Sinto-me quente.

Que dor insuportável!

Perguntei a minha mãe
Se íamos ao médico.

Repentinamente,
Ela começou
A chorar.

Não entendi.

Talvez,
Ainda estivesse deprimida
Com a partida inesperada
Do vovô.

A dor aumenta;
Tentei dormi,
Mas
Quando acordei
Estava pior.

Mamãe continua
A soluçar.

A tristeza cresceu,
Quando ela decidiu
Me contar
O que tanto a atormentava.

Palavras difíceis,
Que não entendia.

Um tal de câncer
Havia dominado
Meu corpo.

Seria ele meu novo amigo?

Ela afirmou que não,
Lacrimejando,
Revelando que
Eu só tinha
Alguns meses de vida.

Mais tarde,
Alegou
Que Deus me salvaria,
Pois
Eu era uma boa menina.

À primeira vista,
Não entendi.

Se Deus me ama tanto
Por que ele me fez assim:
Uma criança
Tão estranha
E tão doente?

Mamãe supôs
Que ele estava
Apenas testando
Minha fé.

Testando a fé
De uma menina
De somente sete anos?!

Mas
Não julgo a Deus.

Deve ser horrível ser ele.

Ouvir tantas súplicas,
De pessoas
Tão melancólicas,
Assim como
Minha mãe,
E nada responder.

Uma vez que,
Não tem mais o potencial
De ajudar,
Esse nosso mundo
Sem fé.

A cada dia que passa,
A vida me abandona,
Igualmente
Meu pai.

Cada vez que
Passeava com minha mãe,
Sentia-me
Estranha.

Na rua
Havia tantas pessoas
Com vida
Praticamente
Perfeita,
Mas
Com uma feição
Tão melancólica
Quanto à de minha mãe.

Não entendo.

Por que se esforçam tanto
Para aparentarem estarem
Felizes,
Se no fundo
Estão tristes?

Lutam implacavelmente
Por uma fictícia
Felicidade,
Em vez de
Apenas
Desfrutarem
O presente.

Atestam
Que estou doente,
Porém
São eles
Que adoecem
Com a suposta
E temporária
Felicidade,
Que quando se vai
Deixa somente
Rastro
De angústia
E solidão.

Pessoas
Simples e bondosas
Em gaiolas.

Pessoas
Malvadas e funestas
Em casas de luxo.

Este é o infeliz
Mundo
Em que
Vivo.

Este é o feliz
Mundo
Em que
Morro.

CAIO R.G. DE OLIVEIRA