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24. Ecos do passado

O som das vozes masculinas ecoava na mente de Gabriel, uma mistura distante e quase melódica de risos, gritos e instruções abafadas, combinados ao som seco das chuteiras raspando contra o piso da quadra. Cada impacto da bola contra os pés dos jogadores ou as paredes do ginásio carregava a energia daquela tarde, mas ele permanecia imóvel, deitado na arquibancada. A cabeça repousava sobre a mochila surrada, e seus olhos estavam fechados, como se buscasse um refúgio silencioso daquele mundo ao seu redor.

Era familiar, mas ao mesmo tempo desconfortável. O ginásio, a agitação dos colegas, o eco das partidas... Tudo aquilo fazia parte de uma rotina que sempre vivera, mas, naquele dia, parecia pertencer a outra pessoa. Gabriel não queria jogar, não queria correr, não queria gritar. Só queria ficar ali, imóvel, com os olhos fechados, longe do barulho.

O professor de Educação Física, distraído como sempre, nem percebeu que ele não estava nem na quadra dos meninos, onde o futebol dominava a tarde, nem na das meninas, onde o voleibol era disputado com intensidade. Sua ausência passou despercebida, e Gabriel agradeceu por isso.

— Ei, você tá aí! — A voz de Cris cortou o ritmo de seus devaneios, e Gabriel abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes antes de encarar a amiga. Ela se sentou ao seu lado com a leveza de quem parece confortável em qualquer lugar.

Cris sorria, com os olhos ainda fixos nos jogadores na quadra. Havia algo nos gestos dela que sempre fazia Gabriel se sentir um pouco mais calmo, como se a presença dela tivesse o poder de aliviar o peso das coisas que ele carregava.

— Falta muito pra terminar? — ele perguntou, a voz ainda arrastada pelo sono que teimava em dominá-lo.

— Não muito... — respondeu ela, o olhar permanecendo atento aos meninos.

Por curiosidade ou hábito, Gabriel também olhou para a quadra. Não demorou muito para seus olhos encontrarem Diego. Lá estava ele, com a camiseta levantada até o peito enquanto secava o suor do rosto com o tecido. O movimento foi breve, mas o suficiente para que Gabriel notasse a pele brilhando pelo esforço, o abdome levemente definido contra a luz amarelada do ginásio. Ele ficou olhando por tempo demais, mais do que devia, e o mundo ao redor pareceu se desvanecer por um momento.

Uma lembrança surgiu como um estalo. Eles dois, meses atrás, no campo de terra batida perto do parque. Diego corria em direção ao gol improvisado com mochilas, rindo alto enquanto Gabriel tentava alcançá-lo, ambos sujos de terra e ofegantes. A bola rolava desajeitada, mas os risos eram constantes, enchendo o ar com uma despreocupação que parecia tão distante agora. Ele quase podia sentir o cheiro da grama misturado com poeira e ouvir a voz de Diego ecoando: "Vamos, Gabs, tenta pegar!"

De volta ao presente, Gabriel percebeu que ainda estava olhando para Diego, que agora parecia olhar em sua direção. O coração deu um pequeno salto. Ele desviou o olhar, disfarçando ao ajeitar a mochila ao seu lado.

— Por que não quis jogar? — Cris perguntou, quebrando o silêncio que, sem que ele notasse, se formara entre eles.

— Tô cansado demais... — Ele tentou parecer casual, mas sua voz saiu mais baixa, quase como se fosse um segredo.

— O que andou aprontando, hein?

— Fala da minha aventura noturna pra escrever uma redação sobre a invasão de Napoleão em Portugal?

— Tá brincando?! — Cris exclamou, com uma expressão de indignação teatral.

— Queria eu... — ele respondeu, esboçando um sorriso, ainda com o olhar perdido entre o chão da quadra e a figura de Diego.

O sinal tocou, anunciando o fim da aula. O som metálico reverberou pelas paredes do ginásio, e os jogadores começaram a se dispersar. Diego se despediu de alguns colegas com tapas no ombro e sorrisos fáceis, antes de caminhar até o bebedouro. Ele estava suado, com o rosto vermelho pelo esforço. Gabriel observou cada detalhe, o modo como Diego passava as mãos pelos cabelos molhados, as gotas de água escorrendo pelo pescoço e pelas costas. Havia algo tranquilizador na forma como Diego parecia sempre tão... Diego. Como se o tempo não o tivesse alcançado.

— Marcou quantos gols? — Uma das meninas que enchia a garrafa, acompanhada de algumas amigas, perguntou.

— Acho que uns três — Diego respondeu, ofegante.

Gabriel fingiu procurar algo em sua mochila para desviar os olhos, mas não podia evitar. Diego tinha uma energia impossível de ignorar, um magnetismo que parecia prender a atenção de todos ao redor — especialmente a dele.

Cris se aproximou, com os braços cruzados, observando os dois com um meio sorriso no rosto.

— O que vai fazer depois daqui? — ela perguntou casualmente.

— Diego e eu vamos pra casa dele. Temos que terminar a apresentação de Literatura.

— Ah... — respondeu Cris, o desânimo evidente na voz. Gabriel, distraído com seus próprios pensamentos, nem notou.

— Gabs! Cris! — Diego chamou, acenando com entusiasmo. — Já estão indo?

— Tava te esperando, seu doido...

— Pra quê?

— O trabalho de Literatura?

— Puts, é mesmo!

— Não me fala que esqueceu?! — Gabriel o encarou, um sorriso meio incrédulo nos lábios.

— Esquecer... eu? Que isso, Gabs, sabe que não sou... — Diego começou, mas as palavras morreram ao encontrar o olhar desconfiado de Gabriel. Ele suspirou, derrotado. — Tá, você me conhece... eu esqueci.

— Se ele não passasse tanto tempo tentando impressionar toda garota que vê, já tinha terminado esse trabalho faz tempo! — Cris provocou, rindo.

— Nem me fale! — Gabriel concordou, jogando a mochila na direção de Diego. O riso fácil entre eles parecia preencher o espaço, e, por um momento, nada mais importava.

Por mais que houvesse algo que ele não sabia explicar, momentos como aquele o faziam sentir um peso enorme no peito. Pelo que eles poderiam ter sido, pela perda de alguém que sempre esteve presente em sua vida, e que durante algum tempo nutriu sentimentos. Momentos como aquele com o tempo se tornariam o eco de uma vida que um dia fora dele.

Gabriel acordou desorientado. O peito parecia pesado, e seus olhos ardiam. Não entendia por que, em um momento como aquele, tinha de lembrar dele. Olhou ao redor e percebeu que o lugar parecia familiar, mas não se lembrava exatamente onde estava. Seu coração disparou ao recordar o breve encontro com o vampiro estranho em sua nova escola.

— Onde estou? — murmurou, sentindo-se perdido.

— Em casa — Hélio respondeu, mas nada havia mudado. Ele ainda era a mesma casca vazia de sempre.

Hélio estava em pé, fitando-o com os seus grandes olhos azuis. No fundo, esperava por novas ordens, pelos dentes pontiagudos em sua carne. Parte rotineira de sua nova condição.

— Você tá bem?

Não houve resposta, apenas uma súbita aproximação. Hélio retirou a camiseta do uniforme, sentou-se ao lado de Gabriel, olhou nos olhos do vampiro e virou o rosto, deixando o pescoço à mostra.

Gabriel assentiu, agradecendo pelo cuidado. Aproximou-se do rapaz e, com cautela, mordeu o ombro dele. O sangue quente preencheu sua boca e fez um pouco da estranha fraqueza desaparecer por completo. Em seguida, ele soltou o rapaz, mordiscou o polegar e, com uma gota do próprio sangue, fechou o ferimento no ombro do rapaz.

— Descanse, Hélio.

O servo anuiu, retirou-se para o banheiro e Gabriel saiu em direção à pequena sala de estar. Ao sair, notou Miguel, encostado na janela, atrás de uma espessa cortina clara. Ele observava a movimentação nas ruas abaixo. Carros passavam apressados, não em grande quantidade, mas o suficiente para confirmar que a metrópole nunca descansava.

— O que aconteceu? — Gabriel perguntou, ainda atordoado.

— Eu que te pergunto... Não consegui arrancar nada de Hélio — Miguel disse, frustrado e curioso.

— Acho que o encontrei — As palavras de Gabriel fizeram Miguel erguer as sobrancelhas em descrença. Não sabia como ou os detalhes, mas a determinação nos olhos do novato deixava claro que ele não estava brincando.

— Fale mais sobre isso — ordenou Miguel, com uma autoridade quase impessoal.

Gabriel hesitou por um momento antes de continuar:

— Não o vi exatamente, mas de alguma forma, eu o senti perto de mim — Gabriel disse, massageando os ombros com um gesto quase automático, como se ainda pudesse sentir o toque gélido do vampiro. — O mais estranho é que ele estava lá, mas ao mesmo tempo não estava.

Miguel o observava atentamente, esperando mais informações.

— Ele disse algo?

Gabriel lembrou-se da interação, seus olhos se estreitando ao recordar a estranha conversa.

— Eu acho que ele... sabe que faço parte dos Sete Clãs. Mas não parecia entender direito, como se as palavras estivessem distantes de sua mente.

— Ele deixou escapar algo? Sabe se ele pode ler sua mente?

— Não, não acho que ele tenha esse poder... — Gabriel disse, coçando a cabeça antes de se jogar novamente no sofá. — Mas ele despertou algo em mim, algo profundo.

Miguel olhou-o, interessado, mas com uma ponta de cautela.

— O que você sentiu?

— As sensações... Era como se ele estivesse tentando se comunicar, como se quisesse que eu soubesse algo, mas... não conseguia. Era como se ele me dissesse que me conhece de algum lugar... Ou que ele mesmo me criou.

Miguel ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras de Gabriel. Finalmente, ele disse:

— Interessante — e voltou sua atenção para a rua. Seu semblante estava mais sombrio do que o normal.

— Eu acho que algo aconteceu antes de eu desmaiar. Eu ouvi gritos...

— Você está certo — Miguel disse, sem rodeios. — Ele levou uma garota da sua escola. — Sua expressão se endureceu de preocupação. Gabriel não sabia o peso dessas palavras, especialmente considerando que se tratava de um vampiro agindo em público, algo que contrariava as regras mais rígidas da sociedade deles.

— Parece que ele quer que o encontremos — Gabriel murmurou, pensativo. — Mas por que ele está levando pessoas aleatoriamente?

— Isso é o que teremos que descobrir — Miguel respondeu, com uma seriedade que transmitia a urgência da situação.

Enquanto a aurora trazia luz para a cidade, Miguel tinha a sensação de que aquele encontro poderia ser o começo de algo muito maior — e mais perigoso — mais perigoso do que eles poderiam imaginar.

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