Capítulo Único
Me recordo de uma noite em que estava só em meu quarto, era uma noite fria de inverno.
Sentada na cama, horrorizada com os gritos de minha mãe, que
estava no quarto no final do corredor. Nossos quartos eram próximos porque sempre queríamos ficar perto uma da outra. Sou a única na linha de sucessão do Reino de Allos. Única herdeira do Rei Apollo.
Houve uma duradoura guerra sangrenta entre os reinos Allos e Gêbas.
Rubro era o rei sanguinário e temidos por muitos. Governava Gêbas com exímia disciplina e rigidez. Seu exército era fortemente armado, os soldados desde muito jovens eram preparados para a guerra.
Apollo venceu algumas batalhas, mas, perdeu a guerra. Rubro, o derrubou de seu cavalo, quando ele estava no chão o decapitou.
Meu pai foi morto pela sua própria espada.
Nosso exército estava enfraquecido, Rubro,entrou com facilidade em meu lar. Apesar de sermos fortemente armados, ele nos venceu.
Ao entrar no aposento de meus pais,onde minha mãe, a Rainha Mira, aquardava notícias, jogou a cabeça do meu pai aos pés dela, se aproximou, cuspiu em sua face, socou o seu estômago e rasgou seu lindo vestido de seda
a jogou na cama. Tentou lutar, mas ele venceu e a tomou a força. Foi o pior momento da minha vida, acredito que o dela também.
Até hoje, os gritos de minha mãe me causa calafrios.
Rubro forçou a minha mãe se casar. Fez isso sob ameaças. Disse que se ela não o obedecesse, iria me possuir como esposa.
Minha mãe entrou em desespero. Eu queria fugir, tentei convencer de que, permanecer no Reino de Allos era loucura. Mas, ela amava o povo.
'Eu sou a Rainha. Fui ungida e abençoada por Deus para governar esta terra ao lado do falecido rei. O seu pai morreu por este povo.Morreu por esta terra. E assim farei o mesmo! Sacrificarei a minha liberdade para com este Reino.' —Respirou fundo fazendo uma pausa.—Minha filha, você está livre para ir.' —Disse.
Ela me olhava quando me disse isso. Senti a sua dor. Então, resolvi me sacrificar junto a ela.
Lembro que no dia do casamento, ela chorava desesperadamente. Suas lágrimas molhavam o seu vestido ébano, que simbolizou o luto que sentia. Sua coroa e joias eram enfeitadas com diamantes e rubis.
Na noite de núpcias pude ouvir o seu chorar abafado.
Todos os dias, durante um ano, pontualmente às 05:00 da manhã e às 20:00 da noite, Rubro, a agredia. Dez chicotadas nas costas, o mesmo número das batalhas vencidas do meu pai. E depois, a forçava ter relações sexuais.
Rubro, nunca me tocou, o povo de Gêbas tem uma honra, depois que casavam, a esposa é a única mulher na qual mantém relações sexuais. Se algum cônjuge olhar para outro, é condenado à morte, o culpado é acorrentado de ponta cabeça nas rochas da praia, até que a maré faça a sua parte.
Ele tinha passos fortes, então, depois de passar em frente ao meu quarto, sai e corri em direção a minha mãe. Ela estava sobre o tapete de pele de urso, completamente nua.
—Mãe!—Sussurrei em seu ouvido.
Observei seu corpo de bruços e a virei.
—Zara ?—Disse em tom baixo.
—Sim,mamãe. Venha!— Disse ao ajudar a se levantar.
Sentamos à beira da cama. Percebi uma pequena barriga redonda.
—Mamãe... vo... Você está grávida ?—Perguntei perplexa.
Ela apenas assentou com a cabeça.
Eu a abracei, foi difícil acreditar que estava grávida. Eu não a culpava, foi forçada a fazer aquilo.
—Rubro sabe ?—Perguntei.
—Sabe. Hoje foram as últimas chicotadas, mas durará apenas até o final da gravidez.— Respirou fundo.—Bem, se for menino, ele me prometeu que nunca mais iria me agredir fisicamente.
Suspirei aliviada.
—Eu vou preparar o seu banho.
Ela tomou o banho, cuidei de suas feridas e a pus na cama.
—Descanse, mamãe!
—Obrigada, minha querida!
As camareiras arrumavam o aposento silenciosamente enquanto ela dormia. Sai e encontro de frente com Rubro.
—Bom dia, Vossa Magestade!-Disse ao fazer uma reverência.
—Bom dia, Zara.-Disse friamente.-Soube a grande notícia ?
—Sim, senhor! Meus parabéns!-Disse de cabeça baixa.
—Obrigado. Agora, saia do meu caminho!
O reverencio novamente, ele entra no aposento e eu vou ao meu. Sra. Lims, a tutora me aguardava.
Os meses se passaram, Mira havia completado nove meses de gestação. Estávamos no jardim tomando chá, quando ela sente a primeira contração. As damas nós ajudaram. Quando chegamos ao pé da escada, Rubro descia às pressas, ele pegou minha mãe em seu colo e a levou rapidamente ao aposento. Então, finalmente minha mãe deu à luz. Era um menino, Aaron. Como prometido, Rubro, nunca mais agrediu a minha mãe.
Depois de um tempo, percebi que eles desenvolveram sentimentos um pelo outro. Não era necessariamente amor, mas sim uma certa empatia.
Rubro, queria fazer um acordo de paz com o reino de Fuzeros. Antigos aliados de meu pai. Fui prometida em casamento ao príncipe Tárzius, o primeiro na linha de sucessão em seu reino.
Entrei em desespero. Não queria viver como a minha mãe. Ser submetida a um homem contra a minha vontade, me assusta. Meu sonho é casar por amor. Casar com alguém que me respeite como mulher e esposa.
O meu coração pertence a Zion, o querreiro mais valente de meu pai. Agora, infelizmente, aguarda sua execução na masmorra. Nós trocávamos cartas regularmente. Meu pai, sempre me apoiou, mesmo Zion sendo apenas um soldado.
Queríamos casar e construir uma família. Lembro da última vez em que o vi. Foi antes da guerra. Sinta saudades dele.
Minha mãe veio à mim, na tentativa de me consolar.
"Minha querida, é apenas um casamento. Estou ciente de que ama Zion, mas isso é passado. Foi em um outro momento. Agora, apenas se preocupe em cumprir o seu dever. Assim fiz no passado com o seu pai. E hoje faço o mesmo. Sacrifiquei tudo o que amava para um bem maior.- Fez uma pausa. —Lembre-se querida, isso é o peso da realeza. O peso de uma coroa.—
Disse.
Suas palavras me comoveram. Lágrimas molharam o meu vestido. Logo, os preparativos do meu casamento havia dado início.
Após alguns meses, o dia do meu casamento havia chegado. Usava um vestido branco com o corpete enfeitado com rendas. As alças eram feitas das mesmas. Os cabelos estavam presos com um coque e algumas mexas soltas e sobre ele um véu.
O conheci no altar. Na Abadia de Topher em Fuzeros. Tárzius, era um homem muito bonito. Quando acabou a festividade, fomos para o nosso aposento. As paredes eram escuras, sentamos na cama e ele tirou o meu véu. Me beijou na testa. Não disse uma palavra, apenas se levantou e pegou uma bebida. Abaixei a cabeça, fiquei olhando o chão. Estava esperando ele me agredir, mas nada aconteceu. Ele sentou novamente em meu lado e me entregou a bebida. Me olhava nos olhos e acariciava meu rosto. A noite de núpcias foi melhor que esperava.
Tárzius nunca me agrediu. Sempre me tratou com respeito, mas nós não amávamos um ao outro. Sacrificamos tudo. Foi como a minha mãe disse, ' 'Lembre-se querida, isso é o peso da realeza. O peso de uma coroa.'
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