14. Aquele com a Tentativa de Má Impressão
Oh, querido diário, eu conheci um garoto, ele fez o meu coração de boneca se acender de alegria
Oh, querido diário, nós nos separamos...
(Bubblegum Bitch - Marina and The Diamonds)
O que poderia dar errado quando se está em pleno domingo, em uma casa com o seu namorado falso, e a namorada do seu pai que você odeia?!
Bem, tecnicamente, Stuart ainda não havia chegado, mas eu não podia deixar de me preocupar antecipadamente. Ao invés de jantar, eu e meu pai, na verdade, somente ele optou por um almoço de domingo, eu estava pouco me fodendo para o dia ou horário, só queria manter Stuart bem longe da minha vida familiar.
"— Ok, vamos às regras: –Comecei firme, me apoiando na carteira, de frente à Stuart, que estava sentado. A sala de aula estava vazia, então podíamos conversar tranquilamente. — Primeiro, eu quero que você seja o pior namorado que um pai já viu. Segundo, não tente ser simpático, e terceiro, se quebrar algumas dessas regras, eu te mato.
O fuzilei com o olhar, vendo o platinado piscar os olhos dezenas de vezes, até resolver falar algo.
— Nossa. –E riu, talvez achando que aquilo fosse uma piada. — E o que aconteceu com o papo de...
— Não interessa. –O cortei. — Com o meu pai é diferente, não quero que tente agradar ele, porque se você for péssimo, ele só vai ter um motivo à mais para preferir o Edward.
— Deixa eu ver se entendi, –Ele abanou as mãos, e em seguida, levou uma delas ao seu cabelo, coçando aquela região. — Então você quer que eu reencarne algum tipo de Danny Zuko?
— Talvez Judd Nelson em Clube dos Cinco, você quem sabe. São todos iguais, só mudam o nome e o filme em que estão. –Dei de ombros.
— Tem fetiche por caras maus, Summer? –Tive vontade de revirar os olhos, diante do seu tom um tanto quanto malicioso. Mas me conti, e ao invés disso, lancei-lhe um sorriso sarcástico.
— Talvez. –Cruzei os braços. — Mas isso não interessa, só quero que aja da maneira mais detestável possível."
Suspirei enquanto saía do meu quarto, só espero que aquele idiota faça tudo certo. Pelo menos, dessa vez.
— ...E teve uma vez em que passei azeite no cabelo, ao invés de shampoo. Foi um desastre. –Escutei Genevieve contar para o meu pai a sua história nada importante, enquanto descia as escadas. — Ah, oi, Summer.
Parei na frente da porta de entrada quando, infelizmente, Genevieve dirigiu a palavra à mim. Na real, eu não fazia a mínima ideia do que ela estava fazendo aqui, já que era tipo, um almoço para o meu pai conhecer melhor aquele que ele achava ser o meu namorado. Então, a presença de Genevieve era completamente desnecessária.
— Oi, Genevieve. Tchau. —Dei a volta, indo para a cozinha, onde estava Marla, junto de alguns outros empregados. — Marla, eu não estou me sentindo bem, o que acha de levar meu almoço no quarto?
Ela estreitou os olhos em minha direção, já sacando o meu drama.
— E o que acha de parar de inventar coisas? –Ela riu, batendo de leve na ponta do meu nariz. Fiz careta e levei a mão ao local, o massageando. — É assim que quer receber o seu namorado, sua tonta?! Nem parece que gosta dele.
Poxa, Marla, como você sabe?!
— Estou pensando seriamente em colocar limites na nossa relação, sabia?! –Mesmo em tom de brincadeira, eu não estava mentindo, Marla as vezes, quase sempre na verdade, conseguia ser bem abusada.
— Bem, é um direito seu, até porque, depois do senhor Colin, você é a patroa. Só que, depois não venha choramingar no meu colo, e nem pedir roupas bem passadas.
— Ai, tá difícil manter conversa com alguém hoje. –Reclamei, saindo da cozinha.
Meu plano era voltar para o meu quarto e ficar lá até que o almoço estivesse pronto, assim, evitando qualquer tentativa de assunto que meu pai e Genevieve viessem à ter comigo. Mas, a campainha tocando me fez mudar de planos.
Então, ignorando os olhares do casal perto de mim, caminhei até a porta, e se pudesse me olhar no espelho agora, teria quase certeza de que as minhas pupilas estariam dilatadas, considerando o que eu vi: Stuart, em uma jaqueta de couro inexplicavelmente sexy, que acompanhava uma de suas típicas camisas de banda de rock. Ele tinha um dos braços encostado na parede ao seu lado, enquanto o outro segurava um cigarro em seus lábios, mas depois que abri a porta, sua mão deixou de segurar o cigarro, e este, por sua vez, quase escorregou da boca.
Foi tipo o Leonardo DiCaprio em Titanic, ou terá sido em Romeu e Julieta?! Bem, não sei, só sei que foi algo tipo o Leonardo DiCaprio, só que menos sexy, é claro.
— Gata, você está tão... –Ele parou por uns segundos, que eu julguei serem propositais. — Um verdadeiro colírio para os meus olhos.
Antes que eu pudesse rir, fui surpreendida por um beijo nada discreto de Stuart, que, com uma onda absurda de coragem, desceu uma das mãos até o meu bumbum.
Alguém limpou a garganta, o que fez Stuart parar o beijo, que eu correspondi muito bem, obrigada, e eu me virar para trás, vendo meu pai próximo de nós.
— Ah, como vai, sogro? –Stuart sorriu e estendeu a sua outra mão, que não estava segurando o cigarro, em direção ao meu pai.
— Vou bem, obrigado. –Meu pai apertou a mão do platinado por alguns segundos, antes de cruzar os braços contra o peito, de um jeito autoritário. — Da última vez em que você esteve aqui, não lembro de ser tão... desinibido assim.
Stuart riu e logo levou o cigarro à boca, dando uma pequena tragada.
— É que aquele dia eu estava nervoso, mas agora, sinto que faço parte da família, sacou?! –Mordi os lábios, prendendo um sorriso ao ver Stuart bater amigavelmente no ombro do meu pai.
—Saquei. –Meu pai forçou uma risada e o acompanhou com o olhar, enquanto o garoto se dirigia à Genevieve.
— Tigresa, você não me contou que tinha uma irmã. –Ele exclamou, e com um movimento suave, beijou a mão da namorada do meu pai, que riu sem graça diante da ação inesperada.
— Na verdade, amorzinho, ela é a minha madrasta. Dá para acreditar? –Lancei um olhar em direção ao meu pai, e caminhei até Stuart, o puxando pela mão logo depois. — Vamos para o meu quarto.
— Wow, rapidinha? –Ele perguntou em tom de riso, o que me fez ter vontade de rir também, ao imaginar a cara que meu pai devia estar agora.
Subimos em silêncio, e ao abrir a porta do quarto, me joguei em minha cama, começando à gargalhar. Aquilo estava sendo hilário. Mesmo que meu pai fosse calmo, chegaria uma hora em que ele não aguentaria mais. E eu estava louca para vê-lo surtar.
— Certo, onde eu jogo isso? –Stuart apontou para o cigarro em seus dedos, fazendo uma cara de nojo.
— Na lixeira do banheiro. –Respondi, ainda rindo. Aquilo era estranho, ele que aparentemente havia fumado, e eu é quem estava parecendo chapada.
Continuei rindo sozinha, até que percebi que Stuart já havia voltado. Mesmo não o olhando diretamente, pude percebê-lo observando o meu quarto.
— Isso é ridículo. –Disse, depois de alguns segundos em silêncio. Limpei algumas lágrimas, já me recompondo da minha crise de riso, e o encarei, franzindo as sobrancelhas.
— O quê?! Você não entende nada de decoração!
— Não estou falando do seu quarto. –Ele revirou os olhos. — É só... todo esse joguinho é ridículo. Hoje eu tive que pagar alguém para comprar cigarros pra mim, escondido dos meus pais, e agora estou me passando por alguém que não chego nem perto de ser.
— Nossa, como você é chato. –Revirei os olhos enquanto o olhava, ainda deitada na cama. — Sabia que você ficou bem mais legal daquele jeito?
— Só que aquele não sou eu. –Retrucou seriamente, parando em minha frente. Me arrisquei à olhar para ele, notando que, assim como seu tom de voz, seu olhar também era sério.
— Bom, então faça como eu, saiba qual é a máscara que as pessoas mais gostam em você, e use ela. –Sorri, piscando em sua direção e o fazendo rir, ao que parecia ser com sarcasmo.
— Então se essa é a sua máscara que as pessoas mais gostam, não me mostre a que elas odeiam.
Ri sem humor e mostrei o dedo do meio para Stuart. Ele riu também, e com tamanha ousadia, se deitou ao meu lado na cama, onde ficamos por alguns segundos, apenas encarando o teto.
— Sabe, –Ele começou calmamente. Permaneci fitando o teto, esperando a possível besteira que o platinado fosse falar. — Eu queria saber como você é, tipo, sem nenhuma máscara, a Summer nua e crua.
Enchi minha boca de ar, não aguentando e começando à rir, fazendo aquele típico barulho estranho. Oh, céus!
— Que foi? –Stuart perguntou confuso, mas ainda assim, mantinha um leve sorriso no rosto.
— Percebe o quanto o final dessa frase soou estranha? –Contei, o olhando, que franziu as sobrancelhas em clara confusão.
— Bom, não era para ser, mas por alguma razão, você tem uma mente muito poluída. –Se defendeu, e eu o empurrei com o cotovelo.
— Respondendo a sua pergunta, somente porque eu estou de bom humor, –Me ajeitei na cama, me equilibrando com o cotovelo sobre o colchão. Apoiei a cabeça em uma das mãos e coloquei algumas mechas de cabelo atrás da orelha, que insistiam em cobrir meu lindo rosto. — Talvez não exista uma Summer nua e crua, talvez eu só tenha infinitas máscaras, e use cada uma delas de acordo com a ocasião.
A verdade é que, na maioria das vezes, eu não fazia ideia de quem eu era de verdade, talvez esse lance de trocar de personalidade, dependendo da pessoa com quem estivesse, tenha me feito esquecer da verdadeira Summer. As vezes eu me sentia o próprio James McAvoy em Fragmentado, e isso era assustador.
Vi Stuart abrir a boca, mas logo tratei de interrompê-lo.
— Não diga mais nada. –Ergui meu dedo indicador na sua frente, e ele levantou as mãos em sinal de rendição.
Stuart logo se virou para mim novamente, e eu já estava pronta para estapeá-lo, caso ele fosse falar algo relacionado ao assunto anterior, mas, o que saiu da sua boca foi algo totalmente diferente.
— Estou com um gosto horrível de cigarro na boca, pode me dar algo que tire?
— Eu poderia te beijar, só que... –Me aproximei dele, que me olhava atentamente.
Podia sentir a respiração de Stuart entrecortada, assim como um brilho de ansiedade em seu olhar, aguardando por qualquer movimento que eu fizesse. Sorri, já familiarizada com os efeitos que eu podia causar em qualquer garoto. Eles eram tão previsíveis, afinal.
— ... Não tem ninguém olhando, e eu não gosto de beijar garotos que fumam. –Completei, levantando da cama logo em seguida, não antes de escutar um suspiro frustrado de Stuart, mesmo que tenha sido sutil. — Agora vamos, já levamos tempo demais para uma "rapidinha". –Fiz questão de enfatizar, enquanto passava uma escova rápida pelo meu cabelo, e pelo espelho da penteadeira, vi Stuart se levantar da cama.
Estranhei o fato do meu pai não ter subido para ver o que estávamos fazendo. Como eu disse, ele costuma ser bem calmo, mas todos sabemos que paciência tem limite, e imagino que, com ele não seja diferente.
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