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Outro ponto de vista

Um ano antes
— Jennie Kim
━━━

"[...] Mas foi apenas vendo-as brigar minutos atrás que eu finalmente entendi que o problema  não era eu.

Lisa deu o primeiro tapa, Jennie revidou e elas caíram na calçada, levando alguns universitários bêbados com elas. Lisa e sua calça jeans larga e uma blusa comprada em brechó (o que era bastante inusitado já que seus tênis eram uns da Balenciaga que valiam 20 mil) e Jennie de vestidinho curto, salto e meia arrastão, rolando e puxando cabelo como quando tinham 8 anos de idade. Mas, depois que os garotos a separaram, eu finalmente percebi algo que nunca havia notado antes.

A forma como Lisa passou a mão pela coxa de Jennie, apertando um pouco mais do que seria recomendável para alguém que se diz odiar, e como Jennie com os olhos semicerrados, arfando e completamente descabelada, puxou um pouco mais os cabelos de Lisa, soltando um gemido barra consternado barra excitado..."





— Eu estava na minha, Rosé! Eu juro! — Lalisa se justificou, os cabelos loiros eram uma bagunça e metade dos apliques estavam nas minhas mãos.

— Mentira, Rosé! É mentira! — berrei. Um menino me segurou pela cintura, mas comecei a chutar o ar, um salto caiu no meio fio e o outro ficou preso no meu dedinho. — Foi a Edward Mãos de Tesoura que começou!

— A culpa ainda é toda sua, Tarzan de samambaia! — Lisa rebateu.

— Tarzan de samambaia!? Você é uma... uma... — Os curiosos se aglomeravam à nossa volta. Rosé estava no meio, uma mão segurando o decote generoso e outra o corote de pêssego. — Coruja testuda!

Lisa partiu para cima de mim, mas outro garoto a segurou. Ela se desvencilhou dele com tanta rapidez que Rosé precisou intervir, gritando:

— PAREEEM AGORA!

Recuei, obedecendo à ordem a contragosto. Era um tanto quanto deprimente brigar na porta de um bar. Os carros passavam na rua devagar e universitários bêbados filmavam a nossa situação, mas Lisa me tirava do sério tão fácil que aquela era só mais uma noite que deu errado.

— Orelhuda! — rebati.

— Salário mínimo! — Lisa devolveu.

— Pareeeeem com isso jaaaa! — Rosé deu um pequeno chilique na nossa frente.

Era o que ela fazia quando não conseguia ter controle sobre algo e, bem, Rosé queria ter controle sobre tudo. Mas, algo na forma como ela batia os saltos no chão do bar, como os cabelos loiros moviam graciosamente, e, mesmo com tudo contribuindo para ela perder o controle, Rosé ainda parecia bonita, com o vestidinho decotado e um corote quente na mão, me fazia entender porque Lisa era apaixonada por ela.

O problema era que eu era apaixonada por Lisa, mas Lisa me odiava.

— Eu estou cansada de vocês! — Rosé decretou, jogou uma mecha de cabelo loiro para trás e trotou para dentro do bar.

A saída dela pareceu ter desanimado as pessoas, como se ela fosse um show à parte, e os dois carinhas que seguravam a mim e a Lisa nos soltaram. Tentei me recompor, arrumar os cabelos, abaixar o vestido, procurar meus saltos, enquanto Lisa pegou a pochete caída no chão e acendeu um cigarro.

Nossas brigas começavam do mesmo jeito que terminavam: rapidamente. Dessa vez, Lisa deixou um vergão na minha coxa, mas eu não queria pensar muito no quanto a minha calcinha estava molhada por isso.

Era um dos males de estar apaixonada pela sua inimiga jurada.

Mas, antes, preciso explicar como tudo isso começou.

*Um outro ponto de vista sobre Lalisa Manoban,
lesbianismo e ódio mútuo a Jennie Kim (eu)*

Lalisa Manoban era um ano mais nova que eu, mas foi matriculada no maternal I porque era uma criança prodígio ou algo do tipo, mas com o passar dos anos toda essa inteligência se transformou em lábia para pegar mulher e habilidade para enrolar um cigarro de palha em menos de um minuto.

Ela ria como uma gazela e tinha olhos maiores que os de um macaco tarsius. As roupas eram cheias de pelos de gato (mesmo que seus gatos não morassem com ela), porque Lisa gostava de fazer carinho em todo bichano que via na rua. Ela jurava de pé junto que votou no Lula em 2002, quando todo mundo sabia que ela só tinha 4 anos na época, mas fazia parte da vibe petista de Iphone que Lisa gostava de passar para, de novo, pegar mulher.

Já eu, passei metade da vida não sabendo se gostava ou não de pegar mulher. Nunca beijei uma, mas aos 14 anos descobri que não era normal se masturbar pensando na sua inimiga jurada. Obrigada, Google.

Acontece que Lisa me tirava do sério com as suas manias idiotas e fumar estava no topo delas, me odiar em segundo lugar e ter transado com Rosé em terceiro. Eu estava bem com esse fato, não era como se eu tivesse tentado me parecer com Rosé dos meus 15 aos 17 anos, vestindo roupas românticas com estampas florais e pintando o meu cabelo de loiro até quase ficar careca. Não era como se eu tivesse aprendido a rir tampando a boca e a rolar os olhos a cada dois segundos. Puff, absolutamente não.

Lisa não merecia tanto esforço, ela arquitetou planos malignos para me matar desde que tínhamos cinco anos de idade. Como da vez em que deixou uma paçoquinha na minha mesa como um "presente", eu comi e fiquei mal por três dias. Houve bolos explosivos, intoxicação alimentar, internações em hospitais e, aos 18 anos, Lisa tirou carteira de motorista exclusivamente para me atropelar (palavras da própria). E, como se não bastasse ter feito isso uma vez, fez mais DUAS VEZES, com a desculpa que perdeu o controle do carro.

Perdeu o controle do carro três vezes bem na minha frente? Ela queria me ver morta.

Era essa a verdade incontestável, eu odiava amar Lalisa Manoban.

✐ ✎ ✐. . .

Depois da briga, voltamos para o alojamento juntas, porque não encontramos Rosé em lugar nenhum. Meus saltos vez ou outra se prendiam nas pedras do caminho, o que me fazia caminhar torta. Os poucos postes de luz dos campus raramente funcionavam, tudo estava coberto de mato. Lisa andava alguns passos a frente e, pasmem, acendeu mais um cigarro. Tentei não reparar em como os seus lábios estavam molhados de saliva.

— Acha que Rosé está com alguém? — ela perguntou.

Fiz uma careta.

— Por quê? Tá interessada, é?

Lisa riu, chutando uma pedrinha.

— Eu só achei estranho ela sumir assim, do nada. Você também não achou?

Sim, eu também achei estranho, mas eu não concordaria com Lisa.

— Ela disse que estava cansada de você, pode ser por isso. — Dei de ombros.

Lisa recuou, incrédula.

— Ela disse que estava cansada de nós duas!

Tive que me lembrar de respirar, já que por quase um minuto a luz do poste a iluminou em meio a fumaça pegajosa do cigarro. Ver Lisa na penumbra me trazia um duplo calafrio. Pigarreei, apressando o passo.

— Vai a merda — murmurei.

— Ei, me espera! — Lisa correu, me alcançando facilmente.

Malditas pernas enormes.

— É tudo culpa sua, sabia? — gritei.

— Qual é? Foi uma briga justa! Você gosta de Riverdale, pitoquinha. Isso é inadmissível!

— Argh! — Formei garras com as mãos, irritada. — São só cinco centímetros de diferença! Você parece o Slenderman, só consigo enxergar suas pernas!

Ela sorriu largo, feliz por me tirar do sério.

— Cinco centímetros fazem muita diferença, você deveria saber disso, já que gosta de homens...

Engoli o seco, sentindo minha barriga formigar pela aproximação furtiva de Lisa. Ela semicerrou os olhos, tragando o cigarro pela última vez antes de jogá-lo no chão, e os olhos acompanharam o mover dos meus lábios.

— Eu também gosto de garotas... — Minha boca ficou seca. — No momento estou transando com um homem, mas quando eu quiser chupar uma, err... qual é a frase mesmo? — Balancei a cabeça, confusa. — Eu posso gostar de uma garota... um dia... um dia pode acontecer...

Lisa fedia a cerveja e precisava cortar a franja há algum tempo, mas fazia isso sozinha e acabava deixando-a torta. Ela possuía cílios tão longos e um maldito sorriso de lado de tirar o fôlego, além dos dedos finos e longos, que agarraram o meu queixo. Segurei a respiração, eu não podia ceder, não podia ceder... mas ela estava tão perto que meu corpo inteiro começou a tremer. Fitei os seus lábios entreabertos, molhados no escuro, e a língua entre os dentes.

— Eu tenho pena da garota que vai ter o desprazer de se apaixonar por você, Kim  — ela sussurrou.

Soltei a respiração em um jato único, momentaneamente zonza. Uma queimação subiu na garganta, aquelas que te avisam que o choro vai vir, mas eu a engoli o máximo que pude.

— Vai para o inferno, Manoban — sussurrei, a voz embargada.

Ela riu, irônica.

— Te espero lá — E me deu as costas.

Sem querer voltar para o alojamento sabendo que a encontraria lá, dei meia volta enquanto as lágrimas escorriam pelas minhas bochechas.

✐ ✎ ✐. . .

[23:46. 15/01/2019]: Oi.

[23:50, 15/01/2019]: Kim Jisoo: Oi?

Bloqueei a tela, estupidamente envergonhada por chamar uma desconhecida tão tarde da noite, mas era isso ou voltar para o mesmo quarto que eu dividia com Lisa, e eu não estava com saco para vê-la depois do que ela me disse. Me remexi no banco frio em frente aos prédios do alojamento, e me preparei para mandar outra mensagem.

Digitando...

[23:50. 15/01/2019]: É a Jisoo?

[23:55. 15/01/2019]: Kim Jisoo: Qum qer saber?

Mordi os lábios, ela era uma procurada da polícia ou algo do tipo?

[23:56. 15/01/2019]: Eu consegui o seu número com a sua ex
a Seulgi
quer dizer, meu namorado conseguiu o seu número com a sua ex...
é uma longa história
eu sou a Jennie, prazer

[00:05. 16/01/2019]: Kim Jisoo: O q auela mocreia falou de mim?

Franzi o cenho, confusa. Qual o problema com o teclado dessa menina?

[00:06. 16/01/2019]: Desculpe, quem?

[00:10. 16/01/2019]: Kim Jisoo: minh ex

[00:10. 16/01/2019]: Ah, ela disse pro meu namorado
que você estava procurando uma colega de quarto.

Troquei o peso de um pé para o outro, a demora de Jisoo para responder me deixava ainda mais ansiosa.

[00:20. 16/01/2019]: Kim Jisoo: Tô.

[00:20. 16/01/2019]: Tá...?

[00:24. 16/01/2019]: Kim Jisoo: Tô, tô procurando uma coleg de quarto.

Olhei para os lados. Essa era uma das conversas mais esquisitas que eu já tive.

[00:24. 16/01/2019]: Podemos marcar um lugar
para nos encontrarmos? É urgente, eu preciso mudar de quarto.

[00:30. 16/01/2019]: Kim Jisoo:  Fou mal eu to meuo ocupada agors

Fiquei alguns segundos encarando a tela do celular, meus dedos mexendo de lá para cá pelo teclado, mas sem digitar nada.

[00:32. 16/01/2019]: Posso mandar mensagem amanhã de manhã
se for melhor.

[00:40. 15/01/2019]: Kim Jisoo: tá bom, eh seu. Ala leste, quarto 230, pode vr amaha b noite

Bloqueei a tela do aparelho e o contato da tal de Jisoo. Gostava de ter os meus rins saudáveis e dentro do meu corpo, e ela não parecia ser alguém confiável.

O que me restava era passar a noite no banco em frente aos alojamentos. Eram divididos por um pátio que muitos usavam como parque, e realmente parecia um, havia bancos, uma pequena fonte que esguichava água (onde os mais corajosos tomavam banho nos dias quentes) e, naquela sexta a noite, como todas as outras sextas a noite, também servia como bar improvisado.

Não era permitido beber dentro das instalações da universidade, mas ninguém cumpria essa regra com afinco, o que resultava em um aglomerado de universitários falando alto, fazendo passinhos de funk, cantando Legião Urbana no violão e protagonizando alguns micos ocasionais. Passei por eles tentando não chamar atenção, minha sorte foi que começou a chover e todos correram para debaixo das marquises. Não parei até chegar ao alojamento de Sehun. Ele era minha única opção.

Seria mais fácil sentir só ódio por Lisa, seria maravilhoso poder odiá-la sem peso na consciência, sem ser traída pela minha própria mente que dizia: será que ela odeia mesmo você? Continue dividindo o quarto, quem sabe ela não passa a gostar de você? Mas eu ficaria louca se continuasse a pensar assim, por isso há alguns meses procurei alguém para mudar de quarto.

Os pingos d'água começaram a escorrer dos meus cabelos e acertar o chão em um "toc toc" incômodo assim que cheguei ao corredor do alojamento de Sehun. Meu queixo tremulava e, eu tinha certeza, minha aparência era a de um cãozinho que havia acabado de sobreviver a uma tempestade.

Sehun atendeu depois de alguns toques constantes.

— Meu... Deus? — Ele me olhou de cima a baixo. — O que aconteceu, baby?

— Tomei chuva — respondi, seca.

O quarto de Sehun era o suprassumo de um garoto rico que nunca precisou arrumar a própria cama. Tinha bolas de futebol no chão, apostilas de medicina, roupas sujas, e eu sabia me esgueirar facilmente pelos obstáculos, mesmo no escuro.

— Esse contato que a sua amiga me passou é meio estranho... — Tirei os saltos. — Tem certeza que não é golpe? Acabei de mandar mensagem e...

Sehun acendeu a luz.

Tinha outro garoto debaixo das suas cobertas.

Ah... — arfei.

Agora tudo fez sentido.

— É... então... — Sehun coçou os cabelos. —  Você disse que não vinha hoje e tudo mais... aí eu pensei...

Eu me esquecia que Sehun e eu éramos namorados e, acima de tudo, esquecia que era um relacionamento aberto. O que proporcionaram cenas como aquela. Eu não conhecia os caras e garotas com quem ele ficava, mesmo que ele tenha proposto alguns ménages vez ou outra.

— Essa é a minha namorada, Jennie. — Sehun apontou para mim. —  Jennie esse é o Luhan.

— Oi — cumprimentei acenando.

— Oi...? — o garoto respondeu, se enfiando debaixo das cobertas. — Eu... eu acho que vou embora...

— Não, não precisa! — Balancei as mãos rapidamente. Meu sorriso parecia meio maníaco, mas eu só queria ser amigável. — Eu só vim dar um recado pro Sehun.

Um silêncio estranho pairou sobre o quarto.

— O recado! — Comecei a rir. — Eu falei que ia falar o recado e não falei hahaha... que loucura.... — pigarreei. — Bom, onde eu estava...?

— O recado — Sehun lembrou.

— Ah? Ah! O recado! — Bati na minha testa. — Eu conversei com a garota, uma tal de Jisoo, eu achei ela meio esquisita, então não vou mudar de quarto, é isso. Acho que posso aturar Lalisa mais um pouco... e obrigada por tentar me ajudar.

Esse era o momento perfeito para dizer que eu não tinha onde dormir, mas achei melhor não tocar no assunto. Sehun maneou a cabeça sutilmente, coçando a barba por fazer.

— Tudo bem.

Nos encaramos silenciosamente por alguns segundos.

— ... Até mais. — Dei um tchauzinho, sorrindo sem graça. — Boa noite aí...

Dei um passo para o lado, Sehun foi para o mesmo lado que eu. Dei um passo para o outro lado, Sehun também foi.

— Até amanhã — ele se despediu.

— Até amanhã — também me despedi.

— Te busco no almoço — ele lembrou.

— Tá — respondi baixinho.

Nos fitamos por mais alguns segundos, até ele voltar a dizer:

— No restaurante japonês?

— Pode ser. — Sorri no meu melhor "posso ir embora agora?", mas Sehun segurou o meu braço.

— Você vai pegar um resfriado, troque de roupa antes.

Olhei para os dois, confusa. O menino estava completamente dentro das cobertas agora, só com os olhos para fora. Eu queria poder me enterrar nelas também. Era um pedido de ménage? Por que eu realmente não estava a fim.

— Me trocar... aqui?! — perguntei incrédula.

— No banheiro, Jennie! — Sehun respondeu rápido.

— Ah, okay! — respondi no mesmo tom.

Sehun começou a procurar alguma roupa que esqueci no seu guarda-roupas, o que me fez encarar o menino nas cobertas sem saber para onde olhar. Entrelacei as mãos, tentando preencher o silêncio.

— Legal essa coleção de espanadores... — Apontei para os pompons rosas na beirada da cama.

— São plugs anais — o menino respondeu.

— Ah... — Maneei a cabeça, escutando a risada escandalosa de Sehun atrás de mim. — É claro que eu sabia.

Eu queria morrer.

✐ ✎ ✐. . .

Quando entrei no meu quarto, tudo estava escuro e quase desértico, se não fosse o barulho da chuva lá fora e Lisa debaixo dos lençóis, com os tufos de cabelos loiros saindo para fora da coberta. Ela dormia com os braços em cima da cabeça e pernas abertas, quase uma contorcionista.

Havia uma separação no meio do quarto feita com fita adesiva, um lado era meu e o outro o de Lisa. O meu lado sempre estava arrumado, desde a cama até as estantes de livros, organizada por ordem alfabética. As roupas eram organizadas por cor e, na cômoda, duas fotos estavam estrategicamente posicionadas e ocupavam lugar junto a alguns produtos de higiene pessoal. Uma foto era minha com as minhas mães e a outra era de Rosé, Lisa e eu no maternal.

Foi na época em que quebrei o braço de Lisa empurrando-a no meio da cantiga "fui a fonte do tororó" depois de ser chamada de "balofinha." Na foto, Rosé estava no meio de nós duas, posando com as mãos na cintura, tic-tacs da Hello Kitty prendendo os cabelos e meia calça branca por debaixo da saia-short do uniforme.

Lisa estava ao lado, com o braço engessado, calça de uniforme (ela nunca gostou de usar a saia-short) enquanto fazia uma careta para mim. Ela já usava franjas na época. Eu era a menor das duas, mas as marias-chiquinhas me faziam parecer menor ainda, com as bochechas grandes demais e a pancinha suja de comida. Eu mostrava a língua para Lisa.

Encarei aquela foto por um tempo, suspirando, mas decidi entrar na zona neutra do quarto: banheiro. Joguei as roupas molhadas na pia e me encarei no espelho. Eu usava uma camisa e um shorts de Sehun e dormiria com elas, estava cansada demais para pensar em trocar. Voltei ao quarto aos tropeços, mas ao afundar o joelho no colchão senti um molhado.

Lisa soltou risinhos do outro lado do quarto.

Levei os olhos até a janela de frente a minha cama, completamente aberta. As gotinhas de chuva ainda escorriam pelo vidro.

— Por que você não fechou a minha janela!? — Fitei o tufo de cabelos loiros debaixo da coberta. — Molhou o meu colchão inteiro, Lalisa!

Ela se sentou, os olhos brilhando em sarcasmo no escuro.

— Foi você que fez essa divisão idiota e, se me lembro bem, me proibiu de pisar no seu lado do quarto. Eu vi a chuva molhando o seu colchão, mas não pude fazer nada! — Ela deu um suspiro falso.

— Sua idiota! Onde eu vou dormir agora! — Apontei para o colchão molhado.

Lisa levantou uma sobrancelha, me olhando de cima a baixo.

— Ue...? Você não estava agora mesmo no quarto do seu namorado? Vai dormir com ele!

— Eu não vou, porque... — Olhei para os lados, pensando em uma resposta. — Porque ele tem prova amanhã cedo e... e se nós dormimos juntos provavelmente vamos transar a beça, transar muito porque... porque vivemos transando.

Lisa segurou o riso.

Transar a beça? Você tem quantos anos? 60?

— Você está com inveja! — esbravejei.

Lisa gargalhou e, sem querer, meus olhos caíram nas suas coxas. Ela dormia com uma blusa de algodão e calcinha, às vezes um topper e uma calcinha. Era torturante vê-la caminhando assim pela manhã.

— Inveja de você e seu namorado hetero que posta foto sem camisa com a legenda "hoje tá pago" no Instagram? Me poupe, Kim. — Ela se deitou, cobrindo a cabeça com a coberta. — Inveja eu tenho de quem pega a Anitta, de vocês eu tenho pena.

Chutei a cama, segurando um "aí" ao sentir meu dedinho bater na madeira.

Eu teria que dormir no chão, já que não queria incomodar Sehun de novo e ir até o quarto de Rosé estava fora de questão, ela tinha uma colega de quarto bastante exótica, para não dizer doida. Joguei os lençóis no chão, eles também estavam molhados.

— Merda... — suspirei.

Lisa se remexeu na cama e se levantou. Ela parecia emburrada no escuro, revirando a escrivaninha bagunçada. A blusa estava levantada até metade da barriga e a calcinha de algodão marcava a cintura. Engoli o seco, minha mente travou por alguns segundos.

— O que você está fazendo? — perguntei.

Ela se virou para mim, mostrando a fita adesiva.

— Não se acostuma, okay? — Ela puxou a ponta da fita, colocou na cabeceira da própria cama e só parou quando chegou no fim do colchão. — Esse lado é o seu, o outro é o meu.

Meu queixo caiu. Ela estava propondo que dividíssemos a cama?

— O que foi? — Lisa deu de ombros, como se lesse os meus pensamentos. — Quer dormir no colchão molhado?

Olhei para os lençóis e para o meu colchão. Não, eu não queria dormir neles, mas a outra opção era dormir com Lisa, Lisa de calcinha e regata. Eu ficaria acordada a noite toda, com o corpo ereto com medo de encostar nela.

Mas não foi para isso que eu falsifiquei a assinatura de Rosé e fiz Lisa dividir o quarto comigo? Por puro egoísmo, esperando ocasiões como aquela?

Lisa se deitou em seu lado da cama, com as costas viradas para onde eu deitaria. Agora, eu decidiria o que fazer dali em diante.

"Tudo bem", disse para mim mesma, "seria fácil". Era só me deitar o mais longe possível. A cama era de solteiro e provavelmente nossas costas se tocariam em algum ponto durante a noite, mas não seria nada demais.

Apesar que...

Lisa poderia me empurrar propositalmente para o chão, esperar eu dormir e me sufocar com o travesseiro, cortar o meu cabelo, jogar água quente na minha cara... Era Lalisa Manoban, ela nunca agiria de forma gentil comigo e me deixar dormir na sua cama tinha sido uma atitude gentil. Eu não dormiria, ficaria acordada esperando o momento que ela agiria, assim, eu poderia revidar a altura.

Caminhei a passos leves e de cabeça erguida até a cama, mas a pose se perdeu quando me esgueirei para debaixo das cobertas. Um cheiro bom me atingiu como um soco e precisei me lembrar de respirar. Se eu morresse, poderia facilitar as coisas para ela.

Deitei de lado, minha respiração estava acelerada e meus dedos apertavam os lençóis, mas o afundar do corpo de Lisa no colchão, atrás de mim, fazia um calor insuportável revirar a minha barriga. Apertei ainda mais os lençóis, mas o cheiro dela era tão bom e estava por toda a parte.

Lisa se remexeu, eu prendi a respiração.

Ela se virou para o meu lado, a respiração quentinha passou a bater na minha nuca, era espessa e calma, cheirava a cigarros e a lavanda. Se eu me inclinasse um pouco para trás acabaríamos de conchinha. Imagine só, eu de conchinha com a minha arqui inimiga jurada de morte que esperava uma oportunidade para destruir a minha vida. Boa, Jennie Kim, muito inteligente da sua parte, mas Lisa também não foi inteligente. Ela estava perto demais, provavelmente não respeitou a divisão que fez com a fita. Típico de Lisa.

Minha respiração rápida me impedia de pensar, eu só conseguia ouvir o ir e vir do ar entrando pela minha boca, e os nódulos dos meus dedos rígidos nas cobertas. Evitei me mexer, apesar de sentir o calor do corpo de Lisa me fazendo suar.

Ela se aproximou um pouco mais e tocou sutilmente as minhas costas. Eu estava maluca ou ela queria me matar? A chuva tinha acabado, percebi isso em um estalo, agora era apenas as gotas caindo do telhado e a brisa que entrava pela janela, mas dentro das cobertas estava tão quente que o suor se acumulou na minha testa e escorreu pela minha bochecha.

Lisa iria me dar uma chave de braço a qualquer momento.

Apesar que eu não sabia se ela estava dormindo ou não, se estava com aqueles olhos enormes abertos, me fitando. A inquietação começou a me tomar, era como se formigas andassem pelo meu corpo.

Droga, ficar na mesma posição era incomodo demais.

Porém, de repente, todos os meus pensamentos sumiram.

Lisa afundou os dedos na minha cintura.

— Dá pra ficar quieta? — ela sussurrou no meu ouvido.

Não sei quem engoliu o seco, se foi eu ou ela, se foi as duas, mas o barulho da glote se fechando preencheu o quarto. Meus olhos se fecharam com força e toda a minha atenção foi para as mãos dela, firmes no meu quadril. Não ousei me mexer, com medo de estar em um sonho, um delírio, talvez eu tenha bebido demais. Era possível? Beber ao ponto de imaginar coisas?

Os dedos de Lisa apertaram a minha cintura. Não era possível. Eles bateram no osso do meu quadril e buscaram caminho para dentro da minha blusa, estavam úmidos, o que me fez soltar o ar pela boca, e continuaram a me explorar devagar até parar abaixo dos meus seios, bem na voltinha. Senti os meus seios pesados, como se não pudessem aguentar esperar. Só esse mínimo contato me faria entrar em êxtase, porque eu me contentava com pouco independente se fosse imaginação ou não, mas tive certeza que era real quando Lisa resolveu tocar o nariz na pele suada da minha nuca.

De repente, percebi o quão quente estávamos, o suor pegajoso tomava conta do meu corpo e respirar era difícil, me sentia em uma sauna. Apertei ainda mais os lençóis. Isso definitivamente não estava acontecendo, apesar das sensações parecerem bem reais. Eu estava louca. Lisa colocou uma das pernas no meio das minhas, a coxa se arrastando para dentro delas, molhadas, e ela afundou a cabeça entre os meus cabelos, inspirando forte.

Eu queria não ter ouvido o gemido necessitado que saiu da minha boca, fiquei tão envergonhada que me encolhi, mas acabou surtindo outro efeito já que minha bunda acertou os quadris dela. Droga, a conchinha indecente com a minha arqui inimiga estava mesmo acontecendo.

Não sei qual a mensagem passei com isso, mas Lisa teve a audácia de descer os dedos até a barra do meu short, puxando o elástico e acertando-o em mim. Estremeci, colando meu corpo no dela. Era mais uma tática para acabar com as minhas defesas e me deixar vulnerável para seus ataques mortíferos, e mesmo sabendo disso não consegui me desgrudar dela. Nos encaixamos tão bem que eu podia sentir os seios pressionando as minhas costas, a coxa suada grudada na minha e a mão descendo para dentro do meu short.

O gemido saiu mais longo dessa vez, eu estava tão molhada que os dedos deslizaram facilmente para dentro de mim.

Eu esperei tanto por esse momento: saber qual era a sensação de ter Lisa fazendo aquilo comigo, que agora eu mal conseguia reagir. Eu apertei os lençóis, eram a minha única âncora, sem eles eu provavelmente perderia o controle. Os dedos de Lisa eram quentes e se mexiam lentamente, era excruciante, enquanto o respirar quente na minha nuca me fazia revirar os olhos.

Um jato de risada saiu dos lábios dela.

Eu poderia imaginá-la com um sorriso de lado e mais uma provocação na ponta da língua: "o seu namorado consegue te deixar molhada assim?" Imaginar isso me fez gemer baixinho.

Mas não se engane, eu ainda sentia vergonha, eu ainda tinha certeza que aquilo era um delírio da minha mente e que Lisa me odiava, mas eu estava com tesão demais para agir de forma diferente. Ela poderia me odiar o quanto quisesse, contanto que continuasse me fodendo daquele jeito. Seu indicador foi mais fundo, o dedão me massageava e me fazia contorcer. Lisa capturou a minha orelha com a boca, a língua passeando devagar ao redor do brinco.

— Você gosta assim? — ela foi mais fundo, gemi mais uma vez.

Lisa não encontrou nenhuma resistência, não encontraria nem se quisesse, e sua mão caminhou para dentro da minha blusa, apertando o seio em contato com o colchão.

— Mais forte — pedi, sussurrando.

Ela acatou o meu pedido com um rosnado, pensei ter ouvido alguns insultos junto a um "gostosa" meio afetado. Ela parecia puta por ter começado aquilo, e quando Lisa estava com raiva, tinha uma boca suja e uma tendência para foder as coisas, no bom e no mal sentido.

— Anda — pedi, suplicante. — Fala.

Ela enterrou a cabeça em meus cabelos no momento em que repousei a mão em cima da sua. Começamos a fazer o movimento juntas.

— Fala, Lalisa — pedi de novo. — Fala o que você quer tanto falar.

Soltei um gemido que me fez conjecturar seguir a vida como atriz pornô.

— Eu te odeio — murmurou ela.

Lalisa me empurrou e ficou por cima, minhas pernas se abriram para que ela se encaixasse no meio delas. Seu rosto estava contorcido de raiva, os lábios vermelhos e molhados, as narinas infladas e os olhos semicerrados, me fitando sem piscar.

— Eu também te odeio — disse, sentindo os seus lábios tocarem os meus. — Você é uma idiota e...

Arfei, ela voltou a afundar os dedos em mim, dessa vez com um meio sorriso no rosto.

— O que mais? — Lisa perguntou.

Nossos cabelos se misturavam, molhados.

— Você é uma... irresponsável e... chata — murmurei, apertando as coxas ao redor da mão dela.

Ela riu.

— Você consegue mais do que isso, Ruby.

Afundei a cabeça no travesseiro, minha respiração ficou dificultosa... ela me chamou mesmo de Ruby? Minha mente estava nublada. Era essa a nova tática para me matar?

— Você é uma cadela muito boa no que faz... — conseguir dizer. — Uma vadia odiosa.

— E você odeia isso? — ela perguntou. O som que Lisa fazia com os dedos dentro de mim, ressoavam pelo quarto, mais rápidos a cada segundo.

— Odeio... — disse em um cochicho. — Odeio como você me fode exatamente como pensei que faria... odeio pensar em você todas as noites antes de dormir...

Fechei os olhos com força.

Que merda eu acabei de falar?

Meus sentidos foram anestesiados por alguns segundos, mas voltaram aos poucos, me trazendo a realidade com um puxão brusco.

Abri os olhos, encarando os chocados de Lisa.

Ela se levantou de supetão e se arrastou até os pés da cama, transparecendo um espanto tão grande que eu me senti um fantasma. Me apalpei para ter certeza que não era uma assombração.

— Lalisa... — Mordi os lábios.

O que eu deveria dizer? Desculpa? Mas se me lembro bem foi ela quem começou. Foi tudo armado desde o princípio, deixar a janela aberta de propósito para molhar a minha cama e depois se aproveitar de uma fraqueza minha que eu nem sabia que ela sabia. Lisa estava sempre explorando as minhas fraquezas e agora teria esse episódio para usar contra mim. Ela sabia agora, sabia que meu ódio era muito mais profundo do que eu deixei transparecer durante todos esses anos.

Abracei meus joelhos, me sentindo exposta e com uma vontade tão grande de chorar que eu não conseguia ver mais nada, tudo estava pelas lágrimas acumuladas.

— Nunca mais me toque assim de novo — murmurei, limpando as lágrimas com a barra da blusa.

— Jennie... — Lisa balançou a cabeça, confusa. — Jennie, espera...

Corri para o banheiro, batendo a porta com força.

O choro que me atacou foi tão alto que fiquei minutos caída no chão do banheiro, sem forças para me levantar. Eu tinha sido tão idiota e suscetível, tinha sido tão vergonhoso entregar o meu segredo de bandeja para Lisa. Eu não conseguia me olhar no espelho. Ela usaria isso para me humilhar, eu tinha certeza.

Me levantei, encarando meu reflexo vermelho e molhado pelo espelho. Peguei meu celular na bancada e li a última mensagem que mandei para Jisoo.

[02:20. 16/01/2019]: Ok. Vou levar minha mudança às seis da manhã.
Obrigada pelo quarto.

Respirei fundo, lavei meu rosto, amarrei os cabelos e sai do quarto, pronta para encaixotar a minha mudança, mas Lisa não estava mais lá.

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