Capítulo Vinte e Sete
Vicente Johnson:
Voltamos para casa com os gêmeos não desgrudando de Pedro um segundo sequer. Soltei uma risada com a expressão boba que Pedro fazia. Quando chegamos, meu pai e Luciano haviam saído e deixaram um bilhete dizendo que saíram para um encontro.
Sério? Até que demorou para avisar sobre isso. É quase o quinto encontro que ambos têm.
Os gêmeos levaram Pedro para o quintal, querendo brincar com qualquer cenário que pudessem criar. Olhei pela janela da cozinha, onde os três estavam se divertindo.
De repente, recebi uma ligação do meu bom amigo, Donald, que estava até o momento ignorando as ligações e mensagens que eu e Milena deixávamos para ele.
— Donald, pode me dizer o que você estava fazendo nos últimos dias? Sabe como eu e a Milena estamos preocupados! — falei em estado de choque ao telefone.
— O que você quer dizer? — Donald falou com um tom desinteressado, mas sabia que ele estava se sentindo culpado por ter feito algo desse gênero.
Conhecendo ele tão bem, sabia que ele queria esconder alguma coisa da gente e só podia suportar isso até que estivesse pronto para contar.
— Sabe muito bem o que estou querendo dizer, eu e a Milena estamos achando que você está atrás de encontrar a sua mãe — Falei.
Um silêncio surgiu do outro lado, até que Donald soltou uma risada.
— Vocês estão ficando loucos? Aquela mulher nunca vai voltar para a minha vida. Já deixei isso claro um monte de vezes — Donald falou do outro lado da linha.
Fiquei frustrado com a resposta de Donald. Era evidente que ele estava escondendo algo, algo que nos preocupava profundamente. Eu não queria pressioná—lo, mas a preocupação em relação à sua segurança e bem—estar era mais forte.
— Donald, nós somos seus amigos. Se algo está acontecendo, por favor, compartilhe conosco. Estamos aqui para te apoiar — disse com voz calma, mas cheia de apreensão.
Houve um breve momento de silêncio do outro lado da linha. Pude ouvir Donald suspirar antes de finalmente falar novamente.
— Eu não queria envolver vocês nisso, mas a verdade é que... alguns dias atrás estava limpando o quarto da minha avó e eu encontrei algumas cartas nas coisas dela e principalmente o diário dela que mencionava a irmã que ela perdeu o contato a mais de cinquenta anos após uma briga de família, a última coisa que minha avó queria antes de falecer era reencontrar a irmã e fazer as pazes. Preciso encontrar essa mulher e mostrar as coisas que minha avó guardava antes da irmã e ela se desentenderem — disse ele, sua voz carregada de preocupação e vulnerabilidade. — Vicente, minha avó cuidou de mim enquanto a mulher que meu deu a luz nem se importava, devo fazer isso por ela.
Senti um misto de alívio por ele finalmente compartilhar e uma grande determinação em ajudar meu amigo. Prometi a ele que estaríamos lá por ele, não importando o que fosse necessário.
Enquanto desligava o telefone, pensei em como ele deve estar se sentindo já faz muito tempo desde que sua avó faleceu e só agora ter encontrado essas coisas era como ter uma ligação com a mulher que cuidou dele e o viu crescer.
Mandei uma mensagem para ele dizendo que qualquer notícia vou estar aqui. Donald não respondeu, mas visualizou.
O restante do meu dia foi com os gêmeos brincando com Pedro e me chamando para participar, até cansar a gente e fazer com que caíssemos no sofá da sala. Ficamos ali, os quatro juntos, rindo e aproveitando a companhia um do outro. Pedro contava histórias engraçadas, enquanto os gêmeos soltavam gargalhadas contagiantes. O ambiente estava cheio de amor, felicidade e cumplicidade.
Enquanto descansávamos no sofá, observei os sorrisos radiantes nos rostos dos meus filhos e a expressão serena de Pedro. Era um momento de pura gratidão por ter essa família incrível reunida ali. Sentia-me abençoado por ter encontrado Pedro e por termos construído esse laço tão forte e especial juntos.
No meio das risadas e brincadeiras, percebi o quanto havíamos superado as dificuldades e os desafios que surgiram em nosso caminho. Estávamos unidos e determinados a enfrentar qualquer obstáculo que viesse pela frente.
Enquanto a tarde avançava, aconchegámo-nos no sofá, abraçados, desfrutando da tranquilidade do momento. Era um daqueles momentos que eu queria congelar no tempo, para poder revivê-lo sempre que quisesse.
Agradeço em silêncio por esse presente precioso que era minha família, e prometo a mim mesmo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para protegê-los, amá-los e proporcionar a eles a felicidade que merecem.
Assim, permanecemos ali, naquele abraço reconfortante, envoltos pelo amor e pela certeza de que juntos enfrentaremos todas as adversidades que a vida nos reservava.
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A lua já surgiu no céu quando levei os gêmeos para tomar um banho. Pedro ficou esperando do lado até que pediu por sua ajuda.
— Tem certeza de que posso ajudar? — Pedro perguntou.
— Claro — falei.
— Sim, o papai vai precisar de ajuda — Otávia disse.
— Sim, ajuda o papai a cuidar da gente — Gabriel disse.
Ambos olharam para Pedro com olhinhos de cachorrinhos. Ele então sorriu e veio para o meu lado.
Então se iniciou a gente dando banho neles, que jogaram água no Pedro e de vez em quando shampoo. No final de tudo, estavam limpos e emprestei algumas roupas que presumo ser do número dele e o deixei tomar banho.
Meu pai chegou depois que Pedro saiu do chuveiro e veio para a sala de estar. Subi e deixei que os quartos ficassem vendo televisão. Voltando para a sala, notei que meu pai estava sentado em choque na sala com os gêmeos pedindo para Pedro brincar com eles.
— Vocês contaram para os gêmeos — ele disse e confirmei.
— Uma hora teria que contar — falei. — Como foi seu encontro com o pai?
— Ele me levou para comer em um restaurante, depois ficamos andando em alguns lugares e demos uma volta — meu pai disse. — Mas quando iríamos nos beijar novamente, sua tia surgiu junto com o Josué. Luciano ficou apavorado, se afastou de mim e acabou caindo no chão.
— A tia Sara ainda não gosta nem um pouco dele, não é? — Falei.
— Ela tenta aceitar, mas ainda trata o Luciano como um inimigo — meu pai disse e soltou uma risada. — Vicente, seu pai é grande e musculoso, mas no final acaba sendo igual a um pequeno animal indefeso.
Soltei uma risada lembrando da comparação dos gêmeos com o Luciano, sendo igual a um grande ursinho de pelúcia.
— Me lembrei da comparação que os gêmeos fizeram — falei.
— Foi isso que pensei no momento. Não aguentei e acabei caindo na gargalhada, e imagino que o Luciano ficou envergonhado e por isso quis vir embora — meu pai disse e apertou meu ombro. — Eu vou tomar um banho, hoje é a sua vez de fazer o jantar.
— Pode deixar — falei e olhei para ele indo na direção do seu quarto.
Fui na direção do Pedro e das crianças brincando quando o celular dele começou a tocar.
— É a minha irmã, perguntando se já estou de saída para ir embora — Pedro falou, e os gêmeos olharam na sua direção com expressões tristes.
— Papai Pedro, você tem que ir mesmo? Pode dormir aqui — Otávia disse.
— Sim, ele pode dormir no nosso quarto — Gabriel disse.
— Eu não posso ficar, tenho um compromisso amanhã de manhã. Mas à tarde, se o seu pai permitir, posso buscar vocês na escolinha e ficar o tempo que quiser com vocês — Pedro disse e me olhou. As crianças fizeram expressões tristes.
Sabia que ele estava fazendo isso para que as crianças não vissem os ataques dele. Meu coração se apertou ao ver a expressão triste estampada nos rostinhos dos gêmeos. Eu sabia que eles gostavam muito de Pedro e ficaram desapontados quando ele teve que ir embora.
Após essa cena, Pedro olhou para mim com um olhar de compreensão e preocupação. Ele sabia o quanto aquela separação temporária afetava os gêmeos e, consequentemente, a mim também. Era difícil lidar com a decepção estampada nos rostinhos inocentes das crianças.
Decidi que precisava amenizar a tristeza que pairava no ar. Me aproximei dos gêmeos e os agachei ao lado deles, envolvendo-os em meus braços. Tentei transmitir conforto e segurança com meu abraço caloroso.
— Não se preocupem, meus pequenos — murmurei suavemente. — O papai Pedro vai voltar logo. Ele ama muito vocês e sempre arranja um jeito de passar um tempo especial com seus pequenos tesouros.
Os gêmeos olharam para mim com seus olhinhos brilhantes, buscando algum sinal de esperança. Sentindo a necessidade de aliviar ainda mais o coraçãozinho deles, pensei em uma ideia.
— Sabe, enquanto o papai Pedro não está aqui, podemos planejar algumas atividades especiais para quando ele voltar — sugeri, tentando animá-los. — Que tal vocês pensarem em um jogo para amanhã? Podemos até pensar em um prato surpresa para ele amanhã que eu possa cozinhar com ajuda dos meus pequenos cozinheiros.
Os rostinhos tristes começaram a se iluminar com a perspectiva de fazer algo especial para o papai Pedro. Os gêmeos trocaram olhares cúmplices e logo começaram a falar empolgados sobre as ideias que surgiam em suas mentes criativas.
Sorri para os gêmeos, sentindo um misto de alegria e melancolia. Sabia que aquela noite seria um pouco mais difícil sem a presença de Pedro depois que eles souberam da verdade, mas sabia que estávamos fazendo isso pelo bem deles.
Antes de sair, Pedro deu um beijinho na testa dos gêmeos, que retribuíram beijando a bochecha dele. Ele me olhou e deu um beijinho na minha bochecha.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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