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XX - Vingança

Samuel resolveu pedir ajuda da sua irmã e do seu namorado Paulo Nakayama para que fossem até a sua casa no Jabaquara. O celular dela tocou logo pela manhã.

— Raquel, aqui quem fala é o Sam.

— Que bom ouvir sua voz, mano. Quanto tempo que você não aparece por aqui. Está tudo bem? Já casou? Tem filhos? Quero conhecer meus sobrinhos...

— Estou com saudades, mas preciso que venha aqui na minha casa no bairro do Jabaquara o mais rápido possível e traga também o seu namorado. Não temos muito tempo. 

— Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade, vocês estão correndo perigo de vida. Leve a mãe para a casa de algum tio, de preferência, para uma cidade afastada da capital. Estou mandando o meu endereço pelo aplicativo de mensagens.

— Eu a levarei ao sítio do tio Romoaldo. Ele quase não tem amigos e ninguém o conhece na nossa vizinhança.

— Ótimo! Confiram as suas caixas de e-mail e vocês entenderão o problema. Não falem com ninguém da equipe de vocês... ninguém mesmo! Silver Head enviou mensagens importantes para vocês. Acho melhor não porem os pés no CIR porque um crime gravíssimo está sendo cometido lá e o José Rodolfo está envolvido. Peça ao seu namorado para trazer ferramentas para remover o sensor de localização do Silver Head. No momento, ele está aqui comigo.

— Sério isso? Como ele pode estar aí com você se ele nunca saiu do Instituto? 

— Melhor vocês se apressarem, quando chegarem aqui, explicarei tudo direitinho. Não conte nada a nossa mãe para que ela não fique nervosa. Apenas peça que não entre em contato com ninguém, nem mesmo com as amigas da igreja por enquanto, pelo menos até prendermos a quadrilha. E não avisem a polícia porque tem gente desse bando em todos os setores públicos.

— Parece que está falando uma língua que não entendo, mas farei o que você está me pedindo. Engraçado que a sua voz está igualzinha à do Lucas.

— Sempre tivemos o mesmo timbre. Você que não havia notado. Por favor, mana querida, aja com rapidez. Desligo...

Ela correu para ligar para o nissei quando a campainha tocou.

Assustada com aquela conversa com o irmão, ela foi ver quem era antes que a mãe atendesse.

— Espera, mãe, que eu vejo quem é.

— Está bem, minha filha. Você parece nervosa.

Ela viu no smartphone uma mensagem naquele momento.

> Sou eu... o Paulo. Estou aqui na sua porta.

> Vou abrir.

Raquel abriu e lá estava ele. Abraçaram-se e ele entrou.

— Não fui trabalhar hoje e, como ainda é cedo, resolvi vir aqui conversar com você. Já viu a sua caixa de e-mails?

— Não! Mas recebi uma ligação do meu irmão que é policial dizendo que a coisa vai ferver lá no CIR. Parece que está acontecendo alguma coisa grave lá. Ainda bem que o Lucas está viajando longe daqui...

— Recebi as informações sobre os crimes e foi o próprio AR-399 que me enviou. Precisamos nos proteger e ir à polícia.

— Meu irmão está cuidando de tudo e ele acha melhor não irmos à delegacia por hora. Samuel pediu que fôssemos até a sua casa e que eu leve a mãe para longe daqui. Silver Head escapou do CIR e está lá com ele. Você tem ferramentas para mexer no ciborgue? Querem que remova o sensor de localização dele.

— Sempre ando com minha maleta no carro. Mas que estranho o ciborgue ir atrás do seu irmão mais velho! Qual a ligação que há entre eles?

— O Samuel deve ter uma boa explicação para isso. Parece até que estão nisso juntos e que o Silver Head adquiriu vontade própria. Também estou curiosa para entender o que se passa. Mas você tem algum parente aqui na capital? Alguém que possa dar alguma informação aos policiais sobre a gente? 

— Não. Meu irmão terminou o curso e voltou para Araraquara.

— Ótimo. Vamos correr e sair daqui rápido.

— Podem ter monitorado alguma mensagem e o simples fato de ambos não comparecermos no trabalho já será motivo de desconfiança. Nunca faltamos ao serviço. Acho que vão pensar que estamos com o ciborgue e que planejamos a sua fuga.

Eles pediram a Dona Alda para arrumar suas coisas e seguiram viagem para a casa do tio. Em seguida foram para o bairro do Jabaquara.

Enquanto era observado por Fernando, Samuel, depois de algum tempo, decifrou os códigos de acesso às contas e aos computadores. Invadiu todos os dados da quadrilha dos órgãos. 

— Como eu queria hackear estas contas! E os dados bancários desses desgraçados caíram na minha mão como uma luva. Agora posso atacá-los no ponto mais sensível. Um deles terá o azar de ser o primeiro.

— Você sempre foi bom nisso. Quem será o primeiro? — Fernando perguntou.

Um nome apareceu à frente deles projetado no holograma: Orlando Canhoto. Milhares de dólares em contas no exterior e duas mansões em bairros de luxo de São Paulo, uma no Ibirapuera e outra na Vila Nova Conceição.

— O delegado vive bem com o salário de policial. Nós sabemos o quanto ganhávamos lá.

— É amigo... Os caras roubam para viverem na ostentação. Mas o fim deles é sempre dormir atrás das grades — Samuel sorriu ao dizer.

Depois de conseguir todas as senhas, ele começou as transferências, o destino era uma ONG fiscalizada pelo governo e patrocinada pela ONU com alto grau de transparência. Em questão de minutos, o delegado Orlando tornou-se um homem pobre.

Os imóveis foram incorporados aos leilões governamentais direcionados para os programas de transferência de renda para os mais pobres. O agente federal fez questão de pegar um empréstimo nas contas bancárias de Orlando e dividi-lo com entidades assistenciais para transplantados.

Depois de checar a vida do delegado e penetrar em suas caixas de mensagens nos diversos aplicativos, descobriu que ele tinha uma amante. Colocou as mensagens que Orlando trocava com ela nas redes sociais em um holograma a sua frente e, em poucos minutos, todas as redes sociais sabiam que o delegado traía a mulher há tempos, inclusive a família descobriu tudo, porque os filhos e os sobrinhos não saíam da Internet. Os vídeos viralizaram na Web.

— Acho que nosso ex-chefe não vai gostar nada disso — o ciborgue comentou com sarcasmo.

— O homem vai cuspir marimbondos.

Lá no trabalho do delegado assassino, um agente entrou no seu gabinete para dar a notícia.

— Doutor Orlando, o senhor precisa ver alguns vídeos. 

— Larga de palhaçada, Peçanha. Você sabe que não perco tempo com essas baboseiras da Internet. Tenho mais o que fazer...

— Acho melhor o senhor ver isso.

Orlando olhou para o vídeo espantado.

— Não acredito! — ele empalideceu preocupado. — Deve ser algum tipo de brincadeira. 

Samuel havia encontrado cenas dos momentos íntimos entre os dois no aplicativo da amante, pois ela gostava de gravar. Talvez fosse um jeito de fazer chantagem caso ele ameaçasse abandoná-la. Com acesso aos vídeos, foi fácil jogar nas redes sociais.

O telefone tocou e no mesmo instante um holograma subiu à frente do delegado. Era uma rede de televisão holográfica famosa pedindo uma entrevista para que ele pudesse explicar as imagens.

Imediatamente, Orlando desligou a mensagem. Sentindo que aquilo parecia ser verdade, o coração dele disparou; seus olhos perderam a direção. De repente, ele olhou para fora da vidraça que o separava dos outros policiais e todos o encaravam, porque o conteúdo já tinha viralizado. Até o maior canal de vídeos da internet havia postado as cenas e milhares de visualizações sepultavam a sua honra arruinada.

— Eu vou matar o desgraçado que fez isso. Não consigo pensar direito... quem teria feito isso? Um inimigo talvez? Alguém que eu tenha prendido? Chame o Valdir. Me ajude a investigar...

Sem deixar a vítima descansar, o smartphone tocou de novo. E o que ele mais temia aconteceu; sua esposa apareceu em outro holograma.

— Orlando, seu grande canalha, já joguei suas roupas pela janela. Pode vir buscá-las. Não quero ver você nunca mais, nem pintado de ouro. Meu advogado vai procurar você para eu arrancar tudo o que eu puder. Seu desgraçado traidor! 

A pobre mulher nem sabia que eles estavam no vermelho e, a partir dali, teria de se virar sozinha na vida.

— Você achou que foi o suficiente, Fernando? — eles observavam seu alvo pelas câmeras da delegacia que conseguiam controlar. — Porque no fundo acho que foi pouco. 

— Ele merece ainda mais porque o que ele fez não tem perdão. Todos os nossos companheiros foram mortos.

— Será que estamos exagerando, amigo? Os fins justificam os meios? Sempre quis trabalhar dentro da lei levando os criminosos a julgamento e agora me sinto um justiceiro. Não tenho certeza se estou fazendo o certo.

— Mas se eles têm gente em todo o sistema, não sairiam impunes? Eles se articulam para voltar mais fortes.

— Tem razão... Mas um dia quero acreditar que a sociedade funciona. É o melhor que podemos deixar para as próximas gerações.

— Falando nisso, tenho um segredo para lhe contar.

— Mais segredos, Fernando?

— Pensando bem, vou deixar você continuar porque nosso tempo é curto e poderei conversar com calma ao final disso tudo.

— Como você preferir... Espero que possamos sair bem dessa porque estamos mexendo com gente grande e perigosa. Então vamos continuar o nosso trabalho e aproveitar a chance que a vida nos deu.

Ele olhou o próximo alvo: o senador Sandro Câmara Barroso. A ficha holográfica foi surgindo com os dados atualizados.

— Hora da diversão! — o policial disse, satisfeito, saboreando a vingança.

Entrou nos arquivos do contador do político. Depois de ver os relatórios, passou todos os valores para instituições mundialmente conhecidas, que cuidavam de catástrofes mundiais como terremotos, furacões e desastres humanitários. As aplicações do senador foram transportadas para um fundo de combate à fome. Os bens imóveis e todos os ativos passaram para os nomes de Instituições que cuidavam de crianças e moradores de rua.

— Eu admiro muito as suas atitudes e o considero mais que um amigo. Você é um irmão para mim.

— Me sinto lisonjeado vindo de alguém tão honrado como você, Fernando — Samuel pensou um pouco e indagou: — Você prefere que eu lhe chame de Silver Head ou pelo seu nome verdadeiro?

— Me chame de Fernando. Dentro de mim existe um ser humano e é assim que eu me sinto. Queria voltar a ser o que eu era. Me sinto vivo.

— Eu também. Perdi quem eu mais amava por causa disso.

— Também tive perdas e não sei como lidar com isso, mesmo tendo a oportunidade de viver de novo.

— Ambos compartilhamos o mesmo dilema, amigo, e vamos tentar ajudar um ao outro. Por isso, vou continuar de onde parei.

No gabinete do político, o assessor entrou sem bater à porta:

— Senador Barroso!

— O que foi, seu mentecapto? Não devia bater antes de entrar? E se estivesse em alguma reunião importante?

— Senhor, não vai gostar nada do que vou lhe dizer.

— Hoje não estou gostando de nada mesmo, desembucha...

— Limparam as suas contas e venderam os seus imóveis. O senhor está liso como um sabonete.

— Não fale coisas idiotas, Arnaldo!

— É sério, senador Barroso. Deixe-me mostrar no seu computador holográfico.

Quando o chefe da quadrilha no Brasil viu a conta vazia, ele teve um treco. Sentiu uma dor no peito que foi irradiando para o braço esquerdo, empalideceu, o suor escorreu pela sua pele alva e o homem apagou com o coração totalmente desfibrilado fora de compasso.

Os paramédicos chegaram rapidamente em um aerodrone de transporte e tentaram salvá-lo, mas o órgão que bombeava o sangue do homem parou de vez e nunca mais voltou a bater. Depois de algum tempo, foi noticiado em toda a mídia holográfica:

"Hoje, o senador Sandro Câmara Barroso faleceu em seu gabinete, vítima de um enfarto fulminante. Ele será homenageado pelos parlamentares que decretaram três dias de paralisação das atividades do Congresso e luto nacional. O político era considerado um dos mais honestos pela população e recebeu o maior número de votos na última eleição."

Samuel viu a notícia e disse:

— Deixa eles verem o que vou colocar nas redes daqui a pouco.

— Mas o homem morreu... O que pode vir depois?

O agente não podia deixar barato, porque acreditava que o povo não podia ser enganado e precisava saber tudo a respeito da quadrilha, das operações de corrupção e dos assassinatos de tantas pessoas indefesas. Pouco a pouco, ele foi enviando para o Ministério Público e para a mídia holográfica os documentos e as provas da chefia da Máfia dos Órgãos pelo senador.

Depois, as informações com os endereços das contas e os e-mails com as distribuições de valores entre os integrantes do grupo. Os filhos e cônjuges dos chefes da quadrilha ficaram envergonhados saindo de suas escolas e clubes. Sem dinheiro nas contas bancárias muitos amigos os abandonaram.

Agora era a vez do braço do grupo criminoso na área da Saúde, o chefe Antônio Louzada Pinho, que também teve suas contas zeradas e todas as quantias transferidas, assim como os bens leiloados. 

A secretária do doutor Louzada lhe comunicou no hospital central da cidade, do qual ele era proprietário, a depressiva notícia:

— Doutor, holograma do seu contador.

— Pode falar, Evandro.

— O senhor não tem mais um mísero real! Está sem nada e estão vencendo algumas contas altas este mês. Como devo proceder?

— Vou verificar e lhe dou uma resposta daqui a pouco. Devem ter cometido algum erro no banco holográfico.

O homem começou a conferir os dados e viu que era verdade. Até o hospital não estava mais em seu nome. Tudo havia sido doado a um Instituto que pesquisava tratamentos especiais para combater doenças virais, fúngicas e bacterianas criadas em laboratórios como armas biológicas. Outra parte do dinheiro foi transferida para um fundo que patrocinava sistemas de ensino que ajudavam os moradores de rua a adquirir uma profissão e garantir a autossuficiência.

— Mil infernos! Quem foi o desgraçado que mexeu nas minhas contas? Ele vai me pagar caro por isso — esbravejou, sem imaginar que aquele golpe a sua honra e ao patrimônio era irreversível.

Os dois agentes federais faziam a sua festa particular, destruindo a vida dos que acabaram com as deles, e o chefe da quadrilha no Brasil havia provado do seu próprio veneno. Mas aquilo ainda era o começo e estavam lidando com pessoas muito perigosas. Muito estava por vir.

Raquel e Paulo seguiram até o endereço indicado no aplicativo. Paulo pegou a sua caixa de ferramentas no carro e ambos ficaram em frente à porta esperando depois de apertar a campainha. A irmã viu o carro que conhecia na garagem e comentou:

— Que estranho, Paulo! Aquele carro ali é do Lucas. Será que ele também está aqui? Mas o Sam não me disse nada a respeito e o Lucas viajou.

Ele também achou inusitada a situação. O que estaria acontecendo?

De repente, a porta abriu.

— Entre, Raquel — ela ficou parada como um monumento e o namorado também, os dois assustados com o que viam.

— Você?

— Depressa, para dentro... A gente não sabe se já conseguiram monitorar o Silver Head. Tenho dúvidas se também tenho algum tipo de sensor na minha cabeça.

Os irmãos se abraçaram felizes por se encontrarem ali. Ela estava afoita em saber mais...

— Onde está o Sam? Estou morrendo de saudade dele. 

Paulo tentou tranquilizar o irmão da namorada pensando que ele era o Lucas.

— Fique calmo, Lucas. Acompanhei todo o projeto de perto e você não tem nenhum localizador como o ciborgue possui. Mas na próxima inserção, José Rodolfo planejava usar uma interface cibernética com controle total tanto em você quanto no AR-399.

— Menos mal. Fique tranquila, Raquel, com o que eu vou revelar agora — ele olhou de novo para o engenheiro e continuou. — Quanto aos chips de controle, Silver Head destruiu tudo antes de escapar de lá.

— A essa altura, José Rodolfo deve estar verde de raiva... — Paulo disse preocupado com as retaliações.

— Ai, meu Deus. Como posso ficar calma com essas palavras, mano? E o gerente já queria me esganar porque não sabia onde encontrar você. Agora perdi meu emprego de vez.

— Cunhado, segura a barra dela porque o que vou falar agora parece um filme de ficção científica, mas é real.

Ambos arregalaram os olhos curiosos.

— Então vamos lá... Eu sou o Samuel!

— O quê? Você só pode estar brincando com a nossa cara e acho que não é hora para isso — Raquel disse meio chateada.

— Perdi a minha vida em uma das operações da polícia federal. Ela se chamava Caça aos Órgãos; meu cérebro e outras partes foram vendidas pela quadrilha para o CIR. José Rodolfo está envolvido até o pescoço nisso. Como havia muita compatibilidade entre mim e o Lucas, fui escolhido para a doação. Por isso, a cirurgia foi um sucesso. É claro que também devido à genialidade do Paulo, a sua, e de toda a equipe. 

— É simplesmente impossível! — ela olhou para o namorado, incrédula — Você acredita nisso, Paulo?

— Pensando bem, tudo é possível. Mas isso isso é mais que ficção científica, talvez uma mistura com o gênero de horror da história do Doutor Jekyll e o Mister Hyde — o engenheiro comentou com o queixo caído.

— Acho que Lucas nunca mais voltará. Mas sinto o coração dele batendo no meu peito.

— Estou ficando louca aqui com esse papo. Afinal, quem está no comando? Por que desde a cirurgia você se apresentou para nós como Lucas? E agora? Quem está aí dentro?

— Se alguém ouvisse essa conversa, internaria todos nós como loucos varridos — Paulo comentou irônico.

— Calma, mana. Sempre fui eu... o Sam, desde que acordei no CIR com o meu olho azul e o outro castanho do Lucas. Guardei em segredo para cumprir um plano de vingança. Quero acabar com os que fizeram isso comigo, eles matam muitos inocentes para roubar os órgãos, incluindo crianças, mendigos, doentes em recuperação nos hospitais... E a máfia impiedosa tem gente de cargos importantes. Sei que estou mexendo num vespeiro perigoso. 

— Simplesmente bizarro! Creio porque estou vendo e sei como tudo foi feito, mas é difícil para alguém de fora acreditar nessa história toda. 

De repente, alguém apareceu abaixando a cabeça para passar pela porta. Era Silver Head, o ciborgue.

— AR-399! — Paulo o fitou espantado com o seu livre-arbítrio.

— Me perdoe, meu criador. Me sinto como se fosse um veículo saindo de uma linha de montagem com estas letras e números. Pode me chamar de Fernando?

— Fernando? O que isso significa? — Raquel perguntou interessada em tantos enigmas.

— Ele é meu amigo, o policial Fernando, que foi pego na emboscada que prepararam para nós na operação fatídica. Como Paulo utilizou chips análogos para ativar nossos cérebros, ficamos ligados no que eu talvez poderia chamar de consciência compartilhada. Também mantivemos isso em sigilo para revelar no momento certo.

— Quantos segredos fantásticos! — ela disse admirada com aquele encontro inusitado.

— Também dividimos o mesmo sentimento de vingança. Eu quero que os traidores sejam punidos — reafirmou o agente federal que habitava a mente de Silver Head.

— Contudo, precisamos ser ligeiros. Por favor, Paulo, remova o dispositivo do nosso amigo antes que nos encontrem. E isso não seria nada bom, porque um dos nossos maiores inimigos comanda um departamento da polícia e pode inventar qualquer desculpa para nos culpar. Posso adiantar que ele está muito zangado comigo.

— Por favor, seja rápido — Raquel disse com medo do que ouviu. — Deite aqui, Silver Head, ou melhor, Fernando. Não acredito que estou vivendo isso.

Ela apontou o sofá e o colocou numa posição favorável para que o engenheiro acessasse o compartimento onde ele sabia que estava o dispositivo.

Quando Paulo iniciou o trabalho, eles ouviram um barulho de alguma coisa desmoronando... era a poltrona que quebrou por debaixo do ciborgue.

— Parece que o seu titânio é pesado demais — eles se entreolharam sorrindo com as palavras de Raquel.

— Fique parado que eu dou um jeito de fazer meu serviço — o namorado dela disse concentrado em remover o chip do sensor.

Enquanto isso, lá no departamento de polícia federal, uma ordem secreta apareceu no aplicativo de mensagem de Orlando.

— Canhoto, quero que descubra quem está por trás desses ataques no Brasil. O conselho tem medo que isso se alastre para outros países. Você soube o que aconteceu com o senador Barrozo?

— Muito estranho, chefe.

— Alguns desconfiam que ele foi assassinado... Agora precisamos de outra pessoa no comando, então você foi promovido a ser o novo chefe das operações no Brasil. Passe um número de Pix para fortalecermos o seu caixa. 

— Obrigado! Aceito e farei de tudo para achar os culpados.

— Estamos ajudando os membros do seu país a se recuperarem, financeiramente, para continuarmos o nosso trabalho, mas precisamos eliminar os hackers que penetraram na nuvem da companhia e fizeram um tremendo estrago. Muitos clientes estão esperando as remessas e preciso que você faça a sua parte. Acabe com os filhos da mãe, pise nos insetos que estão destruindo o nosso negócio!

— Ouvi alto e claro! Breve entregarei a vocês as cabeças dos invasores.

Depois de desligar a comunicação, ele pensou:

"Se eu não tivesse visto o Samuel morto pelas minhas próprias mãos, eu diria que isso é coisa dele e do seu pessoal. Mas de onde ele está agora, é impossível que faça alguma coisa. Quero me vingar pessoalmente dos caras que acabaram com o meu casamento e mexeram nas minhas contas. Da minha parte, executarei essa ordem com prazer."

Em seguida, ele acionou uma equipe para investigar de onde vinham os ataques cibernéticos. Juízes foram mobilizados para facilitarem os mandados de prisão preventiva.

Os melhores hackers da Europa chegaram ao Brasil para ajudar na caçada e, alguns dias depois, eles encontraram o endereço do invasor. Embora Samuel tivesse encoberto os próprios passos, os caçadores também eram especialistas e conseguiram achar a origem dos ataques.

Ao lado de uma força tarefa com policiais e mercenários que Orlando havia reunido, ele concluiu:

— Não pode ser! É a casa do Samuel, no Jabaquara. Alguém deve ter visto o lugar vazio e o está usando para nos acharcar. Vamos lá... Preparem as armas que invadiremos o esconderijo. Estou muito curioso para ver quem são esses miseráveis que arruinaram a minha vida. Está na hora de dar o troco.

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Leia "Palavras Perdidas de um Anjo" um livro de Contos de #ChaieneSantos.


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