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BÔNUS IV: Aquele com o Queridinho das Leitoras

Eu perco meu caminho e não demora para você apontar meus erros
Eu não posso chorar, porque eu sei que isso é fraqueza aos seus olhos
Eu sou forçado a fingir um sorriso, uma risada, todos os dias da minha vida
Meu coração não pode se partir quando ele nunca esteve inteiro para início de conversa...

(Because Of You - Kelly Clarkson)

JASON DINCKLEY

Tudo parecia incrivelmente cinza e sem graça.

Eu tentava ficar calmo, na verdade, eu era obrigado à ficar, enquanto o meu quarto era completamente revirado. Porque o meu pai insistia em achar que eu escondia algo que, segundo ele, seria imoral. Era ridículo, eu sabia.

Suspirei baixo, puxando um cigarro ao meu lado, então coloquei na boca e o acendi, jogando o isqueiro para o outro lado da cama, enquanto esperava todo aquele circo acabar.

Passei alguns minutos imóvel, enquanto sentia o cheiro de nicotina escapar pelas minhas narinas, e escutava o barulho de objetos sendo jogados no chão, gavetas e portas abrindo e fechando, e logo depois, os passos do homem, que eu devia chamar de pai, se aproximando de mim.

Sem pressa, dei uma última tragada no cigarro, soltando a fumaça no ar e então o coloquei na boca novamente, erguendo o olhar para o homem, que se fosse possível, com certeza me mataria apenas com os olhos.

— Sua bichinha de merda. –Cuspiu, enquanto negava diversas vezes com a cabeça, me fazendo soltar um risinho sarcástico e sem qualquer pingo de humor.

— Então, achou alguma coisa? –Questionei ironicamente.

E como resposta, meu pai puxou o cigarro da minha boca e o atirou no chão, saindo em seguida do quarto em passos fundos. Bem, podia ter sido pior, já que ele poderia ter pego o cigarro e o apagado em meu braço, como já havia feito uma vez.

Jeffrey John Dinckley, o meu pai querido, meu herói. Desde a morte da minha mãe, ele era a primeira pessoa que me vinha à mente quando eu pensava em família, segurança, em amor incondicional. Era assim que eu deveria me sentir, certo?

Não. Errado.

Era impossível associar amor e segurança à uma pessoa violenta, que te bate, te xinga, e que tenta te moldar à sua maneira. Porque era só isso o que ele conseguia fazer.

Tudo começou graças ao maldito acampamento, e piorou gravemente depois do Halloween, porque agora eu tinha minhas coisas reviradas constantemente. E como o meu pai era um policial aposentado, tinha tempo de sobra para me levar e buscar na escola, e me privar de viver a minha própria vida.

Respirei fundo e me levantei, pronto para arrumar o meu quarto, que com certeza seria revirado novamente amanhã, e se eu tivesse sorte, poderia demorar até uma semana.

Tanto faz, eu já estava acostumado.

O carro parou em frente à escola, me deixando um pouco mais aliviado, já que significaria algumas horas sem o Jeffrey.

Antes que ele dissesse alguma coisa, desci do carro em silêncio, enquanto sentia seu olhar atento queimar as minhas costas. A única parte boa de vir com ele, é que eu evitava Stuart. Afinal, eu não sabia o que era pior, lidar com o meu amigo depois de tudo, ou lidar com o meu pai. Se bem que, eu conseguia me virar bem quando ele não estava me dando nenhuma surra.

E por falar em surra, o meu olho já não estava tão roxo como antes, e os meus machucados estavam cicatrizando bem.

Logo na entrada da escola, avistei Nancy, que parecia ter acabado de chegar também. Então, respirei fundo e fui ao encontro dela.

— Jason, oi. –Disse assim que me aproximei.

— Você tá legal? –Perguntei enquanto a analisava. Estava tudo tão bagunçado ultimamente, que essa foi a segunda vez que consegui falar com ela depois de toda aquela confusão.

— Eu não sei. –Ela respondeu, depois de algum tempo em que parecia pensar. Então balançou a cabeça algumas vezes, como se estivesse em conflito com ela mesmo. — Quer dizer, acho que sim.

Acenei com a cabeça e olhei para trás, percebendo que o meu pai ainda estava lá. Soltei um suspiro, que pareceu ser imperceptível para Nancy, e então desviei o olhar para ela novamente.

— Vamos conversar em outro lugar? –Perguntei para ela, que olhou para trás, provavelmente percebendo também a presença do homem à alguns metros.

Nancy confirmou com um aceno, e então começamos à caminhar, para bem longe do olhar julgador e sem qualquer evidência que me fizesse acreditar que havia algum tipo de amor paterno ali.

Eu não me sentia amado, para falar a verdade. Que exemplo eu tinha de amor, afinal?!

— Ele não tocou em você de novo, não é? –Fiquei surpreso quando Nancy perguntou.

Estávamos chegando no campo de futebol. Era pouco movimentado aquela hora, e talvez eu até pudesse ficar ali e matar aula, já que estava farto de ter um tipo de atenção à mais sobre mim, tanto pela merda que a Summer fez na festa de Halloween, da qual eu nem fui, e ainda assim, me ferrei. Tanto pela curiosidade em saber de quem eu havia apanhado. E eu nem sequer sabia se eles cogitaram o meu próprio pai.

Dei de ombros.

— Não. Só reforçou o controle sobre a minha vida, o que também é uma merda. –A olhei.

Nancy estava pálida, quero dizer, mais que o normal. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo mal feito, e os seus lábios ressecados, denunciavam que ela nem se deu ao trabalho de se arrumar para vir à escola.

Quando Edward Boyer terminou com Summer para ficar com ela, eu só consegui pensar "porra, mas que merda aquele cara tem na cabeça?". Mas a resposta era tão simples, só era preciso passar um tempo com Nancy e tentar entedê-la. Mesmo que não fosse do tipo que falasse muito, ela era especial pra caralho, e infelizmente não sabia disso.

Eu gostava dela.

— E quanto ao Boyer, vocês já conversaram? –Perguntei, tentando mudar de assunto.

Não adiantava falar sobre a ignorância e violência do meu pai, aquilo não iria mudá-lo. Ele sempre foi daquele jeito. E eu nem mesmo sabia quais eram os seus motivos para ser assim, talvez ele só tivesse seus problemas, e se deixou tanto ser movido pelo preconceito, que virou um homem doente, sem nem se importar se também deixaria o seu filho adoecer por conta das suas atitudes.

O que eu quero dizer, é que não foi sempre assim. Levávamos uma vida normal, até a minha mãe falecer. Eu lembro dele ter ficado amargo, mas as coisas tomaram outro rumo depois do acampamento. Ele não me bateu, mas sua indiferença comigo começou à partir daí, e depois da festa, a diferença deu lugar à um alto nível de paranoia.

Estava tudo bem, eu só precisava esperar mais alguns meses até a escola acabar, e então arrumaria um trabalho no verão, depois iria embora para fazer faculdade. Eu já tinha um plano.

— Não, eu não tive coragem. –Nancy negou com a cabeça, chutando uma pedrinha invisível.

— Por que não?

— Eu não sei, está tudo tão confuso. –Suspirou. — Eu meio que estou o evitando.

Balancei a cabeça lentamente, então desviei o meu olhar da grama e a encarei.

— Quer falar sobre isso?

Nancy deu de ombros, em um gesto calmo. Quem a visse assim, nem imaginaria o caos que ela certamente estava por dentro.

— Eu não saberia o que falar. Por que acha que ainda não o procurei?! –Soltou uma risada e parou de caminhar, olhando para algo à nossa frente. — E além do mais, se for para conversar com alguém, essa pessoa certamente não sou eu.

Franzi as sobrancelhas em confusão e então olhei na direção em que ela apontava, me deparando com Stu sentado nas arquibancadas, parecendo alheio à tudo.

Que merda.

Comprimi os lábios em uma careta, me sentindo tão estúpido por encontrá-lo ali, quando tudo o que eu queria era evitá-lo.

Eu acho que entendia Nancy justamente por isso, porque talvez, no fundo, eu fosse tão covarde quanto ela, que fugia dos problemas ao invés de resolvê-los.

— Quer saber?! Você tem razão. –Concluí, por fim.

E tinha, mesmo. Eu não conseguiria fugir para sempre, então era melhor resolver aquilo de uma vez. Porque ainda se eu terminasse sem amigo, eu pelo menos teria esclarecido tudo, ou pelo menos tentado.

— Tenho? –Perguntou, confusa.

— É claro que sim. –Reforcei. — Só promete que você vai falar com o tonto do Boyer? Tudo bem se você não quiser voltar com ele, mas eu acho que vocês têm muito o que conversar.

Ela riu, talvez por eu ter chamado o seu namorado de tonto, mas então confirmou enquanto dava alguns passos para trás, acenando em minha direção.

Respirei fundo enquanto olhava Nancy se afastar, então desviei o meu olhar para o outro lado, em direção à Stuart. Bem, agora era a hora.

Ainda um pouco hesitante, comecei à caminhar em direção à ele, e logo pude sentir o seu olhar se encontrar com o meu, e então, um sorriso quase imperceptível nascer em seus lábios. Era estranho, por mais que fosse um sorriso simples, ainda assim era encorajador, do tipo "vamos, pode vir. Temos mesmo o que conversar, prometo que não irei te julgar".

E ele era esse tipo de cara. Fala sério, ele nunca julgou a Summer pelo tipo de pessoa que ela era, mesmo que eu tivesse o alertado várias vezes.

E eu só estava apaixonado pelo meu melhor amigo. Não era nenhum crime, certo?! Já que eu não havia ferido nenhum direito humano.

— E aí, cara. –Falei ao me sentar ao seu lado na arquibancada. Stuart acenou, e então um silêncio mortal tomou conta da gente.

Cruzei as minhas mãos sobre a perna, enquanto olhava para o campo de futebol vazio à minha frente. Eu não fazia a mínima ideia do que falar, nem como começaria aquilo.

— Por que não me contou?

Não sabia se ficava feliz por Stuart ter começado, ou nervoso por ele ter ido direto ao ponto. Talvez ele também só estivesse nervoso, e acabou falando a primeira coisa que passava pela sua cabeça, considerando o quanto aquela pergunta era idiota.

Bem, por que eu não contaria ao meu melhor amigo heterossexual que eu era apaixonado por ele, sabendo que ele era perdidamente apaixonado por outra garota?! Merda, a resposta era tão óbvia.

— O quê queria que eu dissesse? –Perguntei calmamente e desviei o olhar para Stuart, que deu de ombros enquanto encarava o chão.

— Sei lá, talvez que dissesse há quanto tempo sente...

— Eu não conto. –Fiz careta, negando rapidamente com a cabeça, então olhei Stuart, que já me encarava atentamente, então parei e suspirei. — Eu não sei, tá legal?! Acho que um ano, um ano e meio... que diferença isso faz?

Stuart piscou algumas vezes, então passou a mão pelo seu cabelo, os bagunçando ainda mais, em seguida desceu pelo seu rosto, parando sobre a sua boca, um gesto em que ele parecia pensar.

— Isso foi quando eu ainda estava em Riverside? –Questionou baixo.

Balancei a cabeça, então apoiei as minhas mãos no queixo, sentindo o gelado dos meus anéis entrar em contato com a minha pele.

— Eu estava numa fase meio merda. Você era o meu melhor amigo, e a gente conversava sempre pela internet, e eu não sei, só... aconteceu.

— Devia ter me contado.

— Para deixar a nossa amizade estranha, do mesmo jeito que ela se tornou agora? –Questionei com sarcasmo.

Stuart suspirou, e eu resolvi continuar enquanto ainda estava com coragem.

— Você nunca iria me corresponder, eu sabia disso. E tá tudo bem, eu nem sofro mais. Eu só não queria que você soubesse, ainda mais do jeito que foi.

— Eu sou um idiota, sinto muito. –Respondeu entre um suspiro.

Me virei para o meu amigo, o vendo coçar o rosto.

— Não, você não é. –Disse enquanto o encarava, fazendo Stuart parar e me olhar também. — O único idiota nessa história é o meu pai. A Summer não teve culpa pelo o que aconteceu, ela só... Tá, ela foi uma idiota também.

Stuart soltou uma curta risada, mas então umedeceu os lábios e me olhou novamente, limpando a garganta antes de começar à falar.

— Foi ele quem fez isso com você, não foi? –Confirmei com um aceno, então ele continuou. — Droga, eu devia ter prestado mais atenção.

— Não é culpa sua, relaxa.

Decidi omitir a parte do acampamento, e que toda a paranoia começou graças à Summer, mas eu não podia culpar só ela. Meu pai era uma pessoa horrível, e eu sentia que à qualquer momennto ele podia se revelar o doente que ele era, tendo acontecido aquilo, ou não. Devia estar no sangue dele.

— E o que pretende fazer à respeito?

Dei de ombros.

— Esperar a escola acabar, e me mandar para bem longe dele. –Disse calmamente, sem sequer olhar Stuart.

— Sabe que pode denunciá-lo, não sabe?

— Uhum. –Murmurei despreocupadamente, e pude perceber a expressão confusa dele com o que eu disse à seguir. — Mas não vou. Ele vai passar o resto da vida sozinho, afinal. Tem coisa pior do que isso?!

— Eu não sei, cara...

— Pensa só. –Me ajeitei nos degraus e virei para Stuart, enquanto um pequeno sorriso brotava em meu rosto. — O Jeffrey não tem ninguém. E apesar de tudo, eu não desejo mal à ele, mas um dia ele vai acordar e perceber que expulsou a única pessoa que ele tinha na vida, e talvez se arrependa, ou não, tanto faz. –Cocei o nariz. — Quero dizer, eu podia denunciá-lo, e alguns dias, meses depois, ele estaria solto. Mas quanto à solidão e o arrependimento, isso dura uma vida inteira.

Stuart ficou alguns segundos em silêncio, então suspirou, passando as mãos que estavam apoiadas em suas pernas, sobre o seu rosto.

— E além do mais, eu ainda tenho a casa do meu melhor amigo para passar uns dias.

Ele riu, substituindo sua expressão pensativa por uma risonha.

— Meu pai adora jogar baseball com você. –Respondeu, me fazendo sorrir ao recordar daquilo.

Eu costumava ir sempre à casa de Stuart, e como o meu amigo não era tão fã de esportes que envolvessem muito movimento, os pais dele meio que me adotavam para fazer parte dos jogos da família McGreen. E aquilo era o mais perto que eu já senti de pertencer à algo, de saber o que era ter uma família de verdade.

— Talvez eu possa participar dos jogos com mais frequência.

— Eu adoraria. –Stuart concordou sorrindo, o que automaticamente me fez sorrir também, enquanto apreciava a sua companhia.

— Você devia levar a Summer também, sabe, propor algo de verdade dessa vez. –Sugeri como quem não queria nada, e depois de alguns segundos em silêncio, arrisquei olhar na direção de Stuart novamente, o encontrando pensativo.

— A Summer?! Até parece. –Revirou os olhos, em uma clara expressão de desapontamento.

— Você se sabota tanto às vezes. –Briguei enquanto o encarava. — Tá legal, eu não gosto dela, e nem sei porque estou te dizendo isso, mas eu acho que ela também gosta de você, mesmo que do jeito torto dela.

— Peraí, você está defendendo a Summer? –Stuart apontou para mim, enquanto arqueava uma das sobrancelhas, e no mesmo momento eu parei de gesticular enquanto o olhava.

— Digamos que eu não ache mais ela cem por cento malvada, talvez só noventa por cento, enfim. –Balancei as mãos, tentando voltar ao foco da conversa, então olhei Stuart quando ele riu. — Por que aceitou todo aquele lance, afinal de contas?!

— Eu não sei, cara. –Ajeitou a postura, parecia pensar. — Ás vezes acho que uma pessoa sã não se sujeitaria à tudo aquilo.

— E o que você fez? –Segurei o riso, já sabendo muito bem da resposta.

— Me sujeitei, oras.

Não aguentei e caí na risada ao ver a expressão cômica de Stuart.

— Viu só?! Porque você é louco por ela. –Apontei, ainda rindo. — Eu até acho que escolhi a música errada para vocês naquele dia. Eu deveria ter indicado Barbie Girl, já que vocês são tipo a Barbie e o Ken.

— É, talvez eu seja mesmo. –Stuart revirou os olhos, mesmo ainda rindo, e então se levantou, pegando a sua mochila que estava no degrau de baixo. — Vejo você no refeitório?

Fui parando de rir aos poucos, então limpei a garganta, ainda o olhando.

— Claro.

Stuart se despediu e saiu, provavelmente indo em direção à sua primeira aula.

Já eu, continuei sentado por alguns minutos, admirando a bela vista que era o campo vazio à minha frente. Eu me sentia bem mais leve, tinha que confessar, e por incrível que pareça, aquela conversa sobre Summer e Stuart não me fez mal, quero dizer, eu não me sentia tão incomodado com o fato de imaginá-los juntos outra vez.

Eu só queria ver o meu melhor amigo feliz, mesmo que não fosse comigo, quero dizer, não da maneira que os meus sentimentos sugeriam. E quer saber?! Estava tudo bem com aquilo.

Eu estava bem.

Porque a vida era bela pra caralho, e eu só queria me libertar e viver.

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