura de Momo se remexia como se ela não tivesse coluna, quase fiquei hipnotizada por e esqueci que não entendi nada que saiu da sua boca. Eu morro onde? Puff, vai saber.

Há cinco minutos atrás, ela fez a própria saia de papel crepom e, para que eu entrasse no clima, se ofereceu para fazer um para mim também. Torcendo para morrer de desgosto, aceitei a proposta, mas agora só me sentia uma idiota com sardinhas, uma pinta acima dos lábios e um vestido de papel.

Tentei mover a minha cintura para o lado, acompanhando a música, mas eu definitivamente não estava no clima. Festa junina me lembrava de Jennie e Lisa, que estavam curtindo sem mim. Continuar respirando me lembrava Jisoo, que também respirava.

Me sentei no meio fio da rua, Momo sentou-se também, usando-me de apoio. Eu já estava na fossa, então a música sertaneja deu lugar a "Garota Solta" da Giulia Be.

Comecei a chorar compulsivamente.

A Jisoo era tão solta.

Certeza que ela iria me largar, certeza que iria voltar para a ex namorada. Seulgi seria uma futura médica, centrada, inteligente e provavelmente engraçada. Eu não era nada disso. Flexionei as minhas pernas e escondi a cabeça entre os joelhos. Por um segundo, tive certeza absoluta que ia morrer sozinha, nem Jennie e Lisa precisavam mais de mim. Depois de segundos soluçando em meio às lágrimas, senti o afago de Momo nas minhas costas. Levantei a cabeça, fitando-a.

— Fala a verdade, o que aconteceu, Roseanne? — ela perguntou.

— P-por q-que estaria acontecendo alguma coisa? — Funguei, engolindo as lágrimas. — U-uma garota não pode chorar em p-paz?

Momo olhou no fundo dos meus olhos e, devagar, se aproximou de mim. Achei que fosse me beijar, mas de repente abriu a mão e soprou algo no meu rosto. Fechei os olhos com força, tossindo, enquanto um pozinho brilhante e esvoaçante sobrevoava a minha cabeça.

— Momo...? — Abanei o ar, tentando respirar. — Que merda...

— É pó pirlimpimpim — explicou ela, com um sorriso grande demais no rosto.

Tossi violentamente.

— Claro que é!

— Viu só? Você até esqueceu que estava chateada!

— Não, eu não esqueci! — Limpei as lágrimas com brusquidão. — Só fiquei ainda mais chateada e com raiva!

— E o que mais? — ela perguntou.

— O que mais o quê, droga? Me deixa em paz! — Me preparei para levantar e ir embora, essa palhaçada passava de todos os limites possíveis, mas Momo agarrou o meu braço e me fez sentar no meio fio novamente.

— O que mais você está sentindo, Roseanne? — perguntou, dessa vez seria.

Suspirei, levemente culpada por ter sido grossa. Momo só queria me ajudar, apesar de ter um jeitinho um pouco estranho de querer me ajudar.

— Você já se sentiu inútil? — perguntei, com vergonha de encará-la.

— Eu sou quase inútil — respondeu ela, com um sorriso amável no rosto. — Eu sou a personagem coadjuvante, os coadjuvantes nem sempre tem uma história interessante. Eles só servem para preencher a narrativa da história.

Olhei para ela, confusa.

— Do quê você tá falando...?

Sutilmente, Momo tirou um lencinho do bolso e me entregou. Funguei o nariz, jogando-o fora depois.

— Obrigada. — Estava me sentindo um pouco melhor, as ideias estavam se clareando e, para a minha sorte, a música deu uma trégua. Agora, apenas o zumbido interminável de pessoas conversando e rindo nos rondavam. Um ótimo momento para mudar de assunto. — Só me responde uma coisinha... Esse lance de ser assassina de aluguel é verdade? Você já matou alguém?

Momo levou a mão até o peito, como se a pergunta fosse uma desonra.

— Claro! É óbvio que eu já matei pessoas! Sou muito matadora, Roseanne!

Pisquei algumas vezes, processando a ideia.

— Tá, tipo como?

Ela bufou.

— Tipo... você sabe como é.

— Não sei, me explica.

— Sabe sim...

— Se eu to perguntando é porque eu não sei!

Momo franziu as sobrancelhas, com um biquinho adorável demais para uma assassina.

— Eu matei o Heechul.

Meu rosto prosseguiu com a mesma expressão.

— E eu deveria saber quem é esse?

— O meu ex namorado de mentira, Roseanne! — retrucou ela.

Tapei a boca com as mãos, em choque. A lembrança dele no nosso quarto chegou de repente. Ele doou a minha cama para a igreja e ainda usou as minhas roupas, mas agora estava morto? Momo matou ele? Ela... meu Deus. Observei com os olhos arregalados Momo tirar a bituca do cigarro de maconha no bolso, antes de me dar a devida atenção.

— Estávamos na casa dele e eu perguntei: "Chul, você conhece a piada do pônei?" Ele disse que não conhecia, aí eu respondi: "pô nei eu".

Esperei o final da história, mas ela continuou em silêncio.

— Tá... e o que aconteceu depois? — perguntei.

— Ele riu tanto que o coração dele explodiu — respondeu ela, como se fosse uma conclusão óbvia.

— Ele... ele morreu por causa de uma piada? — Meu queixo caiu.

Momo assentiu.

— O médico disse que foi ataque do coração, ataque do coração, acredita? Puff... — Ela balançou a cabeça, incrédula. — Todo mundo sabe que isso nem existe.

Decidi não retrucar a última colocação.

— Então por isso você decidiu virar assassina de aluguel?

—  E como você leu, especializada em mortes acidentais.

Assenti com a cabeça, papai dizia que com louco não se discute. E eu sabia que chamar Momo de louca depois de contratá-lá para me matar há algumas horas atrás era hipocrisia, mas até eu sabia o limite disso. Além de que, eu estava bêbada.

Eu poderia lidar com a minha loucura, os planos infalíveis, a lerdeza crônica e o drama exacerbado, até poderia lidar com a loucura das minhas melhores amigas, esse tipo de doideira era familiar, ambiente seguro. Agora estava lidando com outro tipo de maluquice.

— O que você vai fazer pra me matar, Momo? Contar uma piada?

Ela deu de ombros.

— Eu posso tentar...

— Não, não! — lamuriei. — Não é assim que mortes acidentais funcionam!

— Tá, tá! Eu tenho outros métodos!

Fitei-a com desconfiança.

— E quais seriam?

Momo esticou as pernas no asfalto e estalou os dedos, em um pré-treino esquisito.

— Suco de cenoura mata, você pode ter uma overdose de Vitamina A.

Franzi o cenho.

— Esse é o outro método?

— 15 litros de água por dia, hm? Morte por hiperhidratação — continuou ela.

— Qualquer um faria xixi nas calças antes de reter tanto líquido assim...

— Você pode acreditar que tem uma doença de mentira, aí..

—... Só funciona com hipocondríacos, Momo — cortei sua fala.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, nos encarando, apreciando o vento gelado e ouvindo uma música sertaneja que voltou a tocar em algum canto.

— Tem certeza que não quer ouvir a piada? — ela perguntou.

Dei de ombros, não faria mal nenhum ouvir a piada, o máximo que poderia acontecer era morrer de rir, uma chance de menos de 0,1%.

— Estou ouvindo.

Momo aprumou o peito, esfregou as mãos e se preparou para o show.

— Okay, lá vai: O que a Xuxa foi fazer no bar?

Gargalhei antes de responder, não pela piada, nem de longe, mas era tão engraçado Momo se esforçando para contar.

— Não faço a mínima ideia... — respondi, recuperando o fôlego.

Ela comemorou, extasiada.

— Foi beber caSasha!

Meu riso morreu no mesmo segundo. Nunca serei capaz de sorrir novamente.

Momo deu batidinhas nos meus ombros, ao menos percebi que tinha ficado petrificada tamanha falta de humor.

— E aí? Tá viva? — ela perguntou.

Pisquei algumas vezes, tentando me situar.

— Vivinha da silva.

Momo soltou um suspiro indignado.

— Sou uma péssima assassina de aluguel, não é?

— Sem dúvidas.

— Droga... — Ela repousou a cabeça nas mãos, os cabelos escuros formaram uma janelinha na frente do seu rosto. — Acho que eu não tenho vocação para ser assassina de aluguel, tal qual a Xuxa não tinha para ser apresentadora... mas pensei que, assim como ela, eu poderia aprender na prática.

Fiz um carinho desajeitado em suas costas, os babados do vestido de papel crepom eram tão grandes que engoliam a minha mão. Ela prosseguiu o relato:

— Como eu vou te matar? Você me pagou. Agora eu tenho que fazer o possível e o impossível pra te ver morta, Roseanne. Com você morta, eu poderia até virar protagonista, sabe? Convivi com você tempo o suficiente para saber como funciona.

Recolhi a mão que acariciava as suas costas.

— Como você acha que isso funciona?

— Preciso de duas amigas de infância que secretamente se amam, uma namorada que vou deixar de lado porque estarei muito focada nas duas amigas que secretamente se amam, um homem para ser a cota gay, um final previsível e uma continuação não tão boa quanto a primeira, mas que vai explicar tudo. Não é assim que funciona?

Fechei a boca mecanicamente, já que meu queixo estava caído. Aquilo era... perfeito? Era mais que perfeito, era perfeito elevado ao quadrado! Soltei um gritinho e me joguei em cima de Momo, abraçando-a.

— Raça absoluta além da consciência! — Lancei-lhe uma sequência de beijinhos. — Esse poder beira a onipotência, Momo!

Ela tentou se esquivar dos beijinhos, confusa.

— O que você tá pensando em fazer?

Me coloquei de pé em um pulo. A lembrança de dois garotos caindo no soco no refeitório da faculdade, encheu as minhas pupilas. Um loiro, um moreno e o outro ruivo. Como eu, Lisa e Jennie.

— Por um momento de fraqueza, eu acabei esquecendo o meu propósito nesse mundo! — exclamei, com um sorriso maníaco no rosto. — Mas você me ajudou a ver tudo com clareza, Momo!

— Outro plano J? — perguntou ela, cabisbaixa.

— Outro  plano J! — afirmei. — E esse vai seguir a regra das continuações cinematográficas: maior, levemente ruim e sem limites!

Talvez, um novo Plano J fosse a solução dos meus problemas.

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