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14. Algo para se lembrar

[Aviso de gatilho: este capítulo contém cenas de violência física. Se este tipo de conteúdo lhe causa desconforto, prossiga com cautela, ou se achar melhor, pule para o próximo capítulo]

Gabriel acreditou, ainda que por um breve instante, que estava salvo, que tudo havia se resolvido. Contudo, a sensação de injustiça permanecia viva em seu peito, alimentada pela fúria de saber que haviam decidido tirar a vida de seu melhor amigo. Ao ouvir aquelas palavras, o jovem vampiro sentiu-se desestabilizado de uma forma que jamais imaginara ser possível.

— Se algum de nossos líderes, ou os segundos em comando, decidirem apadrinhá-lo, você sairá deste salão por conta própria... — Jonathan pausou, deixando transparecer um leve pesar em sua voz, como se realmente lamentasse a situação de Gabriel. — Contudo, se nenhum de nós o aceitar, não permitiremos que um vampiro invasor caminhe livremente em nosso território. Você será destruído, aqui e agora. — A última frase foi dita com firmeza, enquanto o rosto do juiz assumia uma expressão dura, quase cruel.

Ophélia tinha razão. Os anciões jamais deixariam aquela transgressão impune. O destino de Gabriel, mais uma vez, estava nas mãos daqueles vampiros que ele próprio havia acusado de negligência. Um gosto amargo invadiu sua boca, enquanto o coração batia descontrolado, e o peito parecia prestes a explodir. Por um momento, ele teve a sensação sufocante de que não conseguia respirar.

Gabriel caiu de joelhos, sentindo o peso da derrota. Sua vitória havia sido efêmera, uma ilusão cruel que agora se desmanchava diante de seus olhos. Aquele mundo era infinitamente mais impiedoso do que ele jamais poderia imaginar. Não bastava punirem-no; tinham que lhe dar esperança, apenas para arrancá-la de forma brutal. Ele notou que alguns dos presentes no salão pareciam deleitar-se com o espetáculo, e entre eles, Ophélia. A bastarda cínica.

Desesperado, Gabriel buscou no rosto dos outros vampiros alguma centelha de compaixão. No entanto, para cada figura de aparência imponente que ele encarava, recebia olhares desviados ou expressões carregadas de desprezo. A raiva era palpável no ar, resultado direto das palavras que ele mesmo proferira.

— Que pena. Achei que o garoto tivesse mais chances do que aquela vampira... — ouviu alguém murmurar.

— Jonathan é cruel. Dá esperança à pobre criança apenas para esmagá-la depois... — comentou outro.

— Não é à toa que ele lidera o Conselho há séculos — acrescentou uma terceira voz, pertencente a uma vampira de aparência jovem, talvez apenas alguns anos mais velha que Gabriel.

Jonathan ergueu sua voz acima do burburinho:

— Alguém irá interceder por este jovem?

O silêncio caiu como uma sentença. A resposta estava clara. Gabriel sentiu sua última fagulha de esperança escorrer por entre os dedos. Amargamente, arrependeu-se de não ter seguido o conselho de Joana. Se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

Pelo menos, serei o único a morrer... Minha mãe não precisará passar por isso, nem Cris, nem Dona Cida...

Ele fechou os olhos, encontrando um resquício de conforto nesses pensamentos.

— Muito bem. A voz do Conselho é a voz da justiça. Com o poder conferido a mim, sentencio este vampiro... — Jonathan começou a falar, com um sorriso cínico se formando em seu rosto. Mas antes que pudesse finalizar a sentença, uma voz se ergueu no salão.

— Eu o tomarei sob meus cuidados.

O silêncio foi rompido, e todos os olhares se voltaram para quem havia falado. Um jovem vampiro, de feições delicadas e olhar sereno, destacou-se entre os demais. Sua pele alva, quase espectral, contrastava com os cabelos escuros e os olhos de jabuticaba, dando-lhe um ar etéreo, quase humano. Mas o que mais chamava atenção era o olhar, carregado de algo indefinível. Talvez pena.

— Qual o significado disto, Miguel?! — protestou uma voz feminina, cheia de irritação.

A mulher que se levantou tinha pele morena, olhos oblíquos e cabelos negros como o manto que usava. Seu pingente, o mais vistoso entre os líderes, reluzia sob a luz do salão. Gabriel nunca tinha visto alguém que combinasse tamanha beleza com fragilidade e, ao mesmo tempo, emanasse tanto terror e autoridade.

Miguel não demonstrou medo. Pelo contrário, sua postura era firme, e ele parecia plenamente seguro de sua decisão, mesmo sob o olhar ameaçador daquela mulher.

— Perdoe-me, minha senhora... — disse ele, curvando-se diante dela. — Acredito que seria de nosso melhor interesse acolher este jovem em nossa família. Afinal, dentre os sete clãs, somos o de menor número. — Sua voz soava melodiosa, quase hipnótica.

A líder arqueou uma sobrancelha, claramente desgostosa.

— Não era necessário expor questões internas de nossa família diante do Conselho... — ela o repreendeu, o sotaque carregado tornando sua fala ainda mais imponente.

— Miguel não tem poder de fala neste Conselho, nem posição relevante em sua própria família — interveio uma vampira de cabelos castanho-avermelhados e olhos esmeraldinos que, embora belos, carregavam uma malícia evidente.

— Lúcia, temo que nossa companheira Isabelle esteja certa... — Jonathan comentou, fingindo pesar. — É do interesse de sua família acolher este jovem vampiro?

A líder suspirou, visivelmente aborrecida:

— Miguel expôs questões das quais eu preferia não tratar neste momento.

— Que lástima! — murmurou um homem de cabelos castanhos e longos, com um tom exagerado. — Uma criatura tão formosa enfrentando um destino tão cruel...

Gabriel observava atentamente o vampiro à sua frente. Ele vestia um longo manto escuro, semelhante aos demais líderes, mas o seu trazia adereços que o tornavam mais excêntrico, quase teatral. Sua voz, surpreendentemente aguda, soava tão delicada quanto a de Isabelle ou Lúcia. Ele era uma criatura de aparência ambígua, equilibrando características masculinas e femininas. Frágil e, ao mesmo tempo, perigoso, parecia emanar uma ameaça silenciosa, tão letal quanto os outros líderes em seus lugares de autoridade.

— Por que você não o adota? Já que ficou tão encantado por ele... — provocou o vampiro que permanecia em pé ao lado de Isabelle, lançando um sorriso debochado.

— Se há algo que eu desprezo mais do que a feiura de certos espécimes... — respondeu o vampiro excêntrico com teatralidade exagerada, antes de se acomodar novamente em seu assento. Ele ajustou o manto, assumindo uma expressão de falsa seriedade e crueldade. — É algo que já foi tocado por outras mãos... — continuou, olhando diretamente para Gabriel, depois lançando um olhar penetrante ao companheiro de Isabelle. — Eu não gosto de restos. — Finalizou a frase com uma careta desdenhosa.

Jonathan inclinou levemente a cabeça, intrigado. — E então, qual será sua decisão, minha irmã de sangue? — perguntou, voltando-se para Lúcia.

O silêncio pairou pelo salão enquanto Lúcia ponderava. Todos os olhares recaíram sobre a líder, aguardando seu veredito. Sua expressão, tão fria quanto calculista, não dava qualquer indício de sua decisão até que, finalmente, ela falou:

— Se este vampiro se mostrar útil para minha família, ele poderá se tornar um dos nossos. — declarou com firmeza.

Jonathan varreu os presentes com o olhar inquisitivo. — Alguém deste Conselho se opõe à decisão de nossa irmã? — perguntou. O restante dos líderes, entediados e desinteressados, apenas meneou a cabeça em concordância. Não haveria mais sangue naquela noite, e isso parecia frustrá-los.

Ophélia, no entanto, não pôde resistir a um último comentário: — Se Lúcia achar que ele não tem serventia no futuro... terei o maior prazer em acabar com a vida patética deste vampiro. — disse com um sorriso tão amável quanto falso.

— Querida Ophélia, não deveria se divertir sozinha. Eu também quero participar. — interveio o vampiro de aparência marcante ao lado de Isabelle, com um sorriso traiçoeiro nos lábios.

Outro membro do Conselho, um vampiro careca de semblante severo, sentado próximo a Lúcia, resmungou: — Se nossa líder decidir que ele não serve para nossa família, Miguel deve assumir a responsabilidade de eliminá-lo. Afinal, foi ideia dele trazer esse peso morto até aqui.

Jonathan ergueu a mão, encerrando a discussão. — Muito bem. Pelo poder em mim investido, declaro que a vida deste vampiro agora pertence aos Sete Clãs. — proclamou, sua voz ecoando pelo salão.

Gabriel mal podia acreditar no que acabara de ouvir. Seu destino fora decidido como se ele fosse uma mercadoria, negociada entre as vontades de líderes implacáveis. Ainda assim, um fio de alívio o percorreu: ele poderia caminhar por mais uma noite.

— Lúcia, não se esqueça de lembrá-lo de sua posição perante seus anciões. — ordenou Jonathan, lançando um olhar severo para Gabriel antes de se voltar para a líder dos Sete Clãs. Lúcia, claramente insatisfeita e desinteressada, apenas assentiu com um movimento leve de cabeça, deixando claro que aquela responsabilidade não lhe trazia qualquer prazer.

Gabriel ficou sozinho no salão de julgamento. Os vampiros que haviam preenchido a enorme câmara de pedra desapareceram como sombras dispersas ao amanhecer, deixando atrás de si apenas o eco de suas presenças e o vazio sufocante do lugar. O silêncio era denso, mas não trazia paz; era como uma lembrança constante de que sua vida agora pertencia àquela sociedade que o tratava como um objeto.

Ele se deixou cair de joelhos, os pensamentos tomados pelo destino de seu melhor amigo, Diego. Recordou-se do último encontro entre eles, marcado por palavras ásperas e ressentimentos que nunca tiveram a chance de serem resolvidos. Apesar disso, o afeto por Diego permanecia inabalável, uma chama que queimava silenciosamente em meio ao caos. Cresceram juntos, dividiram momentos de alegria e dor. E agora, Diego estava morto — sua vida ceifada pela existência monstruosa que Gabriel agora compartilhava.

A imagem da mãe de Diego surgiu em sua mente, devastada pela perda do filho. Gabriel sabia como era isso. Ele também já vira sua mãe ser consumida pela dor, a mesma dor que agora assolava Dona Cida. O peso da culpa o esmagava, alimentado pela frieza dos vampiros que tratavam os humanos como nada além de ferramentas descartáveis. Amigos, família — tudo era reduzido a alimento, a algo substituível.

Sua raiva crescia, mas era inútil. Ele estava preso naquele sistema implacável, impotente para mudar o que já estava decidido.

— Grite o quanto quiser, isso não mudará nada. — A voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada, e Gabriel sobressaltou ao perceber Miguel se aproximando. — As coisas são como são — completou, seu olhar distante misturando melancolia e mistério.

Mas, em vez de acalmar Gabriel, as palavras inflamaram sua fúria. Ele se levantou bruscamente e avançou contra Miguel. Foi um movimento impulsivo, cheio de desespero, mas inútil. Antes que pudesse sequer tocar o outro vampiro, foi derrubado com facilidade. O golpe foi rápido e preciso, deixando Gabriel atordoado.

Miguel olhou para ele de cima, com uma expressão indecifrável, quase fria demais para ser humana.

— Lutar contra nós não mudará nada — disse Miguel, sua voz baixa, mas carregada de autoridade. — Este sistema existe há séculos. É o que nos protege e mantém nossa existência em segredo.

De repente, Gabriel sentiu algo frio envolver seu pescoço. A corrente de prata queimou sua pele como fogo vivo, fazendo-o gritar de dor. Miguel puxou a corrente com força, obrigando-o a cair de rosto no chão.

— Temos algo para resolver — declarou Miguel, sem demonstrar emoção. — E, infelizmente, não será agradável. Mas é o melhor que você conseguiu, considerando sua insubordinação durante o julgamento.

Gabriel tentou lutar contra a corrente, mas a prata queimava suas mãos cada vez que tentava segurá-la. O cheiro de carne queimada subia ao ar, e a dor o consumia. Miguel, com um puxão firme, o derrubou novamente.

— Até quando vocês vão abusar de mim?! — gritou Gabriel, sua voz carregada de ódio e desespero.

— Abuso? — Miguel inclinou-se, o olhar carregado de uma raiva fria. — Você abusou de nossa paciência. Se ainda seguíssemos as antigas regras, você já estaria morto naquele cemitério. Todo este espetáculo foi uma concessão, um luxo. Agora, coloque-se no seu lugar, garoto!

Com um movimento rápido, Miguel puxou a corrente até que Gabriel fosse arrastado para perto dele. Sem hesitar, deu-lhe um tapa no rosto, o som ecoando pela sala vazia.

— Ande. Não torne isso mais desagradável do que já está.

Sem forças para resistir, Gabriel o seguiu. Eles atravessaram o mesmo corredor estreito e escuro que Gabriel percorrera antes do julgamento. As paredes de pedra pareciam fechar-se ao redor dele, sufocantes. Desceram as escadas, os passos de Miguel ecoando firmes, enquanto Gabriel tropeçava atrás, os pensamentos consumidos pelo medo do que viria a seguir.

Quando finalmente chegaram à nova câmara, o ar tornou-se ainda mais pesado. Diversos instrumentos de tortura estavam dispostos nas paredes e mesas: grilhões, lâminas, correntes, todos feitos de prata. Gabriel sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Miguel posicionou-o no centro da sala e o prendeu com grilhões de prata nos pulsos e tornozelos, deixando a corrente ao redor de seu pescoço. Gabriel lutou contra a sensação de fraqueza, mas a prata roubava sua força.

Sem dizer uma palavra, Miguel começou a retirar suas roupas, deixando-o vulnerável e ajoelhado no chão. Gabriel sentia o frio da pedra contra sua pele, misturado à queimação constante da prata.

Miguel então aproximou-se de uma mesa onde diversos instrumentos estavam dispostos. Seus dedos passaram lentamente por cada um, até parar em um athame. Era uma adaga pequena, mas letal. Sua lâmina de prata brilhava sob a luz fraca, e o cabo adornado com rubis parecia pulsar como sangue vivo.

Ele pegou a arma e caminhou calmamente até Gabriel. Com uma mão firme sobre o ombro nu do jovem vampiro, começou a marcar sua pele com a lâmina. O contato da prata contra a carne fez Gabriel gritar de dor, seus gritos ecoando pela masmorra. O cheiro de carne queimada enchia o ar, e lágrimas de sangue escorriam de seus olhos.

Miguel permaneceu impassível, sem demonstrar satisfação ou remorso. Seus movimentos eram precisos, quase mecânicos, enquanto gravava a marca do clã na pele de Gabriel. A rosa aberta com um olho no centro tomou forma abaixo do ombro esquerdo do rapaz, um símbolo do clã e de sua nova condição.

Sob a rosa, Miguel adicionou outro símbolo menor: três traços uniformes, com tamanhos decrescentes da esquerda para a direita. Esta última marca parecia ainda mais dolorosa, com a carne ao redor viva e fumaçando. Quando terminou, Miguel afastou-se, deixando Gabriel solto.

O jovem vampiro tombou no chão, exausto, inconsciente. Miguel observou o corpo marcado à sua frente, sem qualquer vestígio de emoção. A punição estava concluída, e Gabriel agora carregava em sua pele a lembrança indelével de sua transgressão.

— Bem-vindo ao seu novo mundo — murmurou Miguel antes de virar-se e deixar a câmara.

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