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38. Laços de sangue

O burburinho enchia o salão de pedra, reverberando pelas paredes circulares como um coro de vozes ansiosas. A câmara estava repleta de vampiros dos Sete Clãs, cada um especulando os motivos daquela convocação emergencial.

Gabriel atravessou o corredor estreito e mal iluminado, os passos ecoando no piso de pedra fria. Conhecia bem aquele caminho, tendo-o percorrido recentemente na última vez em que estivera diante do Conselho dos Sete. Desta vez, não era ele o acusado, mas um aperto incômodo no peito lhe dizia que algo terrível estava prestes a acontecer.

Os vampiros já reunidos trocaram olhares furtivos quando Lúcia adentrou o salão, acompanhada por Vlad, seu segundo no comando, Miguel, Gabriel e Ana. Alguns murmúrios tomaram conta do espaço, e em meio às suposições, a mais assustadora se destacava: a possibilidade de que a Matriarca da Casa dos Espinhos tivesse decidido realizar uma execução pública.

Gabriel não se deixava levar facilmente por boatos, mas lembrando-se da conversa que tivera com Miguel horas antes, soube que nada ali seria simples. Ele estava testemunhando a história da sociedade vampírica se desenrolar diante de seus olhos ainda inexperientes.

— Espero que isso acabe logo — murmurou Ana, observando com desconforto os olhares de desprezo ao redor.

— Eu também — respondeu Gabriel, aproximando-se dela. — Não guardo boas recordações deste lugar.

O grupo de Lúcia começou a subir a escadaria lateral do grande salão. Gabriel os seguiu, enquanto eles discutiam entre si as possíveis implicações do que estava prestes a acontecer.

A matriarca tomou seu assento elevado, ao lado de Isabelle, que era protegida por Mateus. Afonso sentou-se próximo à bela vampira de cabelos cor de ferrugem, acompanhado por um homem de feições tão refinadas que explicavam sua escolha como líder.

Miguel se posicionou ao lado de Ana, que lançou um olhar a Gabriel, como se tentasse medir seu estado de espírito. Ele, no entanto, ainda se acostumava com toda aquela nova realidade.

Os olhares inquisitivos desviaram-se subitamente para a entrada quando Ophélia surgiu, ladeada por dois guarda-costas e uma garota de câbelos cacheados que Gabriel não reconhecia. Atrás deles, uma figura que ele, Ana e Miguel conheciam bem: o vampiro da capa preta.

Aquele rosto era inesquecível. A dor e o caos que ele trouxera à Casa dos Espinhos estavam gravados na memória de todos.

Jonathan, líder do Conselho dos Sete, entrou por uma portinhola atrás de seu assento. Ao seu lado, um homem de aparência rústica, com cabelos brancos penteados para trás, lançava um olhar fulminante para Gabriel. O Marquês Aloísio ainda não havia perdoado a transgressão cometida pelo garoto em seu próprio julgamento.

— Comecemos o julgamento — anunciou Jonathan, erguendo-se, seguido pelos outros líderes.

Gabriel aproveitou o momento para memorizar os rostos dos líderes que não conseguira ver bem da última vez. Sua surpresa foi imensa ao reconhecer um deputado famoso de São Paulo entre eles.

"Eles estão até mesmo nas esferas políticas", pensou, abismado. O homem aparentava estar nos quarenta anos, vestia um terno impecável sob o manto negro do julgamento.

Outra figura chamou sua atenção: uma mulher que, diferentemente dos outros, parecia mais humana do que vampira. Se não fossem os séculos de experiência naquela existência noturna, ela poderia facilmente passar por uma mulher comum, talvez da mesma idade de sua mãe.

— Ophélia, por favor, inicie o questionário — ordenou Jonathan, recostando-se em sua cadeira de pedra.

— Como quiser, conselheiro — respondeu a vampira de cabelos dourados. Virou-se para o prisioneiro. — Para evitar futuros contratempos, direi o que você pode ou não fazer durante o julgamento.

— Que seja — respondeu o estranho com o costumeiro desdém.

Gabriel não conseguia entender como aquela figura mantinha tamanha arrogância. Quando fora sua vez de estar ali, ele se sentira como se o peso do mundo o arrastasse para um abismo gelado. Mas o vampiro da capa preta não demonstrava o menor sinal de fraqueza.

— Você só pode responder sim ou não — continuou Ophélia. — Terá a chance de dar seu relato quando o conselheiro ordenar. Alguma dúvida?

— Vocês e suas estúpidas regras — zombou o prisioneiro. — Fingem ter tudo sob controle, reinam sobre seus luxuosos castelos, escondendo-se dos humanos e esquecendo quem realmente está no topo da cadeia alimentar...

— Ninguém lhe deu permissão para falar ainda — interrompeu Ophélia, os olhos brilhando em tom carmesim, as presas ligeiramente expostas.

Jonathan, observando a cena, sorriu com ironia.

— Você parece descontente com nossos métodos. Por quê?

— Já está me dando a palavra? Achei que eu seria interrogado primeiro...

— Apenas uma conversa amistosa — disse Jonathan, ajeitando-se em sua cadeira. — Não creio que terá muitas outras oportunidades de falar quando isso terminar.

— Mal posso esperar pela sua "justiça"!

— Ophélia, prossiga.

Ela assentiu e fixou os olhos no prisioneiro.

— Victor de Nóbrega, você nega as acusações contra si?

— Não.

— Você nega ter atacado humanos e criado ghouls sem permissão?

— Não.

— Você nega ser uma cria de sangue?

Um murmúrio percorreu o salão. O medo se instalou em alguns dos espectadores.

— Não.

— Quer nos contar sua versão dos fatos?

Victor sorriu.

— Que tal uma história?

Gabriel sentiu um arrepio subir pela espinha. Ele sabia que nada de bom viria dali.

— Não entendo o que sua aula de história tem a ver com sua situação, garoto. — comentou o vampiro ancião, levantando-se de sua cadeira imponente. Seu olhar rubro faiscou, presas à mostra, enquanto a pele de seu rosto adquiria uma tonalidade sombria, como se sua verdadeira natureza estivesse prestes a emergir.

— Minha história tem tudo a ver com a de vocês. Sobretudo, a sua, Marquês Aloísio.

— Duvido muito. Eu estava lá quando o último dos seus virou cinzas. E me certifiquei disso. — Aloísio bradou, golpeando com força a placa de pedra diante de si. A rocha rachou ao meio, e seus olhos se transformaram em pequenas orbes vermelhas imersas em um negrume que parecia refletir sua própria alma.

— Por favor, Marquês, concordamos que todos têm o direito de se defender! — Jonathan interveio, sua voz cortante. — Prossiga, sem rodeios!

— Como eu dizia, nosso querido Marquês assistiu ao seu semelhante queimar. Observou com deleite minhas crianças morrerem uma a uma. E pensar que eu seria traído pelo sangue do meu sangue. Que meu irmão, que viveu séculos ao meu lado, trairia a única pessoa que sempre o amou de verdade. — A voz de Victor era carregada de fúria e desprezo, suas palavras impregnadas de acusação. No entanto, Gabriel não compreendia como aqueles dois poderiam estar envolvidos.

O jovem vampiro percebeu que, conforme o prisioneiro vociferava suas acusações, sua voz tornava-se cavernosa, reverberando pelo salão como um eco ancestral. Sem perceber, Gabriel já havia acendido seus próprios olhos; a raiva que transbordava de Victor parecia se espalhar como piche, infiltrando-se nos demais vampiros. O burburinho crescia, e os membros do Conselho sussurravam entre si, tentando entender a conexão entre Marquês Aloísio e o invasor.

— Te garanto, criança. Assim como eliminei meu próprio irmão, não hesitarei em extinguir sua patética existência. — Aloísio arqueou o corpo envelhecido para frente, seus olhos fixos no prisioneiro. Victor, porém, sorria, zombando do ancião.

— Claro que os sanguessugas do seu clã não ficariam de braços cruzados. Afinal, queriam o poder para si. Vocês usurparam o lugar do verdadeiro Marquês, o mais próximo da linhagem original. — O tom de Victor aprofundava-se, a fúria contida em suas palavras reverberando no coração da assembleia. Ophélia olhava furiosa para a garota ao lado de Jonathan.

— O que está acontecendo? — Gabriel perguntou a Ana por meio do elo telepático. Miguel, ao seu lado, o olhava com preocupação, assim como a garota dos cabelos descoloridos, que também sentia algo estranho.

— Eu não sei ao certo, mas se isso continuar, tudo pode sair do controle. — Miguel se ergueu e caminhou até Lúcia, a matriarca do Conselho. — Você precisa agir antes que a situação piore.

— Poderia elaborar?

— De alguma forma, a raiva de Victor está influenciando os outros vampiros.

— Ele não é tão antigo para ter esse tipo de poder sobre nós, líderes dos clãs.

— Então olhe para Aloísio. Seu comportamento está anormal...

— Aloísio sempre foi impaciente. Isso piorou com o tempo. — Lúcia estreitou os olhos para o ancião, que agora discutia com Jonathan.

— Essa sociedade utópica que vocês criaram... Acham mesmo que vai durar? — Victor berrou. A prata ao redor de seu pescoço queimava sua pele, e o cheiro de carne carbonizada se espalhava pelo salão. — E você, garoto? Acha mesmo que eles não farão o mesmo com você?

Antes que Gabriel pudesse responder, as portas de pedra se abriram violentamente. Um homem entrou, sua figura aparentemente inofensiva, mas a energia ao seu redor era sufocante. O som de seus passos sobre o cascalho ecoou pelo salão. O Marquês Aloísio sentiu o sangue gelar.

Diante dele estava seu irmão. O mesmo que ele jurou ter queimado vivo.

— Que bom ver que mantiveram as tradições dos julgamentos. — A voz trovejante do recém-chegado fez Gabriel estremecer. — Pena que foi essa mesma tradição que destruiu minha família. — disse o outro vampiro ancião. — Hoje, vocês pagarão com sangue!

Um estalo ecoou quando sua bengala bateu contra o chão. O som de múltiplos passos ressoou pelos corredores. Guinchos agudos se misturaram ao desespero dos vampiros mais jovens quando um exército de ghouls invadiu o salão.

— Não pode ser! — murmurou Aloísio, atônito.

Victor riu insanamente, e seu corpo começou a inchar. Seus olhos escarlates derramavam sangue, que também fluía de suas unhas, ouvidos e nariz.

— Essa utopia imunda acaba aqui!

Uma explosão ensurdecedora tomou o salão. Sangue e destroços voaram por todos os lados. Gabriel observava tudo em choque, sem tempo para reagir. Quando Lúcia investiu contra ele, Miguel e Ana se interpuseram.

— O que está fazendo, Miguel? — Lúcia rosnou, olhos incandescentes.

— Isso é um mal-entendido. Gabriel foi apenas uma vítima.

— Ele é um deles! — Lúcia rebateu, preparando-se para atacar.

— Ele recusou se juntar a Victor. Poderia ter me matado, mas ajudou a capturá-lo.

— Ainda assim, ele é um perigo para nós!

Lúcia olhou Gabriel lutar contra os ghouls. Seu olhar retornou para Miguel.

— Você realmente acredita que ele seja inocente?

Miguel hesitou. — Eu não sei. Mas se ele sair da linha, eu mesmo cuidarei disso.

— E se ele se tornar mais poderoso?

Miguel permaneceu em silêncio. A dúvida era um fardo que não poderia ignorar.

— Lúcia! Deixe isso para depois, temos de ajudar os nossos a escapar! — Jonathan gritou da arena onde o julgamento do prisioneiro ocorria. Aos seus pés, pelo menos quatro criaturas se desmaterializavam, dissolvendo-se em sombras que pairavam momentaneamente antes de desaparecerem por completo.

Gabriel olhou ao redor, o caos tomando conta de sua visão. Ghouls incontáveis investiam contra qualquer vampiro que cruzasse seu caminho, fossem eles inofensivos ou guerreiros poderosos, como os líderes e seus servos mais próximos. O ar era preenchido por grunhidos e sons de corpos se chocando violentamente. Ana correu para o lado do jovem vampiro, que lutava com dificuldade contra as criaturas.

— O que fazemos, Miguel? — perguntou Ana, através do elo telepático, a voz carregada de urgência.

— Alcancem o assento do Conselheiro! Há uma passagem oculta lá! — Miguel respondeu, enquanto se materializava e desaparecia em meio ao campo de batalha, deixando um rastro de cinzas onde antes estavam os ghouls que enfrentava.

Ana lançou um olhar rápido para Gabriel, que anuiu. Em um instante, ambos se desmaterializaram, deslizando pelas sombras e escapando da percepção dos monstros que infestavam o salão. Miguel logo se uniu a eles, e juntos avançaram até a cadeira do Conselheiro Chefe. Atrás dela, havia uma parede falsa. Contudo, nenhum deles sabia como ativar a passagem oculta.

— Vai ser inútil ficarmos aqui se essa porcaria não abrir! — Ana vociferou, desferindo um soco contra a parede. O impacto reverberou pelo salão, mas a barreira permaneceu intacta.

— Deve haver algum mecanismo... — Miguel murmurou, os olhos percorrendo cada detalhe da estrutura em busca de um indício.

— Gente, se vocês têm uma solução, é melhor pensarem nela logo! Eles estão se aproximando! — Gabriel alertou, deixando momentaneamente a proteção dos companheiros para enfrentar dois ghouls que tentavam escalar os assentos mais baixos dos vampiros.

Então, um rugido profundo e aterrador ecoou por todo o salão. O som reverberou pelas paredes como um trovão sobrenatural, fazendo Gabriel paralisar onde estava. Miguel e Ana também congelaram, seus corpos instantaneamente tensos. Algo muito pior do que ghouls se aproximava.

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