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20. Convocado

O sol estava prestes a nascer, e Gabriel observava a escuridão da noite despedir-se lentamente, como se acariciasse aqueles que só se aventuram sob seu manto funesto. O jovem vampiro mantinha seus pensamentos fechados para o mundo, parecendo distante e completamente à vontade com isso. Apesar da tensão inesperada durante sua apresentação ao clã, ele se sentia orgulhoso por ter dado o primeiro passo para descobrir quem eram seu assassino e criador.

Seus olhos, de um tom castanho próximo ao de avelãs maduras, fixavam-se no horizonte vasto. As luzes distantes da cidade compunham um cenário que contrastava com o que ele havia se acostumado. Gabriel nunca havia parado para apreciar a solidão da noite: o silêncio, que um dia teria sido opressor, agora parecia acolhedor — uma dádiva que sua nova existência lhe oferecia.

Os sentidos aprimorados revelavam segredos da escuridão. Ele ouvia gatos caminhando sobre telhados e muros, os guinchos dos ratos cruzando ruas desertas e até mesmo os murmúrios de pessoas que ainda não haviam sucumbido ao sono — festejando, trabalhando ou entregues aos momentos mais íntimos.

Pequenos detalhes como esses começaram a ganhar importância. Por mais que sua nova condição trouxesse um fardo, havia algo a ser celebrado: seus sentidos aguçados eram uma janela para um mundo até então oculto. Desde o momento em que despertara no necrotério, Gabriel sentia que enxergava mais, ouvia mais, sentia mais.

Próximo à porta, Hélio o observava, imóvel e curioso. O servente, em pé há vários minutos, não proferira uma palavra sequer. Ele fora instruído a visitar Gabriel, não porque o jovem vampiro precisasse de companhia, mas porque era hora de sua alimentação. Hélio, porém, preferiu não interromper os pensamentos do vampiro.

Enquanto esperava, recordava-se do encontro com Gabriel na noite anterior. Desde que começara a servir ao clã de Lúcia, nenhum vampiro jamais o tratara como uma pessoa. Muitas vezes, era usado como objeto, uma ferramenta, e raramente escapava de situações desconfortáveis. Mas Gabriel fora diferente. Ele o tratara com um respeito que Hélio não esperava e que o intrigava profundamente.

— Sinto que estou um passo mais perto e, ao mesmo tempo, dez passos mais longe... — Gabriel murmurou, os olhos ainda fixos no horizonte, onde o sol começava a surgir. Então, virou-se, seu olhar detendo-se na figura de Hélio. Um cheiro familiar o despertou do devaneio; algo nele despertou um estranho calor interno.

— Senhor... — Hélio gaguejou, surpreendido ao perceber que fora notado.

Gabriel aproximou-se com passos lentos. Os olhos azuis do servente acompanharam o movimento do vampiro, que parecia mais rígido do que antes. Ambos estavam tensos, presos num silêncio carregado de algo inominável.

— Prometo que será rápido — disse Gabriel, tentando dissipar o clima constrangedor.

Hélio apenas assentiu e afastou a gola de sua camisa, expondo o ombro, o lugar onde Gabriel preferia morder. O vampiro olhou-o com cuidado, tentando transmitir confiança. Quando suas mãos pousaram gentilmente sobre os ombros de Hélio, o rapaz virou o pescoço, oferecendo a veia com resignação.

O calor que emanava da pele de Hélio parecia inebriante para Gabriel. Ele se inclinou e, com delicadeza, suas presas perfuraram a carne macia. A dor fez Hélio cerrar os olhos, mas foi breve. O sangue quente deslizou pela boca de Gabriel, e uma onda de energia percorreu seu corpo.

Então, algo inesperado aconteceu. Entre os sons e cheiros amplificados que preenchiam sua mente, uma voz distinta ecoou:

Até quando aguentarei este tipo de situação?

Gabriel reconheceu o timbre imediatamente. Sobressaltado, afastou-se, interrompendo o fluxo de sangue. O olhar de Hélio estava cheio de confusão e medo. O sangue escorria pelo tecido branco da camisa do servente, formando uma mancha viva.

— Me perdoe. Deixe-me fechar o ferimento — disse Gabriel, tentando recompor-se.

Ele mordiscou o polegar, deixando uma gota de sangue escuro brotar, e a aplicou sobre a ferida, que cicatrizou como mágica. Em seguida, limpou o rastro de sangue que manchava a pele de Hélio, levando o dedo à boca com naturalidade.

— Pegue uma das minhas camisetas e tome um banho. Se sair com sangue, pode ser atacado por alguém — ordenou Gabriel, num tom mais firme.

Hélio continuava imóvel, lutando para processar os próprios pensamentos. Antes que pudesse reagir, a porta do quarto se abriu.

Na entrada, Miguel e Ana aguardavam. Miguel, com seu tom habitual de calma, olhava para Gabriel com um misto de curiosidade e urgência. Atrás deles, o homem careca com tatuagens tribais, que Gabriel reconheceu como guarda-costas de Lúcia, observava-o com uma expressão dura e intimidadora.

Sem dizer nada, Hélio saiu apressado, ignorando as ordens de Gabriel. O novato apenas o acompanhou com o olhar, enquanto Miguel, Ana e o guarda-costas esperavam.

— Nossa matriarca deseja nos ver — disse Miguel, com tranquilidade.

— Seu momento chegou — murmurou o careca, sem emoção, mas sua presença era suficiente para enervar Gabriel.

— Miguel? O que está acontecendo? — perguntou Gabriel, confuso.

— Não sei os detalhes — respondeu Miguel, lançando um olhar a Ana e ao guarda-costas. — Mas não seria sábio deixarmos nossa mãe esperando.

Sem escolha, Gabriel assentiu e seguiu o trio até o elevador. Ele sentia que estava prestes a enfrentar algo grande — talvez outro julgamento. Suas esperanças, que haviam surgido brevemente naquela madrugada, começavam a desaparecer tão rápido quanto a escuridão cedia lugar à luz do amanhecer.

— Entrem, por favor! — ordenou o homem careca com tatuagens tribais na nuca e ombros. — Nossa mãe os aguarda...

O trio trocou olhares, e Miguel tomou a dianteira, seguido por Ana e, por fim, Gabriel.

Ao adentrarem o cômodo, Gabriel não conseguiu ignorar o luxo que o cercava. Havia araras repletas de roupas refinadas, cada peça claramente fruto da mão habilidosa de Afonso. Os cortes modernos e detalhes extravagantes denunciavam o estilo inconfundível do vampiro alfaiate.

Mais adiante, quadros adornavam as paredes. Dessa vez, Lúcia era o tema central, retratada em diferentes épocas e com trajes que destacavam sua elegância e poder. Gabriel lembrou-se da conversa anterior sobre a idade de Lúcia e como ela era ainda mais antiga que Miguel.

Finalmente, seus olhos se fixaram na matriarca. Ela repousava em um banco acolchoado de veludo vermelho, vestindo uma fina seda branca que realçava seu corpo curvilíneo. Suas longas pernas descansavam no colo de um jovem humano, enquanto sua cabeça se apoiava no de uma mulher de formas voluptuosas, cujos olhos estavam semi-cerrados em éxtase. Lúcia bebia languidamente do braço da mulher, enquanto outros vampiros ao redor também saciavam sua sede em voluntários dispostos.

— Não sejam tímidos, minhas crianças. Temos diversão para todos — convidou Lúcia, sua voz doce e sedutora, carregando um leve sotaque.

Gabriel desviou o olhar, desconfortável com tanta luxúria e lascívia.

— Eu... acabei de me alimentar, minha senhora — disse, esforçando-se para manter a compostura. Lembrou-se das regras e curvou-se em um gesto respeitoso.

— Vejo que Miguel o treinou bem — comentou Lúcia, afastando momentaneamente o braço da jovem e apoiando-se no encosto do banco. — E como está aproveitando nossos recursos? Encontrou algo que lhe agrade?

O olhar dela atravessou Gabriel como se pudesse enxergar cada um de seus segredos mais profundos. Ele sentiu-se exposto, como se estivesse nu diante de todos.

— Nosso garotão já encontrou um cara beeem gostoso, dona matriarca! — disparou Ana, com um sorriso travesso.

Gabriel arregalou os olhos, constrangido, enquanto Miguel a encarava com um misto de incredulidade e reprovação.

— Ouviram isso? — Lúcia riu suavemente. — Nosso novato já encontrou alguém para chamar de seu...

Ela voltou-se para um homem específico em seu círculo. Era o único que permanecia vestido e mantinha certa distância dela. Seus olhos verdes, frios como esmeraldas, estudaram Gabriel com uma indiferença calculada. Ele não estava presente no julgamento do novato, mas sua presença agora fazia Gabriel se sentir ainda mais desconfortável.

— Espero que ele não se apegue... — uma voz feminina murmurou entre os vampiros ao redor de Lúcia.

— Délia! — Lúcia a repreendeu, o tom de sua voz tornando-se afiado. — Não estamos na presença da corja de Isabelle. Aqui, não julgamos os gostos peculiares de nossos familiares.

— Minha senhora, permita-me a audácia de interrompê-la... — Miguel ergueu a voz, atraindo os olhares de reprovação de muitos ali presentes.

— Depois dizem que sou eu quem não tem modos... — Ana cochichou para Gabriel, que teve de conter um sorriso nervoso.

— Devem estar curiosos para saber o motivo de terem sido convocados — continuou Lúcia, ignorando a interrupção de Miguel. Seus olhos se fixaram em Gabriel, que instintivamente acenou com a cabeça. — Muito bem...

Ela fez um gesto para que a jovem em seu colo se afastasse, então levantou-se com uma graça felina. Os outros vampiros ao seu redor baixaram a cabeça em sinal de reverência, enquanto estendiam as mãos para auxiliá-la. Lúcia recusou com um gesto elegante e caminhou até um grande vitral de vidro escurecido, que revelava o sol já nascido.

— Como sabem, gerir um território tão vasto quanto esta metópole é um desafio. Mesmo dividindo-o entre nosso clã, o de Afonso e o da Reitora...

— Minha senhora, perdoe-me, mas isso já é sabido por todos nós... — Miguel a interrompeu novamente.

— Miguel, Miguel... — Lúcia virou-se para ele, com um sorriso de desdém. — Depois de tantos anos, ainda não aprendeu a conter sua impaciência? Que pena... Teremos que corrigir isso em breve.

Miguel abaixou a cabeça, sussurrando um pedido de desculpas. Um leve sorriso se formou nos lábios do vampiro dos olhos esmeraldinos, como se apreciasse a humilhação do outro.

— Como eu dizia... — Lúcia retomou. — Mesmo com territórios divididos, há uma questão de extrema importância que não pode ser ignorada. Algo que, creio, interessa especialmente ao nosso novato.

Gabriel ergueu o olhar, confuso.

— Um assunto relacionado a mim? — ele perguntou.

— Se o que disse sobre ter sido criado por outro vampiro for verdade, esta é a chance de descobrirmos quem ousou violar nossas regras — declarou Lúcia, sua expressão se tornando sombria. Seus olhos brilharam com fúria enquanto ela encarava o corpo da jovem humana à sua frente.

Num movimento rápido e feroz, Lúcia agarrou a garota pela nuca e cravou suas presas em seu pescoço. O sangue escorreu em abundância, e, em um único gole, a matriarca esvaziou a vida da jovem. O corpo caiu no chão, inerte, enquanto todos os presentes mantinham um silêncio sepulcral.

Gabriel sentiu-se nauseado. As palavras de Délia ecoaram em sua mente: Espero que ele não se apegue...

— Prove que o que disse é verdade, e poderá integrar nossa família oficialmente — Lúcia decretou, sem dar a menor atenção ao corpo da jovem morta. Um gesto com a mão foi suficiente para que um dos vampiros presentes carregasse o cadáver para longe. — Mesmo que seja descendente de outro vampiro — completou, com desdém evidente.

— Roberto providenciará todas as informações e recursos necessários — anunciou o homem de olhos esmeraldinos.

Miguel assentiu, olhando para Gabriel, que retribuiu o olhar com algo que não via havia dias: esperança. Seus olhos castanhos brilharam com entusiasmo.

Finalmente, uma pista concreta.


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