Capítulo 5- Retorno a Hogsmeade
Apesar de todas as implicações potencialmente problemáticas, Rony ainda não conseguia acreditar que estavam sobrevoando Londres após a primeira tentativa bem sucedida de invasão de Gringotes da história do mundo bruxo. Não fosse já absurdo o suficiente que houvessem invadido o banco dos gnomos, o lugar mais seguro do mundo, exceto Hogwarts, como certa vez lhe dissera Harry, e sobrevivido para contar a história, ainda sobrevoavam a cidade nas costas de um dragão. E ainda mais absurdo, já contabilizavam na tarefa quase impossível de encontrar as Horcruxes , o Diário de Tom Riddle, destruído por Harry com uma presa de basilisco no segundo ano, antes de saberem tratar-se de uma Horcrux, o anel de Gaunt, destruído por Dumbledore, segundo Harry, o medalhão de Slytherin, que ele mesmo destruíra com a espada de Grifindor, e agora, em mãos tinham a taça de Huflepuff, embora amaldiçoasse internamente o duende Grampo, que fugira com a espada de Grifindor. Gritava a plenos pulmões, deixando-se sentir a empolgação, apesar do olhar preocupado de Harry e da expressão amedrontada de Hermione, antes que as implicações potencialmente problemáticas se tornassem escancaradamente problemáticas. A julgar pelos últimos dias, havia aprendido a comemorar rapidamente a vitória, antes que o próximo evento esmagador surgisse. Sua empolgação foi arrefecendo quando o problema óbvio de descer da carona ululou. Cansados, com frio e com fome, perceberam desesperados que o dragão não parecia inclinado a interromper o seu vôo. Para a sorte dos garotos, o dragão reduziu paulatinamente a altitude, se aproximando de um lago, abrindo uma breve oportunidade para os garotos pularem. Viu Harry erguer-se e procurou por Hermione, que emergiu a poucos metros, e nadou até ela, auxiliando a garota a chegar à margem. Rapidamente, conjuraram feitiços protetores, e apesar da dor excruciante, usaram a Essência de Murtisco nas queimaduras que haviam sofrido pelos tesouros amaldiçoados do cofre. De qualquer forma, não parecia tão ruim agora que Hermione passava a loção em seus ferimentos, com um ar de preocupação no rosto. Retribuiu o cuidado, espalhando a Essência em uma feia queimadura na nuca da garota, soprando delicadamente o ferimento para aliviar a dor, como vira a Sra. Weasley fazer diversas vezes quando Fred e Jorge se acidentavam em uma das muitas brincadeiras que terminaram mal. Sentou-se ao lado de Harry, e após, Hermione tirou três garrafas de suco de abóbora da bolsa de contas, que trouxera do Chalé das Conchas. Sentiu suas mãos e as de Hermione se encontrarem e deixou seus dedos se entrelaçarem. Ficou bastante satisfeito em perceber que Hermione não fizera menção de retirar, sentindo a felicidade retornar ao mundo. Percebeu o olhar de Harry, fingindo que não vira, mas com uma expressão descaradamente favorável. Após alguns goles de suco de abóbora, e após estar finalmente limpo e seco, Rony sentiu-se como se tivesse tomado um gole da Poção do morto-vivo, e seria capaz de dormir por uma década não fossem algumas questões iminentes, como por exemplo, como fariam para destruir a Horcrux agora que Grampo havia desaparecido em posse da espada. Além disso, havia ainda mais duas Horcruxes a serem buscadas e os garotos não tinham a menor ideia do que se tratava ou de onde começar a procurar. E embora dito entre risos, o que satisfez Rony por ainda ter sobrevivido para rir da situação, havia ainda o terror iminente de que o assalto a Gringotes tornasse Voldemort consciente da procura pelas Horcruxes. Já não bastassem as dificuldades que já tinham, a única coisa de que não precisavam era de ter o maior bruxo das trevas, em sua versão imortal, em seu encalço. Essa dúvida, entretanto, foi dissipada por Harry, que apresentou novamente a usual expressão de dor de quando invadia a mente de Voldemort. Após recuperar-se, rapidamente Harry contou aos amigos o que vira. Voldemort fora avisado do assalto a Gringotes, e com grande fúria, repassou mentalmente a localização das Horcruxes. Passara o pensamento dos locais mais prováveis aos mais improváveis, contemplando a cabana de Gaunt, o rochedo entre as pedras no qual ocultara o medalhão de Slytherun, o cofre de Bellatrix e a casa dos Malfoy, locais de pouca confiança, a cobra Nagini, uma alternativa que Rony achou que poder-se ia dizer no mínimo problemática, e Hogwarts.
Hogwarts! A Horcrux havia estado embaixo do nariz torto de Dumbledore e ao alcance dos garotos durante todo este tempo! Onde estaria? Sonserina seria a resposta óbvia, mas não haveria tempo para especulação. Diante da informação de Harry, de que Voldemort tentaria checar a situação das Horcruxes, um arrepio de temor atravessou a espinha de Rony. Um sentimento de urgência encheu seus pensamentos , e quando Harry, com um ar de cansaço evidente, começou a recolher as coisas com determinação, soube com pesar que não haveria descanso para eles naquele momento. Desejava poder usufruir a noite da vitória, a companhia de Harry, e principalmente, ter a chance de passar mais algum tempo com Hermione, com aquela pressa que sempre o preenchia quando sentia aquela breve ilusão de segurança. Embora não trocasse todo o ouro de Gringotes por esses momentos, sabia que essa sensação seria sempre vazia enquanto não destruíssem Voldemort. Sempre dormiria sem saber se encontrariam no próximo beco um Comensal da Morte, que com um jato de luz verde, faria cair ao seu lado um de seus amigos irremediavelmente sem vida. Haveria sempre a incerteza de ouvir notícias de entes queridos capturados, sob tortura ou mortos. Agora, até mesmo Hogwarts, que fora o lugar onde se sentiam antes seguros, receberia Voldemort em no máximo, poucas horas. Dumbledore não estaria lá para defender a escola e sabia que precisavam seguir em frente. Auxiliou o amigo a empacotar as coisas, e apesar dos protestos de Hermione sobre a falta de um plano, os três sabiam que não haveria tempo para isso. Olhou de esguelha para os amigos, que haviam se tornado tão importantes para ele como se fossem de sua família e sentiu uma pontada em seu coração Sentiu um medo declarado de não poder encontrá-los novamente ao final do dia.
Queria poder deixar Hermione em algum lugar seguro, como fizera com os familiares, mas sabia que a garota jamais concordaria, e não sem razão, considerando que sem ela dificilmente ele e Harry estariam vivos até agora. Além disso, sabia, como soubera que Dumbledore deixara-lhe o desiluminador por algum motivo, que ela precisava estar com eles até o fim nesta jornada. E apesar de seus medos, algo gritava bem fundo que ela seria forte o suficiente para sobreviver a tudo aquilo. Após terem tudo organizado, Harry, Hermione e Rony, apertaram-se debaixo da capa e desaparataram para Hogsmeade. Menos de um segundo após os pés tocarem o chão, um grito lamuriento encheu o ar, desencadeando a saída de incontáveis comensais da morte para as ruas do vilarejo. Enquanto os Comensais gritavam feitiços a esmo, os garotos fugiam, entre os jatos de luz, tentando quase instintivamente colocar-se entre Hermione e os Comensais. Estavam sendo esperados. Permaneceram escondidos, quando uma sensação de vazio e infelicidade encheu seus pensamentos de forma conhecida. Dementadores. Observou Harry na meia luz, por debaixo da capa, que parecia sofrer mais com a presença dos dementadores do que ele e Hermione. Os dementadores prosseguiam em direção dos garotos, e apesar da capa de invisibilidade, não havia como fugir. Rony hesitante, não conseguia mentalizar um pensamento feliz, e a tarefa tornava-se cada vez mais difícil com a proximidade dos Dementadores.
Sem alternativa, Harry conjurou o patrono corpóreo, denunciando sua posição. Para a sorte dos garotos, no exato momento em que os Comensais visualizariam o beco, uma porta rangeu, abrindo-se atrás deles, e entraram, amparados por uma figura alta, com olhos azuis cintilantes que Rony reconheceu, após um minuto de hesitação, como o balconista do Cabeça de Javali. Aparentemente, e para a felicidade dos garotos, não eram apenas os comensais da morte que os estavam esperando.
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