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Amarula e circo




Sehun ficou comigo por mais alguns minutos, até o namorado mandar mensagem e ele sair tão rápido que poderia ganhar uma medalha de ouro. Encarei meu pedaço de guardanapo escrito, pensando se iria ou não importunar Lisa novamente e se Jennie estava mesmo com ela.

Um estranho ressentimento me tomou. Será que elas estavam mesmo juntas? E o pior: escondendo isso de mim?

Não havia bola de cristal ou suposições que poderiam me dar 100% de certeza a não ser perguntar diretamente a elas, como Momo sugeriu, mas, se Lisa e Jennie estavam dormindo juntas por que não me contariam? Por que ainda fingiam se odiar? Era contraditório demais! Ontem elas estavam prestes a se estapear e esse comportamento era recorrente desde quando tínhamos 7 anos. Como eu poderia acreditar que alguma coisa mudou na relação delas?

E eu acreditava em muitas coisas inusitadas. Acreditava que Michael Jackson não morreu e estava escondido em um terreiro de Macumba no Ceará, que a facada do Bolsonaro foi uma encenação e que o grupo de pagode "Exaltasamba" era melhor que qualquer outro boygroup existente. Mas acreditar que Jennie e Lisa estavam escondendo um pseudo namoro de mim? Elas dividiam o quarto para transar sem que eu descobrisse? Elas... transavam?

— Tá pensando em putaria, né?

Levantei o rosto no susto, Lisa estava na minha frente. Escondi o guardanapo escrito debaixo da bunda.

— Quê? Não! Não, claro que não. — Pisquei algumas vezes. — Tenho muito dever pra fazer, só isso.

— Aham, sei — ela riu.

Lisa estava toda amassada, mas parecia estranhamente feliz, e se sentou na cadeira a minha frente. Ela carregava a cara de quem não dormiu a noite inteira (e uma bandeja com três copos de café e mais alguns biscoitos de polvilho). Além de vestir a mesma roupa que usava ontem, na festa.

Minha boca salivou com o lanche e, de repente, eu não estava tão triste ou preocupada com o possível segredo que as minhas duas melhores amigas escondiam de mim. Eu só estava envergonhada porque Lisa, de alguma forma, percebeu que eu pensava em sexo, mas não no meu sexo, no sexo das minhas duas melhores amigas e... É melhor parar antes que isso aqui fique estranho demais.

— Passei pela manhã no seu quarto, mas você não me atendeu — disse, desconfiada.

Peguei dois biscoitos e enfiei na boca, mastigando com a ajuda do café que também peguei na bandeja dela. Eu estava faminta como se não tivesse comido nada a manhã toda (o que era uma mentira, antes de Sehun sair eu o fiz me pagar um enroladinho de salsicha).

— Ahá! Então foi você que me acordou mais cedo!? — Jennie apontou o dedo acusatório para mim, se esgueirando entre as mesas cheias de gente para chegar até a nossa.

Ela usava um conjunto de moletom, mesmo que estivesse calor demais e abafado o suficiente para Jennie começar a suar como uma porca debaixo daquele monte de roupa. Os cabelos estavam presos em um coque rápido que salpicava fios de cabelo castanho por toda a cabeça, como o cebolinha da Turma da Mônica, e a carinha dela me dizia que havia acabado de acordar. Jennie se sentou ao lado de Lisa, pegando um dos copos de café na bandeja.

— Ei! Esse era para Jisoo! — Lisa tentou tomar o copo da mão de Jennie, mas ela esticou os braços. Lisa precisou se inclinar por cima de Jennie para alcançar o copo.

— Lisa, é só um café, por favor! Jisoo nem está aqui. — Empurrei ela novamente para a cadeira.

Fiz algumas anotações mentais: Lisa estava com a mesma roupa de ontem, o que isso queria dizer? Os fios loiros precisavam de retoque e ela estava sem os apliques no cabelo. Lisa costumava tirar os apliques para transar desde que Hyuna (uma garota do último ano de jornalismo com uma tara sadomasoquista) quase a deixou careca durante o sexo. Foi a primeira e última vez que elas transaram e Lisa, desde então, fugia dela como o diabo fugia da cruz. Fora isso, não havia nada anormal em Lisa, ela nunca usava maquiagem e não tinha paciência para passar perfume, então seu cheiro natural era uma mistura de sabonete Palmolive e cigarro de palha.

Acrescentei tópicos a minha lista mental: Sem apliques, mesma roupa da festa, sem cheiro de sabonete = Lisa transou ontem a noite.

Já Jennie bebia o café que roubou de Jisoo. Como a Dory de Procurando Nemo, ela se esqueceria do drama que fez ao cair na piscina, do beijo que deu em Sehun e também da minha irritação com a situação toda, como de praxe. Mas algo no aspecto dela estava destoante. Jennie era limpa e organizada com o seus pertences e a sua aparência, mas agora ela parecia uma daquelas tias de reality show americano que acumulava lixo e gatos pela casa. Tudo bem, talvez eu estivesse pegando pesado, mas Jennie não lavou o rosto e ainda tinha remela na beirada dos olhos. Ela tomou um longo gole do café e se inclinou para arrotar no ouvido de Lisa, rindo logo depois.

Mais tópicos a minha lista mental: Usando moletom, não lavou o rosto, não arrumou os cabelos = conclusão desconhecida.

Mas então algo aconteceu, algo surpreendente, abrupto, impensável e estranho, que me deixou boquiaberta. Lisa também riu do arroto de Jennie.

Repito: Lisa riu do arroto de Jennie.

Arregalei os olhos, pensando seriamente em filmar o momento exato que Jennie colocou a mão na boca, ainda rindo da própria façanha, e Lisa repousou o café na mesa para manear a cabeça e soltar um risinho rápido antes de voltar a tomar a bebida.

— E aí, Rosé, onde está Jisoo? — Lisa perguntou, como se a cena anterior não tivesse acontecido. Jennie roubou um biscoitinho da bandeja de Lisa, mas acabou ganhando um tapa, o que não a impediu de roubar mais um.

— Deixei ela no meu quarto, assistindo Xuxa e os Duendes com a Momo e o novo falso namorado dela.

A melhor coisa a se fazer era esperar para ver o que mais acontecia entre elas, portanto, estava no meu modo lerda. Sim, caros leitores, eu me fingia de lerda, ok?

Lisa parou o movimento de levar um biscoito até a boca.

— Você deixou a Jisoo junto com a Momo?

— Coragem... — Jennie murmurou. — E desde quando Momo namora homem?

— Eu também me perguntei a mesma coisa! Mas é uma longa história. E qual o foi, Lisa? Momo é inofensiva.

— Claro que é — Jennie ironizou. — Ela só fuma tanta maconha que acha que é uma fada.

Lisa gargalhou.

— Imagine só, quando Rosé chegar lá Jisoo vai achar que virou aquele bonequinho de biscoito do Shrek.

— Ai ela vai ficar com medo de ser comida ou de perder a outra perna... — Jennie emendou e as duas gargalharam.

Sem xingos, apelidos, indiretas, ofensas, sem Jennie jogar nada na cara de Lisa, sem Lisa chamar Jennie de algum apelido fazendo alusão aos 4 centímetros de diferença na altura das duas. Estreitei os olhos, desconfiada.

— Onde vocês passaram a noite?

O riso de Lisa morreu e Jennie se engasgou com o biscoito.

— Quê...? — ela perguntou, com a mão no pescoço para conter a tosse seca.

— Onde. Vocês. Passaram. A. Noite — repeti pausadamente. — Vocês duas estão bem humoradas e estão rindo juntas. Não rindo uma da outra, mas sim juntas.

Ok, cansei de esperar e ativei o modo ataque. Aquele era o momento perfeito para elas me dizerem a verdade, qualquer verdade que fosse, plano maligno, máquina do tempo, complô contra o governo. Lisa e Jennie não mentiriam na minha cara. Nos conhecíamos a mais tempo do que não nos conhecíamos e elas sabiam que poderiam me contar tudo. Lisa identificava a cara que eu fazia quando pensava em putaria a quilômetros e Jennie sabia ler as entrelinhas de tudo que saia da minha boca. Éramos partes que se completavam.

Mas tudo que se sucedeu depois da minha fala foi Lisa fazendo uma careta, como se tivesse chupado limão.

— Nunca mais ouse dizer "juntas" na mesma frase que eu e a cavaquinho.

Jennie completou:

— Nós não estávamos rindo juntas! Estávamos rindo da Momo!

— Que nem está aqui para se defender! — Bati as mãos na mesa, fazendo birra. — E vocês ainda não responderam a minha pergunta! Jennie chegou aqui dizendo que me ouviu bater no quarto de Lisa, então quem dormiu lá? — Joguei a cartada final e cruzei os braços, quase caindo da cadeira ao colocar todo o meu peso nela.

— O quarto não é só da Lisa, eu morava lá também. — Jennie repousou as mãos na mesa. Ela sabia interpretar a advogada de defesa de si mesmo muito bem, claro, ela fazia direito. — Eu estava com raiva de tudo ontem a noite, sabe? Foi mancada o que fiz com Sehun na frente do namorado dele e de todo o drama sem sentido que causei ao cair na piscina.

Olhei para Lisa, ela estava muito concentrada no resto dos biscoitos de polvilho na bandeja. Jennie continuou, calmamente.

— Eu ainda tinha a chave do quarto então pedi Sehun para me deixar lá na esperança que Lalisa não estivesse. Ela não estava, eu entrei e dormi, simples. Mais alguma coisa, detetive?

Levantei uma sobrancelha, ainda desconfiada. A história parecia ter procedência, com a parte de Jennie esclarecida, me virei para Lisa.

— Onde você passou a noite, mocinha?

— Eu não sabia que você tinha virado a minha mãe, perguntando onde eu estava ou onde deixei de estar. — Lisa rolou os olhos.

— Por que não quer me contar?

— Não é que eu não queira contar, mas você está um porre esses dias, Rosé!

Jennie maneou a cabeça, concordando silenciosamente.

— Tá parecendo aquelas loucas obsessivas — e disse baixinho.

— Ai, essa doeu! — Apontei o indicador para Jennie.

— Por que quer saber onde eu dormi, ein?— Lisa se inclinou na mesa, fazendo o papel de policial mau. Era como se as duas estivessem unindo forças para descredibilizar meu plano secreto sem ao menos saber que eu tinha um plano secreto.

— Qual é, Lisa? — Me afastei da mesa, na defensiva. — Se você não quer me dizer é porque tem caroço nesse angu!

— Para de falar os ditados do seu pai, você parece uma caipira! — Jennie intercedeu, de boca cheia. Ela aproveitou a situação para roubar mais biscoitinhos na bandeja sem receber nenhum tapa de Lisa.

— Não desvie o meu foco da minha pergunta. — Mostrei a língua para Jennie e me virei para Lisa. — Desembucha, anda. Onde você dormiu ontem a noite?

— Com a Tzuyu, ok? Ela me chamou para dormir no quarto dela e eu pensei "não estou fazendo nada, por que não?" — Lisa levantou as mãos, em rendição. — Quer saber o que fizemos a noite toda também? Eu posso contar.

Jennie fez uma careta.

— Não me faça ter indigestão, não são nem dez horas da manhã.

Lisa rolou os olhos.

— Pelo menos agora eu sei que preciso trocar a fechadura da porta para que certas pessoas não entrem no meu quarto pela madrugada.

— O quarto era meu! — Jennie quase se engasgou com os biscoitinhos, de novo.

Era, não é mais! Foi você quem quis mudar de quarto! Agora aguente dormir com Rosé e Jisoo trepando igual coelho no cio ou mude de quarto outra vez, talvez eles te coloquem com alguma parente da Momo que acredita ser um pônei.

— Não fala da Momo, só eu posso falar da Momo! — Joguei meu copo vazio de café em Lisa. — E Jennie, já que o problema sou eu, pode ficar no quarto com a Jisoo, prometo não dormir lá mais, e Lisa, nem todas as pessoas são promíscuas como você.

— Promíscua não, livre. — Ela beijou o próprio ombro, como a Valesca Popozuda em meados de 2012.

— Sou mais dormir com Rosé e Jisoo trepando como coelhos no cio do que com você, Lisa. — Jennie soltou em um bufar e cruzou os braços.

— Seu sonho é dormir comigo, encolhida. — Lisa piscou de lado para Jennie, que ficou vermelha igual um pimentão maduro.

— Eu não estava... não estava falando desse dormir, era... outro dormir... — Ela olhou alarmada para a bandeja, pegou os farelos do biscoito e empurrou de uma vez na boca. Os lábios ficaram brancos de polvilho.

Sorri para aquela cena. Era tão perceptível como elas gostavam uma da outra que até um cego veria. Jennie ficava envergonhada com qualquer menção safada que Lisa fizesse, Lisa sabia disso e continuava fazendo, vez ou outra chamando-a de "morena", lançando piscadinhas a esmo ou flertando na base do "é brincadeira mas talvez não seja." E já que o assunto "colegas de quarto" estava sendo discutido eu poderia muito bem perguntá-las diretamente sobre a dúvida que Momo plantou na minha cabeça. Me inclinei, repousando as duas mãos na mesa e sorrindo maniacamente para as duas.

— Por que vocês dividiam o mesmo quarto? — Fiz um biquinho, me fingindo de inocente.

Elas poderiam falar a história "da faculdade tê-las juntado depois de Jennie, sem querer, tentar fazer um trote com Lisa" mas eu tinha argumentos para contra-atacar dessa vez, como o fato da faculdade tê-las separado de turma para que não fizessem nenhuma matéria juntas. Então automaticamente, seria incongruente deixá-las no mesmo quarto.

Mas até agora todas as histórias pareciam ser verídicas. Lisa estava toda amassada e com a mesma roupa da festa porque dormiu com Tzuyu e presumi que Jennie estava com aquele moletom porque era a única coisa que ela não levou do antigo quarto para o novo. Elas não traíram a minha confiança e não pareciam ter mentido na minha cara.

Jennie tomou o resto do café e amassou o copo na mão.

— Tenho uma novidade, Rosie! — Ela alongou os "ie" como se fosse uma canção. — Chegou a época de Amarula e as mães perguntaram se está tudo certo para irmos para lá esse ano.

Pisquei alguma vezes, estilo "pane no sistema alguém me desconfigurou." O que eu estava pensando antes? Eu estava desconfiada de quê? Acabei esquecendo tudo ao dar um gritinho animado, mexendo as mãos loucamente como um bonecão de posto.

— Ah! Sim! Vamos, vamos, vamos! Está tudo certo! AAAH!

Era fantástico! O ritual de fazer o licor de Amarula era uma das melhores coisas do ano. Íamos até a casa de Jennie para amassar a fruta com os pés, comer comidas tradicionais sul africanas (com muita carne e tempero) e beber até cair no chão. No fim, participávamos de um ritual aos deuses que as mães de Jennie faziam desde que éramos pequenas.

O plano Jenlisa podia esperar, as minhas paranoias podiam esperar, até o mundo podia parar de rodar pelo tempo necessário para a época da Amarula acontecer. Jennie parecia satisfeita e Lisa respirou fundo, estranhamente relaxada com a mudança de assunto.

Mas eu não liguei para esse fato, não totalmente, porque era a única época do ano em que elas davam um basta em toda essa briga sem sentido. Era uma trégua rápida que durava os dias da colheita e da fabricação do licor e terminava no ritual para os Deuses, onde enchíamos a cara de licor! Não era uma maravilha? Nesses poucos dias eu me esquecia que minhas duas melhores amigas eram disfuncionais e nos preocupávamos com coisas de amigas de verdade, nos tornávamos fúteis, bêbadas e felizes. Portanto, a época da Amarula se tornou fácil fácil uma data mais esperada que o natal. Papai Noel que me perdoe.

— Esse vai ser o primeiro ano da Jisoo! Ela vai amar, meu Deus! Você avisou as tias que vamos levar Jisoo, não é? Já fizeram as malas? Tava pensando em levar aquele vestidinho que comprei semana passada, sabe qual é? Aquele frente única que mostra as minhas costas, Jisoo achou ele uma gracinha e os sapatos, ainda não sei... ah! Hahahahaha Nós ficamos descalços, esqueci desse detalhe...

— Por que não vai aprontando as coisas agora, Rosé? — Lisa perguntou. — Como você mesmo falou tem muita coisa para levarmos e você precisa focar para não se esquecer de nada!

— "Levarmos"? — Jennie maneou a cabeça, confusa. — Então você vai também?

— Claro — Lisa respondeu, simplista. — As tias me mandaram mensagem ontem e eu sou a única de nós quatro que tem carro, morena. — Ela piscou para Jennie de novo, que ficou com as bochechas vermelhas demais para continuar a falar.

— Tanto faz. Saímos amanhã — ela cochichou, tímida.

— Amanhã? — Senti meu coração bater mais rápido. — Preciso ir agora arrumar as minhas malas e as de Jisoo! Beijos, Lisa e Jennie, até amanhã e... e se cuidem! — gritei, já correndo para os alojamentos novamente.

A época da Amarula havia se iniciado e nada daria errado, corrigindo, eu faria de tudo para nada dar errado. Voltaríamos a nossa cidade natal e todas essas brigas idiotas não fariam mais sentido, seriam só eu Lisa, Jennie e agora Jisoo amassando frutinhas e bebendo licor, sem brigas, indiretas e paranóias. Até mesmo esse plano de juntá-las parecia bobo na minha cabeça. Jennie e Lisa se odiavam, certo? Amarula, se odiavam, Amarula, será que eu estava pensando direito? Amarula! Ah, eu merecia um descanso. Gretchen me abençoe.

Mas, algo dentro de mim, talvez uma partezinha desconfiada, ficou se perguntando se elas não estariam usando esse evento para desviar a minha atenção de algo mais importante.

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