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40. A noite que tudo mudou

Patrícia mantinha os olhos grudados na tela do telefone enquanto Renato dirigia a viatura em alta velocidade. No vídeo que assistia, uma jovem repórter — provavelmente alguns anos mais nova que ela — falava sobre o toque de recolher imposto pelo Delegado Geral. Não havia dúvidas: nem ela nem Renato voltariam para casa tão cedo. Pelo menos não naquela noite, e possivelmente, nem nas próximas.

As ruas estavam em completo caos. Renato jamais imaginou ver algo do tipo. Nos filmes de ação, espaçonaves destruíam quarteirões inteiros e arranha-céus desabavam, mas agora, ele presenciava um cenário semelhante em pleno coração do Brasil. Aquilo ultrapassava qualquer pesadelo ou devaneio que tivesse tido em sua juventude.

O medo e a confusão pairavam no ar. Tudo tinha mudado drasticamente. Horas antes, sua maior preocupação era decidir entre ir à academia pela manhã ou visitar sua mãe no bairro vizinho. Mas, desde a estranha ocorrência no colégio de Vanessa, filha de Patrícia, os acontecimentos haviam se desenrolado numa velocidade que ele mal conseguia acompanhar.

Ao observar sua cidade tão amada, tudo o que via era destruição. Estabelecimentos que normalmente estariam abertos estavam com as portas cerradas. Pelas janelas, alguns poucos cidadãos espiavam, escondidos atrás de cortinas ou vidros reforçados, enquanto letreiros piscavam mensagens de boas-vindas que contrastavam brutalmente com a realidade lá fora.

Seu instinto investigativo disparou quando notou um grupo de pessoas saindo de um estabelecimento que deveria estar fechado. O que chamou sua atenção, no entanto, não foi apenas a movimentação incomum, mas sim o fato de estarem vestidos como se fizessem parte de algum culto obscuro.

— Tem louco pra tudo — murmurou Renato, sem tirar os olhos da cena.

— O quê? — Patrícia ergueu o olhar do celular.

— Olha ali — ele apontou discretamente. Os desconhecidos pareciam estar no meio de uma discussão acalorada.

— Deveríamos...

— As ordens foram claras — Patrícia lembrou, interrompendo-se ao virar a próxima esquina. De repente, freou bruscamente.

Um grupo de criaturas grotescas atravessava a rua diante deles.

Renato sentiu os dedos se fundirem ao volante. Patrícia apertou a pistola, pronta para reagir. Mas as coisas — fossem lá o que fossem — passaram sem sequer olhar para a viatura. Os policiais se entreolharam, trocando uma silenciosa conversa de pura tensão. Respiraram fundo e voltaram a encarar a rua.

Pelo retrovisor, Renato notou uma enorme Tucson preta atravessando a via de onde vieram. O carro deslizava silenciosamente pela paisagem caótica, seguido por outros veículos do mesmo porte. Patrícia também percebeu.

— Carros desse tipo só transportam gente importante... — murmurou ela.

Ou criminosos.

— Vamos? — perguntou, sem sair do carro, os olhos percorrendo os arredores em busca de algo suspeito.

Renato apenas assentiu, engolindo em seco. Com as palmas das mãos suando, ele enxugou-as na calça e retomou a direção. Patrícia percebeu a tensão no colega, mas sabia que ele faria o mesmo por ela. Ambos estavam tentando controlar o medo.

— O mundo finalmente enlouqueceu... — Renato murmurou com um sorriso indecifravél. As imagens que tinha visto antes — as estranhas fotos do legista, o garoto que parecia saído de um pesadelo — rodavam em sua mente sem cessar.

Agora, atravessavam a Praça Marechal Deodoro, no centro. Renato percebeu que algo estava errado. Estava escuro. Escuro demais. Ele e Patrícia trocaram um olhar rápido antes que um grito estridente cortasse o ar. O som fez seus corações se apertarem.

Patrícia virou-se rápido para trás. As luzes da praça se apagavam, uma por uma, como se algo invisível as consumisse. E então, vieram os grunhidos. Sons grotescos, bestiais, que pareciam saídos de um pesadelo.

— Não tô gostando disso, Rodrigues... — Patrícia murmurou, a mão firme na pistola, o indicador já sobre o gatilho.

— Só mais uma quadra e estaremos com os demais — Renato respondeu, tentando manter a voz firme.

Mas até ele mesmo tentava acreditar nisso.

Ao pisar no acelerador, ambos ouviram uma explosão estrondosa. O impacto fez os para-brisas estremecerem antes de trincarem com um estalo seco. O carro saiu violentamente da faixa, quase se chocando contra a mureta de proteção da pista oposta. Antes que pudessem reagir, outro baque abafado veio do teto do veículo.

O coração de Patrícia disparou. Com reflexo apurado, sacou a pistola e disparou quatro vezes contra o teto. O estampido dos tiros foi seguido por um grito inumano e agonizante.

O vidro traseiro explodiu em estilhaços. No meio dos cacos, uma criatura horrenda forçava entrada no carro. Seu rosto distorcido era um amontoado de pele enegrecida, dentes irregulares e olhos vazios. Lemos gritou, enquanto Rodrigues, com um xingamento, girou o volante em uma manobra brutal. O veículo ricocheteou contra a mureta, fazendo o monstro do teto se desequilibrar. Já a aberração que tentava invadir o carro foi alvejada por uma saraivada de tiros de Lemos, mas não recuou.

— Nossa munição não faz efeito! O que fazemos?! — gritou Patrícia, a voz carregada de pânico. Atirar parecia tão inútil quanto cuspir contra um furacão.

— Mira na cabeça! Nos olhos! Alguma dor isso deve causar!

Antes que pudessem testar a teoria, outra criatura se lançou contra o carro em movimento, atravessando o vidro do motorista em uma chuva de cacos afiados. Renato mal teve tempo de reagir. Pegou a pistola do colo e disparou à queima-roupa. A aberração urrou, mas manteve-se firme.

Luzes piscavam na escuridão. Outros disparos ecoavam pela rua. Rodrigues entendeu na hora: eles não estavam sendo atacados por acaso. Aquelas coisas estavam organizadas. Estavam indo em direção à Delegacia Geral de Polícia de São Paulo. Seus companheiros deviam estar enfrentando o mesmo inferno.

— Se segura! — berrou Rodrigues.

Os faróis iluminaram a rua, revelando uma cena dantesca. Dezenas de criaturas de pele corroída e formas grotescas se espalhavam por todos os lados. Algumas rastejavam, outras corriam em direção ao carro.

Rodrigues pisou no freio com força. O monstro no teto foi arremessado para a frente, batendo contra o asfalto com um baque molhado. O da janela cravou suas garras na porta, resistindo. Já a criatura que já estava dentro do carro foi jogada contra o painel e ficou atordoada.

Renato pisou fundo no acelerador. O monstro à sua frente não teve chance de escapar. O impacto foi brutal. O carro passou por cima dele com um ruído encharcado de ossos e carne se despedaçando. Aproveitando a chance, Rodrigues bateu com força na buzina. O som estridente ecoou na escuridão, atraindo os olhares vazios das aberrações ao redor.

— Está pronta?!

— Pra quê?! — Lemos gritou de volta, o coração na garganta.

— Vamos explodir essa merda!

Ela arregalou os olhos.

— Só pode estar brincando!

— Quem me dera! Se as balas não funcionam, fogo vai ter que servir!

Os dois trocaram um olhar. Patrícia sentiu o corpo inteiro estremecer, mas sabia que era a melhor opção. Ela segurou o trinco da porta, esperando o sinal de Renato. Ele espiou pelo retrovisor. A criatura dentro do carro forçava contra a divisória do banco traseiro. Aquilo não ia segurar por muito tempo.

Um único menear de cabeça foi o suficiente.

Patrícia abriu a porta e se jogou. O asfalto atingiu seu corpo com brutalidade. O impacto fez sua pistola escorregar de seus dedos e sumir na escuridão. A dor latejava em cada fibra de seu corpo, mas ela lutou para focar a visão. Assustou-se ao ver o carro seguir em disparada, indo de encontro às criaturas.

Um último disparo. Então, a explosão.

O clarão iluminou a noite. O estrondo rasgou o ar, seguido por um calor sufocante. Patrícia se levantou cambaleante, o peito apertado pelo medo. Seus olhos vasculharam o mar de chamas em busca de Renato.

E então, ela o viu.

Rodrigues emergiu do outro lado, o rosto ensanguentado e mancando. Ele mal conseguiu pular a tempo e pagou o preço, sentindo os dentes soltos na boca e a pele ardendo.

Os monstros urravam. O fogo os consumia. Pedaços de carne derretiam como cera, e um fedor insuportável de carne queimada se espalhava. Algumas aberrações ainda tentavam correr, suas formas carbonizadas se debatendo em agonia antes de sucumbirem.

Rodrigues encarou a cena em choque. O tiroteio ao longe cessara momentaneamente. Mas o som de passos e grunhidos ainda ecoava na noite.

Aquele inferno estava longe de acabar.

— Você por acaso tá com um desejo de morte?! — Lemos repreendeu o rapaz que cambaleava ao se levantar.

— Pelo menos funcionou, não é mesmo?

— Não matou todos, mas eles parecem assustados demais para continuarem — Patrícia comentou, observando os estranhos monstros se dispersarem pelas ruas do centro de São Paulo.

— Espero que isso dê tempo para todos dentro da delegacia...

— Você acha que eles vieram aqui de propósito?

— Não me surpreenderia... Ainda mais depois do anúncio do Delegado-Geral — disse Rodrigues, cuspindo um pouco de sangue no asfalto.

A dupla continuou caminhando até o ponto de encontro com os demais colegas. No caminho, notavam que o número de corpos era bem maior do que o que haviam visto até ali. Patrícia se perguntava se a filha estaria envolvida nesses ataques, se estaria atacando e ceifando vidas. E, se estivesse, com qual propósito?

Ambos seguiam atentos, observando qualquer sombra que parecesse se mover. Seus olhos finalmente haviam se acostumado à escuridão do bairro, que por algum motivo tornara-se silencioso. Como se não houvesse mais nada ali além da morte.

— Isso tá muito esquisito! — Rodrigues comentou, girando vagarosamente com a pistola em punho.

— Nem me fale, acho que já tive minha cota de esquisitice por uma noite...

De repente, fachos de luz iluminaram o local, recaindo sobre ambos. De longe, ouviram alguém gritar para que ficassem parados. Obedeceram prontamente; afinal, não fazia sentido lutarem tanto para, no fim, serem alvejados.

— Somos policiais! — gritou Lemos.

— Rodrigues? Lemos?

— Silva e Silva? — Renato indagou, sentindo certa familiaridade na voz do sujeito.

O policial, visivelmente mais alto que Rodrigues e Patrícia, pediu aos companheiros que baixassem as armas. Em seguida, recebeu os colegas de distrito com um forte abraço e algumas batidinhas nas costas. Fez o mesmo com Patrícia, que normalmente não era adepta desse tipo de contato.

— Foram vocês que fizeram todo esse show? — Uma segunda voz somou-se à de Silva e Silva.

— Sim. Foi o único jeito de passarmos pela turba de monstros — revelou Patrícia.

— Fizeram bem. Pelo menos sabemos que fogo pode matar essas coisas...

— É sério, cara! — disse Silva e Silva ao amigo, que ainda tentava compreender a situação. — A gente descarregou nossa munição mais pesada, e os malditos nem morriam. Eles caíam, mas poucos minutos depois, os que tinham sido derrubados se reerguiam.

— Parece a merda de um filme de terror, isso sim!

— Nem me fale... — Patrícia completou.

— Tivemos muitas baixas? — Rodrigues enfim perguntou, embora soubesse a resposta.

— Muito mais do que gostaríamos. O Delegado-Geral desapareceu no meio da confusão, e o governador virou janta de monstro... — contou o policial.

— A gente acredita que esse ataque não foi aleatório...

— O que quer dizer com isso, Patrícia?

— Que essas coisas são mais coordenadas do que a gente pensa! — Rodrigues explicou.

Silva e Silva acompanhou os colegas até o interior da delegacia, onde outros policiais, feridos e desacreditados, tentavam processar o que estava acontecendo. Alguns estavam sentados, agitados, balançando as pernas e com olhares desconfiados, como se o mundo tivesse desabado sob seus pés.

O fim do mundo parecia finalmente ter começado, e Rodrigues não sabia como a humanidade seria capaz de sobreviver a isso. No fundo, gostaria que fosse apenas mais uma daquelas histerias em grupo que anunciavam o apocalipse, e que no dia seguinte, tudo seguiria normalmente.

Mas será que haveria um amanhã ordinário?

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