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15. Algo estranho


Rodrigues ainda estava na cama quando o toque insistente de seu celular quebrou o silêncio da madrugada. O relógio marcava pouco antes das três da manhã. Sonolento, ele tateou a mesa de cabeceira em busca do aparelho, derrubando no processo a pistola que descansava à frente de um retrato de família. O som abafado do metal atingindo o chão o fez despertar por completo.

— Merda... — murmurou, irritado, enquanto o telefone vibrava e fazia o porta-retrato deslizar perigosamente sobre o móvel.

Com um deslizar de dedo, atendeu a chamada, vendo o nome de Marcos, seu colega que estava de plantão na delegacia, brilhar na tela.

— Rodrigues? — ouviu a voz tensa do outro lado da linha.

— Fala, o que houve?

— Conseguimos as gravações das câmeras do condomínio daquele caso de duas noites atrás.

A sonolência de Rodrigues evaporou instantaneamente. Ele se endireitou na cama, sentindo o peso das palavras do colega.

— E o que tem?

— Acho melhor você vir pra cá — advertiu Marcos, a tensão evidente em sua voz. — Patrícia já está a caminho. Vocês precisam ver isso.

O tom preocupado de Marcos acendeu um alerta em Rodrigues. Ele se abaixou para pegar a pistola do chão e, em seguida, levantou-se rapidamente.

— Certo, estou aí em quinze minutos. — Desligou o telefone, sentindo o mesmo desconforto que o acompanhava desde que aceitara aquela ocorrência.

A lembrança da cena no quarto do rapaz ainda o assombrava. O estado de choque da mãe da vítima, alternando entre lágrimas e palavras desconexas, ecoava em sua mente. Havia sangue na cama, um ferimento estranho no ombro do jovem e, o mais perturbador, marcas indicando que alguém havia saltado do quarto andar — sem deixar rastros. Desde então, Rodrigues sabia que aquele caso estava longe de ser simples.

Ele trocou de roupa às pressas, calçou os sapatos e colocou a pistola no coldre. Antes de sair, desceu até a sala conectada à pequena cozinha, pegou as chaves penduradas na parede e, ao abrir a porta, lançou um olhar atento para a rua deserta. Àquela hora, estar desatento poderia ser um erro fatal.

O policial seguiu até seu carro, estacionado uma rua acima, sempre verificando os arredores. A cidade, ainda que silenciosa, tinha um ar de inquietação que parecia segui-lo. Ao entrar no veículo e dar partida, sua mente revisava cada detalhe do caso. Algo lhe dizia que as próximas horas seriam decisivas.

As ruas estavam quase desertas, exceto por alguns moradores de rua encolhidos nas calçadas, protegendo-se do frio junto a seus cães. Rodrigues percebeu, com tristeza, o aumento no número de pessoas sem-teto ao longo do percurso.

Chegou à delegacia pouco mais de quinze minutos depois. Patrícia o esperava na entrada, com uma expressão que não escondia sua apreensão.

— O que aconteceu? — perguntou ele, preocupado.

— Marcos achou melhor esperar você para ver a gravação — respondeu ela, hesitante. — Ele saiu para atender uma ocorrência.

— Que ocorrência? — indagou, franzindo o cenho.

— O garoto do hospital... A mãe dele deu queixa de desaparecimento.

Rodrigues sentiu um frio na espinha.

— Droga! — esbravejou, batendo no balcão mais próximo. — E o vídeo? Você já viu?

Patrícia fez uma pausa antes de responder, desviando o olhar.

— Acho melhor você ver por si mesmo.

Ela o conduziu até a mesa de Marcos, onde o vídeo estava pausado na tela do computador. O espaço do colega era um caos de papéis espalhados, algo que Rodrigues notou com desaprovação. Patrícia sentou-se e pediu que ele se aproximasse.

Ao dar play, o vídeo revelou imagens perturbadoras. Diego, o jovem envolvido no caso, parecia fora de si, gesticulando de forma descontrolada. Seus exames, no entanto, não haviam apontado o uso de nenhuma substância química, o que tornava aquela gravação ainda mais inquietante.

— Aqui — disse Patrícia, pausando o vídeo em um momento específico.

Na imagem congelada, uma figura esguia e sinistra, vestida com roupas velhas e sujas, aparecia no canto do quadro.

Rodrigues sentiu o estômago revirar. Algo muito maior do que ele imaginava estava em jogo.

Na gravação, Diego aparecia andando apressado, constantemente lançando olhares furtivos por cima do ombro. Cada vez que olhava para trás, a câmera capturava a figura de um homem magro, com roupas em frangalhos e um andar hesitante, como se não estivesse completamente firme sobre os próprios pés. O estranho o seguia a uma distância moderada, mas o modo como se movia era desconcertante: seus passos pareciam desconexos, quase arrastados, como se lutasse contra o próprio equilíbrio.

Quando Diego finalmente alcançou a entrada da garagem de seu prédio, o perseguidor desapareceu abruptamente da gravação, como um vulto sendo engolido pela escuridão. Era como se ele tivesse simplesmente evaporado. No entanto, em um novo "take" das câmeras, o mesmo homem surgia novamente, agora próximo à porta de acesso ao bloco onde o incidente ocorreu, sua silhueta projetando uma sombra longa e distorcida no concreto iluminado pelas luzes fluorescentes.

— O que diabos é isso? — perguntou Rodrigues, a voz carregada de incredulidade, enquanto dava um passo para trás, lançando um olhar nervoso em direção à porta da delegacia.

— Espera... a melhor parte está por vir — disse Patrícia, sem desviar os olhos da tela. Com um clique, ela avançou alguns minutos na gravação. As imagens mostravam a movimentação de moradores indo e vindo, aparentemente alheios ao que estava prestes a acontecer.

Patrícia pressionou o play novamente e deixou o vídeo correr em velocidade normal. Então, de repente, a câmera capturou algo que parecia sair diretamente de um pesadelo: um corpo despencando do alto, atingindo o chão com um impacto seco. A queda foi brutal, mas o mais assustador estava por vir. Por longos segundos, o corpo permaneceu imóvel, como se a vida tivesse sido arrancada no instante do impacto. Então, de maneira grotesca, a figura começou a se mover.

Primeiro, os dedos das mãos tremeram, depois os braços se ergueram lentamente, contorcendo-se em ângulos impossíveis. Como se estivesse sendo puxado por uma força invisível, o corpo sentou-se de forma abrupta. O movimento era inquietante, quase antinatural. Suas pernas, que pareciam completamente deslocadas, começaram a girar lentamente até voltarem ao lugar, os ossos estalando de forma audível na gravação.

Finalmente, o rapaz ficou de pé, cambaleando levemente antes de erguer a cabeça e olhar diretamente para a câmera. Seus olhos estavam arregalados, refletindo uma mistura de pânico e algo mais — algo que Rodrigues não conseguia identificar. Ele permaneceu parado por alguns instantes, como se estivesse estudando quem o observava. Depois, ajustou as roupas, agora completamente diferentes das que usava antes, e simplesmente caminhou para fora do quadro da câmera, como se nada tivesse acontecido.

— É ele... — murmurou Rodrigues, apontando para a tela. — O mesmo rapaz. Cabelos encaracolados, pescoço longo, corpo esguio... Mas como isso é possível?

— Mais alguém viu esse vídeo? — perguntou ele, o tom oscilando entre o choque e a preocupação.

— Não sei... Talvez só o Marcos — respondeu Patrícia, inclinando-se para trás na cadeira e afastando o corpo da tela como se quisesse colocar distância entre ela e o que acabara de assistir. — Rodrigues, esta é a primeira vez que vejo algo assim...

Rodrigues cruzou os braços, tentando organizar seus pensamentos enquanto fitava a tela congelada no rosto do rapaz.

— Com o que estamos lidando?

Patrícia não respondeu de imediato, mas o silêncio dela falava mais alto do que qualquer palavra poderia. Ambos sabiam que aquela gravação mudava tudo. Algo além do normal estava acontecendo, e eles estavam apenas começando a desvendar o que parecia ser um pesadelo vivo.

Rodrigues passou o dia inteiro com a cena do vídeo martelando em sua cabeça. Por mais que tentasse, não conseguia apagar aquelas imagens perturbadoras. Um homem cair do quarto andar e sair ileso? Algo assim desafiava qualquer lógica, qualquer lei natural.

Seus dedos tamborilavam nervosamente no balcão à sua frente. O olhar estava fixo no copo quase vazio, mas o calor residual do café ainda se fazia presente, uma lembrança efêmera de algo tangível e normal, em contraste com o absurdo que testemunhara.

— Tem certeza de que a gravação termina assim mesmo? — perguntou, sem desviar os olhos do copo, ao colega que se sentava próximo, já cansado de revisar as imagens de segurança do condomínio de Diego.

— Eu deletei e copiei de novo só para garantir que não era problema no arquivo — respondeu Marcos, igualmente desconfortável. — Mas não. São exatamente as mesmas imagens. Não parecem ter sido alteradas. — Ele concluiu, recostando-se na cadeira, passando a mão pelos poucos fios de cabelo que lhe restavam, como se buscasse ali alguma solução ou lógica.

Rodrigues apenas assentiu, a mente longe. A conversa remetia àquele momento específico, horas atrás, quando fora verificar a denúncia do desaparecimento do corpo de Diego no hospital. Em seus poucos anos na corporação, nunca vira algo sequer próximo daquilo. E as coincidências que se acumulavam agora pareciam mais do que meros acasos. Tudo estava começando a fugir de controle.

— Está tudo bem? — O atendente da lanchonete interrompeu seus pensamentos, olhando-o com certa preocupação. A caixa registradora permanecia aberta, com uma nota fiscal esquecida em suas mãos, enquanto esperava pacientemente por uma resposta.

— Claro... Está sim... — respondeu Rodrigues, meio atordoado, percebendo só então que estava há muito tempo perdido em pensamentos. Olhou ao redor, notando que o local estava vazio. O portão de metal já estava abaixado, restando apenas uma portinhola enferrujada entreaberta.

— O senhor vai querer mais alguma coisa? — insistiu o atendente, visivelmente desconfortável com o comportamento do policial. — Estamos fechando...

— Ah, desculpe... — Rodrigues levantou-se rapidamente, tateando os bolsos. — Quanto é o café?

— Só o café? — confirmou o balconista, recebendo o pagamento e registrando uma última entrada no caixa.

Assim que deixou o local, ouviu a porta se fechar atrás de si com um estrondo seco. Rodrigues sobressaltou-se, o coração disparado.

Que merda! Eu não sou assim... — repreendeu-se mentalmente.

Respirou fundo e tentou recobrar a compostura. Caminhou até sua moto, estacionada alguns metros adiante, mas a sensação de que algo estava errado não o abandonava. A rua parecia deserta demais, e ao checar o relógio, constatou que nem estava tão tarde.

— Estranho... — murmurou para si, enquanto alcançava o veículo.

Foi então que o viu. Um homem caminhava calmamente pela rua, vestido com uma capa de chuva negra. Rodrigues franziu o cenho, olhando para o céu limpo. Não havia sinal algum de chuva.

As palavras de Diego ecoaram em sua mente: "Ela estava bem na minha frente... ela e um cara esquisito de capa de chuva negra..."

— Um cara com capa de chuva negra... — repetiu baixinho, os olhos fixos na figura à frente. Sua mão instintivamente repousou sobre o coldre da pistola.

Sem pensar duas vezes, Rodrigues desceu da moto e começou a segui-lo. Observou o estranho dobrar a esquina com passos deliberados, quase teatrais. Apurando o passo, o policial atravessou a avenida sem sequer olhar para os lados, quase sendo atropelado por uma moto que desviou no último instante.

— Idiota! — o motoqueiro gritou, mas Rodrigues não se importou. Tudo em seu instinto dizia que precisava seguir aquele homem.

Chegou arfante à esquina e olhou ao redor. A rua estava deserta. Seus olhos vasculharam cada canto, cada sombra. A mão na pistola estava tensa, pronta para sacar a arma se necessário.

— Onde diabos ele se meteu? — murmurou, confuso. Tinha certeza de que o vira virar naquela direção. Não era possível que tivesse sumido tão rápido.

Voltou sobre seus próprios passos, tentando encontrar alguma pista. Os estabelecimentos ao redor estavam fechados, as luzes apagadas. Apenas os carros estacionados permaneciam como sentinelas silenciosas. Parou ao lado de um Gol preto, o capô amassado refletindo sua expressão tensa. Aproximou-se mais, até que algo chamou sua atenção.

No reflexo do vidro, uma silhueta apareceu atrás dele.

Rodrigues congelou. Sua respiração ficou presa na garganta, e o frio percorreu sua espinha. Girou rapidamente para encarar quem estava ali, a mão já puxando a pistola do coldre.

Mas não havia ninguém.

A rua continuava vazia, tão silenciosa quanto antes. O policial sentiu o suor escorrer pela testa enquanto olhava para todos os lados, tentando entender o que acabara de acontecer. Uma coisa era certa: não estava sozinho naquela rua, e seja lá o que estivesse acontecendo, não era algo natural.

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