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Capítulo Catorze

Vicente Johnson:

Já se havia passado um dia e meio desde a revelação do senhor Greco e do meu pai, algo que fez ver meu pai parecia tão desanimado com as coisas pela primeira vez, tendo que fazer o possível para anima-lo.

Os gêmeos notaram o que estava acontecendo e quiseram ficaram colados no avô nos momentos em que estavam na escolinha, em meu caso não consegui saber o que fazer para ajudar. Observava meu pai, que está sentado nos lugares da casa, principalmente no quarto com seu olhar perdido no horizonte e os ombros caídos revelam sua angústia. Podia ver claramente a tristeza estampada no rosto dele, e isso a parte o coração.

Sabia muito bem como era enfrentar um término de um relacionamento amoroso e estava em profunda dor emocional, mesmo que já tenha se passado muito tempo desde que esse relacionamento havia ido embora. Ele tem sido um pai amoroso e cuidadoso para mim e um grande avô para os gêmeos, mas agora, diante da situação difícil, me sentia impotente e não sabia como ajudá-lo.

Me aproximava dele, mas minhas palavras parecem insuficientes diante do intenso sofrimento do pai. Tentei abraçá-lo junto dos gêmeos, mas ele parecia distante, como se estivesse em outro mundo. Fazendo com que me sentisse frustrado e triste, pois é difícil vê-lo sofrendo dessa maneira e não ter as palavras certas para confortá-lo.

Tentava puxar assunto sobre assuntos cotidianos, mas as respostas curtas e desinteressadas do meu pai deixam-me ainda mais preocupado. Tentei distraí-lo, sugerindo sair para passear ou assistir a um filme juntos, mas meu pai mal parece ouvir minha palavras.

Me senti impotente e com o coração apertado. Desejo tanto poder aliviar a dor dele, mas me sinto incapaz de fazê-lo. Ficava em silêncio, observando ele em seu momento de tristeza, sem saber o que dizer ou fazer para ajudá-lo.

Depois de um tempo, ele olha para mim, seus olhos cheios de gratidão. Ele apertou minha mão suavemente e disse com uma voz embargada:

— Obrigado, meu querido. Só o fato de você e os meus netos estarem aqui ao meu lado já me ajuda muito.

— Pai, sabe que não precisa ficar assim — Falei.

— A Dor faz parte da vida, em algum momento vou me recuperar desse peso no coração — Ele disse calmamente. — Só de tê-los aqui já é o suficiente.

Percebi que, às vezes, apenas estar presente e oferecer apoio emocional é o suficiente, mesmo quando as palavras não podem curar a dor de alguém. Mesmo que não precise ter todas as respostas ou soluções para os problemas do meu pai, mas pode-lo estar lá para apoiá-lo e ouvi-lo quando ele precisar.

Mas chamei minha tia para conversar, ela chegou na porta da minha casa.

— Onde ele está? — Ela perguntou.

— No quarto, só sai para vir até a sala ou tentar fazer algo que os gêmeos insistam para fazer. — Falei. — Não consigo fazer ele se abrir comigo.

Ela me olhou docemente.

— Querido, seu pai é complicado quando se trata de amor — Ela disse. — Ele se apaixona profundamente por alguém e quando sofrem uma desilusão é devastador e o seu pai é mais sensível que todos da família.

— Mas... — Comecei e ela balançou a cabeça.

— Ele é sensível no coração, mas acaba guardando tudo que tem dentro de si — Ela disse. — Sei como fazer ele se abrir comigo, pode deixar que a partir daqui é comigo.

Se virou e foi na direção do meu pai que estava na cozinha fazendo alguma coisa, me senti perdido no que poderia fazer. Só fiquei esperando o resultado que minha tia poderia trazer.

Minha surpresa foi que ele depois de conversar muito com minha tia meu pai estava voltando a fazer as coisas que deixavam ele completamente feliz, quando me viu deu um beijinho na minha bochecha e nos gêmeos.

— Tia, o que você fez? — perguntei, quando notei que meu pai entrou na cozinha começando a assoviar.

— Apenas fiquei ao lado dele e conversei das palhaçadas que fazíamos na infância e adolescência — Minha tia falou. — Isso sempre o fazia rir, também mostrei uma coisa que é rara de ver hoje em dia.

— No caso seria você sem maquiagem — Falei.

— Vicente, isso é algo que poucos devem saber — Ela disse. — Nem seu tio conhece esse maravilhoso rosto sem maquiagem.

Quando reparei os gêmeos abraçaram minha tia pela cintura.

— Tia Sarah é incrível — Otávia falou. — Muito linda também.

— Tia Sarah é fantástica — Gabriel concordou. — A tia é a pessoa mais estilosa.

— Eu sei minhas doçuras — Minha tia disse soltando uma risada. Ela então me olhou. — Como você está se sentindo? Com a grande revelação?

— Para falar a verdade não sinto nada — falei coçando a nuca, pegando os brinquedos das crianças do chão. — Tenho muito mais coisa com que me preocupar com as crianças, a festa deles e entre outros assuntos.

— Sim, seu tio e prima me contaram sobre o que aconteceu com o Pedro quer dizer fiz com que me contasse já que ambos estavam muito esquisitos assim que os olhava — Ela disse e congelei. — Bem só uma parte, mas sei que tem mais por baixo.

— Tia, não tem mais nada por baixo desse assunto — Falei, guardei na caixa e os gêmeos me ajudaram até que desistiram e foram atrás do meu pai. — Mas sei o que está pensando.

— Só estou esperando que me conte a verdade, não tenho raiva desse rapaz como no passado depois do que sua prima me contou — Ela disse. — não vou me desculpar por tê-lo ignorado e ir contra ele a cada segundo que seu nome era dito ou seu pai dizia que ele ia até o restaurante.

— Então quer dizer que não vai te incomodar ter ele na festa das crianças? — perguntei.

— Vicente, a escolha dele ir nessa festa é inteiramente sua — Minha tia disse. — Igual a de convidar.... você sabe de quem estou falando. — Apontou para a janela com cuidado. — Quando cheguei, vi o Luciano olhando para cá.

— Tia, eu descobri isso em pouco tempo — Falei. — Não será como se quisesse que ele entrasse na minha vida com tudo, ainda somos estranhos um para o outro.

— Só estou dizendo que eu vou entender se quiser fazer algo desse gênero como seu pai também — Ela disse com uma expressão de compreensão. — A decisão será sua no final e teremos que respeitar.

Mordi o lábio enquanto ela foi ajudar meu pai na cozinha e controlar os gêmeos.

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Então o dia da festa dos gêmeos finalmente chegou em meio a toda essa situação.

Podia ver o resplandecente e magnífica decoração, sentindo uma onda de emoção ao ver os gêmeos se divertindo com meu pai.

Donald e Milena seguraram as minhas mãos enquanto os adultos conversavam e víamos as crianças se divertindo.

— Eu disse que seria uma festa fantástica — Milena disse.

— Eu tive muita ajuda — Falei.

— Sério? Estou surpreso como conseguiram deixar tudo deslumbrante para uma festa de criança — Donald disse. — No meu pode fazer a mesma decoração.

— Só fiz isso pelas crianças — Falei soltando uma risada.

A família de Milena estava conversando com meus tios na mesa ao lado, imagino que minha amiga contou um pouco sobre o que vêm acontecendo com ela nos últimos dias.

Meu pai conversava com Shirley e o marido sobre como foi no campo de golfe, ainda mais com meu pai se desculpando por não ter aparecido.

— Vicente, desta vez você se superou com a organização das decorações, comidas e brinquedos para as crianças — Jéssica falou se sentando ao lado de Milena. — Se continuar assim, pode vir trabalhar comigo.

— Não, obrigado — Falei rindo. — Estou perfeitamente bem onde estou trabalhando.

— Tem que expandir seus horizontes profissionais — Jéssica falou.

— Ele é muito chato para fazer alguma coisa dessas — Donald falou. — Igual a Milena, ambos são muito caretas.

— O que quer dizer com isso? Está ficando bastante folgado — Milena disse e roubou um salgado do prato de Donald que olhou horrorizado para a mesma.

— Estou grávida, não posso passar vontade — Milena falou. — Tem que ser carinhoso comigo.

— Do que adianta se está sendo folgada, você ainda tem um monte de coisa que nem tocou — Donald retrucou.

— Estou conversando, seria muito horrível comer e falar com a boca cheia — Milena revidou. — E no seu tem o mesmo tanto de coisas.

— Então come do seu — Donald falou.

— Sabem como dizem que o prato do amigo é mais saboroso — Jéssica falou e pegou um salgado também.

Donald olhou para a cena chocado e soltei uma risada enquanto pegava um salgado.

— Até você — Donald falou.

— Tem razão, é bem mais gostoso — falei.

— Vocês são muito folgados com minha humilde pessoa — Donald falou colocando a mão no peito. — Só me exploram.

— Não é pra tanto — Milena falou.

— Tem que sempre fazer seu drama — Jéssica falou revirando os olhos.

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O salão estava decorado com balões coloridos, fitas e enfeites brilhantes, e a mesa de doces era um verdadeiro espetáculo para os olhos. As crianças estão correndo e brincando, algumas usando chapéus de festa e outras com pinturas faciais. O som das risadas, música animada e os gritos de excitação enchem o ar.

Ao ver Pedro, Ava e o marido entrarem, minha família e amigos imediatamente baixamos as vozes.

De repente, com tantos pares de olhos focados nele, podia ver como Pedro se sentiu um pouco nervoso.

Segurando o ombro do irmão, Ava inclinou-se para o ouvido dele e sussurrou alguma coisa.

Minha maior surpresa Pedro foi até meu pai que Apenas olhou para tudo com uma expressão neutra, Ava se locomoveu para nossa direção.

— Espero que não tenhamos interrompido nada — Ela disse e se apresentou para os outros junto do marido Rafael. — Meu irmão quis conversar com o seu pai sobre tudo.

Olhei para a cena, Pedro falava e estava com as mãos tremendo e para minha surpresa meu pai segurou Pedro no ombro e se sentou para ouvir suas palavras.

— Rafael, soube muito sobre o que você fez — Donald falou se levantando. — Tenho algo para pedir a você e à sua agência.

— Seja o que for e esteja um pouco na lei, acho que posso ajudar — Rafael falou.

Donald então saiu com Rafael até a mesa de comida, Ava sentou ao meu lado.

— Vicente, quero agradecer por ter deixado meu irmão vir na festa das crianças — Ava falou.

— Não tem que dizer isso, ele precisa conhecer os filhos — Falei.

— Como não sabíamos do que eles gostam, achei melhor dar em dinheiro e você decide — Ava falou e me entregou um envelope.

— Obrigado, quando sair com eles posso ver o que podemos fazer com esse dinheiro — falei.

Quando reparei que os gêmeos estavam ao lado do meu pai e olhavam com curiosidade para Pedro que estava limpando suas lágrimas.

Otávia se aproximou e entregou um pedaço de papel para ele que aceitou com um sorriso entre as lágrimas. Gabriel foi até a mesa de doces, pegou um prato cheio de doces e entregou para Pedro em um canto.

Mas o que me deixou surpreso foi que eles não saíram do lado de Pedro até que fossem necessários.

— Vicente, seus filhos realmente são fofos e carinhosos — Ava disse risonha. — Isso surpreendeu até seu pai.

Meu pai estava se divertindo com Pedro e quando vi estavam vindo em nossa direção, os gêmeos segurando ambos os lados das mãos de Pedro que tinha um sorriso emocionado no rosto.

— Papai, o tio Pedro disse que gostou do doce que você fez — Otávia falou e arrumei o laço do seu cabelo.

— Sim, ele disse que você é o melhor cozinheiro que ele conhece — Gabriel falou e olhou para os presentes. — O vovô disse que vocês foram amigos no passado.

Olhei para Pedro e depois para meu pai que deu de ombros, suspirei calmamente.

— Sim, éramos amigos no passado — Falei calmamente.

— Porque ele nunca veio nos visitar? — Otávia perguntou confusa, engoli em seco.

Jéssica se levantou da cadeira.

— Que tal a gente jogar um jogo de adivinhar o que ganharam — Jéssica falou e olhei para sua direção agradecido.

Todos a seguiram para onde estavam os presentes, ficando eu e Pedro afastado e nós encarando.

Pela primeira vez não consegui saber o que dizer.

— Eles são muito fofos, carinhosos — Pedro disse depois de alguns segundos. — São espertos também, puxaram você por inteiro.

— Eu...obrigado pelo elogio — Falei. — Acho melhor me juntar a eles.

Levantei e Pedro segurou minha mão fazendo com que olhasse para seu rosto por segundos até que me afastei para longe.

Aproveitei a festa que meus bebês mereciam. No centro do salão, havia um bolo grande e decorado, com velas coloridas acesas em cima. Coloquei os gêmeos ao lado e fiquei ali cantando "Parabéns pra vocês" enquanto eles tentavam apagar as velas com todas as suas forças.

Enquanto isso, um animador está fazendo truques de mágica e brincadeiras divertidas com as crianças, mantendo-as entretidas e animadas. Algumas das crianças estão se divertindo na cama nas bolas coloridas, enquanto outras estão se deliciando com os doces e salgadinhos na mesa.

Os pais estão conversando e tirando fotos da festa, sorrindo e curtindo o momento. As crianças estão se divertindo muito e parecem estar se divertindo sem parar. É uma festa infantil alegre e animada, onde a diversão é garantida para todos.

Na hora da foto os gêmeos puxaram Pedro para entrar no meio, ele me olhou com uma mistura de pavor e medo. Por segundos pensei até que permiti que ele entrasse na foto.

— Eu quero ir ao lado do tio Pedro — Otávia falou.

— Só será por alguns segundos — Meu pai sussurrou.

Soltei um suspiro.

— Pode ser — Falei.

Pedro ficou ao meu lado com os ombros colados e os gêmeos de cada lado da gente, minha tia tirou a foto.

Os gêmeos voltaram a brincar com os amigos após comerem o bolo e os doces, me sentei soltando um suspiro.

— Lembrando que amanhã temos que sair para ir na festa da minha família — Milena falou.

— Dessa vez será inesquecível — Guilherme Brown falou com um sorriso misterioso, o marido olhou para ele com cautela.

— Ainda não entendo porque acham que vai ser tudo tão grandioso, o que está tramando — Mike Brown falou.

— Saberá amanhã — Guilherme falou com cautela. — Já deixei tudo pronto para qualquer coisa.

Pedro estava conversando com meus tios, Jéssica que apontou para seu peito com uma expressão raivosa. Milena resmungou quando um dos pais colocou a mão na barriga dela e falou dos cuidados que deve tomar em sua gravidez.

Os três se afastaram indo até a mesa de comida. Donald ainda estava conversando com Ava e Rafael sobre algum assunto misterioso.

— O que será que estão conversando? — perguntei e notei quando Gabriel rio atrás de mim com a máscara da fantasia que Donald deu para ele.

— Papai, coloca pra mim — Gabriel falou.

Otávia foi na direção de Pedro e pediu para fazer a mesma coisa, depois voltaram a brincar com os amiguinhos.

— Eles se aproximam demais do Pedro — Falei e meu pai me olhou confuso.

— Você não deixou que ele fizesse isso, seus filhos são espertos e sabem em quem confiar — Meu pai disse colocando a mão no meu ombro.

— O que você e ele conversaram? — perguntei.

— Ele me contou sobre aquele fato — Meu pai disse e me olhou. — Como também que o coração dele está partido em mil pedaços por ter perdido você. As memórias que compartilhamos juntos continuarão a aquecê-lo, mas a dor de não tê-lo mais ao seu lado é insuportável. Sente falta da sua risada contagiosa, da sua sabedoria sempre presente e da sua presença reconfortante. Como gostaria de poder dizer o quanto te ama e o quanto significava para ele. Mas agora, tudo o que pode fazer é respeitar a sua vontade e honrar sua memória e suas lembranças vivas.

Engoli em seco e olhei para Pedro que estava olhando apavorado para meu tio que sussurrou algo em seu ouvido com a expressão mais ameaçadora possível.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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